“Por favor, venha agora, eu acho que estou caindo. Eu estou me segurando
em tudo que acho ser seguro. Parece que eu achei a estrada para lugar nenhum. E
eu estou tentando escapar. Eu gritei quando ouvi o trovão. Mas o que me restou
foi um último suspiro. E com ele deixe-me dizer, segure-me agora. Eu estou a
seis passos do precipício e eu estou achando que talvez seis pés não sejam tão
distantes assim. Estou olhando para baixo agora que tudo acabou, refletindo
sobre todos os meus erros, eu pensei que havia encontrado a estrada para algum
lugar. Algum lugar na sua graça. Eu clamei aos céus "salve-me" Mas o
que me restou foi um último suspiro, e com ele deixe-me dizer, segure-me agora.
Eu estou a seis passos do precipício e eu estou achando que talvez seis pés não
sejam tão distantes assim. Olhos tristes me seguem, mas eu ainda acredito que
tenha restado algo para mim, e então, por favor, venha ficar comigo, porque eu
ainda acredito que tenha restado algo para mim e para você. Para mim e para
você.” (Tradução: One Last Breath – Creed).
Eu estava finalmente no Rio de Janeiro... Não havia nenhum motivo para
que eu me levantasse da cama nesse dia. Eu me sentia em total abandono, mas
nessas horas vemos que Shakespeare quis dizer quando disse "As Vezes quando você cai, a primeira pessoa que você espera que
te chute, é uma das poucas que te ajuda a se levantar". Aléxia previa
minha indisposição e foi me fazer levantar...
- Bom dia amiga! –
Cumprimentou Aléxia me acordando...
-
Bom
dia... Desejei que fosse um pesadelo, e eu ainda estaria com o Taylor comigo.
-
Pára de
pedir desculpa Aléxia... Não estou entendendo você. A culpa não é sua... É
minha... É dele.
-
Por
favor... Vamos tomar um café da manhã decente... Sem falar nele.
-
Não quero comer nada. Nem sinto fome... Ou
vontade de me levantar daqui.
Aléxia saiu
com o celular na mão e fez uma ligação. Eu a ouvi dizendo que eu me recusava a
comer e zanguei-me com isso porque se eu sai da casa dos meus pais era porque
queria sofrer minha dor em paz e a última coisa que eu queria era lição de
moral, ou alguém preocupada comigo.
Meu celular
tocou, era Ashton querendo me encontrar no calçadão. Atendi e me levantei
disposta a encontrar Ashton. Eu nem sequer tive tempo de falar com Aléxia sobre
meus planos. Eu estava tão magoada com o Taylor que cheguei a sentir raiva dele
em alguns momentos, mas a maior parte de cada segundo do meu tempo era dedicada
a amá-lo, a desejá-lo e a sonhar com a possibilidade de tê-lo em meus braços
novamente. Enquanto eu estava a procura de algo para vestir Aléxia notou minha
súbita disposição para sair e ficou curiosa:
- Vou
encontrar uma pessoa. Um contato.
- Não
quer me contar? Desde quando guardamos segredos?
- Só
posso contar se prometer não contar a ninguém.
- Eu
prometo não contar a ninguém Sally, juro...
- Vou
encontrar Ashton Kutcher.
- Vou
pedir ajuda dele... Uma indicação. Quero seguir carreira artística e me
aproximar do Taylor.
-
Esquece isso Sally! Esquece Los Angeles, o Taylor, esse Ashton. Amiga vamos
recomeçar sem celebridades...
- Como
assim Aléxia? Esquecer tudo? Você me apoiava a 2 dias!
- Não
quero que você sofra mais ainda.
- Sofrer
ainda mais do que sofro agora é impossível.
O celular de
Aléxia tocou novamente, mais uma vez pensava no quanto era doloroso estar
distante dele, mas nem sequer perguntei como estava Aléxia, seu coração, sua
vida amorosa...
- Você
está namorando? – Perguntei.
- Por
quê? Parece que estou namorando? – Respondeu com uma pergunta como sempre faz.
- Só
pode estar namorando... Seu celular toca a cada duas horas e você sai toda
nervosinha.
- É uma
relação complicada. Vim para estudar no Rio, mas descobri que gostava de um
cara de São Paulo. Agora estamos só por telefone. Namorar a distância é
realmente horrível.
- Eu
aceitaria namorar Taylor, ainda que ele morasse em Los Angeles e eu aqui. Só em
poder ouvir a voz dele seria um motivo a mais para sorrir, respirar... Viver...
A presença do
Taylor ainda era muito forte. Ainda era possível sentir o sabor do seu beijo, e
o seu cheiro ainda estava em mim... Insanamente apaixonada, eu faria qualquer
coisa, mesmo que eu nunca mais tivesse outra chance, eu faria de tudo para
ficar frente a frente com ele e dizer de tudo um pouco, falar de como ele me
livrou do abismo, e de como me deixou em um engradado escuro... Era
inacreditável que ele não havia pensado em mim, era como se ele fosse outra
pessoa no momento em que seu telefone tocou e não quis me levar ao aeroporto...
Eu queria meu Taylor de volta, eu o queria como nunca quis antes...
Era chegada a
hora de encontrar Ashton. Eu estava muito nervosa e confusa. Não entendia
porque um homem como ele fazia questão da minha presença podendo ter
profissionais que dissessem até em que dia Deus criou a praia de Ipanema. Eu
confesso que não me preocupava muito com nada, nem com o que ele pensava de
mim, eu só desejava que ele me desse um norteamento de como ficar famosa.
Avistei
Ashton que estava muito bonito, sério, porém com semblante agradável. Ele era
totalmente o oposto do Taylor, mas me lembrava muito e cada segundo que eu
estava com ele sentia-me mais arrebatada para o mundo do Taylor.
- Olá...
Como está? – Disse com
seu português puxando o sotaque.
- Estou
bem... E você? – Respondi,
direcionando outra pergunta padrão de cumprimento.
- Você
dormiu bem? Está com uma péssima cara.
- Eu
dormi bem... Bem mal!
- Você é
muito linda e muito jovem para se deixar amargurar pelas desventuras da vida.
Não faça isso com você mesma.
-
Obrigada. Nem sei por que um homem como você perde tempo com uma garota boba como
eu...
- Você
não é boba Sally... Na verdade lida bem com tudo o que está acontecendo sem
questionar sobre o que os outros vão dizer.
- Os
outros não dirão nada. Ninguém sabe sobre meu envolvimento com o Taylor.
- Não
estou falando de você e o Taylor. Estou falando de você e eu. Ashton tirou a camisa pretendendo entrar na água. Ele é realmente um
homem lindo, mesmo com toda a minha indiferença e caos interior deixado pelo
Taylor, eu não era cega e estava diante de cara além de bonito, meigo e charmoso...
- Como
assim eu e você? Não está acontecendo nada...
- Você e
eu sabemos, mas a mídia não sabe, e mesmo que saibam sempre rotulam qualquer
mulher que aproxima de mim como affair.
- Sabe
Sally. Agora eu entendo porque Taylor deixou você. Sua inocência é tocante.
Você está em todos os jornais, revistas, sites e diversos tipos de mídia.
- Como
assim? Não entendo.
- Estamos
sendo filmados! Meu Deus. Nem vi esse paparazzi!
- Nós
dois estamos sendo fotografados juntos desde o aeroporto.
- Eu nem
percebi. Estou tão distante da internet, da TV, do mundo... Estou curiosa para
ver os artigos.
- Eu já
vi... Nada de mais! É o básico “ASHTON
KUTCHER JANTA COM LOIRA MISTERIOSA”, ou “ASHTON
KUTCHER SE RECUPERA DO DIVÓRCIO COM BRASILEIRA” e ainda teve um que dizia “BRASILEIRA CONQUISTA O CORAÇÃO DE
ASHTON KUTCHER” são muitos e muitos...
Esses foram os que li. Eles dizem que uma fonte próxima a você informou que
você está completamente apaixonada por mim e que deseja engravidar.
- kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk – Gargalhei sem
vontade. - Agente nem tranzou ainda e já quero engravidar?
- Ainda?
Então pretende tranzar comigo? – Perguntou Ashton me deixando em silencio e muito constrangida:
Ao perceber
mudou de assunto e focando exatamente onde eu queria.
- Você
deve fazer um book imediatamente.
-
Conseguiu algo em alguma agência?
- Sim...
É em Los Angeles, mas somente ano que vem. Todas as edições estão lotadas e as
modelos da capa já foram definidas.
- Nem
sei como agradecer! Porque está me ajudando?
- Eu não
sei... Quando vi você chorando no LAX senti que devia... Era algo estranho, uma
sensação que me fazia... Nem sei.
- Você
falou comigo em português. Como sabia que eu era brasileira?
- Tá
brincando? Você chorava e dizia alguns palavrões típicos. Sua irritação era
evidente.
- Vai
demorar muito para eu conseguir meu espaço, seja em popularidade, ou como
profissional.
- Seja
como for, eu cumprirei minha parte no acordo. Assim que chegar a hora você
poderá fazer os Photoshoots para a revista. Só tenho uma exigência!
- Você
nunca dirá a ninguém que te indiquei, nunca falará sobre nossas conversas,
sobre este incentivo, nem tocar no meu nome. Muito menos com o garoto lobo.
- Tudo
bem, não falarei a ele sobre meus planos. Até por que... Nem tenho contato come
ele. Eu tenho muita pressa. Não sei se sobreviverei até lá.
-
Mantenha sua mente ocupada e nem verá o tempo passar.
-
Ocupada como? Não tem nada que atraia a minha atenção, ou que eu sinta vontade
de fazer.
- Era
sobre isso que ia falar quando você falou sobre tranzar comigo e me fez perder
o foco. Eu amo sexo e ele me distrai.
- E o
que seria “isso” que você ia falar Ashton? – Disfarcei.
- Um
amigo de um amigo, que é amigo de outro amigo vai te oferecer um curso
intensivo de interpretação. Você terá 6 meses, todos os dias de segunda a
segunda para aprender técnicas e métodos que te auxiliarão na atuação,
filmagem...Tudo.
- Acha
que posso ser atriz?
- Não
sei... Isso você descobrirá, mas se serve de consolo, ninguém nasce sabendo.
Você não está se importando com o fato de estarmos sendo filmados. É um ponto
ao seu favor não ter repúdio às câmeras e não entrar em pânico na frente delas.
- Na
verdade não me importo. Estou pensando na reação dele ao ver esses boatos sobre
você e sobre mim.
Ashton
brincava com as ondas que iam e vinham. Estava pensativo e parecia preocupado.
- Está
tudo bem? – Perguntei.
- Você é
uma referência para mim... Se um dia eu chegasse a ser a atriz mais bem paga da
TV ficaria muito feliz.
- Estou
feliz. Era o sucesso que esperava, mas não foi fácil começar com o personagem
Michael Kelso na sitcom That '70s Show, da Fox. Eu nunca estava satisfeito,
depois criei, produzi e apresentei o programa Punk'd, na MTV, isso me mostrou
que eu realmente queria seguir essa carreira.
- Você
gosta mais de atuar ou produzir? – Perguntei.
- Não
sei... Um pouco dos dois. Mas o cinema realmente me cativa. Eu
desempenhei papéis de destaque em diversos filmes de Hollywood, como Dude,
Where's My Car?, Just Married, The Butterfly Effect, The Guardian e What
Happens in Vegas.
- Gosta
mais de atuar em filmes ou séries?
- Ambos
exigem muito. Fico dividido, mas atuar em Two and a Half Men, me fez crescer
muito como ator. Meu personagem é hilário e totalmente o contrário de mim,
então interpretar Walden Schmidt tem sido um desafio.
- Eu
espero um dia ser tão boa quanto você. Caso consiga direi que você foi meu
mentor. Estou feliz que tenha aparecido na minha vida em um momento tão
difícil.
- Também
estou feliz em ter conhecido você, afinal também estou passando por um momento
muito difícil. Não vou te abraçar para preservar sua imagem. Obrigada pela conversa...
Pela agradável companhia, e por me suportar...
- Tudo
bem... Eu só tenho a te agradecer Ashton... Essa força que você está me dando
sem me conhecer... É tudo.
-
Welcome to the jungle! – Ashton se despediu me dizendo “Bem vinda a selva” e voltou ao Hotel
Fasano!