Olá Taylovers? Vamos a mais um capítulo onde coisas
serão relevadas, acertos serão feitos e a ascensão da nova estrela de Hollywood
onde “o aluno supera o mestre”. Comentem, digam o que acharam. Agradecimentos
infinitos à equipe TLM por mais um capítulo concluído. Leiam!
A festa de inauguração havia sido
perfeita e antes que meus pais voltassem ao Brasil já pela tardezinha do dia
seguinte, eu precisava conversar com minha mãe para saber se ela e o papai
haviam voltado ou se o motivo da união era somente eu.
Minha mãe arrumava sua mala enquanto
meu pai saia pelo corredor dos quartos vestindo o seu roupão listrado que havia
levado. Ele procurava por ela.
“Nazaré? Onde está minha jaqueta?”
perguntou ele com seu semblante condicionado.
“Deixei em cima daquele suporte
atrás da porta.” respondeu simplesmente.
Meus pais estavam se falando, o que
era uma boa coisa principalmente depois de ver todas as brigas e juras de
separação, sempre achávamos que só estavam juntos por causa de mim e do
Nícolas, mas na verdade nunca entendi ou não me dediquei o bastante para
entender tudo o que houve com a minha família.
Meu pai perdeu uma causa e agiu como
se tivesse perdido sua honra, enquanto minha mãe aparentemente não conseguiu
lidar com a queda do nosso estilo de vida depois que meu pai passou a ganhar
menos causas em seu escritório de advocacia. Por fim passou a ser apenas
advogado de porta de cadeia, uma causa aqui e outra ali, mas nada como seu
prestigioso escritório com os maiores advogados de São Paulo associados.
Todos estavam bem depois da festa,
sem indiretas, sem discussões e sem sarcasmo, parecia que estávamos em um
caminhar para a paz na família e essa sensação me trazia um conforto não
sentido há um tempo.
Minha mãe apesar de disfarçar muito
bem, mal podia esperar a hora para que eu pudesse lhe dar uma explicação de
como tudo aconteceu, ela sabia sobre o encontro que ganhei da EW¹ para conhecer
Taylor Lautner e certamente supunha que fora durante esse processo que conheci
Ashton.
“Sally, filha, venha até aqui meu
amor.” pediu minha mãe com aquele olhar de quem ia fazer um inquérito. Aproximei-me.
“Como aconteceu tudo isso filha?”
“O que mãe?” perguntei em
contrapartida. Ela arqueou a sobrancelha, desafiante, dizendo-me
silenciosamente que minha evasiva não tinha e não teria efeito nenhum,
fazendo-me suspirar rendida enquanto meus ombros caiam, e então, decidi fazer
um resumo breve. “Nem sei como explicar mãe. Quando participei do concurso para
conhecer Taylor Lautner em Los Angeles conheci Ashton, ele se sentou ao meu
lado no avião de volta ao Brasil e nos tornamos amigos”.
“E já ficaram juntos?” Perguntou
como se notasse que faltava a parte mais importante da história.
Será que Nícolas havia revelado tudo?
Esse pensamento me perturbou por meio segundo, mas eu já estava cansada
de esconder tudo.
“Não mãe, de forma nenhuma. Não
ficamos juntos assim que nos conhecemos. Nós fomos apenas amigos por muito
tempo.”
Ela ouviu minha resposta e finalmente confiante de que eu estava pronta
para falar sobre o assunto, perguntou finalmente. “Como foi sua primeira vez?
Ele foi delicado?” era isso que eu temia, eu conhecia aquele olhar, o mesmo que
Nícolas fazia imaginando que havia sido Ashton a tirar minha virgindade, era o
mesmo olhar que meu pai também havia me dado ao ver Ashton me chamar de amor.
Eu não podia mais suportar que
Ashton fosse mais uma vez injustiçado e o fato que eu esconder dela a noite que
Taylor dormiu no Hotel já era uma culpa que pesava imensamente na minha alma.
“Ashton foi perfeito mãe, mas minha
primeira vez não foi com ele.” Revelei deixando-a colidida e absorta, mas não
me inquiriu sobre quem tinha sido, ficou calma e suspirou esperando que eu
contasse por vontade própria. “Foi com ele mãe,” ela já entendeu vendo a
superfície dos meus cílios ficando rubras e desabrochando as primeiras
lágrimas, apesar de já imaginar o nome que eu citaria, ficou desacreditada e
esperou que eu dissesse as palavras. “Foi com Taylor Lautner.” confessei
estranhando que essas palavras saíssem da minha boca, ainda mais naquele tom
desolado, era constrangedor, mas ao mesmo tempo libertador.
“Meu Deus filha! Sinceramente eu não
tenho palavras.” disse após meio minuto de silencio, mal sabia ela que minha
posse de palavras era tão escassa quanto as dela, eu não sabia o que dizer.
“Nem eu tenho palavras, quando penso
em como aconteceu mais parece um sonho. Ele nem queria mãe, mas era meu sonho.
Eu o tive por um tempo e quando chegou ao fim fiquei arruinada.”
Ela mais do que ninguém havia sido
expectadora da minha obsessão pelo Taylor e algumas vezes dizia que eu sonhava
demais. Lembro-me que em umas de nossas conversas ela dizia que conhecer ele
pessoalmente era um sonho difícil de alcançar, mas eu havia ido bem mais além. O
único problema é que eu não me mantive indo além, dessa forma tive meu amor por
um tempo e agora o vazio que ele havia deixado era tão amplo quanto um pélago
interminável e límpido. Imagine ter todo amor do mundo menos quem se ama?
Ela ignorou a parte do Taylor como
se naquele momento não fosse o foco da conversa, ela já sabia do passado e
agora restava apenas uma preocupação insalubre com o futuro, nesse caso,
Ashton. Mamãe queria saber como ele ficava no meio da minha confusão, como eu
havia terminado ali e qual a aceitação de Ashton quanto ao fato de eu ainda
amar Taylor.
“E Ashton no meio disso tudo?”
Naquele momento meus olhos se
encheram de lágrimas e eu não as contive. Aquele era um assunto delicado e eu
sempre evitei pensar sobre isso de uma maneira mais profunda, contudo, naquele
momento eu não senti necessidade de guardar essa dor só para mim. Eu precisava
mandá-la para longe, onde me deixasse sentir um pouco de paz e de
tranquilidade.
A atenção da minha mãe
e a dor evidente em seus olhos, sem saber como me ajudar fez com que eu pensasse
no quanto eu poderia tê-la apoiado em seus momentos de consternação, mas
algumas coisas nossos pais não podem nos ensinar e, por mais que eles tentem,
não podem nos privar dos tombos que a vida dá e da dor que estes causam. Precisamos
aprender por nós mesmos, com nossas atitudes; erros e acertos.Somente assim seria
possível consertar algumas coisas ou pelo menos tentar.
“Filha, você não me respondeu como fica
Ashton no meio disso tudo?”
Eu não havia pensado em como Ashton poderia sair machucado com tudo, pelo
menos não daquela forma explícita em sua face e isto não passou despercebido
por minha mãe, que tinha em seu olhar uma preocupação evidente, mas suas
perguntas revelavam algo mais, contudo, eu não sabia o que seria.
“Sinceramente eu não sei mãe, mas
não posso sequer pensar em decepcionar ele. Tem sido difícil esconder o que eu
sinto, embora às vezes acho que ele sente, mas mesmo assim não se importa...,
ou parece que ele não se importa já que nunca me disse nada.”
Ela olhou rapidamente em direção à
mala que arrumava, e para mim novamente como se procurasse uma solução para
propor.
“Isso não existe filha. Essa
história de que ele não se importa é uma falácia, pois homem nenhum no mundo se
dá ao luxo de não se importar. Pode ser que ele não demonstre, mas no fundo ele
sente que sua entrega não é completa.”
Pensei nas palavras da minha mãe
sobre a percepção do Ashton a respeito do que eu ainda poderia sentir pelo
Taylor buscando palavras para comentar o assunto da conversa, no entanto, minha
criatividade não se fazia presente, somente a desordem mental que eu
desconhecia colocava palavras pouco convincentes para que eu as pudesse
pronunciar e assim o fiz.
“Mãe, eu confesso que já pensei
nisso e é exatamente isso que eu mais temia, que ele estivesse fingindo não ver
isso tudo..., que esteja deixando os acontecimentos e o tempo passar”.
“E Taylor?” perguntou ela colocando
o último par de roupas na mala e lacrando-a, então, olhou em meus olhos como se
clareasse sua mente. “Você sabe por que seu pai quase se destruiu Sally?”
Minha mãe finalmente falaria sobre
meu pai, sobre os dois, sobre nós, mas estranhei que ela houvesse cortado o
assunto sem outras intenções.
“Porque perdeu uma causa de
Pedofilia?” lembrei sobre o pouco que eu sabia sobre o fracasso do meu pai como
advogado.
“Não foi qualquer causa. Na verdade,
não foi somente isso.” falou ela certificando-me que de fato havia um motivo
secundário para que terminássemos todos nessa representação atual que era nossa
família.
“Como assim mãe?” questionei
desejando que ela colocasse fim ao mistério outrora ocultado e que havia
causando tanto desgaste a todos nós.
“Uma vez eu fiquei nesse mesmo
impasse que você, só que com algumas distinções. Eu amava seu pai, mas ele era
mulherengo e não levava nenhuma mulher a sério. Eu praticamente cansei de lutar
por ele e resolvi dar uma segunda chance ao amor. Tive um relacionamento após
desistir do seu pai, mas eu nunca consegui me entregar totalmente e mesmo
sabendo de todos os defeitos, resolvi ficar com quem eu amava, seu pai. Em
seguida tivemos Nícolas e seu pai finalmente deixou a vida que levava, nos
casamos e depois veio você.” Contou ela
com as lágrimas descendo pelo seu rosto.
“A Senhora nunca me contou nada
disso, exceto pela mudança do papai com a paternidade.”
“Eu ainda não terminei Sally,”
interrompeu controlando as lágrimas e sentando-se sobre a cama, olhou-me
novamente e enxugou os olhos. “Ele me amava.” disse ela pausando “O outro homem
que larguei para ficar com seu pai me amava muito. Ele me amou o suficiente
para esperar mais de 20 anos para acertar as contas com seu pai. Aquela causa
que seu pai perdeu, não foi uma causa qualquer. Foi ele.”
A grande revelação que nossos pais
nos privaram era que outro relacionamento que minha mãe havia tido deixou
marcas que nunca haviam sido apagadas.
As coisas faziam mais sentido agora, o orgulho ferido do meu pai, a
raiva que ele tinha dele mesmo por permitir que um pedófilo ficasse livre na
rua, porque ele não foi capaz de resolver uma questão deixando-a pendente para
que ela viesse assombrá-lo mais tarde.
Minha mãe sentia culpada por ter
magoado alguém que a amou e que pelo visto após mais de vinte anos ainda amava,
pois esse tipo de vingança sempre vem carregado em uma aflição antiga, uma
mágoa ou um sentimento talvez até impossível de explicar.
“Ah, meu Deus. Deixe-me ver se
entendi... O papai perdeu uma causa e isso nunca tinha acontecido, no fim o
outro advogado que venceu a causa era o homem que a senhora havia tido um
envolvimento?”
“Exatamente. Por isso toda a raiva,
toda a luta para acabar com a reputação do seu pai. Na época a separação foi um
pesadelo e recentemente foi muito pior.”
A culpa que minha mãe sentia não era
somente por causa de um coração que ela havia partido, ela também havia causado
ainda que involuntariamente o fracasso da carreira do papai, seu ego ferido e
um pedófilo em liberdade. Naquele momento compreendi porque ela buscava no
álcool uma distração, ou algo que entorpecesse a culpa e a dor que a mesma
sentia. Assim, eu a olhei nos olhos e a abracei sendo capaz finalmente de dizer
algo que eu deveria, mas não podia ter dito há muito tempo.
“Mãe, olha para mim. Eu sei que tudo
isso gerou danos irreparáveis, mas vamos superar isso juntos, okay? Me perdoa
pelas vezes que me tranquei no quarto, eu sempre desperdicei muito tempo lhe
criticando enquanto na verdade eu deveria amá-la.”
“Obrigada filha. Estou contando tudo
isso porque não quero você não cometa o mesmo erro que eu. Valorize quem ama
você. Não troque quem te ama por uma ilusão ou por um amor inventado, não estou
dizendo que eu não amo seu pai, estou dizendo para não ferir Ashton.”.
“Eu não pretendo ferir mãe, mas acho que esse homem que a Senhora teve
não tem nada a ver com o Ash, ele é sempre doce e gentil, não faz esse tipo
vingativo ou rancoroso.”
“Sally, um homem ferido é como uma
fera ferida. É capaz de tudo.”
“Obrigada mãe, eu vou pensar nisso
tudo. Obrigada por confiar em mim, tudo isso que a Senhora me contou explica
muita coisa.” Comentei me sentindo mal pelas vezes que a julguei sem sequer saber
de toda pressão que ela sofria.
“Explica, mas não justifica Sally.
Eu não tenho sido uma mãe para você. Eu acabei bebendo demais e não dei a
atenção que você merecia. Não posso voltar no tempo, mas posso agir
corretamente daqui em diante.”
“Ter você e o papai aqui é o maior
presente que eu poderia ter.”
“Você sabe que não podemos manter
vocês aqui, não é?”
“E nem precisa mãe. Taylor me deixou
um carro e eu o vendi. Agora fechei com a Ford Models e vou fazer algumas
campanhas, e alguns comerciais para Malwee.”
“Tem certeza que consegue filha?”
“Tenho mãe, mas caso não consiga
volto para casa. Não vejo problema em recomeçar.”
“Eu desejo toda sorte e sucesso
filha!” Disse minha mãe encerrando a conversa com um abraço.
“Vamos Nazaré?” meu pai chamou
apontando para o relógio, e então, olhou pra mim “Você vai bem ficar filha?”
perguntou segurando em minhas duas mãos.
“Vou pai. Pode ter certeza que sim.”
após minha resposta, ele me deu um abraço apertado levantando meus pés do chão
e eu os acompanhei até o LAX².
Meu pai não criticou meu ingresso a
esse ramo em nenhum momento, talvez pela falta de tempo ele não quisesse
desperdiçar o raro tempo em família, que seria mais infrequente agora que
Nícolas e eu estávamos em Los Angeles.
* * *
* *
3 dias
depois
Aléxia respirava aliviada por não
presenciar nenhum beijo de Nícolas na noite da festa, para ela era um triunfo
que ele tivesse deixado de flertar com Eduarda no final de noite. Era algo
estranho à forma pensativa que ele se mantinha, talvez a música que fiz quando
ele me deixou o fizesse refletir sobre suas ações, mas havia algo mais.
Nícolas estava estranho, uma hora ou outra notei seus olhos fixo em
Ashton, com aquele olhar carnívoro e o canto da boca puxado apenas para um lado.
Isso era péssimo e Ashton fingiu não notar.
Nícolas
estaria com ciúmes?
No mínimo era estranho, mas não pude
refletir sobre seu comportamento pouco congênito, pois o grito de Aléxia ecoou
pelos cômodos da casa fazendo com que eu saísse correndo do meu quarto para
conferir o motivo de sua histeria, incluso o loiro usando uma cueca boxe e com
aquele sorriso faceiro como se quisesse incomodar de fato.
Aléxia era viciada em The Vampire
Diaries³, ela sempre dizia que Nícolas era tal qual Damon Salvatore, maléfico,
porém amável. Não importava o quanto ele se esforçasse, nunca conseguia deixar
de ser ele mesmo, e o pior, era impossível odiá-lo em face de toda exuberância
que esparzia dele.
“Quem morreu?” perguntou Nícolas
aparecendo na frente de Aléxia só de cueca fazendo com que ela engolisse as
palavras em sua boca, tornando-se incapaz de pronunciá-las. “Que é? Até parece
que nunca viu um homem seminu?” disse Nícolas exibindo os músculos e seu físico
escultural e pegando o notebook das mãos de Aléxia, que nada conseguiu falar.
“O que foi Aléxia?” perguntei
dando-lhe um beliscão para que seu juízo voltasse à tona e Nícolas não notasse
sua atração estampada como um billboard aclarado em uma travessa escura.
“Olha maninha você está no site da Vanity Fair.” disse ele com um
sorriso bobo e levando o notebook para a mesa mais próxima para que pudéssemos
ver com calma.
“Alguém da Vanity Fair escreveu um
artigo sobre mim?” perguntei abstrusa e um pouco enlevada com a possibilidade.
“Não, Sally, eles não escreveram um
artigo sobre você,” a voz de Aléxia saiu finalmente após o descaramento do
Nícolas.“Seu nome está na lista dos convidados oficiais da after party
da Vanity Fair.” concluiu ela.
“Que porra é essa?” perguntou o
loiro diabólico, interessado, como uma criança que prestes a ganhar um
brinquedo novo.
“Eu não acredito que você disse isso
Nícolas.” comentou Aléxia atordoada, fixando-se em Nícolas e em seguida em seu
abdômen delineado.
“A after party da Vanity Fair é a
festa pós-oscar mais badalada de Hollywood, vocês aspirantes da estrelas
deveriam saber.”
“Foda-se! Eu já estou lá..., haha!”
vibrou Nícolas beijando o rosto de Aléxia, comemorando, por um instante.
Já era possível imaginar seus pensamentos perversos surgindo em sua
mente entregue pelo seu olhar malicioso, ele fez gesticulou como se comemorasse
e voltou ao seu quarto.
“Você vai Sally?” perguntou Aléxia
fazendo-me refletir.
“O que eu vou fazer numa festa dessas? Eu não
conheço ninguém.” respondi vendo a expressão surpresa de Nícolas que voltava
com uma toalha em volta da cintura.
“Será que Ashton foi convidado?”perguntou Aléxia conseguindo pensar
e falar agora que o loiro não estava mais seminu em sua frente.
“Até parece que o ator mais bem pago
da TV americana não vai a uma festa pós-oscar” comentou Nícolas ironicamente.
“Isso não tem nada a ver.” Aléxia
disse a rezingar.
“Nossa, como vocês duas são lentas,
pelo amor de Deus, essa lista esta em ordem alfabética, o nome do Ashton é o
primeiro.”
“Nossa, você já viu? Pra esse tipo
de coisa você é rápido.” impliquei após seu surto grosseiro e tom de ironia
sobre Ashton.
“Ah, tá bom, maninha, eu vi muito
bem seus olhos na letra T.” zombou ele me levando aos meus extremos.
“Eu nem olhei nada. Não seja petulante” completei enquanto Nícolas
sorria.
Aléxia que olhava para nossa
discussão desceu os nomes na tela do notebook e mencionou seu nome que mais
saiu como um sussurro: Taylor Lautner.
A pronúncia do nome do Taylor fez
com que Nícolas saísse sorrindo satisfeito. Eu não conseguia pensar em nada,
exceto na possibilidade de não ir à festa, mas minha possível decisão em não ir
foi impedida pelo toque do meu celular, que tocava um pouco distante no meu
quarto, mas eu reconheceria esse toque sob qualquer que fosse a situação de
desespero.
“Oi amor?” A voz de Ashton me acalmava “Eu acho que vou me atrasar um
pouco para a festa da Vanity Fair, vou viajar na sexta-feira e talvez volte a
tempo de te encontrar lá, mas não vamos entrar juntos, okay?” disse Ashton,
deixando-me no mais denso desespero.
“Eu estava pensando em não ir,” respondi nervosa “Espere, como você já
sabe disso?”
“Você precisa estar em evidencia Sally, e esse tipo de evento é propício
a isso. Prepare um vestido de gala e esteja no Hotel.” disse ele tirando minha
estratégia de escape. Ashton já sabia sobre o convite da Vanity Fair, isso
mostrava que ele estava mais atento ao que envolvia meu nome do que eu mesma. Pode ser que Taylor não vá. Pensei tentando me confortar e manter a
calma. “Prenda seus cabelos amor, você fica uma semideusa de cabelos presos.”
disse Ashton docemente do outro lado da linha.
“Obrigada, eu vou prender sim.”
“Sua voz é perfeita, todos os meus
amigos ficaram encantados.”
“Nossa, quantos amigos seus estavam
na festa?” perguntei admirada.
“Sábado estavam poucos, mas os outros quiseram
ouvir a voz da garota que derrubou as visualizações de Justin Bieber no You
Tube em 72 horas.”
“O que?” perguntei sentando-me na
cama quase sem voz.
“Quando você cantou Sally, foi magnífico,
a banda que estava se apresentando postou o vídeo de você cantando no canal
deles.”
“Mas, você está exagerando quanto ao
número de visualizações certo?”
“Não Sally, seu vídeo é o mais
acessado da história, você derrubou as visualizações de Justin Bieber, Gangnan
Styles e se não me engano no Brasil ouvir dizer que ultrapassou uma coisa
chamada ‘ah, lelek’, acho que é isso”. Disse sorrindo do outro lado,
causando-me uma vontade de que ele estivesse comigo. Ashton teve nossa ligação
interrompida por alguém que lhe chamava no local em que estava. “Amor, mais uma
vez parabéns pelo sucesso. Eu queria estar com você, lamento e peço desculpa
por isso.”
“Tudo bem Ash, eu sempre soube que
você era muito ocupado.”
“Que bom que entende. A gente se
encontra, eu realmente preciso ir, minha assistente está com o itinerário e vou
organizar minhas coisas.”
“A gente se encontra na festa então,
tchau Ash.”
“Tchau Sally, eu te amo.”
Desligou sem que percebesse a
declaração nunca dita antes, fiquei surpresa com a declaração final e grata por
ele desligar sem que eu pudesse corresponder.
Uma parte de mim estava em choque
com todas as declarações que minha mãe havia feito. Chorei por isso; chorei
pela possibilidade de encontrar Taylor; chorei assustada com o recorde de visualizações
do You Tube e por fim chorei pelo ‘eu te amo’ do Ashton que me deixou sem saber
o que fazer.
Eu enfrentaria publicamente meu
maior medo. Taylor estava a um passo de saber sobre tudo o quê eu havia feito e
a pior parte disso tudo é que não importaria o quanto eu negasse, ele saberia
que tudo que eu fiz para entrar no seu mundo era para que pudesse enfim
merecê-lo.
Nícolas já procurava um terno para a
noite de gala e eu estava apavorada demais para poder escolher o vestido
perfeito, entretanto Aléxia estava ali, disposta e pronta a garantir que eu
estivesse à altura da grande festa, luxo, glamour e muita gente famosa.
Eu já não era mais uma anônima, eu estava enfim na elite social da
Califórnia. Agora eu era o novo rosto da Esquire Magazine, a grande revelação
do You Tube, muito mais que um affair de Ashton Kutcher, eu era a nova estrela
de Hollywood!
* * * * *
Mais 3 dias depois
“Esse vestido ficou parecendo um balão Aléxia, nem morta que vou usar
essa coisa.” minha irritação e temor perante o medo de confrontar Taylor me
fazia inventar pretextos para não ir à festa pós-Oscar da Vanity Fair.
“Você fica linda com essa cor dourada Sally. Para com essa neura!”
replicou ela cansada de aprovar todos os vestidos que eu provava sem que um
sequer me agradasse.
“Esse não é bom, acho que não devo ir a essa festa.”
“Seu celular está tocando.” advertiu Aléxia apontando para a bolsa,
levando-me a tirá-lo rapidamente desta e atender.
“Alô?” disse ao atender.
“Oi amor” era Ashton. “Eu já estou saindo daqui, provavelmente chego em
Los Angeles por volta das 22:00 horas e te encontro na festa, okay?”
Era doloroso, ele parecia empolgado em ir comigo, mas finalmente usei
uma desculpa que havia guardado entre tantas planejadas para dar na ocasião,
ele ouviu atentamente meu longo suspiro, então rematei “Você vai chegar muito
tarde e muito cansado, acho melhor não irmos” justifiquei.
“Estou acostumado a longas horas de voo Sally, eu faço questão em lhe acompanhar
e isso não é nenhum sacrifício, por favor, entenda.”
Sua voz calma e doce transformava a leve culpa em minha mente em uma
culpa mais pesada.
“Esse não é o único motivo. Na verdade, não achei nenhum vestido que me deixasse
à vontade.” Justifiquei vagamente.
“Você fica linda até em pano de saco amor”.
“Ah! Até parece. Que fofo você, mas isso não é verdade.”
Ele riu baixinho.
“É claro que é Sally.”
Meus lábios se curvaram. “Obrigada Ash.”
Ouvi o soar de um beijo e encerrou “De nada, até mais tarde.”.
Ainda com minha consciência tomando posse de toda a razão que eu tinha,
me entreguei a imaginar o susto que Taylor levaria ao ver que eu estava na
festa, essa parte me encorajava, mas eu temia mais uma noite com Nícolas,
Ashton e o álcool, mas principalmente o que esta combinação poderia surtir nessa
noite.
Ouvi uma batida na porta, Aléxia e
Nícolas já com seus trajes de gala correram para atender enquanto eu ainda
decidia entre o vestido dourado e o azul marinho.
“Olá?” disse a voz desconhecida de
uma moça de pouca idade. Notei seus cabelos parcialmente presos por uma
presilha prateada, ela usava uma calça jeans desfiada, camisa do Red Sox e uma
bota envelhecida marrom, em suas mãos havia um longo embrulho, desconfiei, mas
não pude acreditar no que via.
“Olá, o que você deseja?” disse
Nícolas ao ver o semblante da moça maravilhada pela forma elegante em que ele
se apresentava naquele momento.
Ele adorava isso. Adorava esses olhares abobalhados, os sorrisos truões
e a porção de sinceridade que esvaia do brilho no olhar dos que se deslumbravam,
era como se ele ficasse satisfeito ao constatar: Sim, eu sou tudo isso.
“O Sr. Kutcher me mandou trazer esse
vestido para a festa daqui a pouco.” disse ela atentando ao olhar mortal de
Aléxia, que observava o atiramento do Nícolas boquiaberta.
Corri até ela.
“Ah, meu Deus, muito obrigada.” agradeci descrente que ele havia sido
capaz de conseguir um vestido a 10 minutos da grande festa.
A moça olhou Nícolas dos pés a cabeça, despedindo-se, inclinando a
cabeça para baixo e foi embora sem que dissesse uma palavra.
Aléxia e eu corremos para o quarto.
“Meu Deus, Sally!” disse Aléxia ao abrir comigo o embrulho, dentro um
belíssimo vestido de gala vermelho.
“É realmente perfeito.” admiti começando a vesti-lo com a ajuda de
Aléxia.
“Você vai arrasar Sally!!!” disse ela humildemente, mas sua elegância
era assustadoramente esplêndida, Aléxia era uma morena que fazia qualquer homem
perder a razão por uma chance.
Saímos na frente de casa e
visualizamos o belo carro que aguardava nossa saída, Ashton havia pensado em
tudo e cuidou para que eu não só usasse o vestido perfeito, mas que chegasse no
carro perfeito.
Era uma MBW preta, a cor parecia ter sido escolhida para dar mais realce
ao vestido vermelho, as rodas eram cromadas e o som do motor mais parecia uma
música suave que um ronco.
Aléxia e Nícolas estavam
satisfeitos, e ficaram surpresos ao notar que junto ao carro havia também um
motorista, este abriu a porta para que todos entrássemos e assim finalmente
chegamos a festa.
Ao entrar quase não enxergava nada a
minha frente, pois os holofotes eram tão focados em nós que mal podia esperar
para sair do meio da luz. Fiquei apavorada quando tive um sossego de todos os
flashes em meus olhos pude ver com clareza.
Nitidamente havia cerca de 100 ou
mais fotográficos no local, andamos pelo tapete vermelho até chegar aos logos
da VF onde tradicionalmente posamos para fotos.
Nícolas avistou Kristen e arrastando Aléxia se afastou de mim para se aproximar
e cumprimenta-la. Eu, envergonhada ao lembrar-me das palavras do Taylor no
boliche, evitei o encontro, constrangida, fiquei nervosa e sai rapidamente.
Meu vestido era longo e arrastava pelo chão, pisei na borda do vestido e
senti meu salto agulha engatar, assim senti meu corpo se dobrar para a queda
que seria inevitável.
Todavia um par de mãos segurou-me pela cintura evitando a queda e sem
que ninguém notasse apenas sorriu como se pousássemos para uma foto.
Ele retirou suas mãos da
minha cintura e finalmente o notei. Seus lábios estavam lívidos enquanto seus
olhos surpresos afrontavam-me. Visualizei as maçãs do seu rosto tão expurgas ao
passo que sentia as suas mãos tremulas em minha cintura e via em seus lábios o
sorriso que eu nunca deixaria de amar.
EW¹ - Entertainment Weekly – Revista americana.
LAX² - Aeroporto Internacional de Los Angeles.
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