POV SALLY:
Diante dos seus olhos, vi muito mais que apenas um momento
de reflexão. Além das muitas dúvidas que parecia ter, vi esperança entre as
lágrimas tímidas que enchiam seus olhos, temendo chorar a qualquer momento.
Taylor aproximou-se de sua filha para ver seu rosto, vi o
percurso do seu olhar até os olhos de Megan, ele suspirou fundo e tocou seu
rosto, sem sequer olhar para mim.
Ele parecia ter sido arrebatado pelo pequeno ser que estava
diante de si, emocionado, perplexo, perdido, talvez uma parcela disso tudo o
tomasse naquele momento.
Taylor conseguiu se desligar do encanto que Megan havia
causado sobre ele e olhou-me com uma expressão dolorosa, talvez precisasse
ouvir de mim que Megan era sua filha ou talvez a própria situação o houvesse
levado a uma posição inoperante e somente após um longo suspiro, ele se dirigiu
a mim:
“Você precisa me dizer se ela é minha” – Pediu quase sem
voz.
Diante do seu pedido, meu coração encheu-se de dor de tal
modo, que não consegui responder com palavras. Meu choro ecoou sala de visita e
apenas balancei minha cabeça positivamente, mas ele soube que ela era sua.
O sinal de sim, fez Taylor desmoronar e não era mais apenas meu
choro na sala, mas o seu e de sua família.
Taylor pegou Megan em seus braços como se ela fosse o que
havia de mais precioso para ele. Cuidadoso, aconchegou-a junto ao seu peito
abraçando-a carinhosamente e sussurrou emocionado, algo que não fui capaz de
ouvir, acho que talvez ninguém da sala ouviu suas palavras, eram segredos,
promessas, não sei dizer.
Megan apenas permanecia tranquila e dado ao conforto dos
braços do pai, adormeceu em um sono profundo como é comum aos recém-nascidos,
mas a cena que talvez eu nunca me esqueça, é a de seus pequenos dedinhos
envoltos do dedo do Taylor. Ela o segurava forte, uma conexão que o emocionava
segundo a segundo, enquanto ele permanecia fixado em sua face e desejando ver
novamente a cor dos seus olhos e a graça que irradiavam deles.
Megan mexia suas bochechas rosadas levando Taylor a esboçar
muitos sorrisos, os mais sinceros que alguém poderia ter. A família acompanhava aquele momento como se
fosse um privilégio único, cada um com reações diferentes.
Era certo que não havia ninguém mais satisfeita naquela sala
que a dona Deborah, a mãe do Taylor talvez houvesse regredido ao seu
nascimento, ou sua emoção fosse a de uma avó ao conhecer a neta, o mais
comovente, era ver a virtude em seus olhos e a forma perdida com que tentava
disfarçar sua emoção.
Daniel, o pai do Taylor, parecia chocado com a cena diante
de seus olhos. Suas mãos tremiam embora eles as esfregassem uma na outra para
disfarçar o nervosismo que sentia, talvez ser avô fosse uma surpresa, mas era
notória sua vontade de se aproximar de Megan e tocá-la e conforme os minutos
iam passando, ele aproximava um pouco mais.
Makena estava muito emocionada. Os soluços não podiam mais
ser contidos. Diante da emoção, a vi fotografar o momento em que Taylor
conhecia Megan. Talvez quisesse guardar uma lembrança de um dia tão único e
singelo.
Embora Makena se esforçasse para se controlar, ela estava
entregue a aquele momento, parecia assustada, surpresa, mas muito feliz entre o
pranto e os sorrisos quase escondidos que deixava transparecer.
Taylor sequer notou a emoção de sua família, estava
maravilhado com nossa filha. Ele acariciava os poucos fios em tons de ouro do
cabelo de Megan e tocava em sua face como se não acreditasse que ela fosse
real. Comovido, beijava seu rosto e sentia seu cheiro como se fosse sua
fragrância favorita.
Sem palavras ou gestos, ele apenas a mantinha em seus braços
olhando-a fixamente. Taylor sequer parecia estar ali. Seu corpo permanecia
inerte, como se apenas seus pensamentos estivessem a vagar por uma realidade
alternativa onde só havia felicidade.
Eu conhecia bem essa atitude, igualmente o amor de fã, esquecemo-nos
do mundo a nossa volta para criar momentos em nossa mente que desejamos que
sejam reais.
Taylor entregou Megan a sua mãe e pediu para conversar
comigo a sós. Antes de sair, vi Deborah chorar com Megan nos braços, em seguida
vi Makena e Daniel se aproximarem. Dei as costas e sai comovida pela recepção
da minha filha estar sendo tão acolhedora.
“Você quer alguma coisa?” Ele perguntou ao entrar no quarto.
“Água, por favor”. Pedi.
“Vou descer e pegar. Espere, aí conversamos”. Recomendou
sério.
Ao entrar em seu quarto, não pude deixar de pensar em todas
as fãs que gostariam de ver como ele era. Possuía uma decoração moderna, uma
escrivaninha, alguns livros, um closet charmoso.
Ao
abrir o armário reconheci as peças de roupa que lá havia. As camisas xadrez, as
camisetas pretas, cinzas, T – shirt’s, os ternos slins e os bonés de sempre.
Ele não parecia gastar muito com roupas e acessórios não vi nenhum.
Os sapatos eram o coturno desgastado, dois sociais e o tênis
que usa desde os 17 anos. Diante da visão totalmente contrária a ostentação
comum as estrelas de Hollywood, me perguntei intrigada: com o que o grande
Taylor Lautner gasta seus milhões? Se não fosse pelos 17 frascos de perfumes
importados, eu imaginaria que era pão duro.
O quarto em si era modesto, mas algo me chamou a atenção, além
do banheiro e do closet, havia uma porta para outro cômodo, o que seria?
Aproximei-me da porta do outro cômodo e abri a porta que
estava apenas encostada, ao entrar, deparei-me com algo que me impressionou, a
porta levava a um quarto rodeado de muitas prateleiras, haviam inúmeros caixas
cheias de cartas, livros, Cds, DVD’s, Bonés, ali era onde ele guardava todos os
presentes que ganhava de fãs.
Ouvi Taylor se aproximar. Ele tocou em meu ombro fazendo-me
virar para ele, então tomei a água no copo e voltei ao quarto principal para a
conversa que não podia mais ser adiada.
Olhei-o de cabeça baixa sentado na cama, havia um misto de
alegria e dor, aparentava estar triste ou decepcionado.
“Ela é sua”. Falei simplesmente.
“Você ia esconder isso de mim?”
“Não, só esperava um momento mais apropriado”.
“Não há nada que eu não faria por vocês”.
“Eu sei Tay, agora eu sei, só agora sei”.
“Não consigo fingir que isso não está doendo”. Disse
tristemente.
“Eu sei que dói. Desculpe-me, eu ia te contar”.
“Quando?”
“Eu odeio mentiras. Eu ia te contar agora, hoje”.
“Não passou pela sua cabeça me contar assim que soube?”
“Passou, mas eu não o fiz, então do que adianta argumentar
agora?”
“Não adianta mesmo. Seu argumento é fraco”. Ele disse
chateado.
“Essa fala sempre foi minha”. Brinquei.
“Não é mais”. Disse ainda chateado.
“Eu estava no meio de um PR e você parecia feliz com Marie,
se eu lhe contasse, estragaria sua relação. Eu não queria essa responsabilidade
sobre mim, nem que minha filha fosse um peso em sua vida”.
“Eu também estava em um PR, do que está falando? Nunca
estive com Marie e quanto a ter uma filha, não importa o quanto isso seja uma
surpresa, eu nunca a rejeitaria, como poder achar que seria um peso?”
“Vocês pareciam muito intensos juntos, as fotos, vídeos, as
saídas”.
“Se você soubesse o quanto isso soa ridículo”. Riu sem
querer.
“Porque ridículo? Um homem e uma mulher, o calor do
momento”.
“Não tem como”. Taylor riu novamente deixando-me confusa.
“Porque não? Qual a graça?”.
“Eu não sou o tipo de Marie” Revelou com um sorriso forçado.
“O que?” Perguntei abismada.
“Sally, você faz o tipo de Marie, se é que me entende”.
“Você só pode estar brincando” Falei espantada não podendo
evitar um sorriso meia boca.
“Agora você ri? Entende porque é ridículo?”
“Sim, Marie gosta de perereca, entendi”.
“Perereca? Essa é a pior definição que já vi em toda a minha
vida”.
“Eu sei que é, mas é influência do Nícolas e não posso
evitar”.
“Estereótipos às vezes são irresistíveis”. Disse levantando-se.
Taylor olhou-me sem graça, permanecendo em silencio por
algum tempo. Talvez refletisse sobre o que diria, uma coisa era certa, seu
veredito final sairia em seguida.
“Sabe Sally, deveria existir uma lei que obrigasse as
pessoas a contar algo assim. Percebe como tudo isso é embaraçoso? Meus pais
devem estar tentando entender isso tudo e ainda por cima aceitar que são avós.
Eu poderia ter explicado a minha família de forma mais apropriada”.
“Você acha que escolhi esconder Megan de vocês? Não planejei
isso. Taylor, a minha razão de esconder a gestação foi a mesma que a sua em
esconder a verdade sobre Tarik de mim”.
“Eu fui chantageado, sei que não explica tudo, mas pelo
menos uma parte. Vamos voltar a isso novamente?”
“Não me refiro as chantagens de Tarik, me refiro a sua
surpresa ao se apaixonar por mim, ao medo que você sentiu. Será que sua razão
também não pode ter sido a minha? Acha que não senti medo? Acha que não fiquei
sem saber o que fazer? Fui covarde, do mesmo modo que você também foi”.
“Eu sei Sally, acredito na sua razão. Acho que do mesmo modo
que eu não sabia como lidar com algumas situações, você também não soube”.
“Você errou, eu errei. Sei que simples desculpas não saram
um coração ferido, mas não pode pelo menos aliviar a dor?” Indaguei vendo sua
aflição.
“Quer saber? Eu não sabia o que fazer antes e agora sei
muito menos. Só sei que amo você mais que tudo, se isso não é o suficiente para
superar qualquer dor sentida, talvez respirar não seja mais necessário”. Taylor
falou me desarmando em poucos segundos.
“Então, porque tanta amargura Tay?”
“Não sei, eu talvez só precise de um tempo para avaliar
tudo, pensei que seria fácil esquecer tudo e recomeçar, mas vejo que não é tão
simples”.
“Deixe-me ver se entendi: Você me ama e quer sua filha, mas
não consegue me perdoar por ter escondido a gravidez de você?”
“Não é isso”. Justificou, mas estava claro sua decepção.
“Eu sei que é isso, mas tudo bem Tay, vou dar um tempo a
você” Disse saindo pela porta.
“Espere”. Ele pediu calmamente.
“Se há uma coisa que tenho feito é esperar”. Lembrei-o.
“Eu sei que eu perdi muitas chances de provar o meu amor,
mas estar com você ainda me parece o maior presente que a vida poderia me dar”.
“E você fala isso para mim? Há quanto tempo você me ama?
Pense no tempo que eu te amo. Quando te vi pela primeira vez na TV, eu soube
que nunca mais poderia viver sem seu sorriso”. Desabafei.
“Sally, comigo não foi diferente. Não sei se o tempo é que
mede a proporção do que sentimos, mas acredita se eu te disser que cinco
minutos depois que te conheci, sabia que não poderia viver sem você?” Revelou
pesaroso.
“Taylor desculpe, mas ainda é estranho ouvir isso vindo de
você”.
“Eu posso imaginar “.
Revelou.
“Porque está sendo tão difícil superar isso?” Indaguei já
cansada.
“Amor, se você parar para pensar, nunca foi fácil para nós
dois, aceite que nos amamos, um amor torto, irregular, mas é amor”. Taylor disse
aproximando-se de mim.
“Eu aceitei as suas razões a partir do momento que entrei
com minha filha na sua casa, entenda, Taylor, eu acredito em você. Sei que pode
ser tarde ou que poder levar muito tempo até superar tudo, mas...”.
Fui interrompida por ele que me calou dizendo:
“Eu acho que ouvi tanta coisa ruim de você que é difícil
ouvir coisas boas agora Sally”.
“Eu sei. De alguma forma todas as palavras que estou usando
parecem não ser o suficiente para dizer o que eu sinto”.
“Talvez você não deva dizer”. Ele disse cabisbaixo.
Por traz do nervosismo e frieza do Taylor, estava um coração
ferido e assustado. Tudo aquilo era pesado demais para que um simples ‘me perdoa’
resolvesse tudo.
Desci as escadas rapidamente não podendo esconder de todos
que aguardavam na sala as lágrimas desapontando em meu rosto. Olhei para todos
que estavam na sala e tomando Megan nos braços deixei aquela casa certa que
iria reaver o que me era tão precioso brevemente.
O caminho até em casa pareceu tortuoso entre as muitas
tentativas do meu coração de tentar resistir a tudo que eu mais queria:
beijá-lo.
A sensação de ver quem amamos bem na nossa frente e não poder
ter como gostaríamos é insuportável. Inicia-se com uma dor longe, uma brasa
inofensiva que aumenta em uma labareda que se alastra causando uma chama capaz
de consumir todas as tentativas de negar o desejo que queima por dentro.
A razão tenta escapulir entre as armadilhas que o coração
elabora, mas toda tentativa de negar um sentimento verdadeiro é negada, mais
que isso, é quase insignificante.
A luta contra o que sentimos apenas nos cansa, nunca
triunfa. As tentativas de renegar ao amor o que lhe é de direito, não impede
que exulte, apenas retarda o inevitável.
A linha tênue que marca o sim e não para o amor é tal qual a
garoa, que embora fina forma um nevoeiro discreto, mas que chega a restringir a
visibilidade dos que o negam e a umedecer levemente o solo dos corações que se
entregam sem medo.
Interceder entre fazer o que é certo e o que sentimos é uma
decisão difícil, mas e se o certo for se entregar independentemente das
situações que irá acarretar? O errado também pode te levar a uma coisa boa.
Certamente, diante de um impasse, meu coração seguia
amargurado, culpado, não sei ao certo, mas resistir me feria ainda mais, era
fácil saber o que queria, era simples, tudo me guiava até ele, seu beijo, seu
cheiro, suas carícias e ao que ele sabia fazer de melhor: ser ele mesmo.
Cada minuto consistira em imaginar suas mãos em meu corpo
novamente, sobretudo, seu afago em minha pele seriam como me render ao ápice do
prazer.
Em notoriedade,
desejava seus lábios rosados e sua pele morena. Meus anseios removiam a leveza
da minha razão que desaparecia entre meus pensamentos impuros e fatais.
Queria Taylor só para mim, o desejava tão intimamente que me
perdia entre os devaneios diurnos como a fã que o viu pela primeira vez. Talvez houvesse um confronto entre a menina
que ele conheceu e a mulher que eu havia me tornado. Uma das duas triunfaria e
a mais intensa delas ardia de desejos para tê-lo novamente nos braços, talvez
ambas ardessem, era implícito, mas denso.
Descobrir o que deve ser feito para esquecer o passado e conquistar
uma nova chance, não é fácil, mas é o certo. Certamente, não dependia só de
mim, havia mais culpados, e finalmente percebi que ele não era o único.
Taylor estava triste pelo que eu havia feito e eu estava
também, contudo, éramos culpados por não perceber que não é possível fugir do
que sentimos, pois o amor persegue a mínima chance de coexistir entre nossos
erros.
Uma vez ou outra dizemos o que não deveria ser dito,
deixamos de falar o que fato era importante, mas existem muitas maneiras de
superar tudo, a mais segura é deixar que nosso coração nos guie para longe das
mágoas que acumulamos no decorrer de nossa vida, pois assim teremos uma chance
de ser feliz, ainda que brevemente.
De volta em casa, Alexia me aguardava ansiosa para saber
tudo. Não havia muito a ser dito, exceto que minha tentativa que concertar as
coisas havia sido um fiasco.
(....)
Dias depois
Confesso que doeu quando Taylor disse que o que eu dizia não
parecia ser o suficiente e, portanto, não deveria dizer nada, mas ao mesmo
tempo percebi em suas palavras uma saída para que as minhas pudessem surgir.
Eu nunca fui muito boa com as palavras, a não ser quando as
colocava no papel e as confrontava com cifras e som. Algumas vezes músicas
podem ajudar a dizer o que precisa ser dito, de uma forma menos formal, mas com
um significado menos similar a discursos repletos de angústia.
Não
seria nem um pouco inovador pedir desculpas com uma música, alguém já o havia
feito, mas quando de trata de amor, os clássicos nunca perdem seu valor, por
isso são clássicos.
Pensei em tantas músicas que havíamos ouvido juntos, pensei
nas músicas que havia escrito durante meu tempo de espera, mas nada parecia
dizer o que eu dizer a ele.
Sem esperanças, meu coração e minha mente vagava por toda
nossa história, por todas as canções de Coldplay, Bruno Mars, nenhum deles
parecia ser o suficiente.
Como pedir desculpas com uma música?
Diante de tudo, minha mente se emaranhava de ideias que me
afligiam ainda mais, desejei voltar no tempo e pedir desculpas por aquela noite
que tanto o feri.
Mas como? Taylor me deu todo o seu amor e tudo que eu dei a
ele foi um adeus, essas palavras, esses pensamentos não eram meus, me eram
bastante comuns, somente alguém que já o havia perdido teria palavras tão
sinceras para se desculpar, em segundos eu sabia que os trechos em minha mente
eram de Back to December¹.
De algum modo, “Back
to December” era perfeita. Senti um calafrio me tomar por um instante, era
perfeita, de jeito um tosco, pouco inovador, um clássico, mas ainda assim,
através das palavras de Swift eu poderia finalmente engolir o meu orgulho,
ficaria parada na sua frente e diria que sentia muito.
Fui acordada pelo barulho da chuva que caia uma pequena
tempestade. Meus olhos não queriam obedecer aos meus comandos após uma noite
mal dormida entre os ensaios de tudo que eu diria para conquistar uma nova
chance com o Taylor.
Um toque de violão ainda distante se aproximava mais e mais
do meu quarto. O loiro apareceu risonho, aquele toque combinando harmonia e
alvoroço ao mesmo tempo, logo se revelou na voz de Nícolas cantando ‘Have You
Ever Seen The Rain’.²
Aquela manhã, embora nublada, desapontava nos primeiros
raios de sol de um dia ensolarado na grande Los Angeles. Parecia uma manhã gloriosa
para um novo recomeço. Minha vontade de abraçá-lo era mais forte que as razões
que me motivavam a viver.
Ao ouvir como Megan havia acordado diante de Creedence
Clearwater Revival4 logo cedo, surpreendi-me com a cena de Robson com ela nos
braços balançando-a delicadamente enquanto observava o sol surgir entre a
floresta de concreto.
Taylor provavelmente havia explicado a sua família toda a
história. Meu coração parecia ter sido bombardeado por acontecimentos que nunca
esperei em 100 anos, perdida, pensava no que fazer e em como fazer.
Muitas eram as perguntas que me assombravam, a maioria
herdada do universo fã, “Por que o amo tanto?”, “Porque não consigo viver sem
seu sorriso?”, “Porque ele me arrebata apenas com um olhar?”, “Porque ele é
tudo para mim?”, a resposta talvez nunca estivesse tão clara quanto aquele
momento.
Fui até a casa do Taylor dessa vez sem Megan. Eu a havia
deixado aos cuidados de Alexia que parecia ter mais jeito com ela do que minha
mãe.
Diante do sorriso bobo que ele abriu quando me viu com o
violão em mãos, confrontando seu olhar perspicaz, percebi porque o amava tanto,
percebi tão claro quanto a água que mina de uma fonte límpida.
Vislumbrei o que mais
amava nele: o sorriso, o olhar, mas nada era tão marcante quanto sua
simplicidade. A simplicidade com que atendeu com um sorriso alguém que duvidou
tanto do seu caráter, da sua lealdade, da sua doçura.
Isso era o que havia de
mais bonito nele, sua personalidade, sua essência, ele por si só conseguia
merecer tudo que havia de melhor em mim e tudo que dedicavam a ele, Taylor era
merecedor da admiração, do respeito e do amor que cada fã tinha para com ele.
“O que pensa que está
fazendo?” Ele disse ao me ver transitar de sorrisos a muitas lágrimas.
“Apenas vou tocar uma
canção. É o que os cantores fazem”.
“Uma serenata?”
Perguntou desacreditado.
“Sim, uma serenata. Eu
amo os clássicos e mesmo correndo o risco de parecer clichê, não haverá
surpresa alguma nessa canção e talvez não consiga interpretá-la com a mesma
perfeição que a cantora original”.
“Porque não ser
original? Cante Litlle house” Ele indagou se aproximando.
“Tenho o direito de ser
clichê, com licença?” Brinquei disfarçando o nervosismo.
“Okay Sally, depois de
alguns anos te amando, não subestimo sua capacidade de me emocionar, então seja
breve e, por favor, não me conduza a nenhum fio de dor, por menor que seja”.
“Querido, depois de
alguns anos te amando, é impossível não ver a dor nos seus olhos, então, não
exija tanto de mim, apenas ouça o que tenho para lhe dizer”.
Taylor nada disse.
Apenas esboçou um sorriso constrangido, sentou-se na poltrona, e acenou para
que eu tocasse sentada em sua cama. Ainda, reprimida por estar diante dele para
pedir perdão, dominei minha ânsia por beijá-lo e iniciei os primeiros toques
dedilhando o violão.
“E essa vai para o
garoto de Michigan” Falei iniciando o primeiro grupo de notas. Ele parecia desnorteado, talvez perdido ou
surpreso por ouvir Back to december e dessa vez, não na voz autêntica de Taylor
Swift, mas na minha, a celebridade da internet que ganhou o mundo com a voz,
dirigia-se a ele, o que para mim, era bastante constrangedor, para não dizer
ridículo. Era como eu me sentia.
Taylor ouviu atentamente
a música demonstrando estar atento não apenas na letra, mas como se
estabelecesse uma relação, entre a música que ouvia antes e a que ouvia naquele
momento, talvez tal qual eu, fizesse a intermediação, entre a música e nossa
história, era uma possibilidade.
Ao terminar não podia
conter as lágrimas diante da sua seriedade e da forma rígida com que me
encarava. Da sua boca, não saia palavras, ele permanecia inerte, como se nada
houvesse lhe tocado.
“Não vai dizer nada?”
“Sim. Claro”.
“Como eu disse não fiz
nada que Swift não tivesse feito antes”.
“Estou curioso pelos
motivos que levaram a escolha por Back to december”.
“Eu sei que não
adiantou. Sei que não funcionou para ela”.
“Foi uma escolha muito
corajosa. Cantar uma música que uma ex compôs para mim”.
“Obrigada, eu acho”.
“Está errada quando a
Back to december. Eu não diria que não funcionou para ela”.
“Funcionou?”.
“Quando ela cantou para
mim, eu aceitei o convite e voltei a dezembro e deu certo até o final de 2011.
Essa parte da história, poucos sabem”.
“Não vou cometer o
mesmo erro que Taylor Swift, eu vou compor outras mil músicas se necessário,
mas eu nunca vou desistir de provar em cada uma delas, o quanto eu te amo”.
“Sally, eu não sei o
que dizer. Nenhuma música ou escolhas de palavras podem descrever como eu sinto
diante de tudo aconteceu conosco”.
“Eu entendo. Eu também
não sei o que dizer”. Concordei colocando o violão ao lado da cama sem tirar os
olhos dele um só segundo.
A imagem dele sentado
com as pernas cruzadas e sério era uma visão do paraíso capaz de provocar os
pensamentos mais impuros e um lugar no inferno.
Olhei-o fixamente por
minutos e ele não se moveu nem nada disse, apenas franzia a sobrancelha num ou
noutro segundo. Não era possível saber o que passava na sua cabeça, mas na
minha, rondavam pensamentos para esquecer um passado de dor e me jogar em seus
braços dispersados sobre a poltrona, eu ansiava por um toque seu.
Levantei da cama e me
ajoelhei diante dele e com as mãos em sua cocha, toquei sua mão e disse antes
mesmo de sentir as lágrimas escaparem novamente pelos meus olhos:
“Perdoe-me por não ver
o deveria ter visto. Eu preferi ser a vítima da história que a incansável vilã
que luta contra tudo e todos por quem ama”.
“Eu fui o vilão Sally.
Se alguém fez tudo por você, fui eu”.
“Eu sei, só agora sei”.
“Você me deu um
presente que nunca supus ter”.
“Megan”. Concordei.
“Sim, ela é perfeita e
eu me sinto o cara mais feliz do mundo, mas minha felicidade parece incompleta
sem você”.
“Eu me senti assim
desde que te vi pela primeira vez”.
“Eu não vou mentir
Sally, sinto sua falta, mas sinto que não fui o bastante para você”.
“Meu amor, você é o
melhor que alguém poderia ter. Você foi por tanto tempo o meu mundo que sem
você é como se minha existência fosse inútil”.
“Eu estou vendo seu
esforço Sally, eu vejo dor e arrependimento em tudo que diz, mas também vejo
esperança e medo e acredite querida, para mim não é diferente, estou tão
assustado quanto você”.
“Não nego meu medo de
errar com você Taylor, do mesmo modo que não nego o medo de fracassar como mãe,
mas confesso que a esperança de ter você novamente é o que me motiva a tentar”.
Falei sofrendo.
“Eu sinto que nunca vou
amar outra mulher da forma que amo você e se eu vivi pelos cantos todo esse
tempo foi porque eu sabia que valia a pena”. Taylor disse aproximando seu rosto
do meu.
“Quando eu penso que
você já disse o há de mais lindo a ser dito, você me vem com essas palavras e
faz-me sentir mais amada do que mereço”.
“Sally, eu tenho
orgulho de te amar, meu coração não poderia ter sido mais coerente”.
“Eu te amo tanto e não
sei como te provar isso”. Me declarei chorando.
“Eu também te amo. Talvez
seja necessário muito mais tempo para provarmos nosso amor um para o outro”.
“Você aceita minhas
desculpas?”
“Não preciso de suas
desculpas, preciso de você, é só disso que sinto falta”.
“Eu não acredito que
você vai se render tão facilmente depois de tantas interpretações erradas que
fiz de você”.
“Não há rendição quando
ambos estão na mesma batalha. Só posso dizer que se lutei é porque eu esperava
que esse dia chegasse. Você não sabe quanto tempo esperei para me ver através
dos seus olhos com a mesma admiração de antes, eu amo a visão que você e os fãs
têm de mim, acho que eu morreria sem isso”. Taylor disse emocionado.
“Estou certa de que
você viverá eternamente”. Garanti a ele.
Taylor ficou surpreso ao
me ver enxugar a lágrima que brotava em seus olhos, talvez ele nem sentisse que
estava chorando, mas eu não poderia permitir que nenhuma lágrima rolasse em seu
rosto, não mais.
Taylor tocou em meu rosto
e em seguida em meu queixo e em posse de um olhar sereno, levantou-se junto
comigo e igualmente emocionado me abraçou tão forte que pude sentir o estalar
dos meus ossos, mas nunca me senti tão bem.
Ao escapar do seu
abraço quase fatal, finalmente me rendi ao deleito dos seus beijos intensos, e
da ardente paixão que nos consumia.
Seus carinhos estavam
mais aprimorados ou era minha carência? Diante de suas táticas de amante, infalíveis,
eu diria, apertei seu corpo forte, sentindo o seu calor que tanto me havia
feito falta.
Delicie-me com alguns
beijos molhados em seu pescoço, desejando arrancar toda roupa que havia em seu
corpo no meu primeiro minuto em que o tive ao meu alcance.
Seus lábios molhados e
suas mãos passavam pelo meu corpo deixando-me submissa aos desejos que pareciam
me levar ao caos psicológico e uma vontade infinita de beijar cada parte do seu
corpo.
Já havia algum tempo que eu não sentia aquela
aglomeração de sensações que pareciam eclodir no meu cérebro como um vulcão em
erupção.
Taylor me empurrou contra o closet
beijando-me como se fosse devorar cada centímetro dele.
A sensação de sua
língua quente em minha orelha fizeram brotar pontadas de tesão que fizeram
apertar seu pênis por traz do grosso jeans.
Ele estava igualmente
excitado, mas impedia minhas tentativas de arrancar sua roupa, até que cansei e
parei no instante em que imaginei que ele não queria fazer amor comigo.
Senti-me frustrada e envergonhada.
Olhei-o com um
semblante de interrogação tentando entender sua rejeição. Taylor olhou com uma
feição que eu conhecia bem.
“Você não quer?”
Perguntei intrigada diante do exposto.
“Não Sally! Desculpa,
mas só depois do casamento...”.
Foto tirada por Makena:
¹ Back to December
– Música que a Taylor Swift compos para
Taylor Lautner.
²
Have You Ever Seen The Rain – Música da banda Creedence Clearwater Revival.
³ Litlle house
– Música da cantora e atriz Amanda
Seyfried. Intérprete e atriz que inspirou a criação da personagem Sally.
4 - Creedence Clearwater Revival - Banda de country rock californiana.