Design e ilustrações: Jéssica Kéli
Quanto você
perde o amor da sua vida o que mais resta? Um sentimento ardente... Uma
possibilidade que vai desaparecendo como uma luz que se apaga. Um coração que
já não suporta tanto mal. Uma vida que perdeu o sentido. Palavras que desabam
em um segundo. Uma esperança que expira. Passos na direção oposta. Uma folha
que cai. Uma noite fria. A solidão que atormenta cada vez mais. E assim segue.
Eu me sentia
como um poeta sozinho que perdeu a própria poesia. Debruçado sobre as pedras
como um anjo triste. Uma dor crescente. Um sorriso que desaparece. Alguém que perdeu
o sentido das coisas. Alguém que perdeu um amor. Alguém que perdeu tudo... Essa
sou eu.
Ou pelos
menos essa foi a garota que sentou ao lado de Ashton Kutcher no avião com
destino ao Brasil. Perdida, destruída, confusa, desiludida, decepcionada, e abandonada,
essa foi a garota que teve seu coração desfeito em pedaços. Esse coração
encontrou outro ferido e era lindo de morrer...
As pessoas do
avião me perguntavam se havia morrido alguém. Cansada e exausta eram as duas
palavras que me definiam naquele momento. Alguém sentou na poltrona ao mau
lado.
- Oi bom
dia? – Exclamou o
desconhecido que nem ousei olhar.
- Oi!
Bom dia! – Respondi
sem me tocar de imediato que ele me cumprimentou em português.
Virei e o
olhei. Ele não era desconhecido... Era Ashton Kutcher! Fiquei paralisada com
seus 1,89 metros de altura, mais ou menos 84 Kg, cabelos castanhos caídos na
testa quase cobrindo os olhos. 34 anos e o mais novo solteiro de Los Angeles.
Não se falava em outra coisa exceto nele. O ator mais bem pago da televisão
americana estava ao meu lado. Ashton usava uma camisa branca de manga longa com
que eu recordasse do Taylor imediatamente e para completar usava coturno
desgastado semelhantes ao que o Taylor sempre usa. Um homem deslumbrante que tem um charme que Taylor também tem: um furinho no queixo.
Ironicamente,
Ashton buscava juntar seus pedaços no Brasil após separação e fim do seu
casamento com Demi Moore. Normalmente
pessoas com o coração despedaçado preferem não tocar no assunto, se isolam e
sofrem sozinhos, mas ele parecia querer conversar, ao contrário de mim que
desejava morrer e acabar com a dor que sentia.
- De
onde você tira? – Perguntei
olhando Ashton nos olhos.
- De
onde eu tiro o que? –
Perguntou não entendendo...
-
Forças! – De onde você tira forças?
-
Simples. Acredito que não vale a pena chorar pelo fim, e sim agradecer a Deus
por ter existido um dia.
- Não há
nada simples... Pelo menos para mim!
- Não
existem forças no mundo que aliviarão sua dor após 30 minutos da perda...
- É um
prazer conhecer – Cumprimentamos
ao mesmo tempo.
-
Desculpa minha indisposição. Qualquer garota faria de tudo por 5 minutos da sua
atenção. Não sou a companhia mais indicada para as longas horas de voo.
- Tudo
bem... Nessa idade tudo é mais intenso.
- Nessa
idade? Tenho 18 anos, não sou uma adolescente em crise.
-
Desculpe-me, pensei que fosse. Então você deve ter tido uma grande perda, se é
que me entende.
- Talvez
eu nunca me recupere.
Ashton
respeitou as lágrimas que escorriam pelo meu rosto, como se realmente
entendesse a aguda dor e a gravidade da situação. Ele também parecia sentir
mesma sensação desagradável, variável em intensidade e em extensão de
localização, produzida pela estimulação de terminações nervosas, assim como eu,
mas depois de 2 horas me vendo chorar sem parar, iniciamos outra conversa.
- Eu já
amei assim. – Exclamou
Ashton!
- Eu
estou desesperadamente apaixonada! Acabei de dizer adeus e sinto saudades do
seu cheiro, de abraçá-lo, beijá-lo... Estou perdidamente apaixonada e não há
nada que eu possa fazer par reviver cada momento ao lado dele.
- Talvez
não deva reviver, talvez deva buscar novos momentos.
- Eu
ainda tinha muito a dizer.
- Falar
alivia dores emocionais, já dizia Shakespeare.
- Gosta
de Shakespeare? Estou surpresa.
- Você
deveria ter dito tudo o que sentia, e sim gosto de Shakespeare.
- Poucas
pessoas me surpreendem.
-
Richard Gere! – Disse Ashton.
-
Desculpa, não entendi. O que tem haver?
- Essa
frase que você disse “Poucas pessoas me surpreendem” é dita por Richard Gere,
no filme “Uma linda mulher”.
- Adoro
esse filme. Nem me lembrava de onde tinha tirado.
- Pois
é... Então você mora em São Paulo?
- Sim,
mas vou passar um tempo no Rio de Janeiro na casa da minha melhor amiga.
Digamos que não é muito interessante que meus pais me vejam desse jeito.
-
Concordo. Nada melhor do que as amizades para juntar os seus pedaços.
- Agora
você disse tudo Ashton. Vou juntar os meus pedaços.
- Uma
coisa acontece quando tentamos juntar nossos pedaços. Nem sempre conseguimos,
mas continuamos a amar do mesmo jeito. Seguimos amando com o coração em
pedaços.
-Você me
intriga Ashton. Sério mesmo. – Conseguiu me intrigar mais que Taylor Lautner.
- Taylor
Lautner? É seu namorado que partiu seu coração?
- Você
sabe muito bem quem é Taylor Lautner.
- É
serio, não conheço. – Insistiu
Ele.
- Ele
fez o Jacob, na saga Crepúsculo. – Corroborei.
- Estou
brincando, sei quem é, estivemos no mesmo elenco em Valentines Day.
-
É...Nem me fale...Taylor Swift!
- Ahhh, a
cantora Country! Claro! Sabe...Sobre Taylor, o lobo sexy. As filhas da Demi são
muito fãs dele.
- Elas
têm bom gosto – Disse eu arrancando
finalmente um sorriso de Ashton. Ele não é como Taylor que sorri mostrando os
dentes, ele apenas muda seu semblante para algo aparentemente agradável.
- Vamos
deixar o lobo de lado e falar sobre o que tanto te intriga a meu respeito.
- Bem...
Você me intriga pelo seu romantismo, otimismo, não sei bem. Não me leve a mal,
mas a mídia figurativa você como um cara promíscuo.
-
Galinha como diz a expressão da sua cultura?
Sim – Disse eu quase sorrindo... Quase, pois eu não sorriria
por meses.
- Se
você levar o que a mídia diz a meu respeito ou a respeito do Taylor, vai
enlouquecer.
- Não
vai fazer a pergunta clássica? – Perguntei.
- Eu não
ia, mas já que insiste lá vai: Porque esta aqui? Porque acabou?
- Amor
de fã. Ninguém entende, mas todo mundo julga.
- Serio?
Ele terminou com você por você ser uma fã? Já passei por isso... É trágico.
- Já se
envolveu com uma fã?
- Não,
já me envolvi com uma musa.
- Eu era
um grande fã, era 15 anos mais jovem que ela, e isso foi uma problema. Ela me
rejeitou, dizia que nossa relação não sobreviveria aos tablóides, que tinha um ex-marido...
Suas filhas.
- Sim... Bruce,
com quem ela têm 3 filhas.
- Ela
resistiu por quanto tempo?
- Não
deixe que minha resposta te faça desistir do Taylor! Conhecemo-nos em 2002,
passei esse ano inteiro tentando convencê-la de que poderíamos superar a
diferença de idade, os tablóides, o preconceito. Ficamos juntos, mas em off.
Ninguém soube.
- Em
2003 começamos a namorar em público. Ela finalmente deixou o medo de lado. Ainda
demorei mais dois anos para convencê-la a se casar comigo, quando finalmente em
setembro de 2005 ela aceitou meu pedido e nos casamos. Agora tudo acabou, mas
ainda assim valeu a pena lutar.
- A distancia entre eu e ele me impede de
lutar Ashton.
- Então
você deve vencer a distancia. – Respondeu ele.
Ashton ficou
triste ao relembrar a trajetória da sua relação com a ex-mulher, e calou-se.
Faltavam
ainda 3 horas de vôo para chegar a São Paulo, eu iria descer, pegar mais roupas
e ir à casa da Aléxia, pensei em mil desculpas para dar aos meus pais, e
nenhuma me pareceu mais convincente que inventar uma doença grava em Alexia,
afinal eu precisaria de pelo menos um mês para ajeitar minha cara. Ashton
adormeceu enquanto eu revirava meus pensamentos com a lembrança da feição do
Taylor dizendo que me amava.
Chegamos às 21h00min
horas e Ashton disse que iria jantar no aeroporto de Guarulhos, antes de ir ao
Hotel Fasano.
Uma parte de
mim estava feliz por conhecer Ashton e outra preocupada, afinal homem é homem,
e eu não sabia seu real interesse, ou se ele tinha segundas intenções. Ashton é
um sedutor nato.
Ao chegar ao
aeroporto eu liguei para meus pais avisando que havia chegado, mas ninguém
podia ir me buscar, eu pegaria um táxi Liguei para Aléxia avisando que havia
chegado e sobre o meu plano de fuga para o Rio de Janeiro para que ela
confirmasse minha versão da suposta doença grave que me daria um tempo sozinha.
Aléxia morava em São Paulo próximo a minha casa, mas como ia completar 18 anos
seus pais deram-lhe um apartamento próximo a Faculdade de moda no Rio de
Janeiro onde iniciaria sua graduação no início do segundo semestre de 2012, em
agosto, mas precisamente. Aléxia era classe média e tinha uma família rica
marcada com diversos membros da elite carioca. Eu estava em mil pedaços.
Pensei e
repensei mil vezes no que Ashton disse quando se referia a quebrar a distância.
Eu precisava que ele me desse uma luz e saí pelos restaurantes do aeroporto em
busca de encontrá-lo e pedir uma sugestão ou quem sabe uma ajuda.
Procurei no
piso de embarque do Terminal de Passageiros 1 – asa B, ele não estava no Restaurante
Terra Azul e também não estava no The Collection. Eu ia desistir quando passei
próximo ao Restaurante Viena e lá estava Ashton sentado na mesa olhando para o celular,
acho que decidia se ia ou não aceitar a ligação. Ele iniciou uma conversa ao
telefone, mas ao ver-me sorriu e levantou-se para falar comigo:
Próximo capítulo - 23: Um poderoso aliado?
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Sabemos da importância do imaginário de vocês e como as imagens auxiliam nas representações, então fizemos imagens exclusivas para a Fanfiction de autoria da Jéssica Kéli que fez com muito carinho. Esperamos que tenham conseguido visualizar a cena.