Capa: jessica_keli
Texto/Fic: @ValzinhaBarreto
Música tema: I Knew You Were Trouble - Taylor Swift
Olá queridas leitoras? Antes de postar
a continuação do que rola com Taylor e Sally na Austrália, gostaria de
apresentar a vocês um POV Aléxia contando a trajetória de Nícolas e Aléxia em
um breve capítulo. Essa semana foi de provas e o capítulo 64 ainda não está
como eu gostaria, mas o nome dele é “Locked
out of heaven” e será postado no próximo sábado (Sim, será hot). Espero compensar a demora.
Quem aqui ainda se lembra do primeiro amor? Existem alguns sentimentos que nem
o tempo consegue apagar. Confiram o diário de Aléxia e descubram como Nícolas
se tornou essa máquina mortífera e sensual.
“Aléxia,
coloque todos os seus livros na caixa rosa, vamos lacrar tudo para colocar
no caminhão da mudança” lembro-me de ouvir minha mãe ordenar.
A essa altura fica difícil dizer ao certo como
aconteceu, mas quando saímos de Goiânia para morar em São Paulo, não imaginei
que minha vida mudaria tanto. A casa nova era confortável, meu pai queria que
nós tivéssemos uma boa educação, e que saíssemos do interior de Goiás. Suas
fazendas continuariam lá e ele viajaria constantemente para administrar tudo.
Eu
ainda tinha alguns dias de férias antes de iniciar na escola nova, a primeira
série havia sido um grande pesadelo, e por um momento, senti que na segunda
série seria diferente.
Meu
pai já havia me colocado nas aulas de inglês e francês para que eu pudesse iniciá-las
o quanto antes. Aos oito anos, era tarde para estudar piano, mas mesmo assim eu
queria muito aprender a tocar. Eu sempre gostei de música, minha mãe e eu
compartilhávamos essa paixão, ela sempre prometia me colocar para ter aulas de
piano, mas nunca cumpria.
Senti-me
estranha no meu novo quarto, a casa era muito bonita, mas seria difícil não
sentir falta da outra, do enorme quintal, o balanço embaixo do manguezal. As
pessoas vizinhas me olhavam torno, eu não fazia parte do padrão de beleza, bem
acima do peso, cabelo crespo, tímida e com meu péssimo gosto para me vestir
faziam com que as pessoas ao meu redor me julgassem pelo que eu aparentava ser,
mas isso que já conhecia muito bem da escola antiga, pelo menos sobre atrair a
atenção para o que havia de pior em mim não havia mudado.
Meu
primeiro dia de aula havia chegado, vi todas as crianças se aproximarem em
grupos, cada um com seus amigos, com os grupos com os quais se encaixavam, mas
infelizmente mesmo os nerds não cediam espaço para mim.
Eu
parecia ter atraído a atenção da patricinha mais arrogante que existia na
escola, loira, olhos verdes e um cinismo sem igual faziam de Clara a pior
pessoa da escola, as pessoas a idolatravam ou pelo menos fingiam temendo ser
alvo da sua crueldade.
Ela
andava com seu grupo de patricinhas arrogantes, a ironia é que não passavam de
garotas superficiais dispostas a fazer do seu Ensino Fundamental um inferno sem
que eu sequer provocasse sua ira.
O
sino tocou, para mim era como o soar de uma prisão me dizendo que eu estava
livre. Desci as escadas do meu andar e passei pelo corredor das salas
amedrontada, mas ela esperava por mim, não sozinha, ela trazia seu grupinho
aterrorizante com o valentão da escola Cauã, um filho de um deputado corrupto
que agia como se fosse dono do mundo, eu odiava todos eles, odiava São Paulo,
sua rotina corrida, os arranha céus, o ar que me sufocava e odiava a todos
naquela escola.
Clara
se aproximou de mim jogando cola na minha blusa, enquanto Cauã me empurrou
jogando todos os meus livros no chão.
“O
que foi monstrinho?” ele provocou chutando um dos livros.
“Eu
não sou um monstro, me deixe ir, nunca fiz nada para vocês”
“Você
não precisa fazer nada queridinha, a sua existência já é uma agressão a mim”.
Esbravejou Clara cruel.
“Devolva
minhas coisas” pedi com as primeiras lágrimas rolando.
“Vem
pegar” disse Cauã chutando meus materiais no chão.
“Oh
Cauã, deixe a menina em paz!” falou a voz detrás de mim com certo
autoritarismo.
Eu me virei e congelei no chão com a figura
daquela criança e seu jeito generoso focado em mim. Sua beleza angelical era
estonteante levando a uma sensação incomum, seus largos olhos azuis focaram com
uma singeleza sem igual, tremi quando seus lábios rosados pronunciaram as
primeiras palavras dirigidas a mim “Você está bem?” falou com sua voz saindo em
meios aos lábios rosados e dentes alvos como a neve. “Estou” falei quase sem
voz admirando seus cabelos dourados que arrodeavam sua cabeça em um corte
surfista.
“Você
gosta de provocar meninas inocentes, porque não encara alguém do seu tamanho?”.
Disse o loiro empurrando Cauã sobre a parede e enforcando-o furiosamente.
“Nícolas,
não faz isso. Não vale a pena!” pediu a voz prudente que ainda não havia
enxergado após ficar perplexa com o meu mais recente anjo da guarda.
Foquei
meus olhos na menina mais linda que eu já havia visto na minha vida, Deus havia
deixado a porta do céu aberto para que esses anjos houvessem saído lá de cima.
Seus cabelos eram tão longos que quase tocavam o início de suas nádegas, olhos verdes
largos mais lindos que havia visto. Eram irmãos? Imaginei enquanto ficava
maravilhada com os fios dourados, lábios avermelhados, e pele tão branca que
era possível ver através de sua pele.
Ela
tirou Nícolas de cima de Cauã ao passo que se ajoelhou no chão juntando todos
os meus livros.
“Você
está mesmo bem?” perguntou novamente garoto docemente.
“Sim
estou. Obrigada!” agradeci.
“Essa
é minha irmã Sally” falou apontando para a irmã.
“Eu
me chamo Aléxia” falei acenando timidamente.
“Eu
sou Nícolas” falou juntando o livro com cifras das músicas do Legião Urbana que
eu escondia entre os livros.
“Curte
Renato Russo?” perguntou o loiro.
“Eu
toco um pouco e canto algumas músicas”.
“Que
curioso! Uma garota que gosta de Legião Urbana além da minha irmã. Veja Sally”
ele falou chamando a atenção para o pequeno livro de cifras.
“Que
legal. Você é nova aqui não é?”
“Sim...
Mudei-me recentemente”.
“Eu
acho que é meio tarde para lhe dar as boas vindas depois dessa recepção que
teve hoje, mas não perca a esperança. Nem todos são cruéis como o grupo da Clara
Okay?”.
Disse
Sally com um sorriso mostrando-me finalmente seus dentes alvos e perfeitos como
os do irmão.
“Obrigada
por me defenderem. Eles têm pegado do meu pé mais que o normal ultimamente”.
“As
pessoas tendem a rejeitar o que desconhecem Aléxia” comentou Nícolas caminhando
pelo corredor em direção à saída.
Meu
pai estava em São Paulo e havia ido me buscar. Ele me conhecia bem. Notou o
rosto ainda um pouco molhado pelas lágrimas e se preocupou.
“O
que houve?”
“Nada
pai, uma turminha pegando no meu pé, mas já resolvi” expliquei.
“Como
resolveu? Quem são essas pessoas? Irei resolver isso já”.
“Não
se preocupe, eu posso cuidar dela” disse Nícolas se aproximando com o pai que
também os havia ido buscar.
“Você
vai proteger minha filha?” perguntou meu pai com um sorriso olhando a boa
intenção do Nícolas.
“Não
me leve a mal, mas se você interferir só piora Normalmente eles resolvem esses
conflitos entre deles” disse o pai do Nícolas entrando na conversa.
“Quem
é o senhor?” meu pai perguntou curioso.
“A
proposito, esse é meu filho Nícolas. E eu sou José”.
“É
um grande prazer conhecer. Sou Valter”.
“O
prazer é meu” o pai dos irmãos era tão lindo quando eles.
“Seu
filho é um grande garoto pelo que pude ver” elogiou.
“Sua
filha deve ser especial para merecer sua defesa” brincou.
***
O
doce garoto de olhos verdes não saía da minha cabeça. Era estranho e não sabia
como lidaria com aquilo. Será que no dia seguinte trombaria com ele no corredor
novamente?
Não
sei se foi destino, mas percorri o corredor da escola em busca de vê-lo ou sua
irmã, mas não vi ninguém. Temerosa, segui para minha sala tristonha por não ver
Nícolas.
A
professora distribuiu uma poesia e mantou formar duplas e circular os
adjetivos, mas ninguém sentou ao meu lado. Surpreendentemente os fios cor de
ouro adentraram pela porta da sala tomando-me o fôlego. Ele estudava na minha
sala, Nícolas estava ao meu lado todo esse tempo, mas minha timidez e temor
para olhar para os alunos da sala me impediram de nota-lo. Quando visualizei
seus passos em minha direção na mesa em que eu estava. Eu sabia que o amaria
por décadas, senti que embora parecesse impossível, ele me pertenceria algum
dia.
Saímos
juntos da sala e encontramos Sally esperando do lado de fora. A menininha loira
e meiga era minha amiga, percebi isso quando me abraçou.
Daquele dia em diante, uma amizade entre mim,
Nícolas e Sally havia de iniciado, mas não fomos apenas nós. Meu pai ficou
muito amigo do seu José e da Nazaré, nossas famílias se uniram de uma forma tão
grande que meu pai acabou contratando o pai da Sally, recentemente formado em
direito, como seu advogado em São Paulo. Ainda
me recordo de ver a mãe do Nícolas pedir a minha mãe: “Renata deixe Aléxia dormir
aqui em casa hoje. É aniversário da Sally, eles vão acampar no sótão”.
Sally
e Nícolas iniciam aulas de piano e minha mãe finalmente me colocou também, além
de nos encontrarmos na escola que se tornou mais suportável depois que nos
tornamos amigos, ainda tinha as aulas de piano que Nícolas faltava para ir
jogar bola no campinho, além de dormimos um na casa do outro.
Irmãos
sempre brigam, eu vivia em pé de guerra com meus outros dois, mas Aléxia e
Nícolas eram muito unidos, ele cuidava dela e de mim de uma forma tão especial
que me deixava cada dia mais encantada.
Minha
mãe convidou a família da Sally para frequentar a igreja que nós congregávamos
e logo Nícolas e ela formamos um grupo de louvor, muitos choravam quando
cantávamos, era um dom de Deus, sempre ouvíamos todos dizer.
Nícolas
não levava as aulas de piano a sério, mas a igreja sim. Ele lia a bíblia, ia à
Escola Dominical e não faltava ao culto, nem os encontros de jovens e
congressos que sempre éramos convidados a cantar. Ele tinha um comprometimento
muito grande.
Eu
sentia uma grande admiração por eles, e Nícolas era um grande companheiro para
tudo. Na festa de formatura do Ensino Fundamental ele deixou de ir com seu par
para ir comigo já que ninguém queria levar a gorda na festa.
Quando
entramos no Ensino Médio as coisas se intensificaram e a admiração que eu
sentia acabou se tornando algo mais sério. Meu coração já sentia, entretanto só
percebi quando Nícolas arrumou sua primeira namorada, Julia, uma aspirante a
intelectual que tinha tudo o que queria, inclusive o menino mais lindo da
escola. Ele vencia todos os concursos de rei da primavera e do milho ou
qualquer coisa que se propusesse a fazer. Nícolas conseguia tudo que queria com
sua beleza e todos o amavam, mesmo as professora de matemática mais rabugenta da
escola, a dona Lúcifer se deixava cativar pelo seu jeito extrovertido.
A
parte pior era ter que ouvi-lo me contar cada detalhe do seu primeiro beijo e
sobre a forma como ele descobria seu primeiro amor, doía, porque ele era o meu
e não havia qualquer chance daquilo mudar. Ele
era o típico garoto popular, lindo disputado, atleta, só que ao invés de ser
cruel como Cauã, ele era bondoso e muito protetor.
Nícolas
e eu nos apaixonamos pelo mesmo artista na adolescência, Justin Timberlake,
éramos viciados nele, suas músicas e Nícolas se vestia como ele, na verdade
havia uma sintonia entre nós três, o amor de fã era bem normal entre nós, quer
fosse pela paixão compartilhada por mim e Nícolas ao Justin ou o amor de Sally
por Taylor Lautner, o lobo da saga Crepúsculo.
Quando queríamos irritar um ao outro bastava
falar mal do ídolo, mas Sally era mais obcecada pelo Taylor, do que eu por
Justin Timberlake, sempre brincávamos com isso, mas um dia descobriríamos que
ela o amava de verdade.
Nícolas
adorava Justin para ouvir, mas não para cantar, ele amava cantar Gun’s Roses,
Kurt Cobain, e muitos outros, Sally arrasava com Shania Twain e encarava tudo,
eu era mais tímida, e por isso Nícolas sempre reclamava que eu não soltava
minha voz.
Nícolas
era ainda mais cobiçado no Ensino médio, contudo era tão apaixonado por Julia
que não via ninguém além dela. Todos nós éramos apaixonados de maneiras
diferentes, Sally a mais nova, tinha um amor platônico por Taylor Lautner aos
11 anos, Eu estava apaixonada pelo meu melhor amigo e Nícolas era completamente
cego por Júlia ao ponto de fazer tudo que ela queria, inclusive passar menos
tempo comigo.
Eu
nunca me esforcei para ter a amizade dela, eu o amava e ser falsa nunca foi
minha prioridade e ela sabia disso, minha antipatia me entregava ao ponto de
ela saber pela forma como eu o olhava que eu sentia algo mais, só que pela
minha aparência ela não me via como ameaça e sempre buscava beijá-lo na minha
frente, apenas por diversão.
Julia
me irritava pelo simples fato de respirar, eu via sua falsidade com as amigas,
a inveja que tinha de quem era mais popular que ela, apesar que ninguém tinha
notado ela até namorar o príncipe da escola.
Nícolas
queria converter Julia à nossa religião e tentava levá-la a nossa igreja, mas
era como se ela não gostasse. Ela curtia festinhas ainda muito nova, e acabou
levando Nícolas a beber e faltar aula para ir ao parque, ao circo ou em qualquer
lugar que não fosse a escola e igreja.
Julia
o dominava de tal forma que com o tempo Nícolas perdeu o interesse de ir à
igreja e passou a frequentar baile funks, festas e caiu seu rendimento na
escola. Um dos momentos mais difíceis da minha vida foi quando ele me disse que
eles teriam sua primeira vez, mas no dia seguinte ele disse que ela havia
recuado, pois ela não estava pronta.
Alguns
dias depois Arlan, um garoto as sala dela me pediu ajuda em física, e estudamos
juntos por dois fins de semana, acabamos desfrutando de uma amizade a parte,
era bom ter alguém além do Nícolas um amigo por quem eu não estivesse
apaixonada.
O
grande dilema veio quando Arlan se sentiu confortável para se abrir comigo, o
que me levou a questionar minha amizade com Nícolas já que em umas de suas
revelações estava seu relacionamento secreto com Julia, que de virgem não tinha
nada.
A
boa moça não passava de uma vagabunda juvenil que adorava desfilar de mãos
dadas com o namoradinho em público enquanto festejava com perversões, além da
idade.
Sally
me disse que se eu não contasse, ela contaria. Temi, eu sabia que seus
sentimentos por Julia eram sinceros. Procurei por ele ciente de que seu coração
seria partido.
Nícolas
deveria viajar ao Rio de Janeiro com seu pai para apoiá-lo em uma causa
importante de Pedofilia, Nazaré não pode acompanhá-lo, pois estava cuidando da
minha mãe durante o resguardo da minha irmãzinha que havia acabado de nascer
após uma cesariana complicada.
Eu
contaria assim que Nícolas voltasse, mas o voo foi cancelado por uma chuva no
aeroporto Tom Jobim, e empalideci com seu súbito retorno quando Sally me avisou
por telefone. Nícolas foi até a casa de Júlia, era seu aniversário e ele havia
ficado triste em deixa-la sozinha nesse dia. Eu não podia revelar aquilo no
aniversário dela. Guardei comigo para contar a ele no dia seguinte.
A
suposta virgem extrapolava os limites com Arlan e bancava a virgem não querendo
tranzar com ele, isso me fazia odiá-la ainda mais.
Nícolas
seguiu até a casa dela sua mãe disse que a festa era na casa do Cauã, o que o
deixou zangado o suficiente para ir atrás dela. Ela havia mentido sobre onde
seria sua festa e isso o deixou furioso.
Tentei
contar a ele, mas poderia não acreditar em mim e Julia poderia me acusar de
gostar dele e meu segredo guardado a sete chaves seriam relevado fazendo-me
mais ridícula do que já era.
Naquela
noite Nazaré recebeu uma ligação da delegacia. Nícolas foi detido por agredir
Cauã após pegá-lo tranzando em um dos quartos com Júlia. No dia seguinte os
comentários na escola eram mais fortes. Soubemos dos relatos pela boca das
pessoas que estavam na festa, porque Nícolas nunca tocou no assunto.
Cauã
ficou internado no Hospital e Julia foi desmascarada na frente de todo mundo.
Soubemos que ela tentou tirar Nícolas de cima de Cauã ficando completamente nua
na frente de todos.
Arlan
disse a mim que ele olhou-a enojado e quase vomitou sobre o corpo de Julia que
ele havia desejado e que agora era apenas o corpo de uma vagabunda que só
queria sexo e não amor.
Julia
não sabia, mas havia destruído qualquer vestígio de caráter levando Nícolas a
ver as mulheres apenas como um objeto sexual, ele daria a muitas mulheres o que
Julia queria, apenas prazer por uma noite apenas e nada mais.
Tentei
conversar, consolar, mas ele se sentia um idiota por ter se entregado tão
facilmente a sua namorada promíscua.
Ele
nunca mais foi o mesmo. Todos sabiam da traição. Nícolas mudou completamente.
Aquele
acontecimento ainda não seria o que nos separaria. No dia seguinte José perdeu sua primeira causa
como advogado.
A
causa do caso de pedofilia que levaria a família Tedesco a ruína. Nunca entendemos porque aquela causa
significava tanto. Nazaré perdeu a motivação de ir à igreja, e José parecia não
se perdoar por perder a causa de um pedófilo que estuprou e queimou viva uma
criança de 2 anos.
Cada
um com sua dor, se entregavam cada vez mais a amargura. Os pais de Sally bebiam
muito e perderam a razão de viver, pelo menos era o que víamos, sempre faltavam
peças que não se encaixavam, mas meus pais sempre ocultavam esse tipo de
conversa de nós.
Nícolas
nunca mais amou ou confiou em uma mulher novamente, pelo contrário, ele tratava
a todas como Julia gostava de ser tratada. Toda a frustação que ele tinha por
não ser o primeiro homem dela, não o impediu de desvirginar muitas outras
meninas.
Sally
e eu éramos seu modelo de pureza e lealdade, e somente a nós ele dedicaria seu
amor. Quando Nícolas deveria entrar para a USP e fazer direito, recusou
deixando seu pai furioso.
Ele
queria ser famoso, não queria seguir a mesma carreira do pai, mesmo porque sua
reputação de advogado de renome foi manchada pela causa perdida. Nossa vida
virou um inferno.
Nícolas
brigou com seu pai e saiu de casa deixando Sally com apenas 16 anos e o
casamento dos pais em crise. Nazaré e José sequer se falavam senão para ofender
um ao outro.
Sally
percorria pelo bairro em busca do seu pai encontrando-o em um boteco de quinta
categoria que era onde se sentia a vontade, pois ninguém o conhecia.
Nazaré
perdeu o interesse pela filha quando seu filho favorito desapareceu.
Eu
não pude continuar em São Paulo depois que Nícolas foi embora, pois quando eu
via Sally eu o via também, via seu sorriso, sua doçura que agora era só
amargura.
Decidida
a esquecê-lo fui morar em São Paulo. Quando fiz 18 anos meus pais não hesitaram
em me dar um apartamento. Deixei Sally com meu coração apertado, mas estar
perto dela era uma tortura uma vez que até a cor e o cheiro dos seus cabelos me
lembraram dele.
Sally
ficou em uma grande depressão sem nós dois. Todos sofriam longe um do outro.
Éramos um todo fragmentado, corações partidos e um sentimento em comum:
saudades dos velhos tempos.
Depois
de muito tempo pude ouvir a voz de Sally feliz. Sua respiração ofegava ao
telefone e por um momento achei que fosse enfartar. O motivo de sua felicidade,
obviamente envolvia ele, o dono do sorriso que a fazia esquecer tudo: Taylor
Lautner.
Sally
venceu um concurso para conhecer Taylor em Los Angeles, e eu chorei ao vê-la
tão contente com isso.
“Eu
só preciso de uma chance” desabou Sally em lágrimas e desligou, deixando-me
entregue as minhas reflexões e pensando onde Nícolas poderia estar.
Meu
coração gritava de tanta dor por cada minuto sem tê-lo, eu sabia que ele era
problema, mas nunca, sequer por um segundo deixei de amá-lo por causa disso.