Capa:
@jessica_jeki
Texto/Fic: @ValzinhaBarreto
Ilustrações: @alexiaaugusto
Beta:
Daya Engler
Musica tema: POV 1 - Red - “Taylor Swift”
Musica tema: POV 2 - TNT - ACDC
Olá meninas. Hoje a Fanfic está em um nível alto. Meio pesada, então quem não quiser ler, não leia. Hoje são dois POV, a narração do Taylor e depois da Sally, mas acontecimentos diferentes. A fic aborda com muito humor detalhes hilários dos personagens que vocês já conhecem e um lado do Taylor bem pessoal. Esse capítulo é a comemoração do aniversário do Taylor de 21 anos onde participam: Makena Lautner Sara Hicks, Hannah, Edi Gathegi, Kristen Stewart, Thor, Patrick Schwarzenegger, Nícolas Tedesco e no segundo POV, após a comemoração: Sally Tedesco, Aléxia Augusto, Taylor Lautner e Nícolas. Por favor, comentem o que acharam ou fica sem sentido continuar escrevendo para leitores fantasmas. Boa leitura.
POV Taylor
As palavras duras da Sally me fizeram sofrer. Em minha mente elas eram
reproduzidas de maneira sussurrada, mas o amargor do rancor e da tristeza contornando
cada uma delas agia contra meu peito como adagas afiadas, torcendo-o e
propagando a dor enquanto colocava minha alma de joelhos. O mais estúpido de
tudo isso é saber que eu merecia cada uma delas, sua pronuncia, entretanto,
trouxe-me um desestimulo imensurável para a comemoração do meu aniversário.
Comemorar o quê quando tudo o que eu queria é dar meia volta e colocá-la
em meus braços enquanto implorava seu perdão? – Era o que eu me perguntava
enquanto tentava me fazer de forte e ignorar aquela dor latente me sufocando.
Não queria comemorar nada que não fosse com ela... Com minha Sally.
Somente nós dois e ninguém mais. E, não precisamos de nada mais se
tivéssemos um ao outro. Mas agora..., agora isso já não era possível.
Um pensamento, aquele maldito pensamento surgiu em minha cabeça como um
refletor, deixando-me mais angustiado do que já estava, porém também me deu
forças. Um pouco, bem pouco. Mas o suficiente para que a raiva surgisse me
endurecendo e dispersando aquela dor lentamente.
Eu realmente achei que não conseguiria enfrentar meus amigos após ouvir
as verdades inimagináveis para mim mesmo. Saber que tudo que eu temia estava
acontecendo e que não podia fazer nada, e pior, que minha tentativa de ajudá-la
somente fez a coisa toda pior era demais para mim. Pensei em desistir daquela
comemoração e ir pra casa, acreditando que não havia salvado nada mais que
fosse bom naquela noite, mas eu estava enganado.
Às vezes não notamos as relações que construímos no momento, mas muitas
vezes de situações singulares surgem amizades que te escoltam por toda a vida.
Posso dizer que eu nunca mais fui o mesmo depois que as palavras da
Sally transpuseram-se no mais profundo do meu ser, me fazendo admitir e aceitar
minha coleção de defeitos ignorada até então.
Nícolas encostou sua mão no meu ombro e me deixou mais desarmado ainda
ao confrontar seus olhos azuis e dentes alvos como os da irmã. Eu não entendia
no momento, mas ali era o anfiteatro para umas das relações mais importantes
que pude estabelecer no decorrer da minha vida.
Involuntariamente, ele me incomodava usando o perfume dela e ainda
esboçava o jeito de gesticular tais quais como os dela ao me oferecer consolo.
“Hey, cara! O que houve?” Perguntou Nícolas atordoado
com meu semblante de destruição.
“Nada.” Respondi encarando-o e tão logo joguei meu olhar para longe do
rosto que tanto fazia maior minha dor enquanto uma e outra lágrima teimou em
correr por meu rosto, e eu rapidamente as limpei.
Pelos cantos dos olhos, vi ele me observar surpreso, como se nunca
tivesse visto um homem chorar. Eu não me incomodava com esta surpresa, tampouco
acreditava que isto me fizesse menos homem. Somente queria deixar que elas
viessem à tona quando estivesse só, porque era assim que eu estava: Sozinho.
Ninguém compreendia.
E como poderiam fazê-lo?
“Quer desistir do boliche?” Ele inquiriu num tom baixo de camaradagem e
solidariedade enquanto se encostava à porta da minha Mercedes.
“Não... Estão a nossa espera. Só preciso me recompor.” Respirei fundo
juntando minhas forças e me apeguei ao pensamento que eu sabia que me daria uma
ancora para seguir adiante.
Entramos no carro e Nícolas tomou a liberdade de colocar uma música no
intuito de animar a noite que nos aguardava. O trânsito estava um caos e eu
estava esgotado de toda a tensão, que havia sugado minha alegria e vontades.
Eu havia falhado na tentativa de mandá-la de volta para o Brasil, e a
sensação de impotência era mais forte do que a própria vontade de lutar. Eu não
conseguia reagir, não conseguia tomar uma atitude. Naquele momento dado ao meu
estado de choque por tudo que havia acontecido e escutado naquela noite, eu
somente conseguia ficar parado. Neutro.
Nícolas parecia supor o tamanho da minha melancolia ou simplesmente não
curtia romance, tanto que colocou uma música eletrônica que nunca recordo o
nome, somente sei que era melhor algo que não falasse de sentimentos, pois
aquele momento não era propício à reflexão. Eu precisava me desligar de tudo
que Sally havia falado para que ninguém notasse o quão arruinado fiquei com
suas sinceras palavras, porém, eu as assimilaria mais tarde, com mais tempo.
Mas naquele momento, eu somente tinha certeza de duas coisas: primeira, eu
queria anestesiar toda dor que eu sentia, precisava disso. E, segunda e mais
importante, se pudesse voltar no tempo eu nunca causaria desconforto nenhum a
ela. Nenhuma dor. Nenhum machucado. Nenhuma cicatriz.
Chegamos ao boliche para o espaço vip que havíamos reservado para a
comemoração. Eu havia participado de um almoço de aniversário com a minha
família, incluso meu avô Andy e meus tios de Michigan, então essa comemoração
era voltada apenas para meus amigos, incluindo Patrick, o mais recente que
havia me causado uma péssima impressão ao tentar seduzir Sally na casa de Adam.
Esse momento me trouxe o flash de Sally bêbada, era divertido lembrar-me
disso, mas muito irônico após saber o quê aconteceu comigo no boliche.
Makena não abriu mão de participar do boliche, do festival de pizza e
sanduíche, tal qual minha prima Hannah que veio em sua companhia me deixando
pasmo ao ver seus olhos brilharem ao se focarem em Nícolas.
Será que os meus também brilhavam assim ao visualizar Sally?
Perguntei-me sorrindo discretamente logo após. Tudo isso soava-me ridículo, mas
não seria amor se assim não fosse.
“Oi! Boa noite. Onde estão
meus presentes?” Cobrei ainda notando a rouquidão em minha voz pelo choro que
Sally havia causado.
“Estão todos ali.” Makena e Hannah responderam em um uníssono animado,
quando notei a chegada de Edi com um embrulho misterioso vindo até mim.
Uma vez que estava em minha frente, ele me ofereceu o embrulho brilhoso
e eu mais que depressa movido pela curiosidade tentei abrir este, mas Edi me
parou.
“Só abra amanhã,” meus dedos congelaram pelo suspense em sua voz e meus
olhos estreitaram “Feliz aniversário irmão.” Ele me deu um abraço apertado de
irmão me deixando mais a vontade para esquecer o desconforto, que já se
aliviava com sua companhia. “E então onde está o pessoal?” Perguntou notando a
presença apenas de Makes e Hannah.
Sorri.
“Estão chegando bem atrás de você.” respondi vendo Patrick e Sara se
aproximarem.
“Cara, agora que você já tem 21 vamos experimentar uma bebida bem
bacana.” disse Patrick, me abraçando e completando a felicitação enquanto algo
me dizia que aquilo não acabaria bem, mas eu estava dentro “Feliz aniversário
Taylor, hoje vamos curtir até amanhecer o dia.”
Olhei em seu rosto e notei que ele já se perguntava quem era o cara
comigo.
“Este é Nícolas,” apresentei “Ele vai me ajudar a sair vivo da sua
bebida bacana” Caçoei, com um sorriso matreiro.
“Sério? Você aguenta Vodka com água de coco Nícolas?” Perguntou Patrick
apertando a mão Nícolas em cumprimento.
Nícolas o mediu, zombeteiro, antes de sorrir largamente com um ar
desafiador e respondeu:
“Eu aguento, mas duvido que você encare uma caipirinha brasileira e
ainda se mantenha em pé.”
Patrick sorriu de volta aceitando o desafio imposto, parecia ter
encontrado seu mais novo parceiro para a noitada e Hannah adsorvia seu olhar
tão repetidamente em Nícolas que eu já me sentia constrangido, mas ele não a
notava. Adolescentes pareciam não ser seu forte, notei isso ao ver Kristen
chegando com seu cigarro na boca, levando-o a se levantar e puxar uma cadeira
para a nova companhia da mesa enquanto a olhava com um olhar sedutor de cobiça.
E eu fiquei lá, observando a cena assim como os outros.
“Olá.” Nícolas disse num tom galanteador enquanto Kristen se sentava,
ela o olhou enquanto tirava o cigarro da boca, soprando a fumaça para o lado e
lhe murmurou um – olá – de volta enquanto apagava sua dose de nicotina no
cinzeiro sobre a mesa, mas Nícolas não desistiu, seus olhos fixos nela ao passo
que lhe estendia a mão “Sou Tedesco, Nícolas Tedesco.” eu paralisei por um
instante olhando para Kristen que o olhava, não ligando os sobrenomes, ela não
me olhou e Nícolas continuou “É assim que vocês se apresentam por aqui, né?”
Kristen sorriu discretamente, abaixando e levantado seu olhar para
respondê-lo:
“É isso aí.” ela aceitou sua mão “Stewart. Kristen Stewart.”
Nícolas se curvou e beijou sua mão num galanteio que me deu uma vontade
imensa de rir, principalmente, ao ver a cara de Kristen olhando-o como se ele
fosse um louco, o que não era de toda mentira. Ele manteve seus olhos sobre os
dela enquanto lhe falava como um bom Don Juan fajuto “Kristen..., combina com
você. Alguns diriam que é tão lindo quanto à dona, mas eu discordo, a dona é
quem o embeleza.” Kristen o olhou com a boca ligeiramente aberta, mas
rapidamente se recompôs quando ele completou “É um prazer enorme conhecê-la Kristen.”
Ela puxou a mão para junto de seu corpo e ele se endireitou, com um
sorriso cafajeste sentando-se ao seu lado.
Oh, boy. Isso não vai prestar.
Tanto eu quanto os demais caras na mesa até mesmo os que estavam de pé
se seguravam para não rir da cena.
Kristen passou as mãos pelo cabelo e me olhou, claramente tentando sair
daquele embaraço e pôr Nícolas em seu lugar.
“Robert não poderá vir Taylor. Ele está na Austrália gravando The Rover.
Mas ele te mandou felicitações e presente.”
“Certo.”
Foi o quão único pude murmurar pra não cair no riso alto enquanto via
Nícolas se voltar pra ela todo curioso.
“Robert?”
“Robert Pattinson. Meu namorado.”
Nícolas fechou a cara, mas então, sorriu de lado.
“Ele não deve ser um bom namorado pra deixar uma gata como você sozinha
por aí.”
“Eu não estou sozinha se não reparou. Aqui há muita gente gênio.” Ele
soltou um rizinho divertido; irônico.
Nícolas jogou seu olhar ao redor e a mirou novamente.
“Bem, eu não vejo ele por
aqui.” Kristen estreitou o olhar e ele mandou na lata “Se você fosse minha
jamais a deixaria sozinha... Em nenhum momento sequer, doçura.”
“Passo. Se ninguém te quis até agora não serei eu a fazê-lo.” Kristen
disse em seu humor ácido e um riso baixo escapou de mim e dos demais pelo
embate a nossa frente.
Ele a olhou com um falso ar de ofensa.
“Como sabe que eu não tenho namorada?”
Kristen o imitou no seu gesto jogando o olhar para os lados e sorriu
daquele jeito de quem vai aprontar.
“Eu não vejo ela por aqui.”
“E nem poderia doçura pra isso você teria que se olhar no espelho
primeiro.”
“Em seus sonhos.” Ela debochou zombeteira e soltou ‘àquelas palavras’
tentando acabar com o flerte “Eu tenho namorado.”
“Eu sou hetero docinho,” ele gracejou jogando as sobrancelhas “Não quero
ele, quero você.”
Kristen sorriu de lado sacudindo a cabeça levemente, descrente enquanto
se afundava na cadeira e o mirou pronta pra uma nova.
“Não é a toa que você está sozinho, verdade?”
“Eu não estou. Ela apenas não sabe ainda que é minha.” Ele disse
naturalmente “Um desencontro infeliz de informação..., mas ela logo saberá.”
O sorriso de Nícolas e o bufo de Kristen levaram a todos a soltar o riso
preso.
Nícolas não via problema em ela ter um namorado,
afinal, ele não parecia querer um romance senão um lance. E mesmo Kristen sendo
uma grande e antiga amiga, não consegui reprovar a investida dele. Eu não era
mais tão confiante quanto a minha postura como homem após ter feito tudo errado
com sua irmã.
Sara, Hannah e Makena ficaram conversando entre si enquanto Patrick se
levantou como se tivesse tido uma epifania
quebrando o embaraço em torno da mesa... De Kristen, logicamente. Porque
Nícolas parecia não ter vergonha nenhuma, entretanto.
“Vamos fazer um torneio de Boliche agora pessoal.”
Thor que havia chegado a poucos minutos da casa da Ashley abaixou e
cochichou ao meu ouvido após proclamação de Patrick dizendo sem meias palavras:
“Manda as meninas embora que as coisas vão esquentar.”
Aquela era a coisa certa a fazer. Depois de tudo que tinha passado eu me
dei ao direito de aproveitar plenamente de meu aniversário e fugir um pouco das
regras.
Dei um grande abraço em Makena, Hannah e Sara e as levei até o carro na
frente do boliche, embora elas não gostassem muito de serem mandadas para casa.
Makes estava triste por sua participação na festa chegar ao fim, mas não tanto
quanto Hannah que nem por um segundo conseguiu atrair a atenção de Nícolas, que
por sua vez seguia jogando seu charme para cima de Kristen.
Patrick estabeleceu as regras do torneio e formou sua equipe – Kristen,
Thor e ele – enquanto que na minha era Nícolas, Edi e eu. A equipe que fizesse
menos strikes a cada rodada bebia em um só gole o coquetel de vodka sugerido
por Patrick.
Recordo-me do meu time ter perdido as primeiras rodadas e do gosto forte
do álcool descer queimando o caminho todo até meu estômago. Mas era bom.
Relaxante.
Entre uma rodada e outra além de pararmos para o time perdedor pagar a
aposta feita, parávamos também por alguns minutos para conversar e zoar um ao
outro por uma jogada mal feita. E foi numa dessas paradas que a conversa mudou
totalmente de rumo e esquentou graças a Nícolas e seu descaramento, e os demais
compraram.
O tema: sexo.
“... não tem coisa melhor que isso.” Nícolas terminava seu relato
detalhado de sua posição sexual favorita, os caras concordaram com ele, que
levou seu olhar sacana para Kristen “E você, doçura? Qual prefere?”
Ela não se fez de rogada e entrou no jogo. Boliche esquecido
temporariamente.
“Eu prefiro estar em cima, no comando.” Ela disse sem frescuras e todos
aprovaram sua coragem.
“Adoro uma mulher que manda. Quem sabe um dia desses não podemos ver o
quão boa você é dominando...?” Ele sugeriu e esperamos por sua resposta.
Ela tomou um gole da sua bebida e se ajeitou na cadeira levando o corpo
um pouco para frente em direção a ele, que estava atento a ela com um sorriso
descarado.
“Sabe que você está me fazendo muitas perguntas Tedesco. Devo dizer que
meu cachê é alto para dar entrevistas, principalmente para responder estas
perguntas picantes que me fez.”
O sorriso dele se alargou e eu soube que não viria à resposta que ela
esperava.
“Eu posso pagar com muito sexo de qualidade, Stewart, e uma boa
massagem. Que tal?” ele se curvou para frente ficando cara a cara com ela e
esperamos o beijo, eu não deveria, pois Robert era meu amigo também, mas aquela
altura eu já não estava tão dono de mim, a bebida começava a me soltar e tirar
o pouco de juízo que me restava “Topa?”
Ela curvou os lábios e fingiu pensar enquanto seu olhar se intercalava
entre sua boca e seus olhos.
“Nop¹.” Kristen estalou se afastando com um sorriso satisfeito.
“Está com medo de não querer me largar mais gata?”
Tomei um sorvo da minha bebida.
“Não. Eu somente acho que não vale a pena.” Ela dizia sarcástica e
acrescentou “Não acho que você beija bem. E um cara que não beija bem, não fode
bem.”
Uma gargalhada em sonora e em conjunto explodiu no ar e eu me engasguei
com a bebida em minha boca.
O problema é que Nícolas não desistia facilmente. Nada parecia
desanimá-lo, ao contrário, ele parecia cada vez mais disposto ao desafio para o
terror de Kristen, que mesmo lhe dando cortadas irônicas também estava
recebendo seu flerte e no fundo estava desfrutando daquilo.
“Por que não tira a prova dos noves?” ele jogou com seu ego e sorriso
inabalável “Não pode me condenar desta forma injusta sem sequer me dar a chance
de provar que está errada, não acha?”.
Kristen claramente se rendeu, amarelando. Ela não iria ganhar de Nícolas
entrando em seu jogo, cujo ele parecia ser perito. Este sorriu satisfeito e
bebeu toda a bebida de seu copo num gole só.
Pra não sair perdendo, Kristen fez o mesmo, e então, se voltou pra mim e
eu me vi alvo da sua tentativa de fazer todos esquecerem que ela deu pra trás.
“E você Taylor? Ainda não respondeu qual é a sua posição favorita?”
“É isso aí irmão. Joga.” Edi incentivou.
“De lado, de quatro, em pé, em cima, em baixo...? Patrick acrescentou.
“Mandar ou ser mandado?” Thor também não perdeu a deixa, e mais outras
tantas perguntas soaram, uma lista que me perdi.
Cocei a cabeça, meu cenho franzido enquanto meus lábios se torciam e eu
buscava inutilmente organizar as perguntas jogadas. Comecei a jogar as
respostas escutando comentários daqui e dali, risinhos até que restou apenas
uma, que eu iria responder, mas Nícolas se adiantou, desafiando e me
deixando levemente irritado, e um tanto quanto diabólico.
“Wow, Taylor Lautner vai amarelar?” Ele zombou.
Um coro de risadas cortou o ar.
Sorri de lado, minha sobrancelha se moveu num lento arco enquanto eu o
mirava, com uma diversão sombria por lançar minha resposta e vingança. As
palavras me traindo enquanto me recordava de sua irmã.
“Gosto dela por cima,” as imagens de Sally sobre meu corpo ditando nossa
dança prazerosa encheu minha mente “Definitivamente, gosto dela por cima.”
“Uh, o garoto lobo gosta de ser dominado.” Patrick divertiu-se.
“Lautner não é por mal não, mas você me decepcionou.” Nícolas ironizou.
“Não vejo o porquê.” Eu respondi “Qual o problema de gostar que a mulher
fique por cima?
“Eu gosto. Relaxar um pouco no trabalho intensivo enquanto ela
cavalga... Uhhh” Edi comentou.
“Isso me soa preguiçoso.” Nícolas espetou.
Meu olhar se fechou, estreito.
“É gostoso,” murmurei num tom safado “Tê-la no comando por um momento
enquanto posso somente apreciar seu empenho e ter acesso ao seu corpo... Por
que não iria gostar dela se empenhando pra me dar prazer?” Nícolas bufou “Mas
também gosto da tradicional, fazer amor com a mulher que se ama olhando nos
olhos dela não tem preço.”
“Isso me soa muito mulherzinha cara.” Nícolas mofou-se.
“Sally não achava isso, ao contrário, muito pelo contrário...”
Nícolas demorou um minuto pra entender minha frase infeliz, tempo
suficiente para que os caras desenhassem risinhos em suas faces, claramente se
divertindo com minha estupidez.
“Eu não acredito que você comeu a minha irmã. Caralho, mano! A minha
irmã.” Nícolas talhou com desgosto e uma careta de nojo enquanto me encarava
com o olhar estreito.
Endireitei-me e tratei de esclarecer minhas palavras e minha posição
quanto a ela. Sally não era nenhuma vagabunda, ela era linda e decente, e minha
ainda mesmo dizendo que não, mesmo eu sabendo que não podia ser. Mas ainda
assim era minha. E ele tinha que saber que pra mim ela era importante e que
acima de tudo eu a respeitava, embora eu tenha tido algumas infelizes atitudes
que expressavam o contrário.
“Eu não comi a sua irmã, Nícolas. Eu fiz amor com ela e somente fazemos
amor com alguém que é importante para a gente, com a pessoa que amamos.”
Ele me olhou por longos segundos, mas não me senti ameaçado, ele não
iria me atacar, o que não queria dizer que ele não estava com raiva. Eu
tampouco ficaria feliz se soubesse que um amigo foi pra cama com minha irmã, e
pior, tirou sua virgindade mesmo que houvesse sentimento ali.
“Cara, você sabe que eu só não vou quebrar a sua cara agora porque é seu
aniversário.”
“Você sempre pode tentar.” Zombei sorrindo moderadamente.
Meu sorriso sumiu quando vi o olhar de Kristen disparar para mim,
alarmado, chocado, trazendo-me para a realidade que eu não queria lembrar. Eu a
encarei de volta, uma troca de olhar que dizia muita coisa e eu suspirei
cansado abaixando meu olhar por um breve momento.
“Você é o irmão de Sally?”
A surpresa em sua voz era nítida assim como seu semblante pasmo quando
ela fez a pergunta ao Nícolas, alterando o rumo e clima da conversa.
Levantei meu olhar a tempo de ver Nícolas se voltar completamente para
ela, esquecendo-se de que eu era o vilão que tirou a virtude de sua irmã.
“Pode apostar, doçura. Sou eu mesmo em carne e osso.” ele disse “Sally é
minha irmãzinha e pelo jeito tem grandes amigos.”
Kristen ignorou suas últimas palavras voltando seu olhar chocado pra
mim, havia palavras nele que não precisavam ser verbalizadas como também havia
solidariedade.
Ela sabia. Ambos sabíamos. E eu nada podia fazer, minhas mãos e pés
estavam atados. E naquele instante, a anestesia começou a deixar de surtir
efeito dando espaço para a dor, que começou a se fazer presente.
Kristen se recompôs rapidamente. Se alguém ali tinha percebido sua
mudança com certeza disfarçou bem.
“Vamos voltar ao jogo seus bodes.” Ela ironizou, de repente enquanto se
colocava de pé “Ainda há muito álcool pra ser ingerido aqui.”
Coloquei-me de pé imitando-a, mas antes que voltássemos ao jogo e as
bebidas, ela lançou seu olhar para mim novamente, aquele que dizia ‘vamos
conversar depois’ e meus orbes a agradeceram.
Essa foi uma das minhas últimas lembranças exceto pelos poucos flashes
de memória de Nícolas tão ou mais bêbado do que eu, me levando até o carro.
E isso era tudo.
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Nop¹: Na gíria americana significa “não”.
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POV SALLY
A ansiedade não me permitia dormir e me sentia culpada por acabar
com o aniversário do Taylor, eu podia ter esperado outra ocasião, mas na hora
da raiva não pensei e disse tudo àquilo de uma forma muito dura, porém
necessária.
Sabia que tinha que dizer àquelas palavras que estavam entaladas
em minha garganta. Era necessário. No entanto, a necessidade tinha efeitos
indesejáveis que eu sinceramente não contava. Sentia-me aliviada, porém havia
uma leve onda de culpa beijando-me a pele e meu coração. Mas era melhor assim.
Meus pensamentos iam e vinham. E, várias foram as vezes que
olhei no relógio desejando a chegada de Nícolas, que não dava sinal da sua
presença até as 04h00min, o que me deixava mais segura quanto à boa sucessão da
festa, já que esta havia entrado madrugada a dentro..
Parece que eu não fui capaz de acabar com a festa por
completo – pensei. Não que este
fosse meu propósito, mas uma partezinha, ruim devo dizer, esperava que isto
acontecesse.
A poucos minutos das 04h30min da manhã, comecei a ficar preocupada
imaginando diversas tragédias diferentes, que havia feito Nícolas amanhecer.
Temi porque ele não conhecia Los Angeles. Pensei que ele poderia ter sido preso
ou dormido bêbado na casa de alguém, de um desconhecido ou...
Meus pensamentos foram interrompidos pela gargalhada extravagante que eu
conhecia bem.
Oh..., Deus.
A constatação da gargalhada me deixou imóvel, incapaz de abrir a porta e
conferir o que eu mais temia: Taylor havia tomado seu primeiro porre.
“Amor, eu cheguei! Abre aí vai.” Suplicou Taylor do outro lado da porta voltando a gargalhar quando
notei o aparecimento súbito de uma Aléxia assustada, abrindo a porta e ficando
também chocada com a visão de Nícolas e Taylor de ombros unidos, se apoiando um
no outro para ficar em pé. Nícolas estava mais sóbrio porque já era acostumado.
Mas Taylor...
“O que houve? Meu Deus! Vocês enlouqueceram? São cindo da manhã!” Disse Alexia puxando Nícolas enquanto
eu, perplexa, me esforçava para apoiar Taylor pra que ele não fosse ao chão.
“Quem trouxe vocês?” Perguntei sentindo minha voz ganhar um tom elevado,
agudo, quase furioso enquanto lhes jogava as palavras. “Não me diga que
dirigiram nesse estado?”
“Calma aí maninha, você sabe muito bem que eu dirijo melhor quanto estou
bêbado” Nícolas tentou inutilmente me consolar.
“Eu já te disse que eu te considero muito? Não é porque você é meu
cunhado não, cara. É serio. Eu gosto muito de você,” disse Taylor levando Nícolas a uma crise de riso e Aléxia a sair
de perto para não gargalhar com a cena. “Eu quero dizer uma coisa. Aproveitando
que a família Tedesco está reunida.” Taylor saiu da minha tentativa de
mantê-lo em pé, tropeçando algumas vezes enquanto eu o olhava, alarmada, com
medo de ele cair e bater a cabeça. Suas mãos se levantaram quando tentei ir até
ele, me parando. “É o seguinte,” ele disse se colocando de joelho na minha
frente de uma forma desengonçado, então, encarou Nícolas e Alexia por alguns
segundos, voltando seu olhar pra mim e fez o pedido surpreendente. “Casa comigo
Sally?” Antes que eu expusesse qualquer reação no meu rosto, ou em meu corpo e
mente chocados, fraquejei com a gargalhada de Aléxia.
“Você está mal Taylor... Bem mal.” Respondi, com um meio sorriso,
constrangida.
“Estou mal por que amor? Eu te amo.”
Meu coração pulou e podia jurar que ele suspirou bobamente em meu peito
quando as palavras de Taylor penetraram meus ouvidos.
Olhei-o ali, de joelhos olhando-me de forma doce, sua face esperançosa
por minha resposta; ébrio. Esse havia sido meu sonho por muito tempo, mas era
com ele sóbrio e não possuído pelo efeito do álcool como naquele momento.
Respirei fundo e exalei fortemente, sacudindo a cabeça ligeiramente.
“Você precisa tomar um banho.” Tomei sua mão, puxando-o pelo braço e o
forçando a se levantar enquanto Nícolas que estava em um estado melhor,
ofereceu seu corpo como apoio para levá-lo ao banheiro.
“Hey, man! Hands off¹!” Taylor exclamou, soando muito indignado e diria
que um pouco irritado até “Nícolas, tire suas mãos de mim, cara.”
Nícolas riu alto. “Se eu não tirar as mãos de você o que vai fazer?”
Enfrentou-o esperando por uma resposta hilária como se já soubesse o que ele
diria.
“Tire as mãos de mim ou me transformo em Lobisomem e engulo você
inteiro, palhaço.” Ambos gritaram em
coro seguido de uma gargalhada.
Rolei os olhos e balancei a cabeça em descrença.
”Pode deixar Nícolas, eu dou banho nele e você procure tomar um também.”
Nícolas soltou o braço de Taylor e saiu tropeçando em seu coturno
desgastado que ele havia usado, quase caindo se não fosse o apoio de Aléxia,
que o levou também para tomar um banho na outra suíte.
Olhei para Taylor tão sossegado e vulnerável, que chegava a doer vê-lo
naquele estado.
Suspirei e me curvei levando minhas para sua camisa.
“O que você estava fazendo?” Perguntou ele quando comecei a desabotoar
os primeiros botões de sua camisa.
Parei meus movimentos e encarei seus olhos por um momento antes de
respondê-lo: “Você precisa tomar banho e não posso fazer isso com você
vestido.” Expliquei-lhe pausadamente enquanto seus olhos castanhos invadiam os
meus, como se lessem meus pensamentos.
Sua face ficou séria de repente.
“Eu acho que o banho é uma desculpa para você abusar de mim.” Ele disse
com um ar muito sério, como se retomasse a consciência e quase me enganou.
Os cantos de meus lábios curvaram discretamente e eu voltei a trabalhar
nos botões de sua camisa enquanto lhe falava suavemente. “Eu prometo que não
vou abusar de você Taylor.” Assegurei me movendo para o cinto e o tirei, logo
desabotoando sua calça e abaixando o zíper.
Seus lábios desenharam um sorriso sensual e eu me obriguei a desviar o
olhar. Mas eu estava numa encruzilhada, ou olhava para seus olhos que me
atraiam ou para seu corpo que me atraia, fazendo-me experimentar um comichão na
parte inferior de meu estômago.
“Tudo bem..., eu vou gostar se você abusar um pouquinho.” Ele comentou,
a cadencia profunda em sua voz fazendo arrepios correr por meu corpo e minha
garganta secou enquanto seus dedos acariciavam meu rosto. Por um momento de
fraqueza, me vi inclinando o rosto recebendo seu carinho e degustando da
sensação boa, que seus dedos provocavam em contato com a minha pele.
Entretanto, assim como o momento veio, ele se foi. Foco Sally. Foco. –
repeti para mim em mente e reagrupei minhas forças, retirando suas mãos do meu
rosto, tentando evitar uma aproximação maior. “Sua rejeição dói Sra. Lautner,
mas concordo que façamos amor apenas depois do casamento. A propósito, você não
respondeu se aceita ou não”.
Ele está bêbado, Sally. Bêbado. – repeti em minha mente como se estas palavras fossem
um mantra sagrado. Engoli o amargor em minha boca.
“Amanhã eu te respondo.”
Levei-o até o banheiro e o guiei para debaixo do chuveiro. Abri o
registro e o jato de água fria caiu em seus cabelos deixando-os caídos sobre sua
testa e fez o caminho até seus pés enquanto ele estremecia pela temperatura
fria da água. Vi a água descer por seu rosto e acompanhei sua descida por seu
peito, abdômen, pélvis e pernas. Era a visão mais quente e convidativa que já
tinha visto alguma vez. Senti meu corpo esquentar e minhas bochechas ganharem
tons de vermelho enquanto eu tratava de controlar minha respiração e batimentos
cardíacos, que ameaçavam sair dos eixos.
Desviei meu olhar para um ponto acima de sua cabeça e pensei na fome do
mundo enquanto estávamos ali. Depois de um longo momento, fechei o registro e o
ajudei a sair do box. Peguei uma toalha e me apeguei ao meu mantra, e as
imagens das crianças famintas que já tinha visto enquanto secava seu corpo e
sentia seus dedos afagarem meus cabelos.
Deus, estava difícil. Muito difícil.
“Você ainda me ama?” Ele perguntou de repente atraindo meus olhos e eu
percebi que ele me olhava fixamente. Não respondi, apenas fiquei ali,
olhando-o. “Porque eu te amo Sally, ainda te amo.” Acrescentou tocando em meus
cabelos, novamente levando-me a tirar suas mãos de mim.
Ele podia estar ébrio, mas eu não estava.
“Taylor para com isso, por favor,” pedi já quase sem forças e me
levantei deixando a tolha em suas mãos enquanto o guiava até o quarto “Espere
aqui que vou pegar uma roupa do Nícolas para você.” Pedi, sentando-o sobre a
cama usando somente a toalha e ele ficou sentado, observando-me enquanto eu me
afastava do quarto em direção ao outro.
Aléxia estava ajudando Nícolas a se vestir e notei que ele a observava
carinhosamente, como se há muito tempo não a visse, suas mudanças físicas
pareciam deixá-lo surpreso, como se a visse pela primeira vez. Não queria
estragar nenhum momento, mesmo que este fosse regido pelo álcool, contudo, não
pude deixar de observar os dois.
“O que foi?” Perguntou Aléxia notando a admiração de Nícolas.
“Nada... Você está diferente Lexi” ele respondeu parecendo estar
assustado consigo mesmo; bêbado demais para compreender o motivo da sua
observação.
“Você está tão bêbado assim ao ponto de me elogiar?” Perguntou Aléxia
descrente do seu comentário.
“Posso estar bêbado, mas estou
sendo sincero. Você sabe que sim. Você me conhece bem”. Ele gracejou dotado de
grande esperteza.
“Por te conhecer acho estranho seu comentário Nícolas.” Encerrou Aléxia
saindo e me vendo finalmente. Seus olhos se arregalaram tão rapidamente que
pensei ter imaginado.
“Quero uma roupa do Nícolas para que o Taylor possa se vestir.” Pedi
disfarçando meu constrangimento.
“As roupas dele estão na mala, pode pegar qualquer uma.” Aléxia murmurou
um pouco triste.
Lancei-lhe um sorriso rápido.
“Está bem..., vou pegar.”
Peguei uma muda de roupa e retornei ao quarto, desesperando-me por não
encontrá-lo. Teria ele saído nu do Hotel? Pensei cética do meu próprio pensamento.
Minha dúvida durou até ouvir um barulho vindo do interior do guarda-roupa.
“Taylor o que faz aí dentro?” Perguntei estranhando o fato de ele estar
dentro do móvel.
“Estou indo a Nárnia Sally,” ele disse com um ar inocente “Vamos
comigo?” Convidou-me, com um sorriso bobo.
“Esse guarda-roupa não vai para Nárnia Tay” Respondi sorrindo, com o
intuito de trazê-lo de volta a realidade.
Ele ficou sério por um instante, e então, me jogou no inferno.
“Gosta do que vê?” Ele provocou, puxando a toalha e ficando nu na minha
frente.
Sim, eu adoro. Deus, não! Eu não gostava de nada.
“Não se faça de rogado, coloque esta roupa Taylor” Insisti, com a voz um
pouco áspera colocando a camisa em seu corpo, ele vestiu toda, conforme eu
propunha.
Levei-o até a cama.
“Pode falar Sally. Fala que não me ama mais, que não é esse corpo aqui
que você quer. Diz que não é meu sexo que te satisfaz.” Ignorei seus
comentários, chateada comigo mesma, com ele enquanto levantava o lençol da cama
para ele se deitar, assim que ele se deitou, o cobri. “Deita comigo, prometo me
comportar.” Ele arrastou o corpo, dando mais espaço na cama para que eu pudesse
me deitar e assim o fiz enquanto uma ideia louca passava na minha cabeça, mas
antes que pudesse filtrá-la, as palavras deixaram meus lábios.
“Taylor, me diz a razão de você ter me deixado?” pausei brevemente “Eu
sei que pode parecer loucura ainda mais depois de tudo que conversamos, mas eu
sinto que deixei algo passar,” virei meu rosto pra ele “Algo que você não está
me contando.”
Ele fingiu não ouvir minha pergunta fechando os olhos num sono
dissimulado, infelizmente ele acabou adormecendo de verdade...
Exalei languidamente e puxei um novo fôlego. E, decidi me levantar.
Voltei ao outro quarto e vi uma cena que jamais esqueceria: Nícolas
deitado no colo de Aléxia que acariciava seus cabelos tão bondosamente,
levando-o a um sono profundo.
Eu não havia planejado nada disso. Nem eu, nem Aléxia, tampouco Taylor e
Nícolas, mas estávamos todos juntos dependendo um do outro, com nossos sentimentos
perdidos e confundidos. Todos nós estávamos cientes de que havia uma conexão
entre nós, e não sabíamos o quê o futuro nos reservava.
Contudo, se eu havia sido capaz de resistir ao Taylor, eu sabia que
estava pronta para ser quem eu queria ser.
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Hey, Man. Hands Off¹: Hey, cara. Mãos fora.
Fim..