08 setembro, 2013

Fanfiction: “Uma chance com Taylor Lautner” Capítulo 62: Alguém tem que ceder


Capa: @jessica_keli
Texto/Fic: @ValzinhaBarreto
Beta: Daya Engler
Música tema: Mirrors – Justin Timberlake


         A vida nem sempre segue o percurso que planejamos, como poderia se agimos tão impulsivamente? Uma vez ou outra nos vemos em diversos impasses, seja uma dúvida simples, uma decisão importante, a perplexidade das nossas escolhas ou ainda a imensa vontade de ceder aos nossos impulsos deixando os temores de lado.      

         Algumas ocasiões fazem com que repensemos momentos que marcaram positivamente fases capazes de fazer de nós pessoas melhores, mas e quanto às experiências frustrantes? Elas nos tornam piores? Não aprendemos nada com as negatividades? Para que servem?
         Em outro momento da vida podemos tentar definir o que pode ser conspirado como aprendizado. Do que devemos nos apropriar ao defronte com as decepções que tivemos pelo caminho?
          Ao deparo com esses questionamentos vemos acontecimentos que nos fizeram crescer de forma dolorosa, árdua, mas não deixa de ser uma forma de crescimento.
         Demora certo tempo até descobrirmos como usufruir das decepções e crescer com elas. Isso nunca pode exterminar a busca por novas emoções, não se pode atropelar a força de vontade de seguir em frente, a confiança de se abrir novamente, ou subestimar a experiências que não deram muito certo.
          Essa é uma escolha, mas existe a opção de escolher se fechar temendo novas decepções igualmente marcantes, todavia, embora seja menos doloroso, de que outra forma aprenderíamos tão veemente o que necessitamos para construção da nossa individualidade?
         Não aprenderíamos.
         Muitas dúvidas perduram sobre nossas reflexões por diversas vezes, mas de uma coisa podemos ter certeza, a dor ensina lições que nunca seriamos capazes de aprender de outra maneira.
         Você pode escolher não ceder por um tempo, mas nunca por todo o tempo. Uma hora sua armadura cai por terra e você se vê em um dilema: amar tendo o paraíso e o inferno ou não amar e ainda assim ter porções dobradas dos dois. Qual a pior dor, a de amar e sofrer ou a dor de se sentir incapaz de amar novamente? A primeira dor é quase destrutiva, mas a segunda é uma verdadeira tragédia e cabe a cada um a escolha de se render ou não a ela.
         Em posse de meus estorvos, fazia-me questionamentos a cerca do que eu sentia tendo em mente que eu o amava, mas tendo também a responsabilidade por mim mesma, pelos meus atos, pelo sofrimento que minhas escolhas poderiam acarretar. O que eu faria?
         Apenas na média claridade das velas confrontei seus olhos marrons apurados quando me desfiz dos seus lábios. Meus sentimentos mais uma vez se rendiam. Nessa ocasião meu corpo seguia ao ritmo de ¹Just give me a reason  avançando nossos movimentos conforme meu corpo se rendia a liderança do seu.
         Taylor tinha uma habilidade para dançar que o tornava único, majestoso e de certa forma delicado em cada movimento que seu corpo produzia ao rodar pela sala dominando-me completamente.
          Meu corpo era dominado pelo seu embalo e minha mente roubada pelos desejos inevitáveis que faziam um não virar um sim imediatamente. O dançarino do encanto que possuía e elevava seu charme deixando-me magnetizada com seu rebolado em meio aos meus tímidos passos tentando segui-lo.
         A intensidade da dança impedia que meus pensamentos se sobressaírem em meio a luta constante que queria dar lugar a realidade e a tudo que havia me guiado até aquele momento. Insuficientes traços de hostilidade de me tomaram por um segundo.
         O que eu havia sido capaz de fazer por amor? Do que abri mão por ele? O quanto eu havia sido prejudicada e prejudicado por acreditar no amor que eu sentia? Meu coração ficava atordoado ao pensar no que ainda poderia dar errado.  Eu já havia sofrido o suficiente.
         Minhas reflexões foram expulsas ao sentir sua pegada forte em minha cintura. Não só esta, mas todo o conjunto, seus dedos, o aperto, o calor que despontava dele, tudo tornava mais intenso fazendo com que a cada segundo que dançávamos juntos eu tivesse miragens do que eu gostaria de ter em porções maiores. 
         Guiando minha mão, Taylor me girou calorosamente me abraçando por trás dançando a música enquanto sua outra mão permanecia em meu quadril dando leves apertos conforme a necessidade de me apoiar. Era a forma que encontrava de me oferecer suporte, um verdadeiro oceano de lubricidade me impregnava fazendo sentir aquecer em lugares acuados, antes daquele minuto.
         Experimentei sua respiração e seus dedos se soltando do meu quadril, contemplando a cena dele afastando-se em um rebolado provocante. Parecia querer fazer um esboço do que ele havia de melhor, mal sabia que não lhe havia nada que não fosse supremo.
         Embora Taylor não estivesse com suas mãos em meu corpo, nada impedia que ainda assim me causasse deleite. Não fui privada de ser surpreendida com as suas mãos, agora ambas em sua cabeça e seu mais recente rebolado arrebatador.
         Não vi apenas sua sensualidade exorbitando. O vi sugar toda força que eu fingia ter para não me render aos seus encantos.
         Provocativo, desejei que as suas mãos agora coladas em sua nuca viessem para mim, eu precisava daquele afago, da perspectiva de tê-lo mais intimamente.
         Oferecendo sua mão para retornar a dança colada, soltei meu corpo agora o deixando ainda mais brando conforme requeria os passos da dança e o ritmo.
          Senti um leve abraço ao percorrer o salão improvisado para seu show e se afastando do meu corpo, manteve apenas minhas duas mãos juntas a as suas causando um pequeno distanciamento.
          Seu olhar seguiu meu decote esboçando um quase sorriso que conspirava em conjunto com seu olhar petulante e seus cabelos arrepiados. Os fios refletiam a luz das velas acompanhando a sombra do seu corpo evidenciando sua sensualidade que eu já conhecia, porém ainda mais alucinante que de costume.
         Tornando a colar nossos corpos me permiti sentir um pouco mais da fragrância que exalava do seu pescoço desejando em seguida um beijo, mas seu recuar impediu minha ação momentânea.
         Taylor me soltou durante a dança se afastando em passos solos tirando o smoke tal qual um estripper e lançando longe se aproximou novamente em passos circulares ao meu redor retirando a gravata borboleta e jogando também ao chão. Um arrepio perfurou minha alma. Ele me tomou pela cintura, me guiando em passos mais rápidos conforme a entonação da ²Pink e batida da musica tirando meu folego, tal qual um casal de dançarinos em performance de ³break.
         Senti seus lábios beijando meu busto, me abstendo da pouca razão para em fim beijá-lo. Degustei do quase tocar dos nossos lábios, mas eis que o demônio desviou sua face e passando suas mãos sob minha nuca beijou minha testa e se afastou ao último toque do piano.
         Desconcertada, apenas contemplei sua face serena seguida aos tons dos reflexos das velas e senti o cheiro do seu perfume se misturar ao odor que difundia das velas aromáticas.
         Olhei em sua face buscando metralhá-lo com o ressentimento que senti por seu esnobe deixando-me ainda mais confusa ante suas últimas atitudes. Taylor era o arco-íris da cela de prisão em que me mantinha devido a fuga do amor que eu sentia por ele.
         “Diga-me o motivo pelo qual eu não pude te beijar agora?” pedi indiscreta. Ele apontou o dedo e tocando na ponta do meu nariz em gesto carinhoso moveu seus lábios rosados para a pronúncia das palavras que eu tanto almejava.
         “Sally” falou respirando fundo e completou “Antes me diga o motivo pelo qual deve me beijar?” pediu em contrapartida.
         Senti a raiva tomando conta de mim. Era um misto de decepções e frustações que somente eu poderia entender, pois era meu coração que estava na berlinda.
         Feito uma desgraçada apenas olhei-o relembrando suas atitudes e o porquê desse circo. Os questionamentos vieram à tona tirando a magia que ele havia criado no ambiente, mas ele a recuperaria. Infame.
         “Mas que droga Taylor! Estou cansada de suas meias palavras, de suas meias verdades, e de toda essa merda. O que fato você veio fazer aqui?”.
         “Quero apenas que você entenda como eu sou de verdade Sally. Quero que você pense em como eu quero ser de hoje em diante”.
         Sua expressão era tão séria que mereceu a contenção da minha raiva, mas igualmente a uma bomba, ela havia sido contida, mas não eliminada, o que a deixava prestes a explodir a qualquer momento.
          Reprimi toda a raiva de dentro de mim para ver até onde ele chegaria. Eu daria substancia para que continuasse.
         Taylor ignorava meu nervosismo como se não o temesse.
         Com apenas um olhar guiou-me a sentar-me à mesa novamente arrastando a cadeira como um cavalheiro e acrescentando um pouco mais de vinho em ambas as taças.
         Sequei completamente a taça de vinho todas as vezes que ele as abasteceu. Isso o deixou preocupado inicialmente, mas fingiu que minha atitude não o incomodava.
         O que me intrigava eram suas ações quase nulas em lutar por mim. Ele não pediria? Não imploraria? Era seu ego? Era seu orgulho? O que ele estava esperando? Apenas se divertia com meu desespero? E se ele quisesse ficar comigo agora, eu cederia? Existia essa possibilidade?
         Ali estava eu novamente em uma briga constante entre ceder ou não. A dois passos do paraíso e possivelmente a três do inferno perguntava-me o porquê de ele ser tão envolvente.
         Qual caminho eu seguiria? Como decidir isso sentindo seu perfume tão perto? Como dizer não se ele era tão meu e me render parecia tão certo? Ao mesmo tempo em que questionava também me odiava, pois ele não forçava nenhuma decisão.
          Tudo isso era inútil, as dúvidas, as possibilidades e minhas estratégias de fugir do que eu sentia.
         Taylor, por sua vez, parecia estar certo do seu propósito ali.
         Ele apenas propunha um jogo de gato e rato? Eu logo descobriria.
         Esses questionamentos logo provariam que minhas teorias eram contrárias as suas atitudes uma vez que em momento algum Taylor me pediu perdão ou solicitou uma chance. O que ele queria afinal?
         Ele parecia prever meus pensamentos.
         “Não se torture dessa forma” falou levando a taça de vinho à boca.
         “A que se refere?” perguntei fingindo não entender.
         “Apenas retome seu jantar. Temos a noite inteira Sally, mas vá devagar com o vinho”.
         “Temos? Pode me dizer o que está havendo?” insisti.
         “O que você acha que está havendo?” perguntou em meio tom.
         “Eu não sei o que está havendo Taylor. Eu esperava que você me dissesse o porquê desse jantar, das músicas, dos presentes. O que você quer com tudo isso?”.
         “O que eu deveria querer?” respondeu com outra pergunta focando o aparelho de som e se levantando para colocar uma música.
         “Eu não sei. Diga-me você” murmurei.
         “Eu não vim aqui para isso. Não quero discutir com você Sally. Isso é tudo que tenho a dizer nos próximos minutos” esclareceu procurando a música.
         Plateau invadiu a sala de estar. “Maldito” pensei comigo mesma graças ao som de Nirvana que complicava tudo ainda mais. Umas das minhas canções favoritas.
         “Não sei qual é o seu jogo, mas ele está me cansando” falei largando os talheres e atentando a voz de Kurt Cobain tão surpreendente.
         “Retome seu jantar, logo virá a sobremesa” ele disse após sentar-se novamente a mesa.
         “Não estou com fome Taylor. Não me leve a mal. Tudo isso foi uma surpresa e em outros tempos eu ficaria feliz, mas agora não há como ver um futuro para nós diante de tudo que você fez”.
         “Eu concordo plenamente Sally, agora retome seu jantar” pediu.
         “Okay! Vou entrar no seu jogo se é o que você quer” falei.
         “Você disse que não sabia qual era o meu jogo agora diz que vai entrar?”.
         “Você acha isso divertido Taylor?”
         “Não vejo diversão aqui Sally. Não estou brincando. Não estou aqui para lhe propor nada, muito menos para impor”.
         “Então por que não vai embora?” perguntei cansada de não ter respostas.
         “É isso mesmo que você quer?” perguntou levantando-se da mesa obrigando meu coração a implorar em um brilho para que permanecesse.
         “Eu não sei Taylor. Tudo isso está me deixando confusa”.
         “Tudo isso?” perguntou docemente sentando-se novamente.
         “Tudo isso: as músicas, o presente, o bilhete e as rosas. O que está acontecendo?”
         “Pergunte isso a você mesma”.
         “Eu estou perguntando a você. Porque quanto a mim sei quais as repostas. Não se finja de rogado. Você me deve explicações, não eu a você” falei dando a prévia do duelo que se iniciaria.
         “Acha que pode superar que houve entre nós?”.
         “Não sei se posso superar Taylor”.
         “Eu poderia te mostrar o campo que é aberto quando superamos algo”. Taylor disse delicadamente.
         “Eu continuo não sabendo se posso superar tudo que houve”.
         “Então avise-me quando estiver pronta” disse unanime.
         Eu estava tonta pelas taças com vinho que havia tomado, portanto segui até o banheiro fugindo não só do assunto em questão, mas para repensar minhas ações. Eu não iria ceder a seu romantismo como uma tola. Eu não seria tão fácil como ele parecia presumir.
         Minha consciência ajuizava diante do espelho perguntando-me o que de fato estava acontecendo.
         A situação era mais confusa porque Taylor não estava me pedindo uma chance, bem como não apenas me mostrava quem ele era antes de cometer os erros que me deixaram tão ferida sentimentalmente.
          Ele também me propunha um novo eu, sugeria outras facetas suas que eu desconhecia fazendo-me questionar se eu o estava julgando errado durante todo esse tempo.
         Eu havia pensando em como eu me sentia diante de todas as lembranças, mas não como agora, as recordações eram mais nítidas depois que ele me fez reviver alguns dos nossos momentos felizes, dos sorrisos e de quem éramos juntos.
         Taylor havia errado, mas isso não me dava o direito de olhar para trás como se ele cometesse apenas erros, como se ele não fizesse nada de bom, ou como se não houvesse parcelas minhas também.
         Era difícil admitir depois de toda a dor o quanto somos felizes quando deixamos nosso orgulho de lado e cedemos espaço ao que sentíamos. Taylor, contudo, parecia não querer ceder e eu não o faria conforme ele esperava, eu relutaria por todas as cicatrizes que ainda estavam cravadas em mim.
         O banheiro pareceu solitário. Joguei um pouco de água no rosto enquanto me perguntava: “Suas qualidades poderiam abonar seus defeitos?” meu fraquejar foi somente naquele segundo e minha astúcia estava de volta.
         Como eu me sinto diante disso tudo?
         A resposta veio subitamente abduzindo a astúcia da mesma forma que chegou. Eu sentia que tudo valia a pena. Embora eu houvesse sofrido com seus erros, eu tinha motivos o suficiente para pelo menos cogitar a possibilidade de tentar recomeçar depois de tudo. Talvez merecêssemos isso e o problema estava justamente aí.
         O problema eram as ausências de algo mais concreto. Eu não tinha convicção de nada. Era como se eu tivesse em posse apenas de um amontoado de possiblidades e hipóteses. Ele queria ou não ficar comigo? Se queria por que me evitava de tal forma?
         Refletindo sobre isso, ouvi a musica mudar, experimentei um novo arrepio percorrer meu corpo. Era 4Look after you. Taylor se mantinha cada vez mais enigmático. Como ele poderia não me querer de volta e colocar essa musica? Ouvi-la era como uma confissão sua em um desejo imutável de cuidar de mim.
         Ele não poderia ter pegado tão pesado, essa musica era tudo que precisava ouvir. Decidi levá-lo até seu extremo para ver de fato do quanto além estava disposto a ir.
          Se era um jogo ou não, eu o jogaria.
         Saí do banheiro e retornei à sala revigorada pela música e curiosa para vê-lo em posse da nova coragem que havia buscado longe para enfrenta-lo agora mais friamente.
         “Sente-se aqui” convidou com uma expressão tépida e pacifica passando os dedos sobre a cadeira.
         Suas mãos tocaram meus joelhos me deliciando com o deslizar de seus dedos pelo meu tornozelo suavemente.
         Taylor retirou meus sapatos iniciando uma massagem relaxante mantendo-se de joelhos no chão e olhar fixo em mim. Desfiz-me da tensão quase nula e sorvi por um momento o cheiro dos seus cabelos.
         Senti meu coração pular quando suas mãos transitavam entre meus tornozelos e minhas pernas seguindo até a flexão dos meus joelhos.
         “Droga!” gritava minha consciência em sua despedida. Taylor parecia prever minhas ações como se soubesse tudo o que fazia e o que podia me causar.
         “Você se lembra do quarto azul?”
         “Sim” respondi.
         “Eu fui com muita sede ao pote. Estou devendo algo que eu gostaria de ter feito querida”.
         “Pode fazer agora. Ainda estamos vivos” concordei.
         “Sabe aquela música que ouvimos naquela noite?” continuou.
         “Qual?” falei vendo sua face seguindo as luzes da vela.
         “A que ouvíamos quando você correu suas mãos pelos meus cabelos daquela forma amor?” ele perguntou tragando minha orelha pausadamente.
         “Eu apenas soube que a música tinha mudado, parecia ser Mirrors, não sei ao certo”.
         “Talvez você tenha certeza agora” falou levantando-se com um sorriso malicioso aproximando-se do aparelho de som novamente colocando a música Mirrors.
          Enquanto tocava a abertura instrumental, o vi colocar de volta o smoke. O que ele faria? Relembrei a batida sensual que havia reverberado em meus ossos naquela noite. Era mesmo Mirrors do Justin Timberlake.
          O strip-tease que se iniciava colocaria fim ao pequeno vestígio de razão que havia em mim.
         Visualizei seu estalar de dedos seguindo a musica dando um aspecto de surpresa pelo que viria, ele faria ou não? Não me prendi ao que ele fazia. Tudo parecia proposital demais.
         Relaxei meus músculos como se nada mais importasse. Nada senão a apreciação da visão da dança sensual na minha sala de estar. Convicto do seu show, eu o deixei acreditar que estava no controle.
         A música seguia e a batida deixava-o cada vez mais concentrado. Espontaneamente o vi se desfazer do smoke. Sorri por dentro diante da sua face ousada, eu venerava o modo como transparecia esse seu lado.
         Taylor transpirava sensualidade e parecia estar certo disso pela forma como iniciou o desabotoar de cada botão da camisa tão calmamente sempre provando da minha expressão causada pela sua ação. Eu não demonstrei surpresa. Porque ficaria?
         Maliciosamente o vi rebolar de costas e lançar a camisa tão longe quanto o smoke como se fosse mero artifício. Ele parecia nunca mais querer fazer uso delas novamente.
         Taylor focou a vela que estava em sua última chama prestes a apagar. Antes que eu pudesse desfrutar o suficiente ele me intimou com a ponta dos dedos tirando os sapatos para que não machucasse meus pés.
         Levantei indo em sua direção enquanto ele permanecia na melodia da musica.
         Com um toque em minha cintura Taylor dançou ao redor de mim colando de costas e colocando minhas duas mãos sobre seu abdômen incentivando-me a acariciá-los.
         Eu o toquei conforme desejava esperando sua próxima ação.
         Enquanto eu percorria cada gomo do seu abdômen, acompanhei seu guiar até o zíper da calça. Ele não as tiraria, não era seu dever forçar nada, deixou claro. As calças só sairiam se eu quisesse, se eu as tirasse, se eu desejasse o que havia após ela. Pelo menos era o que eu pensava. Era isso que ele queria que eu pensasse.
         Aquela Oxford era a única coisa que me mantinha longe do meu objeto de desejo, mas ele não apenas queria que eu o acariciasse, e logo senti suas mãos sobre meus cabelos puxando meu pescoço para se aconchegar ao seu.
         Embora não admitisse, ele me tinha, mas eu também o mantinha ali, ele estava preso de certa forma, estava tão entregue ao momento quanto eu. Igualmente arrebatados cedíamos aos instintos, aos desejos do nosso corpo, ao poder da tensão sexual sempre presente em nossos encontros.
         Leviano, o ouvi suspirar fundo o perfume do meu pescoço.
         O toque de suas costas fortes na minha frente causava-me algo desesperador. Desabotoei a calça e desci o seu zíper tranquilamente enquanto via a última chama da vela apagar sentindo seu corpo se afastar logo que a calça foi ao chão. A música chegou ao fim causando-me uma sensação de tristeza pela forma como o show parou.
         Um grande silêncio invadiu a sala. Passei as mãos deparando-me apenas com o vento. Ele teria ido colocar outra faixa de sua playlist?
         Havia uma grande escuridão na sala já que a última chama da vela havia levado além da luz, também meu amor.
          Procurei por ele próximo de onde estávamos, mas não havia sinal de sua presença além do grande silencio que reinava dando lugar ao mistério. Aonde ele havia ido?
         Enquanto fazia minhas busca, tropecei em algo pelo chão. Abaixei pegando suas roupas amontoadas no mesmo lugar. A pequena peça íntima não estava na lista que eu procurava. Ele estava completamente nu.
         Senti um calafrio por um momento. O que ele planejava?
         Aproximei-me da porta da casa, havia um pequeno sinal de luz que aumentava ao passo que eu avançava. Encontrei um caminho iluminado por pequenas e redondas velas que clareavam o caminho até a piscina.
         Meu Deus. Amei a visão e odiei sua ousadia.
         Em uma das cadeiras de sol notei seu corpo escultural completamente nu estendido sobre ela nutrindo minha visão em um vislumbre surreal. Parecia ser um sonho ou o paraíso estava ali diante de mim.
         Taylor me aguardava com sua forma física luxuosa soltando um pequeno riso ao ver que eu havia seguido a trilha de luz que ele havia deixado. Ele esperava que eu tivesse outro surto de raiva e iniciasse uma discussão? Isso ele não teria.
         Vendo seu corpo nu estendido sob a cadeira me desfiz do vestido para ver até aonde estava disposto a ir.
          Embora minha ação fosse aparentemente pensada, eu era humana, e não havia como medir o calor que se excedeu lá em baixo levando-me a deitar sobre Taylor beijando-o finalmente como ele parecia quer.
         Era um ato de ousadia tentar uma penetração, mas tentei sem rodeios, Taylor, porém, apenas o encaixou abaixo dela não permitindo a penetração. Isso era como uma tortura, a sua aversão, sua rejeição, eu ainda não sabia ao certo. Ele não queria fazer amor comigo? O questionamento roubava minha sanidade.
         Taylor acariciou meus cabelos e beijou-me de volta desfazendo todas as minhas ações para iniciar o sexo. O desejo corroía o meu interior enquanto eu buscava por seus movimentos capazes de causar-me o mais extraordinário prazer, todavia ele não parecia querer satisfazer meus anseios naquele momento.
         Dada a sua resistência senti junto à absoluta excitação, uma pequena dor em meu clitóris somando uma grande angustia que tão somente aumentava a cada minuto.
         Permaneci molhada e absorvida por seus toques e seus lábios saborosos em um beijo agora mais intenso. Nossos corpos tremeram revigorando a tensão que eu sentia.
         Ele parecia estar prestes a se entregar as minhas carícias, mas o palpitar do seu coração acabara de me dizer o contrário. Eu o conhecia.           Sai de cima dele igualmente nua e entrei na piscina buscando refrescar o tesão que me deixava incapaz de pensar em nada senão no quão ereto ele se mantinha como se me provocasse.
         Eu não pude ver seus olhos em minhas nádegas, mas podia supor. Taylor era muito disciplinado, esse era o único motivo pelo qual resistia a mim e a todas as minhas suscitações.
         Ele se colocou de pé em seguida olhando-me nua dentro da água. O vi pulsar apesar da pouca luz que obstruía minha visão.
         “Como está  a temperatura da água?” perguntou.
         “Está ótima junte-se a mim” convidei provocante.
         “Promete se comportar?” pediu com um meio sorriso.
         “Eu prometo” falei vendo-o descer os degraus da piscina.
         “Já fizemos amor debaixo d’água lembra?” investigou.
         “Como poderia esquecer?” lembrei.
         “Não poderia” concluiu mergulhando e saindo em minha frente com seu rosto colado ao meu.
         Surpreendente Taylor levantou minhas duas pernas para fora da água, o vi morder os lábios visualizando-a tão sua.
         Ele não poderia fazer isso, mas fez.
         Taylor mergulhou. Quanto folego ele possuía? Fitei seus lábios submergidos pela água, embora duvidasse do que ele pretendia pude desfrutar a sensação gostosa daquele oral nunca experimentado antes, não daquela forma, não com aquele efeito, de fato ele não havia perdido a capacidade de me surpreender. A essa altura eu já deveria ter me acostumado com as surpresas que só ele era capaz de fazer.
         Seu folego não durou tanto quanto minha libido desejava colocando fim a gostosa sensação de sua língua passeando pelo meu interior. Meu corpo integralmente reclamou o término da deliciosa sensação submersa.
         Ele não havia desistido.
         O vi puxar a respiração e mergulhar novamente circulando agora meu umbigo e mordendo sua pele fina puxando de forma tão apetitiva que me fez eriçar. Maldita carência que absorvia minhas energias.
         Agora não era necessário estar submerso, ele apenas encostava seus lábios molhados em meus seios circulando-os com sua língua afundindo as gotas de água que havia sobre eles, sua lambida eufórica elucidava ainda mais o prazer que eu sentia. Era magnifico, mas sua resistência não tinha limite.
         Beijando-me senti suas mãos percorrerem minhas pernas enquanto seus lábios se aproximaram dos meus ouvidos.
         “Chega por hoje né?” sussurrou.
         “Como assim chega?” enervei.
         “Não posso transar com você Sally”.
         “Sério? É meio tarde para dizer isso porque a droga da sua língua estava ali embaixo há um minuto” disse ralhando.
         “Acho que está zangada porque ela não continua lá embaixo, mas sexo agora será um erro”.
         “Você só pode estar brincando comigo Taylor. Primeiro você faz um strip-tease na minha sala, fica nu e foge no escuro, me rejeita na cadeira de sol e agora me vem com essa?”.
         “Aquela noite como lembrança foi um erro Sally”.
         “Erro foi pensar por um momento que havia uma chance para nós dois. Quer saber? Foda-se! Você tem feito as coisas pela metade durante toda a noite, obrigada por me mostrar que só posso ter 50% de você. Agora sai da minha frente”.
         “Não fiz nada pela metade Sally. Eu penas lhe dei prévias. Dei-lhe algumas prévias do que pode ser seu” falou vendo-me sair da piscina.
         “Então tudo isso pode ser meu? Que desempenho de merda, estou muito bem obrigada.”
         “Amor o que fiz aqui sequer foi 10% do meu potencial. Apenas me dê uma chance de lhe mostrar os outros 90%” ele disse seguindo-me de volta ao interior da casa.
         “Se a intenção era me enlouquecer você conseguiu Taylor, agora desaparece” falei buscando algo para vestir já no quarto.
         “Também fiquei louco em alguns momentos se serve de consolo”.
         “Não serve!” bradei.
         “É uma pena” reclamou.
         “Você continua me fazendo voltar ao passado” admiti.
         “E o que o passado tem lhe mostrado?”
         “Tem me lembrado que amar você é uma luta constante e estou farta dela” desabafei.
         “Está dizendo que ainda me ama Sally?” perguntou se fingindo surpreso.
         “Pouco importa isso agora”. Esclareci.
         “Você não precisa dizer nada Sally. Não espero declarações de amor depois de tudo que fiz”.
         “Que bom que admite, mas não faz diferença mais”.
         “Sim, faz, para mim faz uma vez que eu preciso que entenda o que eu quero com tudo isso”.
         “Entender? Eu já entendi há muito tempo. Toda essa encenação dos últimos dias não passa de uma luta machista para provar que você tem poder sobre mim”.
         “É isso que você acha? Sally pelo visto você não me conhece amor. Preciso esclarecer as coisas aqui de uma vez por todas”.
         “Esclarecer? Entre os esclarecimentos estou curiosa para saber por que uma noite como lembrança foi um erro já foi ideia sua”.
         “Foi um erro porque eu não poderia ter feito aquilo com você, mas só depois de acordar sem você percebi que eu preciso de você sempre”.
         “Não foi o que percebi”.
         “Fala sobre minha resistência por toda a noite? Quer saber por que não transei com você Sally? Okay, vou lhe dizer. Não o fiz porque reconheço que você merece mais. Você se sentiu um lixo quando tudo acabou no quarto azul e não tente negar. Como pôde ceder depois de tudo?”.
         “Eu cedi porque amava você Taylor, foi só por isso”.
         “E eu não cedi hoje porque eu te amo Sally. Eu acho que você merece mais que sexo sem compromisso e quero oferecer isso a você”.
         “Taylor serei franca com você. Eu não sei se eu quero. É tarde demais. Agora eu não posso me envolver em um relacionamento”.
         “Fala isso por causa do contrato?” ele perguntou pouco surpreso.
         “Uma parte pelo contrato e outra parte por tudo que você fez”.
         “Eu não posso mudar minhas ações passadas Sally, mas posso ser quem você precisa nesse momento”.
         “Nesse momento?” perguntei sem forças.
         “Sim. Você está em um namoro publicitário e eu também.”.
         “Com quem?” perguntei enciumada.
         “Marie Avgeropoulos, sabe quem é?”
         “Não sei quem é, nem quero saber e tenho raiva de quem sabe”.
         “Eu também não fico confortável com esse tipo de contrato Sally”.
         “Eu não me importo. Não pretendo me envolver com ninguém, então para mim não faz diferença” falei simplesmente.
         “Isso é culpa minha Sally. Esse seu temor, a forma como se fechou, mas saiba que estou disposto a mudar. Fui um verdadeiro filho da puta quando lhe deixei sair do hotel Mondrian em 2012 e depois senti nojo de mim mesmo por abandoná-la daquela forma no Brasil, foram tantos erros, eu sei que foram muitos”.
         “Você foi cruel” admiti.
         “Eu reconheço que fui tudo de pior que um homem pode ser para uma mulher, mas estou diante de você para pedir perdão. Sei que meu discurso muitas vezes é cansativo, eu juro Sally, apenas uma chance é o que peço”.
         “Quer uma chance?” perguntei com lágrimas nos olhos.
         “Eu não quero seu amor por um momento” falou igualmente emocionado ressurgindo das cinzas o homem que eu amava.
         “Eu não sei o que dizer” Revelei.
         “Estou cansado de lhe abandonar Sally, estou cansado de lhe causar dor, por isso eu não quis continuar te ferindo para minha satisfação. Quero fazê-la feliz continuamente, não por um momento”.
         “Permaneço sem ter o que dizer”.
         “Então não diga meu amor. Os argumentos hoje serão meus. Eu não quero transar com você e sair como se não soubesse amanhã ou sem saber se haverá uma próxima vez. Quero curtir você, sua presença. Eu quero mimar você e te recompensar todos os dias pelo crápula que fui” falou com uma pequena lágrima surgindo em seus olhos.
         “Eu esperei tanto por isso” me entreguei às lágrimas.
         “Eu quero fazer amor com você e não sexo. Quero te levar café na cama, adormecer e acordar junto durante a tarde. Quero poder sentir seu cheiro de madruga e estou disposto a tudo”.
         “Eu não consigo acreditar em você Taylor. Por que parece tão difícil?”
         “Porque eu tenho sido confuso e peço perdão por isso também. Pretendo abdicar de tudo que nos afasta caso seja necessário Sally, mas eu não vou mais nos sacrificar”.
         “Existe grandes abismos entre nós e você sabe disso. Há muito a ser superado aqui Taylor”.
         “Eu vou tentar facilitar a sua superação Sally, vou lhe mostrar com o tempo o quanto eu te amo. Sei o quanto errei e por isso irei batalhar para colocar fim a cada dor que te causei”.
         “Talvez essa batalha nunca tenha fim. Tenha isso em mente”.
         “Que seja. Será uma busca diária, mas eu não tenho medo. Só não quero acordar um só dia sabendo que você não é feliz”.
         “Você ferrou comigo Taylor! Você estragou meu relacionamento com Ashton como se rasga um pedaço de papel”.
         “Eu ferrei meu amor. Ferrei você, ferrei Ashton, Ashley e me ferrei, mas eu quero lhe recompensar. Eu quero fazer isso”.
         “Não me chama de amor, por favor,” pedi chorando ainda mais.
         “É o que você é e sempre será. Você é meu amor, meu grande amor e nunca se esqueça disso. Aconteça o que acontecer Sally, nunca duvide do quanto eu te amo. Nem por um momento”.
         “Eu não sei Taylor”.
         “Eu espero até você saber querida. Eu espero sua resposta. Espero sua decisão. Espero o quanto for necessário. Eu sei que não mereço, mas se puder considerar uma nova chance. Fica comigo?”.
         “Como lidaremos com tudo isso Taylor?”
         “Não sei. Podemos encarar e ver o que acontece”.
         “Eu senti tanta raiva de você e por diversas vezes que pensei que meu amor tinha se transformado em ódio”
         “Eu mereço seu ódio Sally. Eu cultivei isso em você. Você me deu sua pureza e inocência e eu joguei fora. Eu sinto tanto que tenha feito tudo errado.”.
         “Eu não consigo lhe corresponder tão repentinamente. Preciso trabalhar isso em mim” avisei.
         “Eu fiz uma bagunça, eu sei. Quero organizar agora”.
         “Será um longo caminho, porque você perdeu minha confiança”.
         “Leva muito tempo para construir confiança e apenas segundos para destruí-la”. Taylor citou comovido.
         “Eu amo Shakespeare, isso é golpe baixo” falei abraçando-o.
         “Querida. Respire fundo. Porque eu vou pegar pesado” encerrou encostando seus lábios nos meus com a maior intensidade que eu já havia sentido desde o primeiro beijo. Se algum dia ele havia me amado, agora me amava ainda mais, talvez bem mais do que eu poderia imaginar.
        
¹Just give me a reason   - Música da Pink
²Pink – Que canta a música ¹Just give me a reason 
³break - Breakdance (também conhecido como break em alguns lugares) é um estilo de dança de rua, parte da cultura do Hip-Hop criada por afro-americanos e latinos na década de 1970 em Nova Iorque, Estados Unidos.

4Look after you – Banda The fray