Capa: Eme
Música tema: Begin Again - Taylor Swift
Fanfic/Texto: @ValzinhaBarreto
Iustrações: @alexiaaugusto
Beta: Daya Engler.
POV SALLY
Conforme
o tempo estipulado nos contratos, consegui fazer todos os ensaios e estava de
volta em casa, com meu CD do Nirvana tentando empurrar minha melancolia janela
abaixo, era mais um dia de arrependimento, culpa e saudade dos bons momentos
que haviam passado.
Minha
reflexão, porém saia da trilha com o toque do meu celular, Kevin era o melhor
agente do mundo e parecia querer se jogar na frente de um carro para me proteger
caso fosse necessário.
Vagando
instantaneamente, atendi.
“Alo
Sally?” Dizia a voz acelerada do meu agente.
“Oi
Kevin, como você está?”
“Estou
bem e você?” Perguntou ele prenotado.
“Estou
no mais completo tédio”. Revelei sobre o fim dos ensaios e propagandas.
“Quer
sair do tédio e ainda aumentar seu capital?” Perguntou Kevin, muito animado.
“Faço
qualquer coisa para manter minha mente ocupada”.
“Olha,
serei sincero, tem um pequeno papel em um Sitcom, fiz algumas ligações e tem
uma vaga nesse roteiro apenas para um episódio”.
“Sitcom?
Serei sincera Kevin,” disse retribuindo o tom. “Eu nunca atuei, mas tenho
esperado por uma chance de entrar nesse ramo e não me importa que seja por 30
segundos apenas. Uma chance é uma chance”.
“Nunca
atuou? Você gravou um clipe que lhe rendeu uma indicação ao Video Music Awards,
então participar desse sitcom vai ser bom, mas é apenas para um episódio”.
Disse ao passo que esclarecia e me incentiva ao mesmo tempo.
“Sim,
eu quero ver como eu me saio, minhas aulas de teatro foram poucas, mas tenho
visto muitos bastidores e lido alguns livros e técnicas”.
Eu
estava em êxtase, era uma participação de apenas um episódio, mas eu queria
muito fazer. Comemorei em silêncio enquanto via que os olhos azuis redondos e
curiosos de Nícolas me focavam.
“Que foi maninha?” Perguntou ele com aquele
sorriso bobo sem esperanças de que eu o respondesse após tanto tempo sem lhe
dirigir a palavra.
“Kevin
me conseguiu um papel em um Sitcom”.
“Jura?
Isso é maravilhoso Sally! Qual sitcom?” Perguntou ele.
“Eu
nem perguntei”. Respondi vagamente, lembrando-me de que realmente não havia
perguntado qual era o sitcom.
“Meu
Deus Sally, um Sitcom vai ser bom, você pode tirar a prova se deve só cantar e
desfilar ou se consegue atuar”. Alertou Nícolas.
“Alexia!”
Gritou Nícolas agoniado. “Corre aqui”. Disse esperando-a.
“Que
foi?” Perguntou ela se aproximando, com certa curiosidade.
“Sally
vai fazer um Sitcom”.
“Jura?
Qual?”
“Ela
nem sabe ainda”. Ele respondeu animado franzindo a testa, com uma indagação
como se desconhecesse algo.
“O
que é um sitcom afinal?” Perguntou ele confuso.
“É
uma série de televisão com personagens comuns onde existem uma ou mais
histórias de humor encenadas em ambientes comuns como família, grupo de amigos,
local de trabalho”. Respondi.
“Nícolas,
você adora sitcom, mas não sabe o quê adora. Dois homens e meio é um sitcom”. Disse
Alexia vendo a face Nícolas se fechar ficando desagradável.
“Você
vai conseguir fazer isso Sally?” Perguntou Nícolas preocupado.
“Farei
o que puder. Não faz essa cara, sitcom não é um bicho de sete cabeças, em geral
são gravados em frente de uma plateia ao vivo e caracterizados pelos
"sacos de risadas", embora isso não seja uma regra”. Esclareci tranquilizando-o.
“Tipo
Sai de baixo?” Perguntou Nícolas
feliz ao ver que eu voltava a falar com ele depois de tanto tempo e ironizando
a serie brasileira favorita do papai.
“Precisamos
saber qual o sitcom que você vai fazer, e então, nós te ajudamos com algumas
cenas”. Disse Alexia empolgada.
“Eu
não posso ajudar, não sei atuar”. Disse Nícolas zombeteiro.
“Não
sabe atuar? Você é homem, é dissimulado por natureza”. Murmurou Aléxia.
“Dissimulado
é aquele velho com quem você tá saindo”.
“O
nome dele é Bradley Cooper e ele tem 38 anos”.
“Foda-se,
eu vou fazer para uma ligação para Patrick e arrumar umas gatas porque eu
mereço”. Disse Nícolas fugindo da conversa.
“Vai
lá e faz o que sabe de melhor Nícolas”. Zombou Aléxia.
“O
que eu faço de melhor? Você nem sabe o que é melhor Alexia, como poderia saber?
Você sai com aquele velho e faz coisas asquerosas. Eu sou um amante
profissional, a satisfação é garantida”. Ele disse balançando a língua e
esboçando um sorriso safado em seu rosto.
“Eu
e Bradley nunca fizemos nada asqueroso, não somos você e a Eduarda”. Provocou
Alexia.
“Aff,
ela não para de me ligar. Caso ela continue insistindo diga que não estou”.
“Eu
não sou sua secretária”. Estalou Alexia agitada.
“Por
que você está tão brava Lexi?” Perguntou Nícolas empurrando carinhosamente
Alexia sobre o sofá da sala e fazendo cócegas nela.
“Não
estou nervosa”. Ralhou ela intrigada, com a aproximação de Nícolas sobre seu
corpo. Ele continuava.
“Esse
nervosismo é falta”. Provocou ele.
“Falta do que?” Alexia perguntou tentando se
soltar dos braços de Nícolas que a mantinha presa em baixo dele.
“Falta
de amor”. Nícolas gracejou dando um selinho nos lábios de Alexia, que cedeu
ficando paralisada.
Ele
mesmo não esperava cometer tal ação e ficando constrangido, saiu de cima de
Alexia e sentou-se ao seu lado no sofá voltando a si. A brincadeira havia
causado uma tensão mostrando ao Nícolas que algo havia mudado entre eles.
Fingi
não notar a cena e me afastei reflexiva. Era evidente que um clima havia saído
daquele momento e mesmo Nícolas pareceu perceber a atração que o havia levado a
beijá-la ainda que fraternamente.
Esperei
alguns minutos na cozinha para que ambos pudessem se recompor, mas meu meio
sorriso se abriu ao voltar à sala e ver o semblante pasmo de Alexia. Com o
telefone em mão liguei para Kevin para saber enfim de qual Sitcom eu iria
participar.
“Oi
Kevin?”
“Oi
Sally, como vai novamente?”
“Bem...
Eu queria saber um pouco mais sobre o sitcom, esqueci-me de perguntar por mais
detalhes”.
“Eu ainda não tenho muitos detalhes, mas é
coisa simples. Depois que você deu sua resposta, liguei para Chuck Lorre, é um
roteiro minúsculo, apenas 6 pequenas cenas e 12 falas”.
“Chuck
Lorre?” Perguntei levando Nícolas e Alexia a ficarem em choque.
“Ah,
meu Deus!” Exasperou Nícolas me pegando no colo e me girando pela casa, com
Alexia correndo atrás com igual felicidade. Kevin ouviu os gritos e aguardou. “Chupa
Hollywood, minha irmã vai fazer Big Bang: A Teoria!!” Gritou Nícolas pela
janela como um retardado enquanto Alexia olhava seu grande amor, com o sorriso
e alegria que ela tanto amava.
Voltei
a falar com Kevin, agora mais calma.
“Oi
Kevin?”
“Oi
Sally, Lorre e o elenco, eles estão em uma emergência, então preciso que você
vá hoje mesmo para Pasadena. Eu estou esperando ele mandar o roteiro desse
episódio e assim que imprimir passo na sua casa para te pegar, assim pode ler o
roteiro e gravar suas falas, okay?”
“Claro,
vou arrumar minha mala”.
“Eu
te encontro mais tarde, vou ver se tem algum voo”.
“Mal
posso esperar”.
* * * * *
Eu
queria trabalhar e isso não era mais problema, as falas eram simples e eu já
havia decorado, mas o problema seriam as expressões que eu tinha que
fazer. A empolgação do Nícolas tomava
conta de mim e a sua felicidade por voltar a falar comigo mostrava que ele não
era um completo idiota, apenas uma boa parte.
Nícolas
era obcecado por séries de humor, e pareceu entrar em luto eterno quando
Charlie Harper saiu da serie Dois homens e meio. Charlie era o grande ídolo
dele. E seu sonho era
morar numa bela casa na praia em Malibu, ser rico e ter uma enorme
facilidade de conquistar as mulheres, só faltava o dinheiro porque a facilidade
com as mulheres ele já tinha desde a infância, assim como Eduarda havia se
rendido, muitas mulheres faziam fila por uma noite com ele.
A
raiva que ele tinha pela saída do Charlie era tão grande que se recusou a ver
os primeiros 5 minutos da série Dois homens e meio, com a entrada de Walden Schmidt,
ele levava isso tão a sério que tinha uma antipatia por Ashton muito antes de
começarmos a namorar.
Minha
estreia no set de filmagens foi muito tensa e eu estava apavorada, quando
cheguei a Pasadena e comecei a ver a gravação do sitcom fiquei apaixonada pelos
personagens prodígios Sheldon Cooper e Leonard Hofstadter, mas mesmo os atores
me deixando a vontade, eu estava a ponto de ter um ataque cardíaco.
A
fala de Sheldon acabou se embaraçando um pouco, mas como havia tido aulas e
algumas técnicas de “impro¹” com Fábio Nunes na Wolf Maya, consegui salvar a
cena improvisando. Ao término achei que chamariam minha atenção por ousar mudar
o roteiro após uma confusão do meu colega de elenco, mas o diretor achou
interessante a maneira como deixei a cena mais espontânea.
Terminei
as cenas com minha participação no episódio e voltei a Los Angeles com Kevin. A
minha participação havia sido noticiada e estava em muitos sites especialistas
em sitcoms e séries, havia se tornado um dos momentos mais esperados da
temporada.
Após
alguns dias notei Nícolas com um olhar vazio, ele refletia sobre algo que o
assombrava, senti que ele estava preocupado com algo, mas não quis incomodar
aquele momento raro que era quando ele realmente levava algo a sério.
A
minha participação no sitcom foi o episódio de maior audiência, o que levou os
produtores a me colocarem para mais 6 episódios que foram muito bem aceitos
pelo público.
Após
receber muitos convites para festas e baladas Vips da elite Hollywoodiana,
resolvi que era hora de renovar meu guarda-roupa adolescente e comprar alguns
vestidos e roupas mais sensuais deixando de lado meu velho all star e meus
jeans rasgados.
Passeando
pela Avenida Hollywood Sunset, vi lugares interessantes, algumas grifes que eu
já conhecia, vi algumas jaquetas e lembrei automaticamente do Taylor, pensei em
como ele fica charmoso nelas, mas meus pensamentos foram cortados, quando
percebi que alguém estava me seguindo.
Apressei
o passo, atravessei a rua, mas o medo que eu sentia impediu que eu olhasse para
ver quem era.
Senti
um calafrio, um nervosismo, um medo, contudo, encorajando-me parei e virei para
a figura que me seguia. Enfoquei o semblante de garota de aproximadamente 11
anos, seus olhos eram minúsculos, verdes e singelos, seus cabelos curtos
estavam um pouco bagunçados pelo vento que soprava naquela tarde, não parecia
muito ameaçadora, mas me seguia.
“Posso
ajudar?” Perguntei olhando sua face e suas mãos trêmulas.
“Po-pode,”
murmurou, a voz da jovem menina desaparecendo.
“Você
está se sentindo bem?” Inquiri ante sua palidez.
“Estou”.
Disse ela.
“Respira
fundo, okay, qual o seu nome?”
“Lindsay”.
Respondeu puxando e soltando o ar.
“Vai
ficar tudo bem Lindsay, você está perdida?”
“Não...
E-eu...” Tentou se expressar, mas sua voz não saia.
A
menina aparentemente abalada por algum choque abriu uma pequena bolsa e tirou
de seu interior uma câmera digital e, um pedaço de papel e uma caneta. Ao saber
do que se tratava, meus olhos se encheram de lágrimas e pela primeira vez na
minha vida, senti que eu finalmente era quem eu queria ser.
Tomada
por uma súbita coragem e sua voz voltando às cordas, ela olhou-me com grande
admiração e sinceridade e me abraçou.
“Eu
amo você”. Disse a menina.
“Obrigada”.
Agradeci emocionada.
“Eu
sou sua fã, eu adoro você, adoro suas fotos e a série. Eu quero um autógrafo. Você
pode tirar uma foto comigo?” Ela perguntou desabafando finalmente um pouco
perdida e dizendo tudo o que queria em apenas um amontoado de pequenas frases.
“Claro
que sim!” Respondi emocionada e com muita empolgação.
“Eu
não acredito que estou vendo você na minha frente,” disse a menina mais calma e
limpando as lágrimas nos olhos. “Eu tenho você no meu celular”. Disse mostrando
seu plano de fundo e em seguida abrindo sua play list que tinha Little House
como toque do seu celular.
“Obrigada
por tudo meu anjo!”
Eu
vi sua face desaparecer ao virar na próxima avenida, com lágrimas nos olhos e
um sorriso sincero, ao me afastar não contive as minhas próprias lágrimas que
desceram satisfatoriamente pela minha face.
Olhando
pela vitrine de umas das grifes da Hollywood Sunset, notei o reflexo do meu semblante maravilhado e emocionado. Do
outro lado da rua, havia alguns grupos de pessoas, eu acenei para elas
cumprimentando-as carinhosamente, elas cutucavam uma a outra como se não
acreditassem que eu mesma que estava lá.
Naquele
momento, nada além do Taylor vinha a minha mente, eu queria falar para ele
sobre o quanto tudo que ele me dizia sobre os cuidados com sua imagem, sobre
seu respeito, carinho e dedicação aos fãs...
Enquanto
caminhava, desejei encontrá-lo na próxima esquina e dizer a ele o quanto eu o
entendia mais agora, aquela doce menina era como se fosse uma partícula, uma
parte de mim, continuar mantendo sua admiração por mim era o que mais importava
naquele momento.
Eu
não a decepcionaria. Eu faria todas as cenas dali em diante porque sabia que
seria para ela.
Sentia
que valia à pena estar nesse ramo e toda a energia emanando daquela fã, da
minha fã, fez com que eu entendesse o sentimento do Taylor, com relação a todos
as partes do seu ser espalhados pelo mundo, cada fã que ele tinha era como uma
partícula que o compunha completamente tornando-o o quê ele era: uma
inspiração.
Aquele
dia chorei muito ao chegar em casa, pensei na proporção que aquilo poderia
tomar. Aléxia chegou em casa mais tarde, trazia consigo um sorriso como se
fosse revelar a epifania do século.
Bradley,
assim como alguns produtores de Hollywood haviam notado que eu realmente tinha
talento, não era apenas um rosto bonito e uma celebridade instantânea. A minha
participação no Sitcom me rendeu uma indicação no Teen Choice Awards para a
atriz que roubou a cena em seriados, a premiação aconteceria em agosto e seria
transmitida pela Fox.
Bradley
Cooper havia notado meu destaque e sua amizade com Alexia o incentivou a me
recomendar para David O ‘Russel.
Era
um papel pequeno em um dos filmes do Bradley dirigidos por David, mas adorei
fazer.
O
pequeno papel cedido por um diretor indicado ao Oscar era algo significativo, e
a recomendação de Lorre e Bradley fizeram com que eu conseguisse minha primeira
protagonista para o cinema.
Era
algo maior, exigiria mais, pois era a versão cinematográfica do livro, o Best
Seller mundial “Insanos” narrava a vida de um casal adolescente separados após
passarem no exame para universidades diferentes e que seguiram carreiras
diferentes. O destino os separou por muitas vezes, mas nunca foi forte o
suficiente para separá-los definitivamente.
Kevin
conseguiu um cachê considerável, mas havia algo que me incomodava, em uma das
cláusulas do contrato estava o impedimento de que eu pudesse ter qualquer tipo
de relacionamento amoroso publicamente. Era estranho, mas me soava comum ao
lembrar que Taylor nunca havia dito que namorava ninguém até o término da
franquia Crepúsculo. Ainda assim Kevin achou uma proposta muito boa e como eu
poderia fazer o espetáculo da Broadway também em Nova York, seria uma chance
dupla que representaria um up maior na minha carreira, então eu assinei o
contrato.
A
personagem “Lucy” conhecia seu grande amor “Josh” no interior do Kansas, e a
família dele se mudara para Nova York para a universidade dos sonhos seus pais.
Lucy, porém se formou na UCLA, separando-os por um determinado tempo, era uma
versão mais moderna de “The notebook”, um dos filmes favoritos do Taylor que o
faz chorar.
Eu
estava com o roteiro em mãos, mas ainda não sabia quem seria o ator com quem
faria par romântico, havia alguns rumores sobre Zac Efron, mas havia um
conflito de agenda que impossibilitaria isso. Kevin disse que faltava apenas
uma decisão para que pudesse dizer quem seria o protagonista.
As
falas eram simples, não havia nenhum desgaste físico exceto muitas lágrimas,
gritos e discussões. As cenas seriam gravadas no Kansas, e seriam transferidas
para Nova York e por fim em Los Angeles já que o personagem, Josh se
transformara em um escritor famoso, com sua história de amor com Lucy e voltava
para entregar-lhe o livro, sua última declaração de amor.
Eu
mal podia esperar por tudo.
POV TAYLOR
“Ei
cara, vamos jogar basquete?” Perguntava a voz de Adam Sandler do outro lado da
linha.
“Eu
não sei jogar basquete, mas posso ir fazer raiva em vocês”. Comentei.
“Você
não sabe jogar? Conversa Esquilo,
venha até minha casa mais tarde, Kevin e eu estaremos aqui para um jantar.
Salma vem de Paris para fazermos a agenda para a première de Grown Ups 2 e
quero muito que você vá para não ficarmos sozinhos no red carpet”. Brincou
Adam.
“Ficar
sozinhos? Vocês são as pessoas mais engraçadas do planeta, nunca faltarão fãs e
admiradores na estreia, okay?”
“Mas
é por você que elas gritam ²sexy simbol gostoso!!!” Gargalhou Sandler
despedindo-se e desligando em seguida.
Quando
Adam disse sexy simbol me lembrei da nova sexy simbol do momento, a loira de
1,70 com samba no pé que havia se entregado a mim também era a mais sexy do
mundo nomeada pela People Magazine e a mais desejada na cama eleita pelo
público masculino. Era um pesadelo pensar nesse monte de homens desejando um
corpo que havia sido apenas meu.
Apesar
do grande número de mulheres a minha disposição eu não poderia corresponder a nenhuma
delas até me entender comigo mesmo e achar uma solução menos trágica para
desenrolar nossa história.
Na
verdade, eu não queria me envolver, eu não desejava ninguém além dela e a minha
abstinência estava mexendo com a minha cabeça.
Fiquei
desesperado com a notícia de que Sally atuaria com Zac Efron. Meu Deus, isso
seria daria a ela uma chance de finalmente esquecer de mim, eu não conseguiria
expulsar outro da vida dela como fiz com a ajuda maligna do Nícolas.
Foi
uma crueldade que fizemos e eu não me orgulhava disso, por isso deixei claro
que havia sido um mal entendido, aquele armário maldito adorou me ver
implorando por uma oportunidade de explicar as coisas. Eu sabia que Sally não
via mais Ashton, pois meu informante me ligava diariamente, mas isso não
significava que não poderia ser substituído por outro.
Eu
não podia ficar com ela, mas não aguentava mais ficar sem ela. A falta que Sally
me fazia me causava um efeito negativo.
Eu
me sentia capaz de tudo para ter um momento qualquer que fosse com ela, a
saudade não me deixava pensar com clareza, eu precisa ouvir sua voz, sentir seu
cheiro. Precisava de uma dose do amor e da satisfação que somente ela era capaz
de me proporcionar.
Eu
não sabia como faria para tê-la por perto, pensei em vários escapes para a
situação em que me encontrava no momento.
Makena veio em minha direção com um sorriso
bobo.
“Telefone
para você Tay”. Disse ela com o aparelho em mãos.
“Quem
é?” Inquiri sem vontade de falar com quem quer que fosse.
“É
seu cunhado”. Respondeu Makena sorrindo.
“Oi
Nícolas”. Atendi finalmente.
“Véi,
tu tá sabendo da maior?”
“Não
conta aí”.
“A
Alexia continua saindo com aquele velho nojento, eles vão a Paris este fim de
semana”.
“Qual
é Nícolas, você vai continuar ligando só para falar mal do Bradley? Esquece
ele, esquece isso”.
“Esquecer?
O cara tá pegando a Alexia, eu não vou tirar meus olhos dele de forma nenhuma.
Ele vai vacilar uma hora e eu vou foder com ele”.
“Esse
seu ciúme besta te deixa cego, como você sabe que eles estão ficando?”
“Que
ciúmes? Quem é que está com ciúmes aqui? Alexia é como minha irmã, só quero
zelar por ela. Eu sou o homem da casa, okay?”
“É
claro que você está com ciúmes! Bradley é um cara legal, não tem com o que se
preocupar”.
“Eu
não sei cara, esse velho, o Bradley, ele não é a pessoa certa, eu sei que não.
Ela não o ama nem ele a ama, o cara deve ser um pervertido”.
“Pessoa
certa? Isso saindo da sua boca é um veneno para minha inteligência. Nícolas você
não reconheceria a pessoa certa nem se ela morasse na sua casa e fizesse seu
café da manhã todos os dias”.
“Não
entendi, fala de novo para eu gravar aqui e colocar essas suas palavras na
minha caixa de coisas, que não fazem sentido e eu nunca vou usar”. Ele brincou
ironicamente, mas a verdade, é que ele não entendia o que sentia mesmo.
“Ouça
Nícolas. Vou te fazer uma pergunta bem objetiva. Afinal, você já se perguntou o
porquê de se preocupar tanto? Já tentou entender o que você sente saindo desse
terreno?”
“Que
terreno caralho?”
“Seu
infeliz, não me xingue. Estou tentando te ajudar. Vou ser bem mais claro... Você
já parou para analisar essa sua preocupação ou esse seu sentimento sem levar em
consideração o terreno de amizade?”
“Que
papo é esse véi?”
“Vou
falar na sua língua para que me entenda. Você já analisou a ideia que essa sua
preocupação é porque você quer pegar a Alexia?”
“Taylor,
quando te encontrar eu vou socar a sua cara. Isso não tem nada a ver. Não quero
pegar a Alexia. Só quero cuidar para que ninguém pegue”. Disse ele.
“Por
que você não quer que ninguém pegue ela?” Perguntei fazendo-o refletir.
“Não
confio nele, nem em ninguém com ela”.
“Por
que não confia?” Insisti.
“Eu
não sei vou ver isso com meu analista mais tarde”. Disse ele sorrindo.
“Como
está Sally?” Perguntei cortando a conversa.
“Ela
está bem. Continua sozinha e ouvindo aquela merda o dia todo”.
“Ouvindo
o quê?”
“Plateau!”
Respondeu Nícolas me deixando intrigado.
“Ela
ouve só essa música?”
“Normalmente
ouve todos os CDs do Nirvana, mas Plateau ela repete incansavelmente”.
“Por
que será?”
“Não
sei, mas tenho uma novidade dessa vez,” disse Nícolas sem graça e mudando o tom
de voz ficando mais sério. “Sally vai atuar com um gostosão de Hollywood”.
“Quem??”
Indaguei preocupado.
“Aquele
cara que faz o stripper e deixa as mulheres loucas em Magic Mike!”
“Diga-me
que está brincando pelo amor de Deus?”
“É
sério”. Ele abaixou a voz. “Eu a ouvi com Alexia sussurrando. Ainda não é
oficial, mas é serio!”
“Que
horror!! Channing Tatun? Onde ela está agora?” Perguntei assustado e continuei
buscando forças para não atirar o telefone contra a parede.
“Esta
aqui, ouvindo Nirvana”.
“Faz-me
um favor? Nícolas tire Alexia da casa, deixe Sally sozinha, eu estou indo vê-la
agora mesmo”.
“Tirar
Alexia da casa como?”
“Se
vira cara, você não é quadrado. Use seu charme, convide-a para algo que ela não
possa recusar. Diga a Sally que quer privacidade com Alexia que ela vai
entender”.
“Ah!
Lá vem você com esse papo”. Disse Nícolas desligando.
Eu
sabia que ele daria um jeito. Avistei a dona Deborah com o jantar na mesa, mas
ainda assim não fiquei.
Eu
sabia que não podia ficar com ela, mas eu tentaria ficar pelo menos esta noite,
eu poderia ter um abraço apertado ou apenas me aproximar o suficiente para ter
uma dose do seu perfume, que me embriagaria madrugada afora satisfazendo meu eu
mais uma vez.
Eu
a queria perto de mim por alguns momentos e eu fingiria que ela era minha. Eu
sentia tanta vontade de ter um afago qualquer que fosse. Precisava de apenas um
toque para alimentar as minhas forças e encontrar uma solução para desembaraçar
tudo que eu havia feito desde que a correspondi.
Por
breves momentos imaginei Sally cedendo de algum modo. Ela poderia me colocar
para fora, como fez da última vez e estaria no direito dela, mas eu já tinha um
não e lutaria pelo sim a qualquer custo.
Não
importa se ela diria um oi ou nos vemos em breve, eu precisava ver
qual sua reação diante de mim.
Será que ela ainda podia me amar? Será que ela
poderia resistir a mim tanto quanto ela era irresistível para mim?
Pensei
em bater na porta, mas ela cedeu quando dei o primeiro toque notando que estava
apenas encostada.
Era
possível sentir seu perfume doce e suave um pouco distante.
Cogitei
se bateria novamente, mas o som de um dedilhar do violão duplicou minha
curiosidade.
Adentrei
lentamente. Ouvi o som do violão que vinha um pouco mais longe da sala. Sentei
no sofá tomando coragem para ir até ela ou para desistir definitivamente de uma
aproximação que não poderia continuar.
Eu estava
apenas a 7 passos dela, mas tentava refletir com clareza sobre como minha
presença apenas a machucaria. Seria meu gesto egoísta confrontando sua
ingenuidade e eu não suportava ver sua face decepcionada e, sofrida com tudo
que eu fazia, mas como eu disse, a saudade não permitia que eu pensasse com
clareza. Unicamente queria satisfazer o desejo do meu coração e desfrutar da
sua presença, mesmo que minha ausência ou retraimento a ferisse depois.
Um
lado da minha consciência gritava ‘Eu não posso ficar com ela’, mas
eu o outro lado gritava ainda mais alto, ‘mas eu preciso ficar com ela’, a
briga entre minha a razão e meu coração anulavam as forças para desistir de
falar com ela.
Era
tarde demais, seu perfume era ainda mais forte, e o dedilhar do violão apenas
aumentavam o ritmo e sua voz saíra finalmente da sua boca levando-me a um
desespero incalculável.
Ela
era a encarnação de tudo que eu mais almejava em uma mulher, sua beleza e sua
doçura a faziam capaz de tudo.
Ela
teria tudo que eu possuía e eu mesmo era todo dela, embora não soubesse que
tinha tanto poder sobre mim.
Por
segundos pensei na rejeição de Tarik para me proteger desse sentimento e para
me livrar das loucuras que poderia fazer por ela ou para ela.
Sally
cantava como um anjo, eu não conhecia a letra, mas falava sobre recomeçar. Era ousado achar que poderia cantá-la pensando em
mim já que não cabia a eu saber o que se passava em sua mente.
Tomado
pela embriaguez do seu perfume e da voz cantando a melodia serena, desejei
ficar ali parado para sempre. Eu não precisava de mais nada ou de qualquer
pessoa senão dela ali.
Ela
sem saber que eu lá estava continuou concentrada, então me aproximei ficando
diante dela. Sally tocava tão aplicada, seus olhos fechados insultavam a minha
existência por não me permitir desfrutar das suas pupilas azuis celestes e do
brilho, que mais representava a luz que clareava a minha vida.
Diante
dela ouvi e vi sua expressão enquanto colocava toda sua dor para fora, isso
deixava claro porque as letras de suas músicas eram tão aprovadas pelo público,
ela conseguia traduzir sentimentos do cotidiano quase imperceptíveis, mas que
acompanham cada ser humano em sua rotina cansativa e busca eterna pela
felicidade.
Vi
minar uma lágrima tímida por debaixo dos seus cílios ao passo que não pude
conter que uma lágrima sem muita timidez atingisse meu queixo antes mesmo que a
sua saísse por completo.
Não
era algo que eu pudesse evitar.
Aproximei-me
ainda mais da sua face e a vi abrir seus olhos lentamente visualizando meu
rosto e, se entregando as lágrimas, mas sem parar de tocar.
Sally
observava minha presença como se fosse um devaneio, um espectro, uma
idealização. Em nenhum momento havia curiosidade em seu olhar ou qualquer
indagação sobre eu estar ali de fato, ou não.
Ela
havia perdido a noção de realidade e eu a trouxe de volta tocando sua face
carinhosamente e enxugando suas lágrimas agora mais intensas.
Seus
dedos pararam lentamente e o som do violão foi baixando acompanhando sua razão
mostrando-lhe que eu estava ali de fato.
Sally
colocou o violão sobre a cama e se pôs de pé olhando-me nos olhos. Eu podia
finalmente desfrutar dos seus olhos azuis dotados de repleta cordialidade,
então a beijei lembrando-me do quanto era bom estar com quem eu amava.
__________________________________
“Impro¹” – Arte da improvisação – Gíria.
²sexy simbol – Símbolo sexual.