Paixão proibida: O diário de Aléxia - Capítulo 2: Time of your Life


Capa: Robson Basílio
Texto/Fic: @ValzinhaBarreto
Beta: Letícia Monteiro
Música tema: Fell For You (Green Day)

         
           Eu havia tido notícia de Nícolas, mas meu coração lastimava não vê-lo há tanto tempo e revê-lo tornava-se apenas uma expectativa distante.
            Sally havia conseguido sua almejada chance com Taylor Lautner, mas quando o adeus foi inevitável, eu pude vê-la sofrer tanto quanto eu e isso de alguma forma parecia atrair minha dor e meus sentimentos por Nícolas como se fosse um ímã.
            Sally chegou de Los Angeles com seu coração partido, mas disposta a lutar por ele, embora sua tristeza a incentivasse a se tornar artista somente para entrar no mundo dele, eu me sentia mal, pois nunca havia feito nada para conquistar Nícolas ou mesmo encontrá-lo.
            Eu temia perder o controle e estragar nossa amizade, perdendo-o para sempre, e eu faria qualquer coisa para tê-lo por perto.
            Após algum tempo, percebi que a dor que eu sentia e a saudade, ainda eram iguais. Nícolas e Taylor ainda eram tudo que eu e minha melhor amiga mais queríamos e nas vésperas do natal, tudo se tornava ainda mais doloroso.
            Na manhã do dia 23 de dezembro, acordei com a voz de Sally cantarolando “Sweet home Alabama” pelo corredor em minha direção e soava com uma empolgação maquiada, talvez para que eu e ela tivéssemos pelo menos naquela data, um pouco de paz.
“Bom dia Sally”
“Bom dia Aléxia!”
“Vamos comprar nossa árvore?” Convidei pouco motivada.
“Ah, sim, claro. Todos os anos compramos nossa árvore de natal juntas, esse ano não será diferente, porque seria?”
“A tradição não está completa. Falta o Nícolas” Lembrei com um vazio.
“Uma hora ele tem que aparecer Aléxia” Ela Tentou me consolar.
“Não acredito muito nisso” Avisei cansada.
“Como não acredita? Ele é meu irmão, mas só ligou para você”.

“Ele ligou para saber como você estava Sally. Ele pode ser um galinha pervertido, mas se preocupada com a família. Até mesmo com seu pai que foi o motivo da sua ida”.
“Meu pai e o Nícolas são muito parecidos. Por isso brigam tanto. Eles são como um espelho”.
“Parecidos? Claro que não Sally. Seu pai não é safado”.
“Ele não é mais safado, tem uma diferença. Ele era safado, minha mãe conta várias histórias de quanto eles se conheceram. Ficaria surpresa”.
“E como ele mudou dessa forma?”.
“Com o nascimento do Nícolas!” Respondi.
“Seu pai mudou por causa do filho? Parece coisa de novela esse tipo de transformação que chega com a paternidade”.
“Nícolas também vai mudar. Ele é jovem e está só passando por uma fase. Um dia ele vai cansar e querer casar, ter filhos e ficar com alguém que ele ame”.
“Não consigo imaginar Nícolas amando alguém que não seja ele mesmo”.
            Eu e Sally compramos nossa árvore e a enfeitamos com tudo que gostamos. Ficou linda. Colocamos nossos presentes debaixo dela e fizemos 3 pedidos como eu, ela e Nícolas fazíamos.
Nossos pais viriam para passar o natal conosco, nós não iríamos preparar a ceia, era por conta deles.
             Decoramos a casa, e com todo aquele clima não pude deixar de pensar em como seria o natal do Nícolas. Onde estava? Com quem passaria? Quem cuidava dele quando adoecia? Meus pensamentos deixavam-me confusa e minha mente pesava.
            Ouvimos uma batida na porta.
            “Quem será?” Sally indagou franzindo a testa.
            “Não sei, eles só deveriam chegar amanhã”.
            Ao abrir notei que Sally havia ficado em choque e eu a segui do mesmo modo assim que meus olhos visualizaram a sua pele rosada, marcada pelo bronze do sol, seus olhos claros abriam e fechavam dissimulados, bandoleiro. Seus cabelos partidos meio de lado com alguns fios caindo sobre a testa e outros ousando espetar acima da cabeça. Eu não podia acreditar.
            Continuei atrás da Sally e vi meu coração pular feito um louco antes mesmo que ele colocasse qualquer palavra em sua boca, era Nícolas, meu amor estava diante de mim.
            “Oiiiiii irmãzinha???? Feliz Natal!” ele disse abraçando Sally.
            “Feliz natal? Eu te vou te matar Nícolas” Sally saiu brava em sua direção como se fosse lhe dá uma surra.
            “Cadê seu espírito natalino Sally?” Perguntou Nícolas entrando e fechando a porta.
            “Dane-se o natal! Onde você esteve?” Sally continuou interrogando-o enquanto eu mantinha-me presa ao chão sem nada dizer.
            Nícolas olhou ao redor do apartamento e fixando-se em mim da cabeça aos pés, esboçou um sorriso safado em seu rosto e mordeu seu lábio como se fosse me devorar.
            Eu não esperava por isso, mas confesso que uma parte de mim adorou ver sua cobiça, ainda que sua arrogância e autoconfiança o enlevassem ao semideus que ele imaginava ser.
            Ele olhou para Sally, em seguida para mim se preparando para a asneira que diria, ou me zoaria pelo mini short que eu usava.
            “Uiiiii! Amiguinha nova. Gostosa hein? Adorei! É um prazer” Disse Nícolas olhando-me novamente. Ele estava fingindo que não havia me reconhecido. Era um de seus jogos?
            “Ela não é uma amiga nova, Nícolas”.
            “Ah nãoooo? Foda-se! Quero ver Aléxia. Estou com muuuuuita saudades” Ele disse deixando-me consternada em sua frente, enquanto mantinha meus olhos seguindo a cada passo seu transitando pela sala me procurando.
            Eu estava em choque e tão apavorada diante do grande amor, que fui incapaz de dizer que era eu mesma ali diante dele. Nícolas não havia me reconhecido após tantas mudanças físicas.
            Sem respostas, mas sem se preocupar com o motivo, Nícolas se dirigiu até a cozinha para ver o que tinha na geladeira para comer e eu apenas me sentei no sofá deixando sair meus primeiros soluços de choro e decepção.
            Perdida entre as lágrimas e com o meu coração cheio de saudade, voltei ao quarto para que Nícolas não me visse no estado em que estava. Sally se aproveitou da minha ausência para esclarecer tudo a ele. Falou sobre a academia, o aparelho e tudo que eu havia feito para melhorar minha aparência, mas não revelou que em parte era por causa dele.
            Meu amor por ele era guardado na mais profunda fenda que havia no meu coração. Parecia que eu sempre fora apaixonada por ele mesmo antes de saber o que era o amor, mesmo antes de saber o quanto doía, como se minha existência não fosse para nada, senão para amá-lo.
             Muitas e muitas vezes tive vontade contar como eu me sentia, contar a ele que o amava desde quando ele me estendeu a mão quando éramos crianças inocentes, mas Nícolas não era mais o anjinho loiro que havia me salvado naquela ocasião. Ele era o loiro diabólico que deslumbrava não só o meu, mas muitos outros corações.
            Após me recompor do desespero de estar diante dele novamente, notei o quanto ele havia ficado perplexo ao saber que era eu ali.
            Nícolas sentiu-se culpado pela forma como se dirigiu a mim, ele era um canalha, mas não misturava as amizades com sexo, muito menos eu, que ele considerava como uma irmã.
            Ele se aproximou um pouco tímido como se buscasse palavras para falar, como se pudesse concertar as que as havia pronunciado há pouco.
            “Noooooosa! Você tá muito gata, Aléxia. Nem te reconheci. Desculpe-me por isso, e pela forma como falei com você. Eu não como minhas amigas, você me conhece melhor que ninguém. Achei que fosse carne nova que Sally havia trazido de Los Angeles”.
            “Como sabe sobre LA?” Sally interrompeu imediatamente.
            Nícolas fez muitas perguntas sobre Los Angeles, ele era inteligente demais para não supor que ela iria se mudar para lá e mais inteligente ainda por achar na sua partida uma chance para ser a sua também.
            Sally conseguiu finalmente uma oportunidade, era a hora do seu ensaio de fotográfico com a Ford Models e de algum modo eu sabia que ela não mais voltaria.
            Eu não estava surpresa, eu vi em seus olhos seus planos, e em menos de 10 minutos de conversa. Ele parecia ter idealizado tudo, ele não perderia a oportunidade de segui-la até lá e ao perceber que ele faria isso, desejei ir com ele.
            “Sally vai ficar em Los Angeles não é?” perguntou ele com um sorrido.
            “Não sei” disfarcei.
            “Ela está namorando o galã milionário?”.
            “Não sei Nícolas, porque não perguntou isso a ela?”.
            “Ela vai subir na vida com esse cara”.
            “O que está dizendo? Até parece que Sally iria se promover as custas de outra pessoa ou se relacionar com alguém por interesse. Ela não precisa disso, pode se dar bem como modelo ou qualquer outra coisa. Ela tem talento” defendi vendo-o contente por me fazer dizer o que ele queria saber.
            “Então ela vai ser modelo?”.
            “Não sei... Quero dizer... Quem sabe, ela é linda, tem beleza americana, pode ser, mas não estou afirmando”.
            “Eu espero que ela consiga” disse com um meio sorriso.
            “Eu vou embora, penso em ir ao Capão da Cano”.
            “Vai visitar a Rafaela?”.
            “Sim, eu fiquei um ano na casa deles e acho que devo voltar para ver como as coisas estão”.
            “Não vá” pedi vendo-o surpreso com meu pedido.
            “Não aguento esse tédio Léxi. Quero sair, quero me divertir, nós, a Rafa e eu saíamos muito lá, quero isso de volta”.
            “Porque saiu de lá?”.
            “Nós quase confundimos as coisas então me afastei antes de fazer algo que nos arrependêssemos” ele revelou deixando-me quieta.
            “O que? Vocês são primos!”
            “Por isso eu saí de lá Aléxia”.
            “Você quis tranzar com a Rafaela?”.
            “Parece estranho, eu sei, mas na hora, os cachos negros, os olhos azuis, a boca rosada, aquele jeitinho que ela tem... Mas eu não cedi Okay?”.
            “E ela?”
            “Estava igualmente atraída, mas deve ter entendido que era melhor nem tentar”.
            “Eu nunca te perdoarei se magoar a Rafa”.
            “Eu nunca tocaria nela”.
            “Espero mesmo”.
            “Entende porque preciso ver como ela esta?”.
            “Entendo, mas acho que se afastar será mais apropriado”.
            “Então, nesse caso, só me resta LA!” ele falou como se já não estivesse decidido a ir desde o início.
            “Isso sobre a Rafaela era papo furado! Quis ir a Los Angeles desde o início seu mentiroso”.
            “Ui ui ui, me pegou haha. Não vejo a Rafaela desde o aniversário da Sally em  2008”.
            “Seu idiota. Fiquei preocupada com seus dedos sujos nela”.
            “Não fique. Tem tanta buceta por aí, porque eu comeria minha prima?”.
            “Porque você não pode ver uma vagina e isso é fato!”.
            “Isso não é verdade”.
            “Ah, claro, você é um santo Nick”.
            “Não me chama de Nick!” disse chateado e se afastando.
            Me senti culpada por chamá-lo daquela forma e fazê-lo lembrar do quanto aquele apelido o assombrava.
            “Desculpa não queria te irritar”.
            “Mas conseguiu”.
            Eu precisava mudar de assunto, então pegando carona sobre as nostalgias de relembrar dos primos, perguntei por seu outro primo.
            “E Rob?”.
            Nícolas refletiu por um momento.
            “Eu falei com ele antes de vir para cá, ele anda estranho, mas não sei o que é, nem perguntei nada”.
            “Você só se importa com você, às vezes me esqueço disso”.
            “Procure não esquecer então querida”.
            Eu o havia irritado trazendo a tona a traição que o havia afetado ao ponto de não mais acreditar no amor, eu, contudo, tentei acreditar por diversas vezes que em um ou outro momento ele se apaixonaria por alguém, mas ele tinha uma regra que não quebrava: ele apenas transava com uma mulher por uma noite.
            Nícolas olhou-me por um momento antes de sair pela porta e nada disse. Eu o vi desaparecer e lamentei não tê-lo abraçado antes que fosse atrás da Sally em Los Angeles.
            Tê-lo de volta e perto de mim me fez ter a certeza de que não poderia viver sem ele novamente. Embora essa certeza fosse me levar a uma atitude pouco aprovada pela família, não faria sentido ser médica, advogada ou qualquer outra coisa, pois sem ele, eu não era eu mesma e amá-lo fazia parte de quem eu era, de quem eu queria ser.
            Liguei para Sally para avisá-la sobre a ida do Nicolas. Meu coração havia arquitetado todo o plano para tê-lo por perto.
            “Alô?” Ela disse com a voz rouca de quem ainda dormia.
            “Bom dia Sally?”
            “Bom dia Aléxia, tudo bem amiga?”.
            “Nicolas está chegando a Los Angeles há essa hora”.
            “Como assim chegando em Los Angeles?”.
            “Eu não quis te dizer por que era tarde ontem. Nícolas viu você saindo com Ashton várias vezes, viu vocês na Ford Models e entendeu que você estava planejando ser modelo. Ele fez mil insinuações sobre vocês estarem namorando. Você sabe como ele é” Avisei.
            “Você contou a ele Aléxia?”.
            “Contei. Ele ia embora novamente... Você sabe que não posso perder ele de novo”.
            “Até que parte contou a ele?”.
            “Falei sobre sua amizade com Ashton, sobre ser modelo e atriz. Não disse nada sobre Taylor”.
            “Santo Cristo!”.
            “Desculpe-me Sally. Ele foi com todas as suas coisas e...” Chorei.
            “Não chora, por favor... Era esperado que ele viesse atrás de mim. Ele acha que pode se dar bem como cantor aqui. A culpa não é sua. Não estou brava”.
            “Não estou chorando por isso...”.
            “Aconteceu mais alguma coisa? Por que está chorando então?”
            “Preciso dele... Preciso estar por perto. Preciso cuidar dele. Não posso deixar ele em Los Angeles sozinho... Tem ideia do que pode acontecer com ele?”.
            “Sim... Tenho ideia...”.
            “Tranquei minha matrícula na universidade ontem à tarde”.
            “Você enlouqueceu Aléxia?”.
            “Sim... Enlouqueci como você”.
            “Espero que não esteja passando pela sua mente o que passou pela minha”.
            “É tarde demais Sally. Nícolas deve estar chegando à Los Angeles no voo das dez horas e eu já comprei minha passagem”.
            “Não faz isso amiga. E seus pais? Eles vão me odiar e com toda razão, a culpa é minha!” Sally lamentava meu futuro desperdiçado.
            “Eles disseram que vão me matar, mas não estarei aqui quando chegarem”.
            “Você não pode fazer isso”.
            “Eu posso sim. Você deixou sua vida, inclusive seu curso de atriz para entrar no mundo do Taylor¹. Eu não sou idiota. Sally, eu sei que você não vai mais voltar e eu não posso ficar sem você e seu irmão”.
            “E seu futuro Aléxia?”.
            “Que futuro Sally? Daqui há 100 anos estaremos todos mortos. Que diferença faz se fui uma médica ou uma balconista? Eu quero viver minha vida, quero conhecer caras, e se algum dia assim como seu pai mudou, o Nícolas pode mudar e eu lutarei por ele. O que tiver que ser será, mas não vou jogar minha juventude fora por causa do meu primeiro amor... Eu quero ter outros amores...”.
            “Por Deus Aléxia! Não sei o que você fumou, mas eu quero um pouco”.
            “Virou piadista agora?”.
            “Estou testando minhas habilidades para o humor”.
            Embora sua recusa em aceitar minha ida para Los Angeles, Sally me queria por perto e eu sabia que poderia ajuda-la bem mais. Para a maioria das pessoas, deixar um emprego ou a carreira é como abrir mão da vida quando na verdade isso não é viver, a vida não é só isso, mais importante do que ter o que queremos, é ter quem queremos ao nosso lado, afinal, a vida não é feita de momentos? Do que adiantaria ter tudo que sonhamos sem que as pessoas que fazem parte do sonho realizado são inalcançáveis?
            Eu queria ir embora, eu temia uma vida em um hospital trancada ou em uma empresa fechada, mofando enquanto a vida passa lá fora. A voz de Sally se calou por um momento, ela não estava bem. Mudei de assunto, eu queria saber sobre o andamento dos seus projetos em LA. Retomamos a conversa deixando meus pensamentos de lado que de nada serviam diante da situação em questão.
            “E o lançamento da Esquire quando sai?”
            “Daqui há um mês”.
            “Não vejo a hora. Como está o Ashton?” Perguntei sarcástica.
            “Aff, Aléxia. Você é muito puxa saco do Taylor” Sally resmungou.
            “Okay desculpe. Como ele está?”
            “Vai bem”.
            “Sua voz está triste. O que houve?”.
            “Taylor estava no “O Red²” com Ashley Benson. Eles estão namorando”.
            “Ah meu Deus Sally! Sinto muito deve ter sido horrível”.
            “Sim... Foi um pesadelo...”.
            “Quando eu chegar aí vou querer saber de cada detalhe”.
            “Eu estou me sentindo mal por estar feliz com sua vinda. É egoísta da minha parte, mas eu preciso muito do seu abraço e de você aqui...”.
            “E eu te digo o mesmo. Acho que não existe mais vida no Brasil para nenhuma de nós”.
            “Nossa vida está aqui. Vou me organizar para buscar o diabo loiro no LAX. Obrigada por escolher a nós Léxi”.
            “Tudo bem... Até mais” Desliguei.
            Eu mal conseguia acreditar na reviravolta que a minha vida havia dado e em como eu estava feliz por ficar com Nícolas e minha melhor amiga em Los Angeles.
            A casa era agradável, havia 3 quartos e me sentia a vontade, embora Nícolas desfilasse pelos cômodos da casa apenas com sua box Calvin Klein e seus músculos desenhados fazendo dele quase irreal de tão perfeito.
            Nossa vida era tranquila, demorei um pouco para sair por Los Angeles, Nícolas, porém conseguiu a simpatia do Taylor e foi à sua festa de aniversário no boliche “Lucky Strike”.
             Ele deu um porre no Taylor para comemorar os seus 21 anos. Os dois chegaram há poucos minutos das 04h30min da manhã, eu estava preocupada, e isso se tornava mais forte com a angustia de Sally e a forma que circulava pela sala preocupada imaginando diversas tragédias diferentes, que havia feito Nícolas amanhecer na rua.
            Sally e eu temíamos porque Nícolas não conhecia Los Angeles e pensávamos que ele poderia ter sido preso ou dormido bêbado na casa de alguém, de um desconhecido ou... Nossos pensamentos foram interrompidos pela gargalhada extravagante de Nícolas e Taylor se aproximando da porta.
            Oh..., Deus.
            A constatação da gargalhada deixou Sally imóvel, era o grande Taylor Lautner estava sendo íntimo de seu irmão? Atônita, ela foi incapaz de abrir a porta e conferir o que eu mais temia: Taylor havia tomado seu primeiro porre graças a Nícolas que estava quase do mesmo patamar.
            Após Sally presenciar o romance do Taylor com Ashley no restaurante, a última coisa que ela queria era vê-lo ou falar com ele.
             “Amor, eu cheguei! Abre aí vai.” Suplicou Taylor do outro lado da porta voltando a gargalhar. Apareci na porta de súbito e abri a porta ficando também chocada com a visão de Nícolas e Taylor de ombros unidos, se apoiando um no outro para ficar em pé. Nícolas estava mais sóbrio porque já era acostumado. Mas Taylor... Era uma negação.
            “O que houve? Meu Deus! Vocês enlouqueceram? São 5 da manhã!” Falei puxando Nícolas enquanto Sally, perplexa, se esforçava para apoiar Taylor para que ele não fosse ao chão.
            “Quem trouxe vocês?” Sally perguntou com a voz em um tom elevado, agudo, quase furioso enquanto lhes jogava as palavras.
            “Não me diga que dirigiram nesse estado?” Bradei furiosa encarando Nícolas que sorriu com sua enorme boca.
            “Calma aí maninha, você sabe muito bem que eu dirijo melhor quanto estou bêbado” Nícolas tentou inutilmente consolar a irmã enquanto me olhava cínico.
            Nícolas queria ajudar Taylor, mas não estava em condições nem de ajudar ele mesmo. Ele estava tão bonito e feliz que parecia ter esquecido meu deslize ao chamá-lo de Nick. Sentado no sofá ele parecia manter seus pensamentos longe, concentrado e olhando constantemente enquanto pensava.
             “Você precisa tomar um banho e melhorar um pouco antes de dormir” Falei entendendo minha mão para leva-lo até o banheiro.
            “Eu topo” Disse com um meio sorriso.
            Nícolas se aproximou da porta do banheiro e pediu ajuda para tirar a roupa com um olhar que o tornava superficialmente vulnerável. Tentei me concentrar o quanto podia, mas ele era deslumbrante e mesmo o seu cheiro era tão agradável que eu poderia fazer do seu pescoço minha morada.
            Enquanto tirava as mangas da camisa, toquei seus braços sentindo os músculos tonificados com um aroma ainda mais forte, que exalava seu pescoço balsâmico.
             O perfume que saía de suas mechas loiras tornava-me escrava daquela essência que me deixava ainda mais insana e ansiosa para visualizar todo o resto.
            Tirei a camisa e joguei em cima da cama. Ele apenas olhou e esperou ajuda com o cinto. Constrangida, me sentia dividida, entre a mulher que desejava tê-lo e a que não deveria tê-lo, dualidades, coisas que meu amor por Nícolas sempre me fazia encarar.
            Desejei saber o que passou em sua cabeça quando ele esboçou um sorriso malicioso em seu rosto, mas eu não conseguia parar de olhar o quão perfeito ele era, em cada curva, cada detalhe que faziam dele um entorpecente que parecia me viciar.
             De alguma forma, eu queria tirar toda a sua roupa e ver o que deixava as mulheres tão loucas, pois eu não havia me apaixonado pela sua beleza e sim pela sua doçura, pois mesmo depois de se transformar em um canalha, ele ainda era o loiro gracioso que eu amava, muito escondido e mascarado, aquele anjo sereno estava ali em algum lugar.
            Abri o zíper da calça buscando forças para ignorar seus lábios tão rosados e sua expressão mal encarada, brusca e atenciosa, os olhos verdes pareciam jogar flashes de luzes deixando-me confusa e temerosa.      Prestes a perder o controle, respirei fundo e desci sua calça constrangida, mas ele não, ele parecia adorar aquela situação.
            Ele levantou as pernas e se livrou dela por completo, enquanto observava minha reação ao vê-lo de cueca, mas olhei apenas rapidamente visualizando o seu rosto e me concentrando nele, todavia, sua expressão facial não tornava nada mais fácil.
            Nícolas me observava carinhosamente, como se há muito tempo não me visse, havia admiração em seu olhar, era como se minhas mudanças físicas o deixasse surpreso, como se me visse pela primeira vez.
            Ele se aproximou lentamente do meu rosto certo de que eu perderia o controle e confesso que o teria feito, mas eu sempre sentia a sensação de estar sendo observada. Ele olhava-me concentrado e sério.
            “O que foi?” Perguntei notando a admiração de Nícolas.
            “Nada... Você está diferente Lexi” ele respondeu parecendo estar assustado consigo mesmo.
            “Você está tão bêbado assim ao ponto de me elogiar?” Perguntei descrente do seu comentário.
             “Quanto mais bêbado, mais sincero”. Ele gracejou dotado de grande esperteza.
            “Entendi perfeitamente Nícolas.” Encerrei me afastando e ao me virar vi Sally. Eu sabia que estava sendo observada e isso talvez tenha sido o que tenha me salvo de mim mesma.
            Os olhos de Sally se arregalaram com a cena, mas disfarçou rapidamente.
            “Quero uma roupa do Nícolas para que o Taylor possa se vestir.”
            “As roupas dele estão na mala, pode pegar qualquer uma.” murmurei sem graça. Sally deu um sorriso rápido e entrou pela porta.
            “Está bem..., vou pegar.”
            Depois daquele dia Nícolas ficava reflexivo em alguns momentos, às vezes era ele mesmo, só fazia as coisas de sempre, pornografia na Internet, postava fotos no Facebook do seu abs³ na frente do espelho, ele adorava os elogios, adorava ver as garotas comentando na sua timeline.
            Quando não estava vendo Red Tube, ficava sentado bebendo caipirinha à beira mar ou assistia aos filmes do Tarantino e o banho de sangue que tanto apreciava.
            Ele estava interessado em Eduarda Moraes, a herdeira da Ford Models, agência da qual Sally fazia parte.
            Sally foi convidada para a festa pós-óscar da Vanity Fair, e todos fomos, apesar de saber que eu passaria raiva com as safadezas do Nícolas, eu não saía muito e Justin Timberlake poderia estar lá.
            Ao chegar me senti deslocada. Ashton não havia chegado ainda, mas o loiro diabólico parecia se divertir olhando o bumbum de todas as mulheres que entravam na festa. Era praticamente impossível não ouvir seus sussurros, conforme os vestidos que as mulheres usavam balançavam em seus corpos a cada movimento dos mesmos.
            “Está gostando da festa Nícolas?” Sally perguntou irônica, mas ele nem mesmo a olhou para lhe responder, pelo contrário, manteve seus olhos sob os decotes escandalosos das celebridades que andam pelo red carpet.
            “Estou adorando,” ele murmurou de forma arrastada e continuou com um meio sorriso:
             “Olha aquela mulher com aquele vestido lilás, esse aí nem dá trabalho”.
            “Por que não dá trabalho?” Sally perguntou confusa, esquecendo-se de que era um comentário do Nícolas e não de um cara qualquer.
            “Esse vestido tem dois cortes desde as coxas dela até a barra.” Explicou olhando para Sally pela primeira vez, então voltou o olhar para a mulher “Nem dá trabalho. Eu viro o corte para frente, levando um pouquinho para cima e só empurro”.
            “Ninguém merece!” exasperei irritada, apesar desse tipo de comentário ser bastante comum.
            “Você só empurra? É serio?” a voz de Eduarda Morais, a herdeira da Ford Models soou atrás de nós fazendo todos se voltarem para sua figura.
            “Eduarda com esse vestido não dá, mas com esse seu decote fica fácil uma espanhola.” provocou Nícolas sorrindo maliciosamente.
            “Eu continuo achando que você não faz metade do que sai dessa sua boca”. Disse Eduarda Morais, desafiando-o.
            “Eu só preciso de 5 minutos para mostrar a você o que eu faço com minha boca” Gesticulou Nícolas vibrando a língua simbolizando o sexo oral que pretendia fazer nela.
            “Vamos ver se no final da noite essa sua língua não vai dar câimbra.” Disse maliciosamente, Eduarda Morais com seus olhos fixos na língua de Nícolas como se imaginasse a cena.
            “Em respeito a minha irmã não vou dizer o que é que vai dar câimbra”. Ele encerrou parecendo notar minha cara enojada.
            “Vamos procurar um lugar para nos sentarmos?” perguntei aflita para dar fim aquele papo pervertido.
            “Vocês não precisam procurar um lugar. Vocês tem uma reserva”. Eduarda avisou de volta ao modo profissional enquanto gesticulava com as mãos.
             “Na verdade, vocês têm uma reserva exatamente naquela mesa ali, nos lugares vagos próximos ao elenco dos filmes: O lado bom da vida e O lugar onde tudo termina”.
            E para lá seguimos.
            Fiquei emocionada ao fixar meus olhos em Bradley Cooper. Eu era completamente apaixonada por ele e pela franquia Se beber não case e nunca perdia uma estreia de qualquer filme que Bradley fizesse uma participação.
            Jennifer Lawrence pareceu notar o meu deslumbramento e gentilmente se dirigiu a mim.
            “Qual seu nome?” perguntou Jennifer com olhar fixo em mim.
            “Aléxia, meu nome é Aléxia”. Respondi quase sem voz ao ver que Bradley havia notado minha presença.
            Sally tocou nas minhas costas discretamente para que eu me recompusesse e assim fiz.
             “Parabéns pelo Oscar de melhor atriz”. Falei gentilmente, porém eu sabia que ela sentia-se entristecida por Bradley ter perdido o Oscar de melhor ator para Daniel Day-Lewis, ele pareceu notar seu semblante triste.
           “Qual seu nome mesmo?” Perguntou Bradley diretamente.
           “Aléxia” Respondi num misto de pavor, ceticismo e deslumbramento.
          “Então Aléxia,” Bradley disse, olhando-me.
             “Eu pude notar um certo ar de tristeza e desde já peço desculpas se tiver interpretado errado. Mas saiba que eu não estou triste, eu não criei qualquer expectativa de ganhar esse Oscar”.
            “Desculpe-me Bradley, mas você foi bem melhor ator que Lewis, até mesmo teve uma melhor atuação que a própria Jennifer,” olhei para Jennifer e acrescentei:
             “Com todo respeito.” E voltei meu olhar para Bradley e completei:
             “Mas você sim teve uma excelente performance”.
            Conclui chamando a atenção de todos da mesa. Bradley parecia estar fascinado com a minha ousadia em criticar a atuação da Jennifer na presença da mesma, isso era raro em um mundo onde a sinceridade é nada além de um ideal fabricada em um porão de Hollywood.
            “Nossa, estou curioso para saber o que a moça pensa sobre sua atuação em O lugar onde tudo termina, porque para mim, eu tive uma melhor performance”. Disse Ryan Gosling, com um sorriso bobo apontando a taça em direção a Bradley, propondo um brinde.
            Ryan parecia um anjo de tão belo e sua voz era magnifica, eu o admirava tanto e já havia visto ele e Justin Timberlake cantando no Clube do Mickey, mas não era algo que se enjoava. Os cachos do Justin e o liso perfeito do Ryan eram enaltecedores ainda na infância e ambos haviam sido abençoados por Deus pela voz que tinham.
            Os olhos de Ryan não eram comuns como a maioria dos americanos, contudo não sei se isso se dava ao fato de ser canadense, mas em nenhum lugar do mundo havia tons azuis tão peculiares como o seus.
            Era uma cor azul, mas não no tom do céu como os olhos de Bradley, eram escuros e por serem tão pequenos o tornavam muito enigmático. Seu sorriso era como um presente e tão singelo quanto um cravo desabrochando.
            Olhei mais uma vez, mas seria loucura não notar o quanto seu cabelo ficava tão perfeito e como permanecia no lugar mesmo sendo tão liso e foram aqueles fios loiros que me levaram ao paraíso automaticamente. Eu me perdia nos meus devaneios quando via seus lábios se moverem tão naturalmente, era inevitável, tão simples quanto respirar.
            Meu silencio precisava chegar ao fim ou ele acharia que eu era retardada, foquei seus faróis azulados e disse olhando exatamente neles:
            “Ryan,” Falei mostrando que sabia quem ele era e completei em seguida com um sorriso meia boca.
            “Você estava bem diferente como um ladrão de banco. É sempre mais fácil ver você na pele do sedutor barato e exibindo seu físico perfeito” Admiti.
            Todos soltaram risinhos discretos e esperaram pela resposta de Ryan alternando os olharemos entre mim e ele.
            “Eu posso lhe garantir que não sou um sedutor. Na verdade, nem sou um galã, tudo isso é efeito dos meus personagens, mas confesso que o físico perfeito é uma conquista minha”.
            “Eu tenho que admitir que a cada filme você me surpreende mais”. Acrescentei elogiando-o.
           “Obrigado Aléxia.” Agradeceu Ryan perguntando em seguida:
            “Qual dos meus filmes é seu favorito?”.
            “Meu favorito é Amor a toda prova, confesso que seu personagem lembra-me muito meu primeiro amor”.
            Nícolas arregalou os olhos como se eu tivesse dito um absurdo. Parecia que era estranho para ele me ouvir dizer aquilo, mas não disse nada, apenas observou minha postura diante de todos e a maneira com que eu conversava sem me dar conta de que naquele momento talvez eu fosse a pessoa mais interessante da mesa.
            Isso era bem mais complexo do que ele supunha, mas como todo cego, ele nem sequer desconfiou que o meu primeiro amor fosse ele mesmo.
            “Que primeiro amor Aléxia?” inquiriu Nícolas abismado encarando Ryan Gosling, desejando saber que personagem era na intenção de descobrir quem era o cara.
           “Qual seu nome rapaz?” Perguntou Ryan.
            “Meu nome é Nícolas” Respondeu com um olhar estranho ao notar a troca de olhares entre mim e Bradley.
            “Então, Nícolas, o meu personagem em Amor a toda prova é um sedutor barato, como Aléxia mesmo descreveu. Ele é um desses caras que saem a noite e transam com qualquer garota, que cai na conversa dele e sequer liga novamente no outro dia”.
             “Então Aléxia, seu primeiro amor sou eu, porque sou idêntico ao personagem desse cara aí”. Nícolas desdenhou com diversão e um toque de soberba.
            Ele não se deu conta de como havia desvendado tudo, e sua mania de levar tudo na brincadeira deixou meu segredo onde ele nunca deveria sair: minha consciência, esse era o único lugar seguro para esconder meus sentimentos recíprocos e confusos.
            Nícolas era tão maléfico que tinha orgulho de ser um canalha, mas Ryan não sabia disso, contudo, Bradley pareceu notar meu nervosismo aparente em minha face.
            “Não me leve a mal Aléxia, mas acho que você merece um cara experiente, que trate você como merece e não como uma conquista” Disse Bradley encarando-me com um sorriso terno.
            Nícolas parecia ter sido envolvido por uma raiva instantânea. Era difícil supor a origem de sua raiva. Proteção ou ciúme? Talvez o sentimento de culpa por suas safadezas desmedidas, que o enchia de medo de que eu me envolvesse com alguém como ele ou não.
            Nícolas era uma caixinha de surpresas, nem sempre boas. Ele percebeu meu interesse em Bradley, assim como notou que a atração não era platônica senão recíproca.
            “Aléxia é muito nova para gostar de caras mais velhos, acho que você vai dormir sozinho essa noite olhos azuis”.  Disse Nícolas em tom de brincadeira aparentemente, talvez ele mesmo achasse que estava brincando.
            “Isto obviamente é uma decisão dela, não sua, certo?” Bradley atiçou num tom calmo, porém com um ‘Q’ de ironia causando um riso fraco de todos que estavam na mesa e estampando um sorriso surreal até mesmo para mim.
            “Nícolas, você não presta”. Disse Eduarda Morais com um sorriso safado querendo chamar a atenção da conversa. Ela estava envolvida no charme que o loiro havia jogado, ela mordeu a isca e Nícolas nunca deixava de levar o peixe para casa.
            “Acho que por você não prestar talvez eu te deseje tanto” Ela revelou atraindo a atenção dele e desviando o foco de mim que respirava aliviada.
          “Hoje é seu dia de sorte Dudah!” exclamou o loiro com uma risada extravagante.
            “Por que é meu dia de sorte?”. 
            “Porque hoje eu estou fácil” Ele respondeu pegando a taça de champanhe e secando com um só gole.
            “Eu também estou fácil Aléxia” Bradley disse num tom sedutor, levando Nícolas a alguns segundos de neurose obsessiva, como se premeditasse um homicídio doloso.
            “Eu posso falar com vocês em particular Aléxia e Sally?” Pediu Nícolas se levantando da mesa sério.
            Afastamo-nos um pouco para que ninguém pudesse ouvir a conversa. Saímos de mãos dadas e Sally notou minhas mãos geladas e trêmulas, meu nervosismo era palpável. Havia algumas pessoas em uma grande mesa, mas não encarei nenhum dos rostos uma vez que estava focada no rosto misterioso do Nícolas.
            “Que porra é essa?” Perguntou ele alterado mantendo seus olhos duros na sua irmã como se ela fosse culpada por algo.
            “Do que você está falando?” Sally devolveu como se não soubesse.
            “Aléxia e Bradley Cooper, que porra? Você nem conhece esse cara! Sally, você vê a Aléxia se derretendo pra esse velho e não faz nada?”.
            “Ele não é velho, ele tem 38 anos”. Corrigi muito descontraída, adorando a cena inusitada e atraindo sobre mim os olhos enervados de Nícolas.
            “Esse velho de 38 anos vai te partir ao meio Lexi!”
            “Talvez eu queira ser partida ao meio” Murmurei tranquilamente.
            “O quê? Qual é Aléxia?” Nícolas exclamou estupefato, gesticulando uma indagação. Sally decidiu que era hora de me intrometer antes que o caldo entornasse de vez.
           “Acho que você não deve ser meter nisso Nícolas.” Ela aconselhou vendo que ele estava se desconhecendo.
            “Isso é problema da Aléxia” Continuou.
          “Depois não vem chorar no meu colo, porque não vou passar a mão na sua cabeça Lexi” Sua mão correu pelos fios loiros e continuou furioso:
            “Mas... foda-se! Faça o que quiser”.
            Eu tinha que admitir que ver Nícolas tendo uma crise de preocupação não estava nos meus planos e no fundo –– no fundo ––, era bom vê-lo se importar com alguém além dele mesmo, mas a sensação não só minha como também de Sally, que se deliciava com seu desespero era realmente inovadora. No entanto, ele não desistiu.
            “Foda-se,” disse ele alterando o tom de voz, mas eu não temi seu tom e ri com novo tom imperativo:
            “Você não vai sair com esse cara Aléxia!”.
            “Por que não?” Eu questionei, fazendo-o refletir sobre um motivo real pelo qual ela eu não deveria sair com Bradley. Nícolas pensou por alguns minutos fazendo uma expressão angelical capaz de fazer com que eu desmoronasse, porém me mantive firme.
             Ele tirou as ralas mechas de cabelo que cobria metade da sua testa, mas não conseguiu dizer nada e ficou lá, com as mãos na cintura como um retardado mental.
            “Eu ainda não sei por que você não deve sair com esse Bradley, mas eu apenas sinto que você não deve sair com ele” Disse Nícolas levando Sally a sorriso, que contagiou a mim também.
            “Qual é a graça?” Ele perguntou sério.
            “Nada” Respondemos em coro.
            “Como nada?”
            “Desculpa Nícolas, mas você sentindo alguma coisa é estranho”.
            “Pois é, mas eu sinto alguma coisa além de excitação”. Seu semblante era irônico e completou: “Eu só não sei o que eu sinto, mas sei que sinto, eu tenho você como uma irmã”. Ele disse deixando-me nervosa.
            “Que bela reunião de família”. Disse uma voz familiar vinda da mesa bem a nossa frente. Nícolas olhou o dono da voz e abriu um sorriso.
            “Cunhado? Há quanto tempo cunhado!” disse Nícolas indo em direção ao Taylor que se levantou para cumprimentá-lo, com aquele sorriso iluminando a festa.
            “Oi Sally..., Aléxia”. Cumprimentou ele desligando algo no seu Iphone para que Sally não pudesse ver e enfim veio em nossa direção, abraçando Sally em seguida.
            Taylor a abraçou tão forte que ela desejou que aquela sensação nunca terminasse. Era doloroso, porém extraordinário sentir seu cheiro viciante, sua pele aprazível, seus cabelos osculando em seu pescoço, sua mão nas suas costas faziam com que se sentisse uma pretensão colossal de beijá-lo...
            “Parabéns” – Os olhos de Sally estreitaram confusos.
            “Hoje não é meu aniversário” – Esclareceu.
            “Parabéns pelo sucesso” - Ele a lembrou, deixando claro o que acessava em seu Iphone. Sally havia tocado a música Litlle House que havia composto para Nícolas quando foi embora e ela havia sido a música mais vista no You tube, fazendo dela um fenômeno da internet.
            Esse assunto era entre eles, e apesar de ser contrária por ele ter ficado com outra tão rapidamente, ela iria saber se virar. Eu tinha um problema maior bem na minha frente, o loiro de 1,80m estava decidido e preservar minha honra, eu confesso que gostei disso, mas e Bradley?
            Minha preocupação com ele foi interrompida pelo duelo, o novo namorado de Sally, Ashton chegou a tempo de pegar a conversa entre ela e Taylor.
            Ashton parecia muito aborrecido, Taylor e ele haviam discutido e pela expressão na face da Sally, havia sido grave, mas ele se sentou conosco na mesa reservada a nós. Ele não participou da conversa, pois estava nervoso demais para disfarçar sua raiva, enquanto eu ficava cada vez mais enojada, com a aproximação provocante entre Nícolas e Eduarda, e cheguei ao meu limite. Minha noite realmente estava me saindo um desastre, mas não precisava ser assim.
            “A noite acabou para mim”. Falei me despedindo de todos.
            “Eu levo você em casa” - Bradley se ofereceu enquanto se levantava.
            “Não precisa, ela está com motorista”. Nícolas mordeu fora.
            “Sim, mas faço questão, afinal nem todos vão embora agora”.
            “Nícolas deixa o Bradley levar a Aléxia, porque hoje você é só meu” Advertiu Eduarda Morais.
            Nícolas pareceu pensar um pouco antes de concordar, fitando os olhos em mim severamente.
           “Está bem,” ele se voltou para Bradley.
            “Vamos?” – Bradley convidou docemente.
            “Claro” – Falei acompanhando-o sem olhar para trás.
            Eu e Bradley seguimos a longa trilha entre os fotógrafos e eu sabia que não seria nada fácil ler as fofocas dos tabloides no dia seguinte, mas se eu estava nesse meio, essa seria apenas uma das consequências de estar envolvida no mundo da fama.
            “Por favor, entre” disse Bradley abrindo a porta do carro gentilmente.
            “Aonde vamos?”
            “Para minha casa” Ele disse caindo no riso.
            “Para sua casa?” indaguei preocupada.
            “Não é nada de mais, é que minha calça rasgou e por isso queria sair tão rápido”.
            “Sério? Que azar” Comentei aliviada.
            “Vou tirar esse smoke e vestir algo mais agradável e vamos dar uma volta do moto. O que acha?”
            “Acho uma boa ideia” Respondi contente com a proposta.
            “Que bom. Só vou pegar uma jaqueta e te levo para ver alguns lugares que considero bem interessantes”.
            “Eu sei que vou adorar”.
            Bradley me olhou risonho, e durante o caminho até sua casa falamos sobre Paris, a cidade que lhe era tão fascinava quanto para mim, era algo que tínhamos em comum, além da paixão pelos filmes franceses e peças de teatro parisienses.
            “Quanto tempo levou para aprender Francês?” Ele perguntou.
            “1 ano”.
            “Só? Você é muito inteligente, então”.
            “Não é isso, é que sua língua é o inglês e o Francês é muito diferente, mas minha língua é o português e tem muitas semelhanças e mesmo acentos como os do idioma francês”.
            “Espero que seja isso ou sou meio lento” Comentou.
            “Desculpe, mas ninguém que é meio lento se forma na Universidade de Georgetown ou faz intercâmbio em Aix-en-Provence, na França”.
            “Okay, garota, sabe um pouco sobre mim. E eu? Sei mal seu nome”.
            “Ah, não há muito a dizer sobre mim. Eu deveria me formar em medicina ou Administração para gerenciar os negócios do meu pai, mas fugi para seguir minha melhor amiga em uma busca pela fama. Viu? Não sou tão inteligente quanto pensa”.
            “Você ainda é jovem, eu me formei em Bacharel em Artes em Inglês em 1997, então, você tem muito tempo e além do mais, a fama cansa”.
            “Cansa? Não sei como ter admiradores, pessoas apaixonadas e se inspirando em você pode ser cansativo”.
            “Essa parte não é cansativa, é a melhor e o que me move, mas não é a única parte, existem outras e são esgotantes”.
            “Como assim?” Perguntei curiosa.
            “Houve uma época em pensei em pôr fim à minha própria vida, numa fase em que era dependente de álcool e drogas. Foi difícil”.
            “Porque fez isso?”
            “A minha autoestima estava muito em baixo e pensei até em me suicidar " ele confessou tristonho.
            “Eu nunca imaginei isso Bradley. Sério, você exala uma harmonia, uma vitalidade, eu não sei, eu sempre acho que tudo na sua vida é perfeito”.
            “Nunca foi perfeita. Eu trabalhei com pessoas que não queriam trabalhar comigo. Esnobavam-me, ficavam estranhas e se fechavam em seus círculos e eu me sentia deslocado”.
            “Eu entendo muito bem esse sentimento, mas eu era anônima e passei por tudo isso”.
            “Eu nunca contei isso a ninguém” ele disse com um sorriso tímido.
            “Eu nunca contarei a ninguém”.
            “Eu sei que não. Vamos mudar de assunto? Nada de tristeza nessa noite. Chegamos. Eu volto já” ele disse descendo do carro.
            Bradley voltou após alguns minutos.
            “Eu me esqueci de você, Aléxia”.
            “Como?”
            “Eu troquei de roupa e você usando um vestido da gala longo...”.
            “Eu nem pensei nisso também”.
            “Acho que não poderemos andar de moto hoje, mas iremos outro dia, eu prometo a você”.
            “Sem problemas. Haverá outras oportunidades?”.
            “E porque não teria?” ele questionou com um sorriso e saímos.
            “Aonde vamos?”.
            “Você é nova nos Estados Unidos e não posso mudar isso, mas sua companhia é muito agradável e por isso quero levar você a conhecer o que há de melhor nessa parte, como alguns lugares de Los Angeles, Beverly Hills e Hollywood, precisaremos de mais tempo, mas será um prazer”.
            “Eu não saio muito à noite. Na verdade não saio hora alguma” expliquei-lhe empolgada com a ideia das excursões.
            “Aléxia, durante o dia é bom, mas quando se trata de Hollywood há algo muito especial à noite”.
            “Estou curiosa”
            “É meio difícil de explicar, mas é como se Hollywood ganhasse mais vida com toda a sua ostentação vibrante, as luzes, o clima, o vento, eu simplesmente amo a visão noturna disso tudo”.
            Nós passeamos pelo Calçadão da Cidade, uma extravagância de três quarteirões de entretenimento, gastronomia e compras. Passamos na frente do famoso Universal Studios e Bradley fez uma parada no Hard Rock Café e o Gladstones, foi incrível.
            Onde passávamos as pessoas nos observavam, e eu me sentia meio abobalhada pelo efeito de estar ao lado dele. No fim caminhamos um pouco antes de chegar à minha casa e Bradley se despediu tão doce que foi desconfortável vê-lo partir.
            “Eu ligarei para você. Gosta de trilha? Que tal seguirmos a trilha por trás do letreiro de Hollywood?” ele convidou determinado.
            “Claro! Irei estar mais apropriada eu prometo” ele sorriu “Irei trocar o vestido de gala por uma calça legging e os saltos por um tênis e tudo vai dar certo” completei acenando.
            Bradley deu um último sorriso e foi embora deixando-me com uma alegria interior que eu nunca havia sentido.

            
 
 
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