Fanfiction: “Uma chance com Taylor Lautner” Capítulo 67: Quando amor e ódio colidem!


Capa: Alexia Augusto
Texto/Fic: @ValzinhaBarreto
Beta: Daya Engler
Participações Especiais:
Channing Tatum, Zac Efron, Ashton Kutcher, Daniel Lautner e Seth MacFarlane
Música tema:   When Love & Hate Collide - Def Leppard & Taylor Swift

Notas da autora:


Olá queridas leitoras. Aqui estamos para mais um capítulo da história de amor entre ídolo e fã que tanto nos emociona. Eu não tenho muito a dizer, peço desculpas pela demora, mas capítulos finais são complicados. Mais uma vez meus agradecimentos a equipe pela capa, betagem (Daya, eu te amo), enfim, sobre a fic e a vida, sabemos que é  feita de momentos e as rosas embora sejam lindas, tem espinhos e machucam. A música que inspirou nesse capítulo está vinculada a umas das minhas bandas favoritas Def Leppard que canta a música em parceria com Taylor Swift, o que a torna ainda mais perfeita. O capítulo foi batizado com seu nome When Love & Hate Collide e retrata bem o que Taylor sente: Quando amor e ódio colidem. Peço que comentem, que se expressem, que digam como se sentem com relação ao desenrolar da história. Boa leitura, responderei cada comentário.


         No primeiro dia no set de filmagens eu constatei finalmente o quanto seria difícil minha personagem. Muito drama e romance, muitos adeus, idas e vindas, o roteiro me impressionava quando eu notava os traços semelhantes com minha vida real.
         Ainda que eu tivesse muita dificuldade em interpretar um personagem de drama, Channing parecia ter sido feito para aquilo.
         Será que é isso que a experiência faz com os atores? Será que com o tempo ser outras pessoas é tão simples?
         Isso explica a facilidade com que disseminam meias verdades e fazem com que acreditemos. Era sempre assim, Taylor sempre me vinha em mente, a maioria das vezes, somente com lembranças ruins.
         Infelizmente não havia muitas saídas para mim e começando, eu não sabia muitas técnicas e minha obsessão em seguir o roteiro preocupava um pouco Channing.
         Vendo todo meu empenho em fazer tudo como estava no script, o diretor sugeriu que eu deixasse a cena fluir. Assim, mesmo quando eu trocava algumas palavras, ele considerava.
         Era como se a espontaneidade que eu usava, desse um tom mais real as cenas. O diretor havia gostado da forma que havia encontrado de conduzir as filmagens.
         Envolvida pela emoção das cenas, disse as falas simples e apenas esbocei reações nas mais difíceis. O diretor, contudo, não esperava por um roteiro quase sem falas, mas constatou que isso faria do filme um romance longe dos clichês e das palavras doces dos romances modernos.
         A parte que mais me preocupava, porém não era atuar no set interpretando a personagem, e sim interpretar eu mesma ao fazer o que não era agradável para mim enquanto pessoa.
         Fingir uma situação era algo que estava pesando. Talvez por tudo significar um passo tão errado a ser dado.
         Atuar com Channing era bom, eu colhia dele o máximo que podia para aprender, mas quando chegou a hora do nosso romance publicitário me senti incomodada.
         “E então, aonde vamos?” Perguntei a Channing.
         “Onde tem mais movimentação. Precisamos ser vistos e fotografados juntos, me dê sua mão”. Disse ele enquanto saíamos pela grade de proteção do set de filmagens.
         “Estou nervosa. Eu realmente não sei como lidar com isso”.
         “Avisou a sua família? Aos seus amigos?” Ele perguntou.
         “Sim, mas isso é mentira”.
         “Eu sei que é, mas é assim que funciona aqui Sally”.
         “Okay, sei o que é o ¹PR”. Concordei cedendo e entrelaçando minha mão na dele.
         Channing sorriu por um momento. 
         Estar perto dele me lembrou de quando andava com Ashton.         Porque Ashton me veio à memória agora?
         Estranho.
         “Você é comprometida, não é?” Perguntou Channing curioso.
         “Não sou. É que eu não acho muito honesto esse marketing”.
         “Eu também não, mas não vai ser ruim ser ligado a você”.     Channing disse fazendo-me esboçar um meio sorriso.
         Meu emocional estava um caos e eu estava mais estranha que o normal.
         Revoltada com os homens?
         Não sabia ao certo definir meus sentimentos naquele momento, contudo, minhas emoções unidas ao rancor do meu coração ferido, não me deixou cega ao ponto de não ver o homem interessante que Channing era.
         Ele sempre abria um sorriso enigmático, parecia feliz, era notória sua simpatia por mim, além de estar sendo um grande amigo durante o tempo que passamos no set.
         Ele sempre puxava assunto, me levava até a porta do trailer e se despedia com uma doçura de quem sequer queria ir embora.
         Channing parecia feliz com minha presença, o que me preocupou aquela altura. Cumprimos nosso PR em Nova York, fomos à loja da M&M'S na Time Square de mãos dadas, obviamente estávamos sendo seguidos, mas fingimos não perceber os paparazzis.
         Channing havia me levado a um lugar incrível e nos momentos que estávamos dentro da loja, senti uma paz que há muito tempo não sentia. Ele fez com que me sentisse em uma verdadeira fábrica de chocolates.
         Nossa agência achou conveniente que fossemos juntos ao MMA, eu não tinha companhia e ele havia sido tão atencioso que aceitei ir com ele à premiação.
         Um torpedo do Nícolas chegou ao meu celular, eu abri, eram as fotos dos três casais que prometiam em Hollywood, Ryan Gosling e Eva Mendes, Sally Tedesco e Channing Tatum, e claro, Taylor Lautner e Marie Avgeropoulos.
         Nícolas começava a mostrar sua preocupação com Channing ou não lhe agradava que Taylor fosse parte do passado. Ignorar seus alertas me parecera certo.
          Sequer cliquei no link enviado por ele, coloquei meu Iphone em cima da mesa e me joguei na cama entre os travesseiros do hotel e adormeci.

****

         Eu estava muito cansada depois das gravações e voltaria com Channing a Los Angeles em dois dias.  Além da premiação que acabara de conseguir companhia, eu não poderia sequer ficar perto do meu irmão, era demais para mim, eu realmente estava disposta a me desligar do seu melhor amigo completamente.
         Eram os últimos dias de filmagens e ainda tínhamos que sair nos dias seguintes para sermos muito comentados nas redes sociais e tabloides, era simples como funcionava o marketing, dois atores juntos chamava mais atenção que apenas um e como éramos da mesma agência, isso representava um bom negócio para todos.
         Channing e eu passamos pela 1000 Fifth Avenue de mãos dadas, rimos, tiramos fotos, havíamos nos tornado amigos e aquilo já não parecia tão errado, nossa amizade não era falsa, era espontânea  e a companhia dele fazia eu me sentir melhor.
         Minhas saídas com Channing e a amizade que havíamos construído havia deixado o PR tão real que até Alexia chegou a duvidar de que éramos somente amigos, o público ansiava pela nossa paixão e a julgar pela aparência, estavam certos de que os personagens dos livros que interpretávamos seriam feitos com perfeição.

***

         Dentro do avião, eu contava cada segundo para descer no LAX, eu estava de volta a Los Angeles, não só para a premiação do MMA, mas para casa, com Aléxia, Rob e Nícolas, isso me dava uma felicidade instantânea. Minha família comigo, tê-los em Los Angeles era o melhor presente que eu poderia ter.
         Nícolas havia ido me buscar no LAX e carregava uma placa com meu nome, o que só se faz quando as pessoas não se conhecem.
         “Meu irmão é um idiota” Ri baixo.
         Ele estava feliz, mas fechou a cara quando visualizou Channing junto comigo.
         Nícolas não gostou, mas não foi rude.
         “Armário novo é?” Ele fez piada.
         “O que ele disse?”. Channing me perguntou confuso.
         “Ignore-o, assim como eu”. Aconselhei.
         “Assim como eu”. Nícolas me imitou com uma voz feminina e me abraçou.
         Logo avistamos o primeiro paparazzi do X17 online, fotos e vídeos da nossa chegada em questão de minutos estariam até em Bagdá.
         Nícolas havia ido me buscar no carro que Taylor havia me dado, isso me irritou por um breve momento, mas respirei fundo e entrei.
         Channing acenou e foi pelo outro lado do 4LAX, eu sabia do nosso jantar, mas preferi nem pensar nele, só queria estar em casa com minha família, com minha cama e minhas coisas.
         Robson e Nícolas estavam mais unidos do que nunca, e Alexia queria saber sobre Channing e tudo que tinha acontecido em Nova York. Após o papo colocado em dia, eu apenas adormeci ouvindo “Macy’s day parade”5, o MMA me esperava no dia seguinte.
         As conversas durante o café da manhã nada mais eram que as aventuras do Nícolas e Rob pelos bares de Los Angeles. Pela tarde, meu celular tocava, era Bia Roccon, uma das mais brilhantes roteiristas da Broadway com os scripts da peça “Os miseráveis” que eu faria logo após o MMA.
         Alexia e eu fomos a uma boutique no shopping de LA, comprei um lindo vestido azul marinho, curto, de seda, era rodado e com um enorme decote, ao vestir meus seios ficaram bem a mostra, estavam maiores ou o decote era realmente extravagante.
         No vestido, havia uma barra cinza, ficava um palmo acima do joelho, curto, sensual, o tom azul tão forte deixava minha pele branca ainda mais realçada, mas eu precisava usar aquilo apesar de achar muito chamativo, vulgar, não sei.
         Alexia me ajudou a prender os cabelos e Rob me deu uma bolsa de mão preto e branco que havia trazido de Las Vegas para mim. Era interessante, mas eu sequer soube que eles haviam estado lá até que ele me deu a bolsa de presente por meu retorno ao lar.
         Passei pelo corredor em busca de uma tornozeleira no quarto de Alexia, mas parei em frente ao quarto do Nícolas e fiquei tentando entender o que era aquela coisa em cima da sua cama, parecia uma almofada com velcro, algo de vestir talvez, mas deixei pra lá.
         Channing já sabia onde eu morava e veio me buscar para irmos juntos ao MMA. Seria toda a sua elegância proposital? Ele usava um belo terno preto, estava charmoso e muito animado para a premiação.
         Permaneci calada enquanto ele dirigia, eu estava nervosa, meio tonta, temia encontrar quem eu não queria, mas faria de tudo para evitar o encontro.
         Channing e eu passeamos pelo red carpet e entramos. Alguns minutos depois indicaríamos as categorias de melhor ator e atriz de série de TV para o casal membro de TVD6, Ian e Nina. Diante deles, fiquei maravilhada, eram majestosos, tão perfeitos fisicamente que pareciam surreais.
         Nos bastidores, vi Nícolas com Zac Efron, conversavam e riam como crianças. O que estavam aprontando? Perguntei-me e antes que pudesse pensar em algo, 7Seth MacFarlane saiu por detrás das cortinas com o objeto desconhecido que havia estado em cima da cama do Nícolas.
         Eles o desenrolaram, mas ainda não conseguia entender o que era, nem para quem era até ver o maldito aparecer sorridente com seus cabelos cobertos por um boné com aba para trás e um copo nas mãos.
         Ele estendeu as mãos para cima enquanto Nícolas, Seth e Zac colocavam o objeto que não era mais desconhecido, uma barriga falsa que Taylor usaria para receber o prêmio de melhor performance sem camisa.
         Nenhum deles me viu, odiei vê-lo sorrindo enquanto me sentia tão nebulosa com seu abandono.
Meu nome foi chamado no palco, quando ele o ouviu seu semblante fechou rapidamente, era como se meu nome pronunciado o houvesse encoberto por uma tristeza profunda.
         Entrei no palco e aguardei o retorno do intervalo que ainda demoraria até minha entrada, eu só queria sair dali, não queria vê-lo, nem ouvi-lo, aqueles segundos havia me embrulhado o estômago.
         Apresentamos a categoria e em seguida voltei para me trocar, eu não iria fazer nenhuma performance como a da Lady Gaga, só cantaria minha música e dançaria um pouco, esse era meu plano inicial.
         Avistei alguém se aproximando.
         Vi um rosto familiar sair entre as sombras causadas pelas luzes.
         Era Ashton Kutcher que estava diante de mim.
         Ele estava com aquele sorriso radiante.
         “Uau! Que escândalo!” Ashton disse me abraçando.
         “Não exagera, é só um vestido idiota”.
         “Acho que engravidei a garota errada”. Ele brincou.
         “Engravidou quem?”
         “Mila” ele respondeu sem graça.
         “Eu soube do romance pelos tabloides, mas a gravidez é novidade”.
         “Pois é”. Ashton suspirou fundo, e completou: “Seis meses já”.
         “Parabéns, ser pai é uma dádiva”.
         “Obrigado”. Ele disse.
         “Você é o próximo”. Falei sobre seu nome na tela.
         “Sim, sou. Boa sorte Sally”. Ele se despediu com um beijo no rosto.
         “Boa sorte, até mais”.
         Rever Ashton me mostrou tudo que eu havia perdido pelas minhas decisões erradas, mas isso não me incomodava mais. Fiz minha apresentação, mas no último minuto vi que Taylor me observava.
         Ele estava todo de preto, sério e penetrado.
         Seus olhos focados em mim deixaram-me incomodada, levando-me a sair do palco na última batida da bateria. Sai correndo pelos bastidores completamente desorientada tentando apagar sua imagem da minha cabeça, ele desapareceu graças a uma escuridão que tomou conta dos meus olhos, apenas senti meus joelhos ao chão.
         Não sei quanto tempo fiquei desacordada, apenas abri meus olhos recuperando meus sentidos.
         Havia uma luz forte, paredes brancas, placa com pedido de silêncio, uma enfermeira?
         Confusa eu estava e permaneci até recuperar meus sentidos completamente.
         Eu não me recordo de chegar ao hospital, apenas de acordar e ver Channing esperando que eu me recuperasse.
         Channing estava com um semblante de preocupação e vendo minha expressão confusa, levantou-se da poltrona.
         “Você desmaiou”. Disse ele.
         “Foi só um mal estar”.
         “O médico está chegando”. Falou ele apontando para a porta.
         “Olá moça” cumprimentou atencioso.
         “Olá doutor. Eu me sinto bem melhor”.
         “É claro que sente. Você não está doente”.
         “Graças a Deus” Channing respirou aliviado.
         Fiquei confusa, se não estava doente, por que o desmaio?
         “Então o que está havendo comigo doutor?”
         “Vocês serão pais. Parabéns!”

POV TAYLOR

         Existem muitas coisas que fazem com que um homem se apaixone por uma mulher, a capacidade de fazê-lo sorrir é uma delas.   Não importa se é uma conversa inteligente ou um papo sobre uma bobagem qualquer, a intimidade entre pontos de vistas podem divergir, mas a forma como lidamos é o que faz a diferença.
         Existem muitas coisas que fazem com que um homem fique louco por uma mulher e não é só o sexo, mas a cumplicidade, a forma com que inspira seu lado bom, suas qualidades.
         Tudo isso foi meu um dia.
         Tive tudo, mas era impressionante como demorei em valorizar o que era importante na minha vida, o que poderia sustentar minha felicidade diariamente.
         Era isso que Sally representava para mim, era a âncora com tudo que havia de melhor em mim. Somente ela sabia como inspirar meu sorriso a ser sempre o mais verdadeiro possível.
         Sally fez tudo o que podia para me conquistar e mesmo sabendo de todos os riscos do nosso envolvimento, eu decidi correspondê-la.
         Dei a ela momentos felizes, mas não a felicidade que merecia.
         A chantagem do Tarik complicou tudo, mas não justificou meu envolvimento com Ashley, nem as palavras erradas que disse a ela. A verdade é que custou um pouco até que eu entendesse como era amar verdadeiramente.
         Eu havia sido amado e muito, mas o amor que Sally me fez sentir era novo, o que não justifica a forma brusca como agi tantas vezes ou confundi minhas atitudes e escolha de palavras.
         Estava tão certo de que me afastar era o mais sensato a fazer, que nunca me perguntei o que ela queria, o que ela pensava, o que era melhor para nós dois.
         Tomado por iniciativas egoístas joguei nosso amor fora.
         Entre segredos e mentiras, perdi a mulher que amava.
         Resolvi ter meu amor de volta, nem que para isso eu tivesse que jogar pesado ou fazer coisas que meu antigo eu reprovasse. Estava disposto a fazer qualquer coisa por ela.
         Eu cativei seu amor, me tornei responsável por seus sentimentos e agora, o ódio que sentia pela sua perda, seria o combustível certo parar destruir aquela pessoa que inspirou o pior que havia em mim.
         Tarik.
         Perder Sally não fez meu coração aceitar a derrota por completo, eu precisava descobrir como Tarik chegou tão facilmente à vida pessoal de sua família.
         Vingança é um sentimento ruim, mas por diversas vezes me peguei saboreando o troco e fazendo-o engolir cada lágrima que ele a havia feito derramar.
“Taylor?” Ouvi alguém bater.
         “Oi pai”.
         “Vai ao MMA?”
         “Sim”.
         “Quer companhia?”
         “Não precisa”.
         “Está tudo bem?”
         “Está”. Respondi ouvindo-o se afastar.
         Nícolas havia tido uma ideia de usar uma barriga falsa no MMA, era uma forma de protesto pelo fato de minhas nomeações serem sobre meu corpo, estava rolando um boicote a MTV por causa disso e pela ausência de indicações a Saga. Achei conveniente aderir.
         Era meio irônico, mas eu estava tão cheio de raiva do Tarik que sentia um pouco de raiva de tudo a minha volta. A minha vida estava insuportável sem ela.
         Ver Sally com Channing me fez mais mal do que pensei que faria, era um namoro publicitário, mas as fotos mostrava-os tão espontâneos que pensei na possiblidade de ter surgido algo mais.
         Quando comecei as gravações de Tracers temi o namoro publicitário com Marie Avgeropoulos, me sentia desconfortável e cansado da perseguição dos paparazzis, mas a pior parte era o medo de que Sally acreditasse que estávamos juntos de verdade. Eu já a havia machucado tanto, não queria que ela pensasse que eu havia seguido em frente tão facilmente.
         Embora todo o caos que o namoro causava aos fãs, estávamos cumprindo nosso papel e assim que o filme terminasse eu poderia sair sozinho e ser eu mesmo, teria dado certo se Marie não confundisse as coisas como fez.
         O filme Tracers demorou a ser lançado nos fazendo perder algumas distribuidoras e poucas decidiram manter. A crise tomava conta da minha vida pessoal e da minha carreira.
         Criei coragem para enfrentar o MMA e mesmo correndo o risco de ser esnobado por Sally, desejei vê-la ainda que de longe. Eu precisava do seu sorriso para suportar as crises da minha vida, mas recusava me aproximar e feri-la ainda mais.
         Ao chegar aos bastidores do MMA, Nícolas, MacFarlane e Zac Efron estavam a minha espera para a caracterização.
         “E aí boy?” Nícolas gritou com minha chegada.
         “Levante os braços”. Pediu Zac.
         “Cara, você está gordo”. Nícolas brincou.
         “Essa não é a intenção?”
         “É essa mesmo”.
         “Que droga onde está a fivela para prender aqui?” Nícolas perguntou procurando o objeto.
         “Está com o outro rapaz que estava aqui”. Zac respondeu.
         “Que outro cara?” Indaguei tirando a barriga falsa.
         “Meu primo gay”. Nícolas respondeu risonho.
         “Ele foi para lá”. Apontou Zac.
         Nícolas e eu saímos à procura do seu primo.
         “Ali está ele”. Nícolas apontou.
         “Aquele é seu primo?”
         “Sim, por quê?”
         “Aquele conversando com Tarik?”
         “Ele estava comigo na festa do Tarik, esqueceu?”
         “Eu não me lembro de você ter mencionado isso Nícolas”.
         “Nem eu”.
         “Pegue a fivela que vou fazer uma coisa e volto para vestir essa coisa”.
         “Fui” Nícolas saiu na direção de Robson.
         Fingi ter saído e fiquei observando.
Tarik cumprimentou Nícolas com uma inocência que parecia genuína, como se ele fosse o ator e não eu.
         Nícolas pegou a fivela e se afastou a minha procura.
         Robson e Tarik conversaram por mais meio minuto. Tarik saiu pelo lado oposto a mim. O primo da Sally estava íntimo do Tarik?
         “Parece que encontrei o furo”. Resmunguei comigo mesmo.
         “Ei rapaz”. Chamei Robson que parecia apressado.
         “Oi”. Respondeu confuso.
         “Sou Taylor Lautner”. Expliquei-lhe apertando a mão.
         “Eu sei quem você é”. Deixou claro em um tom antipático.
         “Eu normalmente sou mais sutil, mas estou sem tempo. Diga-me uma coisa, o que estava conversando com Tarik?”.
         “Acho que você não tem nada a ver com isso”.
         “Eu realmente desejo que isso não seja da minha conta, mas isso depende”.
         “Depende do que?” Falou meio arrogante.
         “Depende do que você disse a ele”.
         “Sobre você? Eu não sou seu fã, acalme-se”. Disse irreverente.
         “Isso não é sobre mim, é sobre sua família e eu vou perguntar pela última vez. Mencionou algum fato sobre eles?”
         “Eu nunca mencionei nada sobre minha família com Tarik”.
         “Tarik? Está se referindo pelo primeiro nome. São íntimos?”
         “Eu não devo explicações a você”.
         “A mim não, mas deve ao Nícolas. Como Tarik sabe sobre sua detenção na adolescência? Por que ele agrediu uma pessoa?” Perguntei.
         “Como sabe sobre isso? Nícolas não pode nem sonhar que você sabe disso cara, acredite, não vai querer saber dessa história”. Revelou.
         “Essa história pode chegar até a mídia Robson. Não só essa, mas as dos seus tios, o alcoolismo, a causa perdida e todo resto”. Ele se retraiu e com um semblante atordoado, preocupou-se.
         “Do que você está falando?”
         “Você disse tudo isso ao Tarik, não há outra pessoa que pode ter dito isso a ele”.
         “Eu não me lembro de ter dito nada sobre isso”. Falou tentando recuperar qualquer fio de sua memória que o levasse ao ocorrido.
         “Por que você não se lembra?” Especulei.
         “Eu bebi demais na festa”.
         “Eu já tomei um porre, mas me lembro de tudo que disse”.
         “Não foi só álcool”. Ele disse constrangido.
         “Tá explicado a amnésia então”.
         Robson havia sido usado por Tarik, mas estava tendo dificuldades em aceitar a verdade, porém quando ele caiu em si, sua consciência pesou de tal forma que pude sentir sua tensão.
         “Escuta cara”. Ele disse buscando uma solução.
         “Estou escutando”.
         “Se você for mais claro comigo, serei mais claro com você”.
         “Está certo Robson. Serei breve”. Falei arrastando-o para um lugar mais privado.
         “E então?” Perguntou ansioso.
         “Tarik forjou um flagra de paparazzi de mim e Sally nus, mas não foi só isso. Recentemente ele soube de todos os problemas envolvendo sua família e ameaça divulgar”.
         “Isso não pode ser verdade!”
         “Infelizmente é”.
         “Tarik me usou esse tempo todo?” Perguntou incrédulo.
         “De quanto tempo estamos falando?”
         “Desde que cheguei”.
         “Vocês estão...”. Travei com as palavras.
         “Estamos tendo um caso”. Robson disse às palavras que não consegui pronunciar.
         “Eu não sei o que ele prometeu a você, mas ele só queria colher informações para me manter afastado da Sally”.
         “Por que ele está fazendo isso?”
         “Não é óbvio?” Falei deixando-o pensar por alguns segundos.
         Robson colocou as mãos na cabeça talvez se dando conta de como tudo isso poderia terminar mal. Por um instante pensei que fosse chorar ali bem na minha frente.
         “Eu vou matá-lo”. Falou tomado pela raiva.
         “Acredite não vale a pena”. Aconselhei-lhe.
         “Não consigo acreditar. Como puder ser tão burro?”
         “Lamentar a essa altura não ajuda muito. Desculpe. Como eu disse, prefiro ser mais sutil, mas estou sem tempo”.
         “Como eu vou fazer para reverter isso?”
         “Jogando o mesmo jogo dele”. Respondi.
         “Como?”
         “Vai precisar ser um pouco ator. Na verdade, vai precisar ser muito sangue frio”.
         “Eu sei ser falso. Consegui esconder minha homossexualidade até enquanto quis. Vou fazer o que for preciso”.
         “Okay. O primeiro passo é fingir que não sabe de nada. Seja dissimulado, tente obter mais confiança dele”.
         “Isso vai ser nojento”. Ele falou em tom de desespero.
         “Pense no resultado final. Pense na volta que você vai dar”.
         “Eu topo”. Robson concordou.
         “Qual o número do seu celular? Vou organizar tudo e ligo quando estiver com meu plano pronto”.
         “Eu vou aguardar ansiosamente”. Robson disse rancoroso.
         Eu vi Robson deixar os bastidores do MMA encoberto por uma mágoa que o deixava sombrio, ou era eu quem estava com alguns tons de obscuridade naquela noite que representava a virada que estava esperando.
         Desejei perguntar ao Robson se ela e Channing estavam juntos de verdade, mas isso era evasivo demais, então guardei minha preocupação apenas para mim.

***

          Rever as fotos e vídeos de Sally e Channing em Nova York só me deixou ainda mais preocupado, além do que, era doloroso ver aquilo.
         Nícolas me disse que eles estavam juntos de verdade, pois ouvia conversas entre Sally e Alexia sobre visitas de Channing ao Hotel. Será que o fato de terem voltado juntos para Los Angeles dizia alguma coisa?
         Tentei de todas as formas me convencer de que eram apenas amigos, mas ela estava tão revoltada comigo que poderia fazer qualquer coisa para me esquecer.
         Sally ter se rendido ao namoro publicitário me mostrava que de alguma forma ela havia superado tudo o que eu havia feito de ruim em sua vida. Em parte era bom, ela merecia seguir em frente e ser feliz com alguém, mas também era evidente que a tinha perdido definitivamente.
         O ódio que ela sentia de mim e toda raiva por tudo que eu havia feito me deixava destruído por dentro, mas eu havia causado essa situação e perguntar se não teria sido melhor ter contado tudo não fazia doer menos.
         Era tarde demais?
         Por tantas vezes que magoei Sally, talvez fosse tarde demais para nós dois, mas para revelar toda a verdade não.
         Ao revelar as chantagens e todos os erros que cometi, eu não esperava que ela voltasse correndo para os meus braços, eu tinha esperança que sim, mas revelar toda a verdade por traz da minha covardia talvez fizesse com que pelo menos ela sofresse menos.
         Minha busca para acabar com a chantagem do Tarik estava cada vez mais próxima, eu tinha Robson como aliado e já sabia tudo que ia fazer para destruir meu agente.
         Como eu disse, algumas pessoas inspiram o melhor em você, mas outras trazem sentimentos tão dolorosos que nos faz cometer ações que nunca imaginaríamos.
         A sensação embora maltratada pelo medo que eu sentia de algo dar errado era boa, saborosa, mas não tanto quanto seria recuperar o amor de Sally que era o que mais almejava.
         A única coisa que movia os meus dias era a tentativa de pelo menos diminuir o fardo que eu havia jogado sobre suas costas, a forma como feri uma pessoa que soube apenas me amar.
         Quando um homem é idiota, o que acontece são apenas consequências de suas atitudes, a decepção e o rancor são a ponta de um iceberg que desabará em dor e sofrimento, era esse o homem que eu havia sido.
          Fiz as coisas que fiz por chantagem, covardia, mas não me isento de minha culpa, porque embora fosse duro admitir, eu sabia que a situação, todo aquele sofrimento havia sido causado por minha culpa, por minha covardia.
         Toda essa situação havia sido gerada por não dividir com a mulher que eu amava o que me afligia.
         Os problemas que nos rodeavam não podiam ser resolvidos apenas por mim, afinal é isso que um casal faz, divide tudo que envolve um ao outro.
         Com medo de que ela sofresse, guardei o que interessava a ela apenas para mim, o resultado foram verdades ocultadas e mais sofrimento que a verdade poderia causar.
         Eu precisei destruir nossa relação para compreender que estar com alguém é dividir não somente as alegrias como também os problemas, Sally merecia mais do que todas as verdades ocultas, verdades essas que teria feito seu sofrimento menor.
         E eu escolhi o caminho mais árduo para aprender que para um relacionamento dar certo precisa haver cumplicidade, confiança. Agora, eu não sabia se Sally poderia me perdoar mais uma vez, se era tarde demais pra fazer o que eu deveria ter feito há muito, mas sendo ou não, eu faria o certo. Ou ao menos tentaria.

_______________________________
¹PR* - Romance publicitário.
² MMAMTV Movie Awards.
³ “Couple alert” expressão usada pelo blogueiro de Hollywood Perez Hilton para designar o alerta de surgimento de novo casal.
4 LAX- Aeroporto Internacional de Los Angeles.
5 “Macy’s day parade”Música da Banda Green Day.
6TVD The Vampires Diaries.

7Seth  MacFarlane - (Ted) - O ursinho de pelúcia desbocado que também concorria a melhor performance sem camisa do MMA.

Notas da autora:

Não me odiem por terminar o POV da Sally daquela forma. 

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