Fanfiction Uma chance com Taylor Lautner – Cap. 69: More than Words



Texto/Fic: @Valzinhabarreto
Design/Capa: Jessica Kéli.
Novo Trailer oficial final: Aléxia Augusto.
Música Tema: *More than Words – Extreme
*Mais do que palavras.


Assista o trailer antes de ler e se emocione

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N/A – Notas da autora

“Minhas sinceras desculpas caros leitores. Finalmente terminei meu TCC (Projeto e Monografia) e sim, claro, tirei 10! Voltando as minhas desculpas, mais uma vez as peço e junto a elas agradeço a minha amiga e grande musa inspiradora neste capítulo: Aléxia Augusto, obrigada! Este capítulo dedico a todos que me perguntam pela fanfic na ask, Facebook pessoal, fanpage e no Whatsapp (Me adicionem no Whatsapp: 69 9282 9972). Queridos leitores espero que leiam e não esqueçam de comentar. É uma grande satisfação, depois de 2 anos ainda ter leitores que se interessam em ler a história e que são apaixonados pelos personagens. Saibam que a fic está chegando ao fim, mas não será minha última, okay? Gostaria de agradecer a equipe TLM por cuidar de tudo na minha ausência, por me motivar a escrever mesmo com todos os problemas que sobrecaíram sobre mim, enfim, aqui estou, firme e forte e escrevendo novamente. Pode parecer em vão, mas agradeço a verdadeira motivação que faz fluir cada palavra aqui escrita por mim, ao homem dos meus sonhos: Taylor Lautner, embora muito tempo tenha se passado, ainda o amo como no primeiro dia que o vi, como sabem, há sinceros sentimentos nessa Fanfic, por isso, sintam todas as emoções e comentem bastante. Até mais, prometo não demorar mais tanto em atualizar”.




        POV SALLY

         Existiam muitas dificuldades que eu encontrava, contudo, existia alguém que me fazia estampar um sorriso no rosto.
         Quando eu estava triste, meu bebê se mexia como se quisesse mostrar com seus movimentos que se importava. De fato quando Megan movia-se dentro da minha barriga, alegrava-me instantaneamente.
         Nunca ansiei tanto para conhecer alguém, nem mesmo Taylor. A ansiedade de ver a face de Megan era maior a cada dia, muitas vezes eu me perguntava como seriam seus olhos? Será que Megan seria o espelho de Taylor? Se pareceria comigo? Essas perguntas me deixavam ansiosa.
         Muitas preocupações rondavam minha mente e me afetavam o tempo inteiro, contudo, mesmo ainda sentindo muita raiva pelas atitudes do Taylor, minha filha não tinha culpa de nada do que havia acontecido e não seria eu que a puniria tirando-lhe o direito de ter um pai.

“Não importa o que aconteça amaremos muito você filha”. Sussurrei conversando com Megan acariciando minha barriga.
        
         Acordei pela manhã com gritos de Aléxia e Robson muito ansiosos para irmos comprar os móveis e roupas para Megan. Foi um dos melhores dias de minha vida e estar ao lado dos dois, apenas me deixou mais contente.

“Vamos Sally. Está esperando que eu te arraste?” Robson disse puxando minha coberta enquanto Aléxia abria as janelas de meu quarto.

“Ainda é cedo, me deixem dormir por mais 5 minutos?”

“Nem 5 segundos, vamos Sally, levante e veja o sol sorrindo para você lá fora”. Falou Aléxia docemente.

         Robson, Aléxia e eu fomos até ao ¹Starbucks tomar um café para descontrair enquanto planejávamos em qual loja ir primeiro. Fomos até a loja da Dior, apesar de eu não querer nada tão extravagante, gostei de algumas roupas e acessórios que achamos que seria ideal para Megan.
         Escolhemos todos os tipos de roupas femininas possíveis, macacões, boleros, Boris, vestidinhos de todas as cores e todos os estilos e até mesmo faixas e fitas para cabelos.
         Ao comprar os móveis do quarto fomos até a Buy Buy Baby.  Decidi que a cor dos móveis de Megan seria uma cor neutra, pois tudo rosa não me agradava muito.
         Depois de tudo pronto meus pais, Robson, Aléxia e Nicolas a montaram o quarto. Ficou realmente lindo levando-me a observar por horas.
         Peguei-me imaginando como Taylor reagiria se estivesse comigo naquele momento.
          Sentei na poltrona branca que havia no quarto e acariciei minha barriga conversando novamente com ela e comigo mesma. Em minha face, vinham vários sorrisos bobos, era fantástico senti-la tão minha.
         O tempo parecia não passar e aumentar minha espera.
         Um frio no estômago e um leve enjoo estavam mais forte que o de costume. Um mês depois do meu encontro com o Taylor, sentia-me ainda mais perdida. A ausência de Channing era um pouco dolorida, seu apoio tinha sido primordial até ali e após de um mês sem vê-lo percebi que ele estava muito melhor sem minha amizade.
         Channing estava certo em seguir em frente.
         Taylor não aparecia em público desde o nosso embaraçoso encontro no meu quarto. Meu enjoo e raiva haviam diminuído ou aprendera a lidar com meus sentimentos com relação a ele.
         Em pouco tempo eu parecia ter evoluído, mas não sabia ao certo se era apenas um conformismo que meu coração fingia para que doesse menos.
         Nem sempre a pessoa que amamos é que nos ama, ou o amor ainda que mútuo, não é o suficiente para que duas pessoas fiquem juntas.
         Acho que o ponto chave para a felicidade está em engolir o orgulho uma ou duas vezes ao dia.
         Não sei o que torna um amor verdadeiro, de um lado existe uma força que te faz capaz de tudo e do outro, uma fraqueza que te faz sentir uma apreensão que dificulta tudo.
         Como é possível desejar tanto estar perto de uma pessoa e ao mesmo tempo ter certeza que a distancia é mais certa?
         Meu encontro com Taylor me deixou ainda mais reflexiva, ou como dizia Nícolas, dramática, de fato, eu havia ficado sensibilizada por vê-lo e por permitir que ele desse nome a nossa filha. Isso significava que ele ainda tinha muito poder de influenciar minhas ações.
         Embora toda a dor que havia sentido, não me restava dúvida que ainda amava Taylor como antes, mas não havia força que me guiasse a decisão certa, pelo contrário,  predominava uma intensa fraqueza que me deixava ainda mais indecisa.
         Aos 7 meses, sentia-me cada vez mais aflita, a dois meses Megan viria ao mundo, e logo eu iria ter que compartilhar toda a verdade com o Taylor, com sua família, com todos, era o certo a fazer, mas eu não queria revelar nada, não apenas por medo, mas por não saber como lidar com a situação.
         Senti uma cólica inofensiva, não pensei que fosse sério. Não achei necessário mencionar, talvez toda a batalha interior que travei entre meu coração e minha razão havia me deixado exausta.
          Meu celular tocou, era Channing, depois de um mês, o que ele poderia querer?
         Atendi sua ligação, não durou mais de 10 minutos. Channing apenas me avisava que assumiria seu romance em público colocando em dúvida nosso PR e causando boatos do término do namoro, traição, enfim, não era difícil prever o vendaval que a mídia faria, mas havia chegado a hora e eu tinha que enfrentar tudo.
         Passei pelo corredor em busca de contar a Alexia sobre o que o viria, mas fui impedida ao ver uma troca de olhares entre ela e Nícolas no sofá da sala. Nunca pensei que isso aconteceria, mas meu irmão parecia mais apaixonado do que a própria Alexia que o amava desde a infância.
         Voltei ao quarto e adormeci com a cólica que agora havia se intensificado um pouco mais. Senti um sono e fraqueza inexplicável, mas era cedo demais para alertar alguém. No final da semana, as fotos de Channing com sua namorada estava em toda a internet e os boatos eram cada vez mais cruéis.
         Channing teve sua imagem arruinada e isso era culpa minha e do PR que havíamos assumido. A culpa por tornar Channing, em um crápula que trai uma mulher grávida sobrecaia sobre minha consciência.
         Minha vontade era por fim aquilo tudo. Era doloroso demais vê-lo ser apontado como um homem de caráter duvidoso, quando ele apenas havia sido o amigo que precisei em um momento de angustia.
         Minha testa suava, senti meu corpo quente e uma pontada de dor aguda no ventre. A leve cólica, intensificou-se de tal forma que em minutos uma dor exasperada tomou-me ao ponto de sequer poder pedir ajuda.
         Senti minha força sair do corpo. Tentei caminhar até o quarto de Alexia, mas parecia um caminho longo a percorrer. Tonta, vi tudo a minha frente virar escuridão e senti um par de mãos me tocar.
         “Sally?” Ouvi Nícolas gritar desesperado. Foi a última coisa que ouvi antes de ver tudo desaparecer na escuridão diante dos meus olhos.

POV Taylor.
        
         “Taylor, você não vai acreditar nisso!”
         “O que?” Indaguei espantado pela palidez de Makena.
         “Olhe este site, olhe estas fotos. Não estou entendendo”.

         Visualizei as páginas e não pude acreditar no que via. Channing havia saído de mãos dadas e foi fotografado aos beijos com uma mulher, mas como?
         Sally estava grávida dele, como poderia fazer isso? Enfurecido, fechei o notebook e fui até a casa de Sally para saber como chegar até Channing.
         A porta estava aberta. Não hesitei e entrei. Ao chegar a casa de Sally, Nícolas procurava algo em cima da mesa.

         “O que procura?” Indaguei vendo-o perturbado.
         “A chave do carro. Onde está a porra da chave?”
         “Eu não sei, mas posso te ajudar a procurar, Sally está?”
         “Não há tempo, meu Deus, preciso ir ao Hospital Geral de LA!”
         “Meu carro está aí na frente. Qual a emergência?”

         Nícolas olhou pasmo e estendeu as mãos ensanguentadas.

         “Meu Deus, você se cortou?” Indaguei assustado.
         “O sangue não é meu”. Disse Nícolas tentando usar o telefone, mas seu nervosismo e mãos trêmulas tornavam sua ação impossível.
         “De quem é esse sangue?” Indaguei sentindo todos os meus músculos paralisarem por um segundo e segui pelo corredor notando a mancha de sangue até o quarto de Sally.
         Encontrei-a desacordada e com os lábios pálidos sobre sua cama. Tomei-a em meus braços e segui até o carro.
         “Nícolas, procure a bolsa dela” Ordenei tentando tirá-lo do choque que o havia deixado em um estado deplorável.
         “Vamos”. Falei colocando Sally no carro e levando-a ao Hospital.
         “Ela morreu? Megan morreu?” Nícolas gaguejava em profundo desespero no percurso até o hospital.

         Não pude deixar de notar que Sally havia dado a sua filha o nome que eu daria a minha. Embora estivesse aterrorizado pelo seu estado, uma satisfação pelo nome dado trouxe-me uma sensação agradável por segundos.

         “Ela está respirando, okay? Fica calmo. Onde está todo mundo?”
         “Foram ao shopping comprar enfeites para o quarto de Megan”.
         “Eu sei o que aconteceu. Se eu fiquei chocado ao ver Channing com outra mulher, imagine Sally ao ver o pai da filha com outra?”
         “Na moral, não sei do que está falando”.
         “Não quero pensar nisso agora. Irei pegá-lo, mas agora preciso que ela fique bem, estamos a dois minutos do hospital geral de LA”.

         Ao chegar ao hospital Sally foi levada a sala de cirurgia para uma cesariana de emergência. Em 20 minutos toda a família de Sally estava na sala de espera. Nícolas era o mais afetado, muito mais que todos, parecia desolado.

         “Como isso aconteceu?” Alexia indagou ao obstetra que cuidava da gravidez de Sally.
         “Aconteceram muitas coisas. Ela está com a pressão de 18x15, o que me obrigada a retirar a criança ou poderá ter órgãos afetados ou mesmo falência múltipla”.
         “Ah, meu Deus!” A mãe de Sally chorava abraçada ao marido.
         “Mas ela vai ficar bem?” Nícolas indagou aos prantos.
         “Não estamos conseguindo conter a hemorragia, ela perdeu muito sangue”.
         “Você precisa fazer alguma coisa, eu preciso fazer alguma coisa”.
         “Vocês podem ajudar. Preciso verificar quais os glóbulos sanguíneos mais compatíveis com o sangue de Sally para fazer uma transfusão de sangue”.
         “Não precisa, temos o mesmo tipo de sangue”. Nícolas disse parecendo mais confiante.
         “Podemos fazer a transfusão agora mesmo”.
         “E o bebê? Como está?” Perguntei subitamente.
         “A placenta cedeu, mas os batimentos estão regulares”.
        
         As palavras do médico haviam deixado a todos desesperados. De alguma forma senti que ele não havia dito tudo. O caso parecia grave.
         Sentei na sala de espera e deixei que todas as lágrimas e a dor que eu sentia saíssem finalmente. Sally poderia morrer, isso sim seria perdê-la para sempre.
          Se Sally sobrevivesse, eu prometi a mim mesmo, que contaria toda a verdade sobre as chantagens de Tarik e imploraria seu amor, já que Channing e ela pareciam não estarem mais juntos dado as circunstâncias.
         A cirurgia para retirada de sua filha durou duas horas e ela ficou desacordada por mais 15 horas, deixando todos ainda mais afoitos.
         Ninguém se afastou nem por um momento, ansiosos por notícias, lotávamos as cadeiras da recepção como se nossas vidas dependessem de uma resposta que nunca chegava.
         O médico se aproximou, fazendo com que todos levantassem abruptamente.
         “Fiquem calmos, por favor?”
         “Como foi tudo?” Nícolas interceptou-o antes que o médico se aproximasse de todos.
         “A pressão da paciente se normalizou. A cesariana foi feita com sucesso e ela já está recebendo seu sangue e reagindo muito bem”.
         “E o bebê?”. Indaguei novamente temeroso.
         “O deslocamento da placenta requer cuidados, mas está estável”.
         “Ela está mesmo bem?” A mãe de Sally indagava impaciente.
         “O bebê nasceu de 34 semanas e normalmente a criança fica em observação por 15 ou 30 dias, mas como o bebê pesa 2.950 Kg, poderá ir para casa após alguns exames”. Falou finalmente.
         “Então se pesasse menos iria ficar internada?” Nícolas indagou curioso.
         “Se tivesse menos de 2 Kg ficaria sim”. Disse o médico afastando-se.
         “Ainda bem que Megan é gorda” Nícolas brincou aliviado.

         Ouvir o nome Megan elevava-me a uma esperança que causava uma dor longe. Pelo visto, Sally não me odiava tanto assim. O que me motivava, mas nada era tão forte quanto a vontade de fazer Channing ouvir tudo o que eu tinha a dizer a ele.
         O médico trouxe notícias do estado de Sally deixando todos mais aliviados.
         “Sally está consciente, mas está sedada e não pode falar muito por causa da cirurgia. Dois de cada vez podem vê-la, prudentemente”.
         Sequer me movi de onde estava. Obviamente, seria alguém da família.
         “Vão vocês dois” Ordenou Nazaré apontando para mim e Nícolas que parecia mais surpreso do que eu.

         Sally tinha um aspecto mais corado. Seus belos olhos azuis encheram-se de água ao me visualizar, temi que minha presença a fizesse mal.

         “Prefere que eu saia?” Indaguei vendo sua emoção. Sally balançou a cabeça dizendo que não, então me aproximei e toquei sua mão.
         “Tudo bem querida?” Perguntei nervoso.
         “Oi irmã, Megan está bem” Nícolas disse a Sally.

         Sally apenas observava-nos como se sentisse uma dor profunda e não pudesse expressar.

         “Preciso te dizer tanta coisa, mas não posso agora” Falei acariciando sua testa. Sally apertou minha mão encorajando-me a dizer o que era.

         “Depois eu falo okay? Procure descansar”.
         “Eu tenho uma coisa a lhe dizer”. Disse ela emocionada.
         “Não Sally, agora não é hora para dizer nada, mesmo eu gostaria te dizer tanta coisa e lhe dá explicações, mas esse não é o momento”.
         “Nunca é o momento”. Reclamou.
         “Eu sei que sempre te digo palavras difíceis de entender, mas você acredita se eu te disse a essa altura que eu te amo?”. Revelei.
         “Faça-me acreditar no seu amor Taylor, porque nesse momento, como em tantos outros, está cada vez mais difícil acreditar em você”.
         “E se houvessem razões que justificassem em parte meu comportamento?” Indaguei.
         “Então me diga que razões são essas?”
         “Eu te amo Sally. Não há maior razão que essa para justificar minhas ações”.
         “Você sempre me diz isso, mas não tem sentido algum no que sai da sua boca e no que faz”.
          “Não me importa o que pensa de mim Sally. Eu te amo, mesmo que minhas ações digam o contrário”.
         “Você já disse isso, acho que está na hora de virar o disco”.
         “Meu amor por você, assim como minhas palavras nunca serão ultrapassadas”.
         “Às vezes eu odeio você por me dá tanta certeza de que me ama e ao mesmo tempo também me certificar de que não represento nada”.
         “Você é tudo para mim Sally”.
         “Eu não vejo essa afeição”.
         “Não precisa ver, precisa apenas sentir”.
         “E se eu lhe disser que não sinto nada Taylor?”
         “Sei que serão apenas palavras saindo da sua boca. Você deve saber no fundo, ainda que bem no fundo que eu amo você”.
         “Acho que preciso fazer uma busca minuciosa dentro de mim para ver se encontro algum vestígio desse amor”.
         “Busque o que há dentro de si e talvez se surpreenda”.
         “Duvido muito”.
         “Sei que errei, mas eu gostaria de pedir uma chance. Se após fazer uma buscar ainda restar algum vestígio do amor que sente por mim, fica comigo, eu prometo cuidar de você e de Megan como se ela fosse minha”.

         Sally deixou as lágrimas que se esforçava para esconder rolar pela sua face e com sua voz baixa e suave sussurrou:

         “Tudo que você diz não faz sentido algum”.
         “Talvez precise mais do que palavras”. Articulei acariciando seus cabelos e contornando todos os traços do seu rosto recordando-me do quanto sua beleza me enfeitiçava.
         Os olhos de Sally focaram Nícolas que se aproximou lentamente, um pouco tímido e segurou sua mão emocionado-a ainda mais.
         O médico pediu que saíssemos, pois Sally havia se emocionado demais com nossa presença e seria a vez de Alexia, dos seus pais e Robson a verem.
         Ao sair do quarto, a enfermeira nos guiou até uma sala do final do corredor e lá estava ela, agasalhada em uma manta rosa. Vi apenas os poucos fios do cabelo loiro e mãos tão brancas como a pele da mãe.
         Parecia tão frágil e delicada, como uma boneca de porcelana, estava em sono profundo. Desejei ver a cor dos seus olhos, mas olhei-a com uma cobiça desejando que fosse minha. Megan tinha a perfeição de um pequeno anjo, seus cabelos dourados e lábios rosados deixaram-me levemente chocado.
         Sally teve alta do hospital e pediu que eu fosse a casa dela para conversamos, mas me recusei a vê-la, pois minhas revelações eram muito pesadas considerando seu resguardo e parto complicado.
         Aquele não era o momento, eu já havia perdido tantas chances de dizer a ela tudo que tinha acontecido. Permaneci zangado comigo mesmo, direcionei toda minha raiva a Channing e voltei para casa assim que vi Sally saindo do hospital.
         Eu faria tudo para ter Sally comigo. Criaria sua filha como se fosse minha se ela aceitasse. Cada segundo que sai do hospital consistia em fantasiar minha vida com as duas, mesmo Megan sendo filha do canalha, eu queria as duas perto de mim.
         O amor às vezes segue por distintas vertentes, mas uma coisa é certa, a vontade de estar ao lado de quem amamos, faz-nos capaz de superar nosso orgulho, erros e preconceitos.
          Toda a dor parece distante, torna-se longe como a vista do horizonte quando esquecemos as mágoas e pensamos no que há de melhor dentro de nós.
         Meus pais me pediram desculpas por não terem acreditado nos meus sentimentos por Sally.          Contudo, não revelei que a fã que eu amava era a atriz mais badalada de Hollywood.
         Após um tempo Sally estava bem finalmente. Era o momento de eu contar a ela toda a chantagem do Tarik e admitir meus erros enquanto homem.
         Eu estava certo de que minha parcela de culpa em sua dor não podia ser justificada apenas pelas chantagens, mas pela admissão de minha covardia ou de simplesmente não saber o que fazer diante do que sentia.
         Sentado em minha cama, ensaiei o que diria por tantas vezes que me embaracei com as palavras, no fim eu não sabia ao certo qual reação esperar. Deitei e esperei mais um pouco enquanto ouvia ³More Than Words unindo a melodia da música ao que eu gostaria de dizer a ela.
         Sally havia se recuperado. Era a hora do acerto de contas.
         Ao chegar a casa dela uma sensação de algo decisivo no ar caiu sobre mim. Apertei a campainha e vi Nícolas abrir a porta com um pato de borracha em mãos.
         “Chegou na hora do banho cunhado”. Disse Nícolas apertando o brinquedo.
         “Que bom”. Tentei parecer tranquilo.
         “Que foi?” Nícolas inquiriu preocupado.
         “Quero falar com sua irmã”.
         “Ela está dando banho em Megan, espere vou dizer que está aqui”.

         Ao voltar Nícolas já não tinha o brinquedo em mãos, mas me olhava de uma forma estranha. Possuía um semblante de quem expressa algo muito bom que aconteceu. Em alguns minutos Sally apareceu na sala para conversar comigo.

         “Onde está a menina?” Falei obervando que não estava com ela.
         “Eu a coloquei para dormir”.
         “E então? O que deseja?” Sally perguntou querendo saber o assunto.
         “Não sei nem por onde começar”.
         “Que tal pelo começo?”.
         “Pelo começo, okay”.
         “Você está muito tenso, parece grave” Disse ela vendo estalar os dedos.
         “Sim, estou. Sally, eu sei que muitas vezes te pedi para me entender, para confiar em mim, sei que sempre lhe disse que tinha minhas razões para fazer algumas coisas que te machucaram”.
         “Na verdade, tudo o que faz sempre me machuca”.
         “Eu sei, e não estou aqui querendo justificar o que eu fiz com meias verdades. Quando nos conhecemos me apaixonei de uma forma que não sabia como agir com você ou com relação o meu sentimento por você”.
         “Não saber como agir é uma coisa, não querer agir é outra”. Disse ela.
         “Eu sei, mas você nunca teve medo de nada? Nunca desistiu de algo mesmo querendo muito?”
         “Existe uma grande diferença entre desistir do que queremos e perceber que nosso querer não nos levará a lugar algum”.
         “Isso não se aplica a nós. Eu sempre quis você, mas fui tomado pela covardia e te perdi, mas eu sei que vale a pena. Nós dois valemos muito a pena”.
         “Eu não acredito nisso Taylor, não acredito. Quando o amor é verdadeiro não há medo ou covardia que separe. O coração insiste”.
         “E o que acha que estou fazendo aqui? Estou tentando de todas as formas mostrar a você o que está subentendido, que eu te amo, se isso não é insistência, o que é isso”.
         “Talvez seja tarde demais, Taylor”.
         “Você está sendo covarde Sally, está fazendo o mesmo que eu fiz, mas eu lhe falo como alguém que já seguiu esse caminho. Ele é cheio de espinhos e se você for por ele, seguirá solitária”.
         “Eu já segui esse caminho muitas vezes, estou esgotada, inclusive”.

         Ao ver Sally desistir do nosso amor, perdi o controle e chorei vendo sua face triste e o quanto estava sendo destruída por todos os erros que cometi. Olhei profundamente em seus olhos e falei quase sem voz.

         “Desculpe, mas não foi apenas minha covardia e defeitos horríveis que eu sei que tenho que me afastou de você”.
         “Vai começar com as suas razões ocultas de novo Taylor?”
         “Não serão mais ocultas. O que lhe trago hoje são bem mais que palavras”. Falei jogando o envelope que trazia sobre a mesa.
         “O que tem aí dentro?” Ela perguntou se aproximando.
         “Minhas razões em forma de um dossiê, abra-o”.

         Sally tocou o envelope com as mãos tremulas e abriu sem temer o que havia ali. Ao ver suas mãos passando por suas fotos nuas na sacada do Hotel, percebi sua cabeça sendo severa, procurando respostas e eu finalmente as teria.

         “O que isso significa?” Perguntou em pânico.
         “Você se lembra de quando você ia voltar ao Brasil e não pude me despedir porque Tarik me procurou no Hotel?”
         “Lembro, foi quando você partiu a primeira vez”.
          “Fui obrigado a partir. Tarik me disse que um paparazzi havia tirasse essas fotos e queria dinheiro ou as divulgaria. Eu precisava pegar o dinheiro porque ele me deu um prazo de poucas horas, então simplesmente sai”.
         “Porque não me disse isso?”
         “Isso não foi tudo. Tarik não me devolveu as fotos. A principio pensei que fosse para proteger minha carreira, mas depois descobri outras razões”.
         “Que razões?”
         “Ele percebeu que eu te amava no instante em que viu a forma que te olhava. Nunca fiz nada para merecer qualquer sentimento dele, mas Tarik é gay e não me vê somente como um artista que ele agencia”.

         Sally afastou-se da mesa e se sentou no sofá procurando forças para acreditar no que eu havia dito.

         “É muita informação”. Revelou pasma.
         “Fui chantageado por ele todo esse tempo”.
         “Meu Deus, quanto dinheiro ele tomou de você com isso?”
         “Ele não queria dinheiro Sally, só exigiu que eu ficasse longe de você”.
         “Porque não me disse nada sobre isso?”.
         “Como? Como dizer a uma adolescente que acabou de perder a virgindade que suas fotos de um momento tão íntimo iam parar na web porque fui idiota e não fechei janela?”
         “Você deveria ter contado isso a mim. Resolveríamos juntos”.
         “Não resolveríamos juntos porque havia mais pessoas envolvidas, minha família ficou sabendo de tudo e também me aconselharam a me afastar de você”.
         “Então no final não era a minha vida íntima que você temia ir a público e sim sua carreira, sua imagem, sua conduta impecável, não é?”
         “A princípio sim. Confesso que temi perder tudo pelo que lutei, mas depois, as coisas ficaram mais graves, não era só minha carreira, era a sua e a imagem da sua família que seria exposta a crueldade dos tabloides, por favor, Sally, tente entender”.
         “Minha família?” Indagou ainda mais aterrorizada.
         “Tarik se aproximou do seu primo e o usou para obter informações sobre sua família, eles tiveram um caso, mas agora acabou”.
         “Robson teve um caso com Tarik?” Disse descrente.
         “Sim, Robson falou sobre o caso de Pedofilia que acabou com a carreira do seu pai, os problemas com alcoolismo dele e de sua mãe, a agressão de Nícolas a um garoto na adolescência, e outras coisas”.
         “Isso não pode estar acontecendo”.
         “Não está mais acontecendo, mas aconteceu”.
         “Como assim?”
         “Tarik não tem mais as fotos e agora sou eu quem tenho coisas sobre ele”.
         “Não consigo acreditar que tudo isso aconteceu pelas minhas costas”.
         “Tudo isso foi para lhe proteger Sally. Você optou pela fama e existe um preço muito caro a apagar ao seguir este ramo, as vezes requer sacrifícios”. Falei vendo sua fisionomia mudar.
         “Você não precisava resolver tudo. Poderia ter me dito, sei lá, daríamos um jeito”.
         “Foi minha escolha Sally, está feito, okay? Acabou”.
         “Acha que foi só você que se sacrificou?” Perguntou abatida.
         “Não peço que aceite minhas razões, mas apenas as ouça e veja por traz de tudo que fiz de errado, a intenção de fazer o certo. Entende?”
         “Porque você fez isso tudo? Sacrifícios, renúncias, por quê?”
         “Para te proteger”.
         “Para me proteger?”
         “Desculpa, mas não sei o que você quer ouvir”.
         “Se não sabe então mais uma vez vejo o quanto está perdido”.
         “Sempre fico perdido quando algo envolve você”.
         “Eu preciso de um tempo para processar isso tudo. Preciso ficar sozinha. Por favor, vá embora. Eu lhe procuro se achar necessário”.
         “Sim, eu vou, vejo que de nada adiantou. Adeus Sally, dessa vez, é você quem me obriga a te abandonar. Estou tão esgotado quanto você”.

         Sally foi dura mesmo após ouvir minhas razões. De alguma forma tudo o que eu disse não parecia ter sido o suficiente. Algo faltou a ser dito, mas naquele momento, tomado pela certeza do quão certo eram minhas atitudes, não percebi que as palavras tradicionais, podem ser as certas a dizer.
         Quando Sally perguntou porque eu havia feito tudo aquilo, não queria ouvir que foi para protegê-la e sim por amá-la, mas depois de um triste adeus, de nada adiantava reclamar as palavras não ditas.
         Sai sem olhar para traz deixando com ela o envelope com o dossiê. Essa, entre tantas idas, roubava mais da minha sanidade do que todas as vezes que me afastei querendo ficar.
         No trajeto até o carro esperava que ela me alcançasse e me desse uma segunda chance. Como nesses filmes clichês que a pessoa amada segue a outra e após dizer tudo o que sente e finalmente ficam juntos, mas não era um filme. Era real e ela me pediu para ir.
         A cada avenida que passava sentia como se uma parte de mim estivesse dormente.  Eu havia perdido tudo.
         Descendo pela ³Hollywood Boulevard, segui com meu carro com som alto para que eu mesmo não pudesse me ouvir gritar, enquanto tocava 4Boulevard of Broken Dreams, segui para meu acerto de contas com Channing Tatum.
         Eu tinha a informação de que logo mais a noite Channing estaria em um jantar no restaurante “O red” com Justin Timberlake. Ele achava que seria apenas um jantar entre amigos, mas Channing não sabia o que esperar daquela noite, nem mesmo Justin.
         Vi Channing se sentar a duas mesas longe de mim. Aquela altura, eu não me importava com nenhum escândalo, então fui até lá interromper o jantar.
         “Boa noite Channing?”.
         “Boa noite”. Respondeu seco.
         “Tudo bem?”
         “Está perfeito”.
         “Para mim não está nada bom” Elevei o tom empurrando-o em sua cadeira. Channing levantou apreensivo.
         “Qual o seu problema?” Ele indagou me enfrentando.
         “Sally é meu problema. Você não tem vergonha de trair uma mulher grávida na frente de todo mundo?”
         “Não entendo o que você tem a ver com isso”.
         “O que tenho a ver?” Perguntei empurrando-o E derrubando os copos da mesa.
         “O que pensa que está fazendo garoto?”
         “Como você pode não se importar com sua filha?”.
         “Escuta aqui rapaz, eu me preocupo com Sally tanto quanto você, mas não sou o pai da filha dela”.

         As palavras de Channing me deixaram titubeante.

         O que eu estava fazendo ali? Se Megan não era de Channing, então...

         “Eu disse isso apenas para acabar com esse drama em público. Todos estão olhando. Embora não te deva explicações, peço que se retire daqui. Já sofri demais com esse PR e minha amizade com Sally me custou caro”.
         “PR?”
         “Eu vou embora daqui, isso já deu o que tinha que dar”.
         Channing afastou-se furioso.
         Justin esperava do lado da mesa sem se meter na confusão.
         “Posso te perguntar uma coisa?” Justin pediu calmo.
         “Pode”.
         “Você é amigo da Aléxia, certo?”
         “Sim, sou”.
         “Como ela está?”
         “Ótima”.
         “Vocês se conhecem?”
         “Sim, gravamos um clipe juntos com o 50 Cent”.
         “Que bom cara. Desculpa, não estou em um bom momento”.
         “Ah, sim, claro. Percebi. Eu que devo desculpas, até mais”.
         “Até mais”.
        
         Naquele momento senti minhas pernas dormentes, mas segui para casa sem ao menos conseguir acreditar no que minha mente sugeria. Se Channing não era o pai da filha da Sally, quem seria?
         Entre a incerteza e a esperança segui meu caminho tentando sobreviver a sensação de sufoco que inibia meu coração de festejar a suposta paternidade que estava mais evidente depois das últimas declarações de Channing.
         Perdido, uma parte de mim entendia porque Sally havia dado o nome que eu escolhera para minha filha e a outra parte sentia esperança de que os murmurinhos entre a família de Sally nada mais fosse que a constatação que eu era o pai de Megan.
         Ao adentrar minha casa, não sei como pude subi os degraus dada a dormência que havia me tomado. Era difícil processar o que sentia naquele momento.
          Como aceitar que Sally e eu havíamos feito algo tão perfeito?
         Na minha mente, todas as imagens de como poderia ser os olhos de Megan iam e vinham como ondas em maré alta. Era noite. Me peguei sonhando com que minha suspeita fosse verdade, mas de fato, existia mesmo a possibilidade de Megan ser minha?
         Levado pelas circunstâncias, a possibilidade daquele bebê ser meu me parecia inacreditável. Foi difícil aceitar que eu podia ser pai ou pior que isso, estar enganado seria como matar uma parte de mim. Eu já a amava.
         Não dormi durante toda a noite e mal podia esperar para ver Sally frente a frente e perguntar quem era eu o pai de Megan. Em um momento imaginei-a junto a minha grande família e sonhei com tudo que faríamos juntos.
         Sally sempre foi o amor da minha vida, mas Megan era como se fosse mais do que eu merecia depois de tantos erros. Como um caminho cheio de espinhos poderia originar a uma flor tão bela?
         Finalmente amanheceu...

         POV SALLY
        
         Quando pedi que Taylor saísse da minha casa era porque eu não o queria ou porque não tinha nada a dizer, apenas tive reações ultrapassadas, palavras roubadas e minha razão entorpecida por tudo que foi revelado.
         Como saber se ele ama se tudo que ele faz mostra o contrário? Será possível que seu jeito de amar seja tão peculiar que lhe permita ferir de diferentes modos e ainda assim estar sendo sincero?
         Já pensou amar alguém com todo o seu coração e no final acreditar que foi apenas mais um erro entre tantos outros que já cometeu? Em alguns momentos me perguntava se Taylor era realmente o culpado pela minha dor ou minha natureza intensa e dramática complicava ainda mais.
         Um confronto entre culpa e alívio me enchia de dor e arrependimento. Como pude ser tão cega ao ponto de não notar que havia algo mais? Como não senti sua dor quando dizia que a fama apenas me afastava dele ainda mais? Como não percebi que a obsessão de Tarik era incomum? Como não notei os pedidos de desculpas que me pareciam sempre evasivos?
         Sempre cobrei por palavras, enquanto ele me dava muito mais. Às vezes, cobramos palavras que queremos ouvir, e esquecemo-nos de gestos que vão muito além do que esperávamos ouvir.
         Enquanto preservava minha imagem de um escândalo com fotos nuas e chantagens sobre minha família, meu coração enchia-se de ódio ao ponto de esconder dele sua própria filha.
         Diante de todos os fatos, muita coisa fez sentido. As palavras cheias de dor que Taylor proferia e suas respostas sempre tão vazias. Quantos momentos desperdicei sem perceber? Quantas noites mal dormidas e lágrimas derramadas apenas por não saber disso?
         O amor é detalhe.
         Esse foi o meu maior problema. Não prestar atenção aos detalhes. As palavras enigmáticas que antes não diziam nada, agora significavam tudo. Todas as suas ações aparentemente erradas eram tentativas frustradas de me proteger. Certamente, ele me amava. De uma forma única e sua, me amava do seu jeito, mas amava. Como eu poderia adivinhar?
         Eu havia me esquecido o quanto era fácil amá-lo sem todos os erros que ele cometia. Como eu poderia aceitar o inferno que Taylor viveu por mim? Como não me sentir mal por sequer imaginar que de fato ele tinha razões para agir daquela forma?
         Sei que foram muitos enganos e que a chantagem do Tarik não explicava tudo, mas pelo menos esclarecia todos os abandonos e palavras duras que ele me disse todas as vezes que me deixou destruída com adeus que me roubaram tantos sorrisos.
         Quantas vezes o agredi injustamente e o feri quando ele apenas me protegia? Taylor foi um anjo que esteve a minha espreita tentando me segurar a cada tropeço que ele sabia que eu daria.
         O que fazer quando julgamos o amor ou quem amamos, mas estamos enganados? O que fazer quando jogamos sem conhecer as regras ou as desvantagens do que supúnhamos ser o adversário? O que fazer quando se descobre que o vilão foi o herói durante toda a história e só você não viu?
         Às vezes, nos preocupamos tanto com nós mesmo que nos esquecemos-nos que outras pessoas também podem se importar. Quando fazemos uma bagunça, não é tão fácil arrumar, mas talvez, nem sempre o politicamente correto é o certo para si.
         Quem foi que disse que histórias de amor devem ser todas iguais? Se não existe fórmula mágica para ser feliz, qual o problema de viver um amor conturbado se é real e sincero?
         O amor nem sempre depende dos beijos intensos e corpos calorosos satisfazendo desejos. Ele pode vir como uma tempestade impetuosa, dando lugar a uma manhã gloriosa, com dias de sol e uma primavera imprevista.
         As coisas nem sempre acontecem como planejado, mas o inesperado também pode te fazer feliz e o que parecia tão incerto pode ser perfeito para sua vida.  Às vezes peças se encaixam tornando realidade, o que você sequer sonhou um dia.
         Taylor era bem mais homem do que eu podia imaginar e sua aparente covardia nada mais era que a coragem e determinação para me manter longe da sujeira que fiz questão de me aproximar a cada dia.
         Com minha filha nos braços, tão pequena e já tão vitoriosa, pedi a Nícolas que viesse até mim. Não dava mais tempo de esconder toda a verdade, ainda mais ele considerando Taylor mais que amigo, um irmão.
         Toda a minha família sabia que Taylor era o pai de Megan, somente ele não sabia. Nícolas ficou profundamente abalado com a revelação e não continha a felicidade dentro de si.
         Era certo que Nícolas não contaria, era algo que eu explicaria após meu resguardo, um assunto nosso. Um telefonema de Channing acabou com os meus planos de contar ao Taylor com calma.
         Taylor cobrou a conduta de Channing supostamente errada comigo e obviamente, ele não permitiu que mais enganos ligados ao seu caráter lhe fossem atribuídos enquanto ele apenas era um bom amigo.
         Certamente, ele preencheria as lacunas e saberia que Megan era sua filha. O que por si só me deixou preocupada com o uso das palavras certas já que eu já havia julgado suas ações de forma tão errada e esconder que estava grávida dele, antes pareceu certo, mas não parecia mais.
         Diante da situação nada mais justo que procurá-lo e falar olhando nos seus olhos todas as razões que haviam me guiado a percorrer aquele caminho tão só, somente naquele momento, sem a raiva e rancor pude entender que não importava quantos enganos havia nos levado até ali, éramos como imas, o universo nos unia, mesmo quando nossas decisões insensatas nos separavam.
         Já estava mais do que na hora de encarar a família Lautner de cabeça erguida. Peguei Megan em meus braços e pedi que Nícolas me levasse até a casa do Taylor onde tudo seria esclarecido.
         O caminho até Valência, Santa Clarita deixava ainda mais temerosa. O medo de que fosse novamente rejeitada ou que Taylor não entendesse minhas razões deixava-me perdida entre os anseios e medos que de mim tomavam conta.
         Nícolas dirigia o carro em um silencio tão grande que me dava calafrios.
         “Fica calma Sally”. Ele quebrou o silêncio.
         “Não consigo”.
         “Megan está dormindo?” Perguntou olhando pelo retrovisor.
         “Não”.
         “Vou cantar para que durma”.

         Nícolas deixou-me curiosa pelo que cantaria, mas confesso que embora seu gosto por músicas fosse sempre muito peculiar a sua personalidade, minha surpresa ao ouvi-lo cantar as primeiras estrofes da música 5“Sway”, emocionaram-me. De algum modo a banda “The Perishers” talvez trouxe o que ele sentia, ao seu jeito, a sua escolha de versos.
         No caminho reprisei em minha mente as minhas tentativas frustradas de ficar com o amor da minha vida, contudo dessa vez, enxergava tudo com uma perspectiva diferente, não que justificasse todos os abandonos, mas certamente de uma forma que tornasse minha dor mais tolerável.
         Em alguns casos as razões que levam uma relação ao fim deixam feridas abertas e que levam muito tempo para serem curadas, talvez nunca sarem, cicatrizes podem lembrar o quanto foi doloroso um dia.
         As coisas mudam quando as razões que levaram ao fim foram regadas de renúncia ao seu próprio querer, quando o amor é marcado por sacrifícios, por tentativas de proteger quem amamos até mesmo de si.
         Taylor escolheu um caminho solitário, guardou consigo todas as dores e culpa que em parte foi minha.
         Eu deveria sentir que todas as vezes que ele pediu para que eu confiasse era sincero? Eu deveria sentir que quando ele dizia me amava mesmo quando suas ações diziam ao contrário, era real? Eu deveria sentir que por trás de suas palavras camuflas havia intenções sinceras? Eu deveria sentir que o Taylor que amava nunca deixou de existir.
         Ao passo que notei o quanto suas palavras e atitudes faziam sentido, percebi que não importava o turbulento caminho que havíamos trilhado e sim onde queríamos chegar.
         Meus devaneios foram interrompidos pela voz do Nícolas que era apenas um eco ao longe dada a viagem da minha mente a um passado tão meu.
         “Chegamos”.
         “É aqui?” Indaguei olhando uma casa modesta em um azul céu.
         “Sim, tenta não surtar, okay?”.
         “Que?”
         “Ah sei lá, vocês mulheres fazem drama por tudo”. Brincou.
         “Essa situação não é dramática o suficiente para você?”
         “Porque tudo que você fala parece ter saído de um livro irmã?”.
         “Eu espero aqui”.
         “Nem pensar, vamos entrar os dois”.
         “Que assim seja”.

         Destemido e menos tenso do que eu, Nícolas esboçou um sorriso e tocou a companhia com um olhar sereno. O ar me faltava aos pulmões, minha garganta estava seca e um grande nervosismo me tomava a cada segundo que demorava a alguém abrir a porta.

         “Olá?”. Disse Nícolas ao ver a mãe do Taylor.
         “O-lá”. Disse pausando e em tom de surpresa.
         “O Taylor está?” Perguntou Nícolas em um meio tom.
         “Sim, está. Por favor, entrem”.
         “Eu conheço você”. Disse Deborah.
         “Ah, sim”. Admiti sem graça.
         “Como se chama o bebê?” Perguntou olhando Megan nos meus braços.
         “É uma menina, se chama Megan”.
         “Lindo nome”. Elogiou reflexiva.
         “Fiquem a vontade, vou chamar o Taylor”.

         Enquanto Deborah subia as escadas, Makena e Daniel saiam de um dos cômodos da casa. A família estava presente, o que me deixava ainda mais inquieta.
         Quando ouvi os passos do Taylor descendo os degraus, visualizei-o de uma forma que a há muito tempo não via, talvez com a admiração que eu sentia antes das decepções que me sobrevieram.
         Seus olhos focaram-me de forma imponente, estreitando-se em seguida para o rosto de Megan ao passo que se aproximava de nós.
         Diante de mim, sem dizer uma palavra sequer, foi impossível conter a emoção, a minha, a sua, a de Nícolas e sua família olhava sem entender o que havia nos levado as lágrimas daquela forma.
         Taylor olhou para a face de Megan como se olhasse para o que havia de mais precioso em sua vida e olhou-me em seguida buscando palavras para dizer.
         Olhei-o como o homem que eu havia amado através de um simples filme. Em um instante olhava-o como a fã que estava diante dele naquele hotel pedindo uma chance e no outro, a mulher que ainda o amava depois de tudo.
         Se o nosso amor havia sobrevivido a tantos desvios, certamente era digno de mais uma oportunidade, contudo a essa altura, eu precisaria conquistar uma nova chance com Taylor Lautner.


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¹StarbucksFamosa “Cafeteria localizada em Los Angeles”.

²More Than Words - É uma balada escrita e originalmente cantada pela banda de rock Extreme. É construída em torno do trabalho da guitarra acústica de Nuno Bettencourt e os vocais de Gary Cherone (vocal com harmonia de Bettencourt), foi lançado em 1990 no álbum Extreme II: Pornograffitti. A canção foi uma partida do funk metal que permeou o estilo da banda anteriormente a este lançamento. A música se tornou uma "febre mundial" no início dos anos 1990, não parava de tocar nas rádios do mundo todo atingindo o nº 1 em vários países, e atingiu também a marca de "segunda mais executada de todos os tempos" por um longo período.

³Hollywood Boulevard –  É uma avenida localizada no bairro de Hollywood, na cidade de Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos. A avenida começa na Sunset Boulevard, no leste, e vai rumo a avenida de Vermont, no noroeste. Por ela passa a Calçada da Fama, onde as maiores celebridades são homenageadas com estrelas no passeio com os seus nomes. Na Hollywood Boulevard encontram-se também o Grauman's Chinese Theatre, o Grauman's Egyptian Theatre e o Kodak Theatre, entre outras famosas localidades de Hollywood.

4Boulevard of Broken Dreams - É uma canção da banda de punk rock americana Green Day. A canção foi escrita pelo vocalista Billie Joe Armstrong.


5“Sway”Música da banda indie rock sueca “The Perishers”.

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