Fanfiction: Uma chance com Taylor Lautner - Capítulo 61: Lembranças de amor


Capa: @alexiaaugusto
Texto/Fanfic: @ValzinhaBarreto
Beta: Daya Engler
Música tema: Lembranças de amor (Vítor e Leo).

Nota da autora:


Vocês não entendem o quanto esse capítulo é especial para mim. Meus agradecimentos à minha beta ninja, às essas músicas e meu Deus, Taylor Lautner como esse homem consegue ser tudo isso? Acho que gastamos muito tempo revivendo uma dor e nos esquecemos de quanta felicidade tivemos antes dela ter sido causada. É como se a dor importasse mais e isso é errado. Momentos felizes devem pesar e no fim apenas fica a pergunta: Valeu a pena? Em breve mais coisas serão desvendadas, coisas inimagináveis. Obrigada a equipe TLM por tudo. E vocês leitores, não vou dar um presente a vocês para quem comenta mais. Deixo à vossa avaliação, mas nada melhor do que ter a opinião de vocês! Nada de zoar minha música tema okay? #Sertanejo. (Val Barreto). 


         O olhar de Nícolas acompanhou minha face a cada traço que esbocei pasma a procura de um pouco de lógica para as palavras que Taylor havia escrito naquele bilhete, ele não sabia que havia me surpreendido de tal forma. Era preferível assim.
        
Revestida da sensatez que eu dispunha continuei tentando entender porque ele havia se expressado daquela forma, reli a mensagem várias vezes em busca de algum sinal, alguma mudança, o que havia acontecido? E todas as desculpas? Era isso mesmo? Taylor tinha dado a entender que existia um amanhã para nós dois?
         Era isso que as palavras no bilhete pareciam dizer. Taylor havia induzido sobre um futuro para nós dois, porém eu poderia interpretar errado mais uma vez as suas palavras, entretanto eu pensei logicamente por um momento e espantei a euforia antes que ela perfurasse meu coração, a minha razão ainda governava meu eu e minha consciência não me deixou levar por tão pouco, era uma surpresa, mas tudo me causou apenas curiosidade. Somente isso. Não me permiti ir além.
         Taylor não podia fazer isso. Não podia simplesmente dizer que haveria mais vezes como se tudo o que passou fosse simplesmente apagado com sua nova ação ou me iludindo esporadicamente com uma noite intensa, não seria tão fácil, pois ainda doía, seu abandono, as injustiças, e das sensações negativas que eu conhecia.
         Um pouco de tudo fazia-se presente lembrando-me novamente que sou eu quem sai com o coração dilacerado, aliás, eu não queria mais fazer parte de nada disso, estava cansada dessa expectativa, do seu humor louco, da sua falta de atitude. Eu não queria mais vezes com ele, seria apenas duplicar essa dor antiga e retardar mais um abandono.
          Em outros tempos poderia dizer que optei racionalmente por não me render, mas num sentido mais abrangente, não senti vontade de me render, não fiquei tentada, apenas surpresa e curiosa para entender sua súbita tomada de decisão, se é que havia de fato uma decisão ou foram apenas palavras impensadas, caneta e papel inútil em mãos.
         A curiosidade movia cada músculo do meu corpo, imaginei se ele continuaria com o surto romântico daquela manhã ou talvez pudesse ser apenas efeito da noite igualmente intensa para ele. Logo sua indecisão estaria de volta nas lamúrias de sempre.
         Chorei de raivas ao pensar no quanto suas palavras seriam certas se ditas há um tempo, mas agora eram interpretadas de forma estranha, não tinha o mesmo efeito ao meu coração, ou sequer puderam atingi-lo até a ocasião.
         Os 11 buquês de rosas iriam ter várias sucessões peculiares de momentos que nunca imaginei terem sido marcantes para ele, lembro-me de Nícolas dizendo “Homem não liga para essas coisas, não se importam com datas ou momentos”, ele poderia ser assim, mas logo eu constataria que Taylor não.
         Nícolas leu o bilhete em voz alta para saber o que havia me tocado tanto, notei um sorriso bobo na face de Aléxia, talvez desejasse ouvir tais palavras dele, ou estivesse apenas orgulhosa do seu protegido.
         “Mas que exagero é esse? Eu vou ter que me mudar daqui!” disse Nícolas espirrando pela casa graças a sua alergia a algumas espécies de flores, nesse caso, rosas vermelhas.
         “Não é exagero Nícolas é carinho” justificou Aléxia.
         “Carinho? Amanhã essas rosas terão murchado e quem se lembra disso? Eu preferia dar um presente que a fizesse a mina se lembrar de mim, não rosas que murcham e logo são esquecidas” Disse ele afastando-se do vaso com água que Aléxia colocava um dos buquês.
         “As rosas deixarão de existir Nícolas, mas o gesto vai ficar. As ações também marcam a vida das pessoas, não só objetos”.
         “Eu preciso é sair daqui ou vou ter um ataque!” falou indo para seu quarto espirrando cada vez mais.
         A conversa dos dois me deixou ainda mais reflexiva, ele queria mesmo mudar suas ações? Ele realmente acreditava que sua ação mudaria as anteriores? Porque ele ousava dizer que haveria mais vezes? Pelo menos disse que dependia de mim, e graças a isso, não existiria mais noites como aquela.
         Após o bilhete esperei que ele aparecesse por todo o dia, senti um toque dualista, curiosa para ver quais seriam seus argumentos e muito intrigada por ele me dar esperanças finalmente. Não que as quisesse a essa altura, para nada serviam.
         Ceder e procurá-lo sequer passou pela minha mente, seria pouco inteligente, seria doloroso e de certa forma humilhante, ele não poderia me ter a hora que quisesse, eu não permitiria que ele me reduzisse a alguém sempre a sua disposição. Em dado momento eu era prioridade, em outro apenas uma opção para sua satisfação pessoal.

***

         Mesmo no dia seguinte ele não foi à minha casa, sequer ligou para o Nícolas, para mim ou Aléxia, ele havia se arrependido? Pouco me importava esses questionamentos face aos meus compromissos diários, assim segui para a reunião com Channing e onde conheceria os outros membros do elenco na primeira mesa redonda do roteiro.
         À noite eu teria uma participação em um documentário que seria passado no programa da Oprah onde eu deveria falar um pouco sobre mim, sobre minha relação com a música, como comecei, mas isso não seria possível sem a participação de Nícolas e Aléxia que haviam sido meus parceiros desde o grupo de louvor na igreja desde a infância.
         Aléxia e Nícolas chegaram antes de mim no estúdio, enquanto eu tentava chegar o menos atrasada possível, Kevin havia me pego de surpresa com esse documentário e isso havia causado um choque na minha agenda, mas não recusei.
         Um toque tímido soou do meu celular, um SMS, desbloqueei o protetor de tela e vi o nome de Taylor Lautner e um pequeno torpedo que dizia “¹Mais coisas serão reveladas, não me esqueça, arrepiarei os pelos do seu braço... Te ensinarei a dançar...” , suas palavras me eram familiar, mas não recordei, era uma musica, mas qual? Minha memória me traia e minha cabeça matutava o enigma, era estranha a forma como ele agia, estava moderando não só suas palavras, mas suas ações, não entendia o porquê daquilo tudo.
         Peguei no volante e segui com destino ao estúdio pulando as faixas do som do carro em busca de recordar de qual música era o trecho. Eu não respondi o torpedo, apenas o ignorei e continuei minha busca.
         Vi o visor do celular aceso, era outro torpedo dele “Esqueceu a trilha sonora que embalou nosso amor?”, estremeci em um misto de raiva e culpa, eu realmente não me lembrava da musica, tão pouco a qual ocasião que a canção havia marcado nossa relação.
         Uma sensação nostálgica tomava conta do clima do carro, exceto pelo cansaço de tentar descobrir de qual música se tratava e o mais importante, o porquê de ele lembrar depois de todo esse tempo.
          Ignorei o segundo torpedo tal qual fiz com o primeiro, eu não sabia a resposta, e me dei o direito de continuar sem saber ou de esperar que ele revelasse no terceiro torpedo, mas ele não o fez.
          Desci e segui pelo corredor encontrando Nícolas e Aléxia a minha espera para gravar os depoimentos. Aléxia sentiu minha tensão assim que passei pela porta, e Nícolas a admirava sem que ela percebesse, ele enfocava seus cabelos negros como se nunca tivessem os visto antes.
         “Tudo bem?” Alexia inquiriu sem meios termos.
         “Claro!” respondi respirando mais fundo e rematei: “Depois te conto”.
         Nícolas viu o mistério e sorriu com os lábios cerrados como aquele olhar de quem trama algo, eu já o tinha visto diversas vezes por toda minha vida. Ele ficou sério novamente, seu celular tocava. Ele se afastou de nós para atender. Estranhamos o porquê da privacidade, isso era pouco usual ante sua cara de pau, ele não se importava em quem ouvia nada e sempre dizia o que queria sem meios termos.
         “E aí boy?” Nícolas disse ao atender ficando em silencio em seguida.
         “Sim, coloquei lá onde você pediu” respondeu a algo que a pessoa do outro da linha havia perguntando.
         Nícolas deu uma volta em círculo e perguntou ao telefone:
          “O que eu vou ganhar em troca?”
         Sorriu e desligou sem mais.
         Nós duas fingimos não ouvir a conversa. Não havia sentido algum nela. Entramos no estúdio para responder as perguntas da entrevista para que o documentário fosse produzido.
         Eu, Aléxia e Nícolas estávamos diante de um microfone como nos velhos tempos, antes que começar as perguntas senti um aperto no peito por tudo que havíamos passado juntos. Tínhamos toda uma história juntos.
         “Como vocês se conheceram?” perguntou o repórter a Nícolas deixando Aléxia sem graça ao lembrar.
         “Eu a salvei” disse Nícolas causando um sorriso forçado em Alexia e deixando-me emocionada novamente.
         “É verdade, ele me salvou de levar uma surra na escola” ela explicou olhando Nícolas profundamente causando um sorriso no repórter.
         “Conhecemos-nos ao mesmo tempo” expliquei “Nícolas se meteu nessa briga com os garotos da escola e eu estava com ele”.
         “Quando vocês começaram a cantar juntos?” perguntou para Alexia.
         “Depois da escola nossas famílias se tornaram amigas, o pai da Sally se tornou advogado do meu pai, depois acabamos frequentando a mesma igreja e lá fazíamos parte de um grupo de louvor” esclareceu Aléxia.
         “Aléxia canta melhor que eu e Sally” disse Nícolas elogiando-a. O repórter olhou Alexia e dirigiu a próxima pergunta e ela:
         “Sabemos que Nícolas toca violão muito bem, vimos seu vídeo tocando ²Patience, e Sally tocando Litlle house e você Alexia, também toca?” perguntou o repórter.
         “Sim... Toco Legião Urbana desde os 7 anos, mas não tocamos somente violão. Nós três fizemos aula de piano por 8 anos seguidos, mas Nícolas sempre dava um jeito de faltar por causa de alguma do futebol ou alguma garota, então, ele não se sente muito seguro, mas Sally é a melhor de nós três” disse Aléxia levando todos ao riso.
         “Já prestaram atenção que cada um de vocês diz que o outro é bom? No fim talvez todos sejam muito bons.” Disse o repórter da Oprah.
         “Sim” respondemos juntos.
         “Podem cantar alguma para nós?”
         “Nós três?” perguntou Aléxia assustada.
         “Sim. Temos algo para vocês” disse o repórter abrindo duas cortinas com um palco e com todos os instrumentos de uma orquestra.
         “Meu Deus!” disse Aléxia vendo o piano negro.
         “O violão azul é meu” disse Nícolas agarrando o que era mais fácil e dando o outro violão a Aléxia.
         “O piano vai ficar mesmo para mim?” perguntei temendo após tantos anos sem tocar. O nervosismo tomou conta de mim.
         “Há quanto tempo não toca piano?” perguntou o repórter.
         “Não toco desde os 17 anos quando” respondi constrangida e sentando na cadeira passando o dedo no teclado.
         “O que vamos tocar?” perguntou Aléxia apavorada.
         “Não sei” respondi.
         “Eu sei” disse Nícolas surpreendendo. “Vamos tocar e cantar Make no mistake (She’s mine). Você faz a segunda voz e toca piano Sally. Eu e Alexia iremos alternar” falou comandando.
         “Quem começa?” perguntou Aléxia.
         “Você!” eu e Nícolas constatamos.

         Iniciei o piano emocionada, eu ainda lembrava as notas, segui arrepiada com o solo de Aléxia, ela era surpreendentemente boa, sua entonação de voz colocava fim a sua imagem tímida, pois sua voz era tão potente que deixou todos maravilhados como quem encontra um tesouro enterrado a séculos, era isso que ela era: preciosa. 
(APERTE O PLAY E OUÇA O TRIO CANTANTO)




Aléxia cantando tinha uma serenidade e superioridade ao cantar. Era intrigante como ela conseguia fazer ecoar aquele vozeirão sem nenhum esforço. Sua face permanecia pacífica e imponente.
          Nícolas ficou sentido com o fim da musica e saiu da sala deixando todos surpresos. Ele havia ido chorar sozinho?
         Aléxia e eu voltamos para casa após todas as tentativas de que ele atendesse o celular. Ele saiu a pé, mas não o encontramos mesmo após duas voltas em carros separados pelo quarteirão.
         Ao chegar, eu estava tão sensível com tudo que sequer lembrei que o Taylor não havia aparecido. Sentei-me na cama e senti algo me machucar, levantei, eu havia me sentado sobre algo. Um CD?
         Enrolado por uma fita de cetim vermelha estava o CD escrito em sua capa “Ouça uma a cada dia” coloquei para tocar, e reconheci imediatamente a primeira faixa de 11 músicas que haviam sido gravadas. Onze? Parei por um momento intrigada novamente.
         A conversa sem sentido do Nícolas agora fazia mais sentido do que nunca. Assim que terminou de tocar a entrada do violão, eu já sabia de qual musica era o trecho que ele havia enviado, Green Eyes, da banda Coldplay, a ouvimos quando ficamos confinados no Hotel Mondrian na Sunset Boulevard West Hollywood, Los Angeles, agora, somente agora tudo fazia sentido, as imagens de suas carícias me vieram a mente, mas as expulsei da mesma forma como vieram.
         Respeitando sua vontade devolvi o CD da embalagem e deitei na cama imaginando qual o proposito daquilo tudo, mas minha preocupação com Nícolas gritava em meus pensamentos enquanto Aléxia tentava entender seu surto.
         Ele apareceu às 3 horas da madrugada, bêbado, e não disse uma palavra sequer. Não perguntei sobre ele ter colocado o CD na minha cama a pedido do Taylor. Ele não estava em condições de falar, ou estava fingindo estar mais bêbado do que estava.
         Tentamos levá-lo ao banheiro para tomar banho e melhorar, mas sua recusa nos fez desistir, ele fez algo inédito, trancou a porta do quarto e se isolou, ele nunca se preocupou em fechar a porta mesmo quando acessava o red tube ou assistia filme pornô. O que o incomodava tanto? Qual o motivo da fuga?

**
         Nícolas acordou, mas não saiu para o café da manhã. Eu ansiava por um minuto de conversa come ele para saber se ele tinha colocado o CD a pedido do Taylor, contudo ele tão-somente saiu após o meio dia e sem muito interesse na conversa.
         “Foi você quem deixou um CD em cima da minha cama?”
         “Tem provas de que fui eu?” ele respondeu perguntando friamente.
         “Não fale comigo nesse tom, essa é uma pergunta simples, apenas quero saber se você deixou um CD a pedido do Taylor!”.
         “Só sei que nada sei” zombou a versão maléfica do Sócrates.
         “Não sabe? Aposto que não sabe a razão do surto ontem à noite quando saiu do estúdio daquela forma”.
         “Esse é o grande problema de vocês. Sempre acham que eu não sei de nada, que eu não sinto, que eu não entendo. Eu escolhi não saber, não sentir e prefiro continuar sem entender. Sabe por que? Porque não preciso de toda esse desse monte de sensações entranhas confundindo a minha cabeça. É uma escolha, mas que droga!” exclamou zangado voltando ao quarto destinando a Aléxia em seu último olhar antes de sair.
         Não intervimos.  O deixamos em seu quarto com sua raiva aparentemente desconhecida. Ouvíamos apenas ele tocando violão repetindo sempre a mesma musica, apenas tocando À via láctea, Renato Russo, só tocava como se nenhuma outra pudesse explicar seus sentimentos, ou como ele preferia falar “sensações estranhas”.
         Alexia, por sua vez não se conteve.
         “Sally, há algo errado com ele. Não é ressaca, o que será?”
         “Nunca o vi dessa forma. Normalmente não importa sua raiva, ele leva tudo na esportiva, encarna o ²Felipe Neto e diz Foda-se, sorri e segue a diante”. Concordei sobre seu estado.
         “O que faremos com seu irmão?”
         “Vou pensar em algo enquanto ouço a musica do dia.”.
         “Musica do dia?” Alexia perguntou encafifando.
         “Taylor me enviou nossa trilha sonora e devo escudar uma musica por dia”.
         “Ele se lembra das musicas que vocês ouviram juntos?” estranhou duplamente.
         “Parece que sim” revelei sorrindo.
         Voltei ao quarto em busca de ouvir a musica. Dessa vez, não era rock alternativo, nesse dia ouvi Shoot of Love, nada melhor que ACDC para me levar de volta a ocasião da musica, senti uma pontada apurada ao lembrar-me da forma tão lenta como ele iniciou algo que sinceramente nunca pensei que fosse tão bom...
         A sensação realmente era de tirar o fôlego, recordei de sentir seus cabelos sob minha virilha, de como roçavam de uma forma tão sintonizada mais parecendo um conjunto de sensações combinadas que deram a mim o melhor efeito de prazer que eu poderia ter.
         Olhei ao redor do quarto organizado e pensei na forma alucinada que aquela experiência nunca experimentada havia causado. Por um momento ressurgi a imagem das nossas roupas espalhadas pelo chão.
         Ao fim da musica dei graças pelas lembranças se esvaírem como brisa. Eu sentia calor, procurei por um copo de água vendo o sorrido de Aléxia estampado em sua cara.
         “Shoot of love?” indagou curiosa, pois a ouvi em alto volume.
         “Pois é. Acredite, ouvimos ACDC e não foi só essa vez” respondi sorrindo e me preparando para a pergunta que viria.
         “O que essa musica de lembra?” perguntou indiscreta.
         “Foi ouvindo essa musica que Taylor fez sexo oral em mim pela primeira vez” falei cobrindo a face, mas não sentia vergonha de verdade, éramos amigas ao nível máximo, compartilhávamos tudo.
         “OMG!” Aléxia disse surpresa.

***

         No terceiro dia, Taylor também não me procurou ou sequer enviou torpedo dessa vez. Era difícil entender o que ele estava fazendo. Se ele havia se arrependido do bilhete e rosas, porque insistia com as musicas me fazendo relembrar de tudo?
         As reflexões não me levavam a lugar algum, nada fazia sentido, coloquei a terceira faixa finalmente indo ao túnel do tempo literalmente com When a Man loves a woman de Johnny Rivers.
          Na época que ele tocou e cantou essa musica para mim, estranhei seu gosto por uma musica antiga para a nossa geração, mas era a canção de amor do seu pai e da minha mãe, “Eu adoro os clássicos” quase pude escutar novamente sua voz dizendo.
         Ouvi uma batida na porta, era muito cedo, quem seria a essa hora? Perguntei-me abrindo a porta vendo um rapaz de meia idade usando um uniforme no Hotel que eu tinha me hospedado enquanto aguardava a comic-con. Um funcionário do Mondrian?
         O homem carregava um carrinho/mesa do Hotel com um café da manhã reforçado como o serviço de quarto que eles ofereciam. Eu reconheci rapidamente tudo que ele descarregava em cima da mesa. Era meu tão estimado café na cama que Taylor havia me proporcionado. Ele pagou um funcionário do Mondrian para me levar café da manhã à domicílio? Não sabia que eles ofereciam esse serviço.
         Se a intenção era me fazer sentir sua falta, sua missão estava cumprida, sentei e degustei de uma pequena porção de tudo que havia degustando do quanto era mais saboroso quando ele dividia comigo.
         Em seguida, Aléxia e Nícolas saíram para o café da manhã, e em minutos ele devoraria tudo. Eu nunca desejei que ele fizesse isso tanto quando neste dia. Eu não queria olhar tudo sem a imagem dele me observando enquanto comia.
         Voltei ao quarto e desfrutei novamente da voz de Johnny Rivers lembrando-me das suas ações seguintes, do seu sorrindo judicioso, do seu beijo que me fazia sentir que nosso comprometimento ilusivo era para toda a vida, como o de seus pais.
         Essa musica precisa ser ouvida mais que uma vez, apertei o play e a ouvi mais uma vez antes de me entregar a uma sessão de fotos para a Vogue Magazine. Quando um homem ama uma mulher.

APERTE O PLAY E OUÇA ANTES DE CONTINUAR A LEITURA



***
         Desejei ouvir a musica do quarto dia, mas perdi a hora e sai em direção à agência para encontrar Kevin para uma reunião de emergência. Sua voz do outro lado da linha parecia afoita, mas ao chegar me alegrei, era uma boa notícia. Eu havia sido confirmada para o musical os Miseráveis finalmente. Eu iria dali a um mês para Nova York me apresentar nesse espetáculo da Broadway.
         Kevin disse que cumpriríamos nossa agenda em Los Angeles nos dez dias seguintes e que após isso, eu deveria sair de férias à Paris que eu tanto desejava visitar e rever meus pais e meus amigos no Brasil. Isso deveria ser feito antes de começar o filme com Channing e o espetáculo, ambos em Nova York.
         Ao chegar em casa, me perguntava qual seria  a faixa quatro do CD, mas antes que pudesse tocar no aparelho de som, meus olhos percorreram por cima da cama ao notar uma caixa quadrada e fina coberta por um aveludado vermelho. Taylor havia enviado algo novamente.  O que poderia ser? Questionava-me antes de abri-la.
         Abri verificando o que tinha em seu interior me surpreendendo com o que havia. Fechei a caixa desacreditada e abri novamente. Tratava-se de um valioso colar em outro maciço, tinha um aspecto dourado, brilhante e combinava com o design da joia, nunca vi nada igual, possuía uma estrela com pequenos diamantes em cada ponta. Em seu interior havia uma cavidade vazia de uma estrela menor e na parte traseira tinha uma inscrição muito pequena que dizia “³And it was called Yellow”, esse trecho eu reconheceria a qualquer custo, era a música Yellow, Coldplay, falava sobre nessa cor, sobre uma canção que havia sido chamada de amarela.
         Recordei-me do momento que passamos juntos, de quando a ouvimos, e do quanto fiquei satisfeita quando ele disse que também gostava da voz de Chris Martin.
         Enquanto a musica tocava eu imaginava o convite que ele me havia feito aquele dia“Quer tomar banho na chuva comigo?  Me lembro de ouvi-lo perguntar.
         Enquanto revivia em pensamento a sensação dele me puxando pela mão em direção ao exterior do hotel, recordei de sua mão me guiando até aquele pequeno jardim.           Por um instante senti o frio como naquele dia quando os primeiros pingos gelados caíram em meu corpo. As suas palavras românticas ditas naquela ocasião vagavam pela minha mente deixando-me pesarosa.
         Quando ele me disse que se pudesse ser a chuva não cairia tão fria eu senti que suas palavras ainda estavam guardada em uma parte de mim, íntima e oculta para evadir angústias remotas.
         Naquela ocasião Taylor e eu nos preparávamos para nosso primeiro adeus, meu coração bateu mais lento quando recordei da forma dolorosa como ele disse “Amanhã a essa hora sei o quanto você estará longe, mas quando a chuva cair eu sempre vou te sentir”, ouvi minha mente trazendo a tona como uma promessa que ele havia feito, todavia não sabia se ele de fato me sentia sempre que a chuva caía.
         Eu não me lembrava mais dessas suas palavras até aquele momento.
         Por todo o dia tentei entender Taylor, tirei o colar da caixa e coloquei em meu pescoço visualizando no espelho, ele parecia ter sido feito sob medida pra mim.
         Porque Taylor mantinha a distancia? No mínimo ele fazia com que minha postura me derretesse em dúvidas, devido seu comportamento. Ele não buscava aproximação?
          Adormeci com a dúvida na cabeça e a caixa aveludada em mãos.

***
“Deve ser difícil ver tudo chegando ao fim” me lembrei de ouvi-lo dizer na nossa última noite em Los Angeles, as lembranças estavam mais presentes, a música do dia, trazia o cenário novamente ao som de Fix You, mais um dia de Coldplay.
         Aléxia terminava de colocar o almoço à mesa. Eu permanecia zangada porque não entendia o que Taylor fazia.
          Se ele queria voltar porque não aparecia e me dizia isso olhando em minha face? Porque não me encarava com suas desculpas?
         Ouvi uma batida na porta, enervei, será que agora ele havia mandado o almoço? Perguntava-me correndo para atender a porta, mas não havia entregador, era o próprio.
         Taylor nada disse, apenas ficou parado na porta com os olhos no colar que ele havia me dado, pareceu feliz por me ver usar. Ele também tinha uma estrela, só que menor. Ele deu um passo à frente e pegando o pingente do meu colar, passou seus dedos sobre a estrela e pegando a sua colocou uma dentro da outra, meu pingente com e estrela maior tinha uma cavidade em que a sua estrela, menor se encaixava na minha. Eu não havia pensado nisso, era um colar duplo, algo para nós dois.
         Enquanto eu observava os colares unidos, ele aproveitando-se da minha distração me puxou para fora da casa me empurrando na lateral da porta, contra a parede e me beijou. Lutei, até que ele me soltou. Ouvi uma gargalhada, Nícolas ressurgia da sua crise ao ver o meu duelo e o beijo roubado.
         “Woow, Taylor Lautner, desse jeito você enfraquece a amizade!” falou Nicolas olhando em seguida para Aléxia que sorriu, não por mim ou pelo Taylor, mas pela ressureição de Lázaro. O seu amado havia saído da depressão?
         “Por que enfraquece?” perguntou Taylor entrando na casa e cumprimentando enquanto eu recuperava o ar que o beijo havia me tirado vendo-o com um vista certeira.
         “Enfraquece a amizade enfiando sua língua na garganta da minha irmã dessa forma. Tem que rolar um drink antes” falou zombando.
         “Desculpe” pediu sorrindo.
         “Estou brincando cunhado. Você chegou na hora certa, Aléxia fez lasanha, você gosta?”.
         “Adoro” afirmou sentando-se à mesa com o cinismo do Nícolas. Era contagioso?
         “Novidades?” perguntou Nícolas.
         “Nenhuma e você?” Taylor perguntou.
         “Tenho uma sim. Daqui a alguns dias eu vou sair na Oprah” Nícolas revelou.
         “Ah, ela é ótima” Taylor deixou claro já que a conhecia.
         “Você verá Aléxia cantar. É imperdível. Fizemos um documentário para um programa especial sobre a Sally. Cantamos juntos como nos velhos tempos” falou Nícolas tirando um enorme pedaço de Lasanha enquanto Taylor arregalou os olhos desconhecendo seu apetite.
         “Oh, boy. Você não é humano” comentou.
         “Que delícia. Está perfeita como sempre” Nícolas elogiou.
         “Não vai comer?” perguntou Taylor me vendo apenas observando.
         “Sim... irei agora mesmo” falei inserindo o garfo.
         “Que coisa preta é essa aqui?” perguntou Nícolas apontando uma ervilha escura.
         “O que?” perguntamos olhando dentro do prato.
         “Um carrapato. Tem um carrapato dentro da lasanha!”.
         “Eca!” disse Aléxia perdendo o apetite.
         “Seu nojento. Estamos no meio de uma refeição e você faz isso” falei largando o prato enquanto ele gargalhava satisfeito.
         “Me dá um carrapato desse aí, parece suculento” Taylor falou inserindo o garfo na ervilha no prato do Nícolas e colocando na boca.
         “Nojentos!” eu e Aléxia falamos colocando os pratos na pia.
         Eles se levantaram da mesa sorridentes como duas crianças.
         “Posso falar com você?” perguntou Taylor quebrando o gelo e superando o riso com a história do carrapato.
         “Pode falar” concordei.
         “Quero falar no seu quarto pode ser?” ele pediu.
         “Tanto faz” falei simplesmente.
         Finalmente ele tentaria me beijar novamente e eu lhe diria o que estava engasgado, ele pensou que me tinha em mãos, mas eu não iria ceder. Ele não sabia o que o esperava.
         “Como vai a carreira?” perguntou disfarçando o assunto.
         “Vai muito bem, obrigada” respondi.
         “Você pode me devolver aquele pendrive? Tem umas fotos da Makena no torneio de vôlei e ela está me cobrando”. Ele disse.
         “Posso sim” falei abrindo a gaveta e pegando. De fato havia mesmo fotos dela nos seus arquivos.
         “Obrigado” agradeceu.
         “De nada” agradeci em contrapartida.
         “Até mais” disse saindo do quarto me deixando parada como um poste, ele só podia estar brincando. Depois do bilhete, as rosas, o CD, o colar, ele apenas apareceu e foi embora sem nada dizer?
          Intrigante. Imaginei vendo-o desaparecer porta a fora. O que ele quis fazer com aquele beijo? O que ele queria afinal?

***

         Nos 6º dia, a musica foi Please Forgive, Bryan Adams, seu toque me faziam lembrar de quando ele foi até onde eu estava no Brasil, na casa da Aléxia. A voz do Bryan me levou de volta as palavras que ele me disse no carro que havia me presenteado.   Repassei suas desculpas, elas pareciam sinceras naquela época. “Eu fui o idiota Sally. Tenho sido desde que nos conhecemos! Mas como eu disse, não é essa a lembrança que quero que tenha de mim. Não quero que terminemos desse jeito” isso doeu em mim naquela ocasião e agora pareciam ainda me afetar.
         Eu não sabia ao certo o que eu sentia, mas era a forma como aquelas palavras saíram da sua boca voluntarias e cravadas de dor. Recordei dele admitindo seus erros, ainda não era tão fadigoso ouvir suas desculpas, mas agora eu não suportava mais.
         A maneira como os dias foram passando as músicas traziam a tona momento que haviam sido marcantes para mim e pelo visto para ele também, quer fosse pela musica Just a kiss de Lady Antebellum e todas as outras que havíamos ouvidos juntos desde o primeiro encontro ou por todas as outras.
         Não sei o que ele queria. Quanto mais os dias passavam, mais intrigada eu ficava. No último dia, e na última canção, senti um vazio tomando conta de mim quando a música falhou, parecia não ter áudio. Senti raiva por isso, mas não me entreguei sequer por um momento. Deitei na cama e fiquei confusa pensando em todas as possibilidades até que Aléxia bateu na porta do meu quarto.
         “Ajude-me amiga?” pediu ela.
         “Claro, com o que?” perguntei.
         “Nícolas quer que eu acompanhe em um jantar hoje à noite com um cara que ele diz ser agente dele” ela falou sorrindo.
         “Nícolas tem um agente?” perguntei assustada.
         “Parece que o documentário da Oprah foi bem proveitoso para ele” respondeu Aléxia.
         “Quer um vestido novo?”
         “Sim... Quero que me ajude a escolher” explicou Aléxia.
         “Okay, vamos ao shopping.” Falei empolgada pegando minha bolsa e passando por Nícolas que deu uma piscada descarada para Aléxia antes de ela sair pela porta.
         Chegamos ao shopping, escolhemos um belo vestido, um par de sapatos, bolsa e uma corrente linda para que ela o acompanhasse na reunião com seu agente.
         Era estranho pensar nisso. Nícolas seguiria uma carreira? Aliás, seguiria a carreira dos seus sonhos finalmente?
         Antes que saíssemos Nícolas apareceu na loja, estranhei ele saber onde estávamos, mas ela poderia ter enviado um torpedo sem que eu visse.
         “Aléxia, eu vi a hora errada da reunião, temos que ir, vista o vestido no provador e vamos daqui mesmo” ele falou apressado.
         “Como você faz isso? No seu primeiro dia de reunião vai chegar atrasado? Porque não me disse nada?” perguntei chateada.
         “Depois eu te explico maninha” disse me dando um beijo no rosto e arrastando Aléxia para o provador da boutique saindo em dois um minutos.
         “Esse vestido é um presente” ela disse me dando um embrulho antes de sair. Eu o adorei, moderno e elegante, ela o pagou antes de sair. Apenas peguei e voltei para casa. A porta estava encostada, temi.
         Nícolas a havia deixado encostada ao sair às pressas?
         Abri a porta.
         A sala estava um pouco escura, com poucos cômodos iluminados. Ouvi um estalar de um isqueiro, estremeci. Duas velas foram acesas quando concebi a imagem do Taylor vestindo um smoking elegante e vindo em minha direção.
         Ele se aproximou pegando o pacote das minhas mãos tirando o vestido de festa. Com um olhar enigmático. Ele tocou meus ombros tranquilamente descendo as alças do meu vestido curto e baixando até que ele caísse ao chão.
         Ao fim, em posse do novo vestido, vestiu-o em mim sem qualquer toque suspeito, apenas me ajudou a vesti-lo.
          Guiando-me até a mesa, abriu o menu do jantar e fez o meu prato enchendo nossas taças de vinho.
         Não havia um sorriso sequer em sua face. Permanecia sério. Ele agia tão delicadamente como se houvesse ensaiado para aquilo.
         “Por favor, coma” incentivou.
         Tentei comer, mas eu estava tão intrigada e em choque com a forma como fui trapaceada por ele, Nícolas e Aléxia que me perguntei como não percebi a farsa antes.
         “O que você quer com tudo isso?” perguntei.
         “Não quero nada que você não queira” respondeu vagamente.
         “O que pensa que está fazendo?” indaguei enfastiada.
         “O que precisa ser feito” disse evasivamente me irritando.
         “Você não pode fazer isso comigo. Armar isso tudo achando que vou me render a sua produção toda. Quem pensa que sou Taylor?” bradei.
         “Eu não fiz nada Sally. Só penso as melhores coisas sobre você. Apenas quero lhe fazer uma pergunta” ele disse se levantando da cadeira e me puxando.
         “Qual a música nº 11?” ele perguntou.
         “Você gravou errado ou deu algum problema, ela toca, mas não ouço nada”.
         “Eu não gravei errado amor. Eu apenas guardei para ouvirmos juntos” revelou ligando o aparelho de som e me puxando para dançar.
         Ele me abraçou apertado quando começou a tocar Just give me a reason, da Pink. Sensualmente ele me guiava pela sala dançando seguindo ritmo da música. Taylor beijou meu pescoço arrepiando os pêlos dos meus braços e sussurrou ao meu ouvido “Promessa cumprida” e me rodou enquanto dançávamos sequentemente.
         “Que promessa?” perguntei não entendendo o comentário.
         “Arrepiarei os pelos do seu braço... Te ensinarei a dançar...” falou beijando-me de tal forma que mesmo me debatendo não pude evitar.
        

 (¹ “Mais coisas serão reveladas, não me esqueça, arrepiarei os pelos do seu braço... Te ensinarei a dançar...” (Green Eyes – Coldplay – Capítulo dez: 24 horas de amor – 1ª parte .

(² Patience – Música de Guns Roses).

(³Felipe Neto – Ator, vlogueiro boca suja que ganhou fama após vídeos em uma serie no You Tube criticando assuntos da era moderna, o culto ao “eu” e as modinhas adolescentes, bandas coloridas, ídolos tens, etc).


(4 “And it was called Yellow” “E foi chamada de "amarela” – Frase da música, yellow, Coldplay).


 
 
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