Fanfiction: Uma chance com Taylor Lautner - Capítulo 53: O acerto de contas


Capa: @jessica_keli
Ilustração: @alexiaaugusto
Beta: Daiane Engler
Texto/Fanfic: @ValzinhaBarreto
 Música tema: Oh Love - Green Day
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Olá Taylovers? Vamos a mais um capítulo onde coisas serão relevadas, acertos serão feitos e a ascensão da nova estrela de Hollywood onde “o aluno supera o mestre”. Comentem, digam o que acharam. Agradecimentos infinitos à equipe TLM por mais um capítulo concluído. Leiam!

            A festa de inauguração havia sido perfeita e antes que meus pais voltassem ao Brasil já pela tardezinha do dia seguinte, eu precisava conversar com minha mãe para saber se ela e o papai haviam voltado ou se o motivo da união era somente eu.

            Minha mãe arrumava sua mala enquanto meu pai saia pelo corredor dos quartos vestindo o seu roupão listrado que havia levado. Ele procurava por ela.
            “Nazaré? Onde está minha jaqueta?” perguntou ele com seu semblante condicionado.
            “Deixei em cima daquele suporte atrás da porta.” respondeu simplesmente.
            Meus pais estavam se falando, o que era uma boa coisa principalmente depois de ver todas as brigas e juras de separação, sempre achávamos que só estavam juntos por causa de mim e do Nícolas, mas na verdade nunca entendi ou não me dediquei o bastante para entender tudo o que houve com a minha família.
            Meu pai perdeu uma causa e agiu como se tivesse perdido sua honra, enquanto minha mãe aparentemente não conseguiu lidar com a queda do nosso estilo de vida depois que meu pai passou a ganhar menos causas em seu escritório de advocacia. Por fim passou a ser apenas advogado de porta de cadeia, uma causa aqui e outra ali, mas nada como seu prestigioso escritório com os maiores advogados de São Paulo associados.
            Todos estavam bem depois da festa, sem indiretas, sem discussões e sem sarcasmo, parecia que estávamos em um caminhar para a paz na família e essa sensação me trazia um conforto não sentido há um tempo.
            Minha mãe apesar de disfarçar muito bem, mal podia esperar a hora para que eu pudesse lhe dar uma explicação de como tudo aconteceu, ela sabia sobre o encontro que ganhei da EW¹ para conhecer Taylor Lautner e certamente supunha que fora durante esse processo que conheci Ashton.
            “Sally, filha, venha até aqui meu amor.” pediu minha mãe com aquele olhar de quem ia fazer um inquérito. Aproximei-me. “Como aconteceu tudo isso filha?”
            “O que mãe?” perguntei em contrapartida. Ela arqueou a sobrancelha, desafiante, dizendo-me silenciosamente que minha evasiva não tinha e não teria efeito nenhum, fazendo-me suspirar rendida enquanto meus ombros caiam, e então, decidi fazer um resumo breve. “Nem sei como explicar mãe. Quando participei do concurso para conhecer Taylor Lautner em Los Angeles conheci Ashton, ele se sentou ao meu lado no avião de volta ao Brasil e nos tornamos amigos”.
            “E já ficaram juntos?” Perguntou como se notasse que faltava a parte mais importante da história.
Será que Nícolas havia revelado tudo?
Esse pensamento me perturbou por meio segundo, mas eu já estava cansada de esconder tudo.
            “Não mãe, de forma nenhuma. Não ficamos juntos assim que nos conhecemos. Nós fomos apenas amigos por muito tempo.”
Ela ouviu minha resposta e finalmente confiante de que eu estava pronta para falar sobre o assunto, perguntou finalmente. “Como foi sua primeira vez? Ele foi delicado?” era isso que eu temia, eu conhecia aquele olhar, o mesmo que Nícolas fazia imaginando que havia sido Ashton a tirar minha virgindade, era o mesmo olhar que meu pai também havia me dado ao ver Ashton me chamar de amor.
            Eu não podia mais suportar que Ashton fosse mais uma vez injustiçado e o fato que eu esconder dela a noite que Taylor dormiu no Hotel já era uma culpa que pesava imensamente na minha alma.
            “Ashton foi perfeito mãe, mas minha primeira vez não foi com ele.” Revelei deixando-a colidida e absorta, mas não me inquiriu sobre quem tinha sido, ficou calma e suspirou esperando que eu contasse por vontade própria. “Foi com ele mãe,” ela já entendeu vendo a superfície dos meus cílios ficando rubras e desabrochando as primeiras lágrimas, apesar de já imaginar o nome que eu citaria, ficou desacreditada e esperou que eu dissesse as palavras. “Foi com Taylor Lautner.” confessei estranhando que essas palavras saíssem da minha boca, ainda mais naquele tom desolado, era constrangedor, mas ao mesmo tempo libertador.
            “Meu Deus filha! Sinceramente eu não tenho palavras.” disse após meio minuto de silencio, mal sabia ela que minha posse de palavras era tão escassa quanto as dela, eu não sabia o que dizer.
            “Nem eu tenho palavras, quando penso em como aconteceu mais parece um sonho. Ele nem queria mãe, mas era meu sonho. Eu o tive por um tempo e quando chegou ao fim fiquei arruinada.”
            Ela mais do que ninguém havia sido expectadora da minha obsessão pelo Taylor e algumas vezes dizia que eu sonhava demais. Lembro-me que em umas de nossas conversas ela dizia que conhecer ele pessoalmente era um sonho difícil de alcançar, mas eu havia ido bem mais além. O único problema é que eu não me mantive indo além, dessa forma tive meu amor por um tempo e agora o vazio que ele havia deixado era tão amplo quanto um pélago interminável e límpido. Imagine ter todo amor do mundo menos quem se ama?
            Ela ignorou a parte do Taylor como se naquele momento não fosse o foco da conversa, ela já sabia do passado e agora restava apenas uma preocupação insalubre com o futuro, nesse caso, Ashton. Mamãe queria saber como ele ficava no meio da minha confusão, como eu havia terminado ali e qual a aceitação de Ashton quanto ao fato de eu ainda amar Taylor.
            “E Ashton no meio disso tudo?”
            Naquele momento meus olhos se encheram de lágrimas e eu não as contive. Aquele era um assunto delicado e eu sempre evitei pensar sobre isso de uma maneira mais profunda, contudo, naquele momento eu não senti necessidade de guardar essa dor só para mim. Eu precisava mandá-la para longe, onde me deixasse sentir um pouco de paz e de tranquilidade.
            A atenção da minha mãe e a dor evidente em seus olhos, sem saber como me ajudar fez com que eu pensasse no quanto eu poderia tê-la apoiado em seus momentos de consternação, mas algumas coisas nossos pais não podem nos ensinar e, por mais que eles tentem, não podem nos privar dos tombos que a vida dá e da dor que estes causam. Precisamos aprender por nós mesmos, com nossas atitudes; erros e acertos. Somente assim seria possível consertar algumas coisas ou pelo menos tentar.
            “Filha, você não me respondeu como fica Ashton no meio disso tudo?”
Eu não havia pensado em como Ashton poderia sair machucado com tudo, pelo menos não daquela forma explícita em sua face e isto não passou despercebido por minha mãe, que tinha em seu olhar uma preocupação evidente, mas suas perguntas revelavam algo mais, contudo, eu não sabia o que seria.
            “Sinceramente eu não sei mãe, mas não posso sequer pensar em decepcionar ele. Tem sido difícil esconder o que eu sinto, embora às vezes acho que ele sente, mas mesmo assim não se importa..., ou parece que ele não se importa já que nunca me disse nada.”
            Ela olhou rapidamente em direção à mala que arrumava, e para mim novamente como se procurasse uma solução para propor.
            “Isso não existe filha. Essa história de que ele não se importa é uma falácia, pois homem nenhum no mundo se dá ao luxo de não se importar. Pode ser que ele não demonstre, mas no fundo ele sente que sua entrega não é completa.”
            Pensei nas palavras da minha mãe sobre a percepção do Ashton a respeito do que eu ainda poderia sentir pelo Taylor buscando palavras para comentar o assunto da conversa, no entanto, minha criatividade não se fazia presente, somente a desordem mental que eu desconhecia colocava palavras pouco convincentes para que eu as pudesse pronunciar e assim o fiz.
            “Mãe, eu confesso que já pensei nisso e é exatamente isso que eu mais temia, que ele estivesse fingindo não ver isso tudo..., que esteja deixando os acontecimentos e o tempo passar”.
            “E Taylor?” perguntou ela colocando o último par de roupas na mala e lacrando-a, então, olhou em meus olhos como se clareasse sua mente. “Você sabe por que seu pai quase se destruiu Sally?”
            Minha mãe finalmente falaria sobre meu pai, sobre os dois, sobre nós, mas estranhei que ela houvesse cortado o assunto sem outras intenções.
            “Porque perdeu uma causa de Pedofilia?” lembrei sobre o pouco que eu sabia sobre o fracasso do meu pai como advogado.
            “Não foi qualquer causa. Na verdade, não foi somente isso.” falou ela certificando-me que de fato havia um motivo secundário para que terminássemos todos nessa representação atual que era nossa família.
            “Como assim mãe?” questionei desejando que ela colocasse fim ao mistério outrora ocultado e que havia causando tanto desgaste a todos nós.
            “Uma vez eu fiquei nesse mesmo impasse que você, só que com algumas distinções. Eu amava seu pai, mas ele era mulherengo e não levava nenhuma mulher a sério. Eu praticamente cansei de lutar por ele e resolvi dar uma segunda chance ao amor. Tive um relacionamento após desistir do seu pai, mas eu nunca consegui me entregar totalmente e mesmo sabendo de todos os defeitos, resolvi ficar com quem eu amava, seu pai. Em seguida tivemos Nícolas e seu pai finalmente deixou a vida que levava, nos casamos e depois veio você.”  Contou ela com as lágrimas descendo pelo seu rosto.
            “A Senhora nunca me contou nada disso, exceto pela mudança do papai com a paternidade.”
            “Eu ainda não terminei Sally,” interrompeu controlando as lágrimas e sentando-se sobre a cama, olhou-me novamente e enxugou os olhos. “Ele me amava.” disse ela pausando “O outro homem que larguei para ficar com seu pai me amava muito. Ele me amou o suficiente para esperar mais de 20 anos para acertar as contas com seu pai. Aquela causa que seu pai perdeu, não foi uma causa qualquer. Foi ele.”
            A grande revelação que nossos pais nos privaram era que outro relacionamento que minha mãe havia tido deixou marcas que nunca haviam sido apagadas.
As coisas faziam mais sentido agora, o orgulho ferido do meu pai, a raiva que ele tinha dele mesmo por permitir que um pedófilo ficasse livre na rua, porque ele não foi capaz de resolver uma questão deixando-a pendente para que ela viesse assombrá-lo mais tarde.
            Minha mãe sentia culpada por ter magoado alguém que a amou e que pelo visto após mais de vinte anos ainda amava, pois esse tipo de vingança sempre vem carregado em uma aflição antiga, uma mágoa ou um sentimento talvez até impossível de explicar.
            “Ah, meu Deus. Deixe-me ver se entendi... O papai perdeu uma causa e isso nunca tinha acontecido, no fim o outro advogado que venceu a causa era o homem que a senhora havia tido um envolvimento?”
            “Exatamente. Por isso toda a raiva, toda a luta para acabar com a reputação do seu pai. Na época a separação foi um pesadelo e recentemente foi muito pior.”
            A culpa que minha mãe sentia não era somente por causa de um coração que ela havia partido, ela também havia causado ainda que involuntariamente o fracasso da carreira do papai, seu ego ferido e um pedófilo em liberdade. Naquele momento compreendi porque ela buscava no álcool uma distração, ou algo que entorpecesse a culpa e a dor que a mesma sentia. Assim, eu a olhei nos olhos e a abracei sendo capaz finalmente de dizer algo que eu deveria, mas não podia ter dito há muito tempo.
            “Mãe, olha para mim. Eu sei que tudo isso gerou danos irreparáveis, mas vamos superar isso juntos, okay? Me perdoa pelas vezes que me tranquei no quarto, eu sempre desperdicei muito tempo lhe criticando enquanto na verdade eu deveria amá-la.”
            “Obrigada filha. Estou contando tudo isso porque não quero você não cometa o mesmo erro que eu. Valorize quem ama você. Não troque quem te ama por uma ilusão ou por um amor inventado, não estou dizendo que eu não amo seu pai, estou dizendo para não ferir Ashton.”.
“Eu não pretendo ferir mãe, mas acho que esse homem que a Senhora teve não tem nada a ver com o Ash, ele é sempre doce e gentil, não faz esse tipo vingativo ou rancoroso.”
            “Sally, um homem ferido é como uma fera ferida. É capaz de tudo.”
            “Obrigada mãe, eu vou pensar nisso tudo. Obrigada por confiar em mim, tudo isso que a Senhora me contou explica muita coisa.” Comentei me sentindo mal pelas vezes que a julguei sem sequer saber de toda pressão que ela sofria.
            “Explica, mas não justifica Sally. Eu não tenho sido uma mãe para você. Eu acabei bebendo demais e não dei a atenção que você merecia. Não posso voltar no tempo, mas posso agir corretamente daqui em diante.”
            “Ter você e o papai aqui é o maior presente que eu poderia ter.”
            “Você sabe que não podemos manter vocês aqui, não é?”
            “E nem precisa mãe. Taylor me deixou um carro e eu o vendi. Agora fechei com a Ford Models e vou fazer algumas campanhas, e alguns comerciais para Malwee.”
            “Tem certeza que consegue filha?”
            “Tenho mãe, mas caso não consiga volto para casa. Não vejo problema em recomeçar.”
            “Eu desejo toda sorte e sucesso filha!” Disse minha mãe encerrando a conversa com um abraço.
            “Vamos Nazaré?” meu pai chamou apontando para o relógio, e então, olhou pra mim “Você vai bem ficar filha?” perguntou segurando em minhas duas mãos.
            “Vou pai. Pode ter certeza que sim.” após minha resposta, ele me deu um abraço apertado levantando meus pés do chão e eu os acompanhei até o LAX².
            Meu pai não criticou meu ingresso a esse ramo em nenhum momento, talvez pela falta de tempo ele não quisesse desperdiçar o raro tempo em família, que seria mais infrequente agora que Nícolas e eu estávamos em Los Angeles.

* * * * *
3 dias depois

            Aléxia respirava aliviada por não presenciar nenhum beijo de Nícolas na noite da festa, para ela era um triunfo que ele tivesse deixado de flertar com Eduarda no final de noite. Era algo estranho à forma pensativa que ele se mantinha, talvez a música que fiz quando ele me deixou o fizesse refletir sobre suas ações, mas havia algo mais.
Nícolas estava estranho, uma hora ou outra notei seus olhos fixo em Ashton, com aquele olhar carnívoro e o canto da boca puxado apenas para um lado. Isso era péssimo e Ashton fingiu não notar.
         Nícolas estaria com ciúmes?
            No mínimo era estranho, mas não pude refletir sobre seu comportamento pouco congênito, pois o grito de Aléxia ecoou pelos cômodos da casa fazendo com que eu saísse correndo do meu quarto para conferir o motivo de sua histeria, incluso o loiro usando uma cueca boxe e com aquele sorriso faceiro como se quisesse incomodar de fato.
            Aléxia era viciada em The Vampire Diaries³, ela sempre dizia que Nícolas era tal qual Damon Salvatore, maléfico, porém amável. Não importava o quanto ele se esforçasse, nunca conseguia deixar de ser ele mesmo, e o pior, era impossível odiá-lo em face de toda exuberância que esparzia dele.
            “Quem morreu?” perguntou Nícolas aparecendo na frente de Aléxia só de cueca fazendo com que ela engolisse as palavras em sua boca, tornando-se incapaz de pronunciá-las. “Que é? Até parece que nunca viu um homem seminu?” disse Nícolas exibindo os músculos e seu físico escultural e pegando o notebook das mãos de Aléxia, que nada conseguiu falar.
            “O que foi Aléxia?” perguntei dando-lhe um beliscão para que seu juízo voltasse à tona e Nícolas não notasse sua atração estampada como um billboard aclarado em uma travessa escura.
         “Olha maninha você está no site da Vanity Fair.” disse ele com um sorriso bobo e levando o notebook para a mesa mais próxima para que pudéssemos ver com calma.
            “Alguém da Vanity Fair escreveu um artigo sobre mim?” perguntei abstrusa e um pouco enlevada com a possibilidade.
            “Não, Sally, eles não escreveram um artigo sobre você,” a voz de Aléxia saiu finalmente após o descaramento do Nícolas. “Seu nome está na lista dos convidados oficiais da after party da Vanity Fair.” concluiu ela.
            “Que porra é essa?” perguntou o loiro diabólico, interessado, como uma criança que prestes a ganhar um brinquedo novo.
            “Eu não acredito que você disse isso Nícolas.” comentou Aléxia atordoada, fixando-se em Nícolas e em seguida em seu abdômen delineado.
            “A after party da Vanity Fair é a festa pós-oscar mais badalada de Hollywood, vocês aspirantes da estrelas deveriam saber.”
            “Foda-se! Eu já estou lá..., haha!” vibrou Nícolas beijando o rosto de Aléxia, comemorando, por um instante.
Já era possível imaginar seus pensamentos perversos surgindo em sua mente entregue pelo seu olhar malicioso, ele fez gesticulou como se comemorasse e voltou ao seu quarto.
            “Você vai Sally?” perguntou Aléxia fazendo-me refletir.
             “O que eu vou fazer numa festa dessas? Eu não conheço ninguém.” respondi vendo a expressão surpresa de Nícolas que voltava com uma toalha em volta da cintura.
         “Será que Ashton foi convidado?” perguntou Aléxia conseguindo pensar e falar agora que o loiro não estava mais seminu em sua frente.
            “Até parece que o ator mais bem pago da TV americana não vai a uma festa pós-oscar” comentou Nícolas ironicamente.
            “Isso não tem nada a ver.” Aléxia disse a rezingar.
            “Nossa, como vocês duas são lentas, pelo amor de Deus, essa lista esta em ordem alfabética, o nome do Ashton é o primeiro.”
            “Nossa, você já viu? Pra esse tipo de coisa você é rápido.” impliquei após seu surto grosseiro e tom de ironia sobre Ashton.
            “Ah, tá bom, maninha, eu vi muito bem seus olhos na letra T.” zombou ele me levando aos meus extremos.
“Eu nem olhei nada. Não seja petulante” completei enquanto Nícolas sorria.
            Aléxia que olhava para nossa discussão desceu os nomes na tela do notebook e mencionou seu nome que mais saiu como um sussurro: Taylor Lautner.
            A pronúncia do nome do Taylor fez com que Nícolas saísse sorrindo satisfeito. Eu não conseguia pensar em nada, exceto na possibilidade de não ir à festa, mas minha possível decisão em não ir foi impedida pelo toque do meu celular, que tocava um pouco distante no meu quarto, mas eu reconheceria esse toque sob qualquer que fosse a situação de desespero.
         “Oi amor?” A voz de Ashton me acalmava “Eu acho que vou me atrasar um pouco para a festa da Vanity Fair, vou viajar na sexta-feira e talvez volte a tempo de te encontrar lá, mas não vamos entrar juntos, okay?” disse Ashton, deixando-me no mais denso desespero.
“Eu estava pensando em não ir,” respondi nervosa “Espere, como você já sabe disso?”
“Você precisa estar em evidencia Sally, e esse tipo de evento é propício a isso. Prepare um vestido de gala e esteja no Hotel.” disse ele tirando minha estratégia de escape. Ashton já sabia sobre o convite da Vanity Fair, isso mostrava que ele estava mais atento ao que envolvia meu nome do que eu mesma. Pode ser que Taylor não vá.  Pensei tentando me confortar e manter a calma. “Prenda seus cabelos amor, você fica uma semideusa de cabelos presos.” disse Ashton docemente do outro lado da linha.
            “Obrigada, eu vou prender sim.”
            “Sua voz é perfeita, todos os meus amigos ficaram encantados.”
            “Nossa, quantos amigos seus estavam na festa?” perguntei admirada.
             “Sábado estavam poucos, mas os outros quiseram ouvir a voz da garota que derrubou as visualizações de Justin Bieber no You Tube em 72 horas.”
            “O que?” perguntei sentando-me na cama quase sem voz.
            “Quando você cantou Sally, foi magnífico, a banda que estava se apresentando postou o vídeo de você cantando no canal deles.”
            “Mas, você está exagerando quanto ao número de visualizações certo?”
            “Não Sally, seu vídeo é o mais acessado da história, você derrubou as visualizações de Justin Bieber, Gangnan Styles e se não me engano no Brasil ouvir dizer que ultrapassou uma coisa chamada ‘ah, lelek’, acho que é isso”. Disse sorrindo do outro lado, causando-me uma vontade de que ele estivesse comigo. Ashton teve nossa ligação interrompida por alguém que lhe chamava no local em que estava. “Amor, mais uma vez parabéns pelo sucesso. Eu queria estar com você, lamento e peço desculpa por isso.”
            “Tudo bem Ash, eu sempre soube que você era muito ocupado.”
            “Que bom que entende. A gente se encontra, eu realmente preciso ir, minha assistente está com o itinerário e vou organizar minhas coisas.”
            “A gente se encontra na festa então, tchau Ash.”
            “Tchau Sally, eu te amo.”
            Desligou sem que percebesse a declaração nunca dita antes, fiquei surpresa com a declaração final e grata por ele desligar sem que eu pudesse corresponder.
            Uma parte de mim estava em choque com todas as declarações que minha mãe havia feito. Chorei por isso; chorei pela possibilidade de encontrar Taylor; chorei assustada com o recorde de visualizações do You Tube e por fim chorei pelo ‘eu te amo’ do Ashton que me deixou sem saber o que fazer.
            Eu enfrentaria publicamente meu maior medo. Taylor estava a um passo de saber sobre tudo o quê eu havia feito e a pior parte disso tudo é que não importaria o quanto eu negasse, ele saberia que tudo que eu fiz para entrar no seu mundo era para que pudesse enfim merecê-lo.
            Nícolas já procurava um terno para a noite de gala e eu estava apavorada demais para poder escolher o vestido perfeito, entretanto Aléxia estava ali, disposta e pronta a garantir que eu estivesse à altura da grande festa, luxo, glamour e muita gente famosa.
Eu já não era mais uma anônima, eu estava enfim na elite social da Califórnia. Agora eu era o novo rosto da Esquire Magazine, a grande revelação do You Tube, muito mais que um affair de Ashton Kutcher, eu era a nova estrela de Hollywood!

* * * * *
Mais 3 dias depois

“Esse vestido ficou parecendo um balão Aléxia, nem morta que vou usar essa coisa.” minha irritação e temor perante o medo de confrontar Taylor me fazia inventar pretextos para não ir à festa pós-Oscar da Vanity Fair.
“Você fica linda com essa cor dourada Sally. Para com essa neura!” replicou ela cansada de aprovar todos os vestidos que eu provava sem que um sequer me agradasse.
“Esse não é bom, acho que não devo ir a essa festa.”
“Seu celular está tocando.” advertiu Aléxia apontando para a bolsa, levando-me a tirá-lo rapidamente desta e atender.
“Alô?” disse ao atender.
“Oi amor” era Ashton. “Eu já estou saindo daqui, provavelmente chego em Los Angeles por volta das 22:00 horas e te encontro na festa, okay?”
Era doloroso, ele parecia empolgado em ir comigo, mas finalmente usei uma desculpa que havia guardado entre tantas planejadas para dar na ocasião, ele ouviu atentamente meu longo suspiro, então rematei “Você vai chegar muito tarde e muito cansado, acho melhor não irmos” justifiquei.
“Estou acostumado a longas horas de voo Sally, eu faço questão em lhe acompanhar e isso não é nenhum sacrifício, por favor, entenda.”
Sua voz calma e doce transformava a leve culpa em minha mente em uma culpa mais pesada.
“Esse não é o único motivo. Na verdade, não achei nenhum vestido que me deixasse à vontade.” Justifiquei vagamente.
“Você fica linda até em pano de saco amor”.
“Ah! Até parece. Que fofo você, mas isso não é verdade.”
Ele riu baixinho.
“É claro que é Sally.”
Meus lábios se curvaram. “Obrigada Ash.”
Ouvi o soar de um beijo e encerrou “De nada, até mais tarde.”.
Ainda com minha consciência tomando posse de toda a razão que eu tinha, me entreguei a imaginar o susto que Taylor levaria ao ver que eu estava na festa, essa parte me encorajava, mas eu temia mais uma noite com Nícolas, Ashton e o álcool, mas principalmente o que esta combinação poderia surtir nessa noite.
            Ouvi uma batida na porta, Aléxia e Nícolas já com seus trajes de gala correram para atender enquanto eu ainda decidia entre o vestido dourado e o azul marinho.
            “Olá?” disse a voz desconhecida de uma moça de pouca idade. Notei seus cabelos parcialmente presos por uma presilha prateada, ela usava uma calça jeans desfiada, camisa do Red Sox e uma bota envelhecida marrom, em suas mãos havia um longo embrulho, desconfiei, mas não pude acreditar no que via.
            “Olá, o que você deseja?” disse Nícolas ao ver o semblante da moça maravilhada pela forma elegante em que ele se apresentava naquele momento.
Ele adorava isso. Adorava esses olhares abobalhados, os sorrisos truões e a porção de sinceridade que esvaia do brilho no olhar dos que se deslumbravam, era como se ele ficasse satisfeito ao constatar: Sim, eu sou tudo isso.
            “O Sr. Kutcher me mandou trazer esse vestido para a festa daqui a pouco.” disse ela atentando ao olhar mortal de Aléxia, que observava o atiramento do Nícolas boquiaberta.
Corri até ela.
“Ah, meu Deus, muito obrigada.” agradeci descrente que ele havia sido capaz de conseguir um vestido a 10 minutos da grande festa.
A moça olhou Nícolas dos pés a cabeça, despedindo-se, inclinando a cabeça para baixo e foi embora sem que dissesse uma palavra.
Aléxia e eu corremos para o quarto.
“Meu Deus, Sally!” disse Aléxia ao abrir comigo o embrulho, dentro um belíssimo vestido de gala vermelho.
“É realmente perfeito.” admiti começando a vesti-lo com a ajuda de Aléxia.
“Você vai arrasar Sally!!!” disse ela humildemente, mas sua elegância era assustadoramente esplêndida, Aléxia era uma morena que fazia qualquer homem perder a razão por uma chance.
            Saímos na frente de casa e visualizamos o belo carro que aguardava nossa saída, Ashton havia pensado em tudo e cuidou para que eu não só usasse o vestido perfeito, mas que chegasse no carro perfeito.
Era uma MBW preta, a cor parecia ter sido escolhida para dar mais realce ao vestido vermelho, as rodas eram cromadas e o som do motor mais parecia uma música suave que um ronco.
            Aléxia e Nícolas estavam satisfeitos, e ficaram surpresos ao notar que junto ao carro havia também um motorista, este abriu a porta para que todos entrássemos e assim finalmente chegamos a festa.
            Ao entrar quase não enxergava nada a minha frente, pois os holofotes eram tão focados em nós que mal podia esperar para sair do meio da luz. Fiquei apavorada quando tive um sossego de todos os flashes em meus olhos pude ver com clareza.
            Nitidamente havia cerca de 100 ou mais fotográficos no local, andamos pelo tapete vermelho até chegar aos logos da VF onde tradicionalmente posamos para fotos.
Nícolas avistou Kristen e arrastando Aléxia se afastou de mim para se aproximar e cumprimenta-la. Eu, envergonhada ao lembrar-me das palavras do Taylor no boliche, evitei o encontro, constrangida, fiquei nervosa e sai rapidamente.
Meu vestido era longo e arrastava pelo chão, pisei na borda do vestido e senti meu salto agulha engatar, assim senti meu corpo se dobrar para a queda que seria inevitável.
Todavia um par de mãos segurou-me pela cintura evitando a queda e sem que ninguém notasse apenas sorriu como se pousássemos para uma foto.
          Ele retirou suas mãos da minha cintura e finalmente o notei. Seus lábios estavam lívidos enquanto seus olhos surpresos afrontavam-me. Visualizei as maçãs do seu rosto tão expurgas ao passo que sentia as suas mãos tremulas em minha cintura e via em seus lábios o sorriso que eu nunca deixaria de amar.

EW¹ - Entertainment Weekly – Revista americana.
LAX² - Aeroporto Internacional de Los Angeles.


 
 
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