Texto/Fic: @ValzinhaBarreto
Música tema: Still Into You - Paramore
Mesmo
nervoso Taylor tentava esconder sua surpresa, mas o fato é que ele não esperava
me ver. Talvez ele, assim como eu, ainda não tivesse visto toda a revolução que
acontecia na internet, embora eu já tivesse uma ligeira percepção.
Usando
um belo terno slim, fitou seus olhos na centena de fotógrafos e estampou em sua
face aquele sorriso que me fazia fraquejar. Era notório o poder que ele
mantinha sobre mim, mas também era notório que eu também exercia um poder sobre
ele, afinal suas mãos estavam um pouco trêmulas quando me segurou evitando o
tombo que eu levaria caso não tivesse seu auxílio.
Em
breves momentos ele estava muito sério, todavia ele esboçava seu sorriso, parecia
automático, mas todo o amor que eu sentia fazia com que sua ação rotineira me tirasse
o ar.
Era
possível ouvir os gritos dos seus fãs detrás da barreira que os mantinha na
frente da entrada do Hotel, cada tentativa vã dos fãs em declarar seu amor
angustiava ainda mais meu coração.
Após
muitas fotos ele se virou pra mim e olhou em meus olhos, com milhares de
perguntas mudas pairando em seu olhar.
Taylor havia
percebido que mesmo Ashton não estando comigo, os flashes eram dirigidos a mim
e isto não se devia por ele estar segurando minha cintura, o que parecia
confundi-lo ainda mais. Mas para aqueles a nossa frente, com câmeras nas mãos,
não havia nenhuma confusão. Tudo era muito claro. Eles sabiam exatamente quem
eu era e o quê me sustentava lá.
Seu
olhar era doce, porém repleto de dor que parecia gritar para mim, ansiando
falar-me, talvez para pedir desculpas ou para dar mais explicações, das quais
eu já estava farta por nunca me dizer nada substancial, nada diferente do que
ele já me disse senão me confundir mais ante sua postura. Ele parecia ter além
das interrogações estampadas em sua face, muitas respostas também, aquelas
cujas eu cobiçava e ele se recusava a me dar por algum motivo que não fazia
nenhum sentido para mim.
Taylor
se voltou para mim lentamente, como se estivesse enchendo-se de coragem para
pronunciar as primeiras palavras que enchiam seu olhar, mas seu olhar
desviou-se do meu por um instante viajando através de mim, acima da minha
cabeça, e então, vi seu semblante endurecer assim como seus olhos e seus lábios
apertarem rigidamente marcando a linha de sua mandíbula.
Intrigada,
estreitei meus olhos e segui seu olhar movendo minha cabeça para o lado, e
assim que meus olhos se encheram com a figura que vinha em nossa direção meu
sangue esquentou, então ferveu atraindo a raiva para o meu peito.
Tarik Kanafani
caminhava em nossa direção, vestido a rigor. Em seus lábios, um sorriso falso,
talvez até um pouco diabólico pairava sobre eles fazendo o asco contorcer meu
estômago e subir por minha garganta. Sua barba estava maior assim como sua
maldade parecia ter aumentado consideravelmente. Ele observava a aproximação de
Taylor e eu, seus olhos sobre nós eram afiados, agourentos e medíocres.
Naquele instante,
se pudesse dissipar minha raiva em palavras, eu certamente não estaria mais ali
e o pouco que tinha conseguido até aquele momento teria tomado um caminho
contorcido, muito diferente do que eu pretendia para minha carreira.
Tarik fixou seus
olhos em mim, esnobes, como se sentisse nojo e eu não pude refrear o arrepio
gélido que subiu por minha espinha, tampouco contive a frieza e fúria em meu
olhar. Enojada demais, voltei meus olhos para Taylor esperando que ele se
pronunciasse, mas sua face tinha mudado adotando uma faceta indiferente quase
distante, então ele deu um curto aceno com a cabeça e se afastou sem dizer uma
palavra sequer.
Fiquei lá, parada,
atordoada e confusa com sua reação, não entendendo nada do que havia acabado de
acontecer. Tarik passou ao meu lado e me encarou por um breve momento antes de se
apartar, momento este que pareceu ser longo demais. Longo o bastante para que
meu corpo fervesse de raiva e minhas unhas machucassem as palmas de minhas
mãos. Ele parecia adorar ver a fúria queimando-me lentamente através de meus
olhos enquanto o choque e confusão me deixavam paralisada, impossibilitada de
esboçar qualquer reação que seja.
Passado o choque,
mas não a raiva minha mente viajou desenfreada.
Era no mínimo
intrigante o que havia acabado de acontecer, e eu poderia até estar errada nas
conclusões que minha mente chegava com o pouco de fatos que eu tinha em mãos,
mas não me sobrava alternativa senão acreditar que Taylor temia Tarik. E isto
fez meu corpo estremecer dos pés a cabeça.
Por
que Taylor temeria Tarik?
A pergunta surgiu
enquanto eu o observava de longe conversar com algumas pessoas, o semblante de
Tarik ––
agora
––
tranquilo,
porém igualmente surpreso. Nem de longe lembrando a face tempestuosa de minutos
atrás.
Embora perguntas e
mais perguntas sobre a estranheza do ocorrido enchessem minha cabeça, decidi
ignorá-las assim como ao próprio Tarik e respirei fundo voltando para junto dos
meus, onde era seguro.
Centenas
de sentimentos confusos emaranhados a raiva me fizeram desejar ir embora
imediatamente, mas era injusto com Ashton e Aléxia, mesmo o loiro diabólico
parecia se divertir olhando o bumbum de todas as mulheres que entravam na
festa. Era praticamente impossível não ouvir seus sussurros, conforme os
vestidos que as mulheres usavam balançavam em seus corpos a cada movimento dos
mesmos.
“Está
gostando da festa Nícolas?”
Ele nem mesmo me
olhou para me responder.
“Estou
adorando,” ele murmurou de forma arrastada. “Olha aquela mulher com aquele
vestido lilás, esse aí nem dá trabalho”.
“Por
que não dá trabalho?” perguntei confusa, esquecendo-me de que era um comentário
do Nícolas e não de um cara qualquer.
“Esse
vestido tem dois cortes desde as coxas dela até a borda.” Explicou me olhando
pela primeira vez, então voltou o olhar para a mulher “Nem dá trabalho. Eu viro
o corte para frente, levando um pouquinho para cima e só empurro”.
“Ninguém
merece!” exasperou Aléxia irritada.
“Você
só empurra? É serio?” a voz de Eduarda Morais soou atrás de nós fazendo todos
se voltarem para sua figura.
“Eduarda com esse
vestido não dá, mas com esse seu decote fica fácil uma espanhola.” provocou
Nícolas sorrindo maliciosamente.
“Eu
continuo achando que você não faz metade do que sai dessa sua boca”. Disse
Eduarda Morais, desafiando-o.
“Eu
só preciso de 5 minutos para mostrar a você o que eu faço com minha boca, mas
aqui alguém vai te ouvir gritar e não creio que seja isso o que quer, não é?” Gesticulou
Nícolas vibrando a língua.
“Vamos
ver se no final da noite essa sua língua não vai dar câimbra.” Maliciosamente, Eduarda
Morais disse, com seus olhos fixos na língua de Nícolas como se imaginasse a
cena.
“Em
respeito a minha irmã não vou dizer o que é que vai dar câimbra”. Ele encerrou
parecendo notar a cara enojada de Aléxia.
“Vamos
procurar um lugar para nos sentarmos?” perguntou Aléxia, a aflição para dar fim
aquele papo pervertido estava oculta para os demais; não para mim.
“Vocês
não precisam procurar um lugar. Vocês tem uma reserva”. Eduarda avisou, de
volta ao modo profissional enquanto gesticulava com as mãos “Na verdade, temos
uma reserva exatamente naquela mesa ali, nos lugares vagos próximos ao elenco dos
filmes: O lado bom da vida e O lugar onde tudo termina”.
Aléxia
parecia emocionada ao fixar seus olhos em Bradley Cooper. Ela era completamente
apaixonada por ele e pela franquia Se
beber não case e nunca perdia uma estreia de qualquer filme que Bradley
fizesse uma participação.
Jennifer
Lawrence pareceu notar o deslumbramento de Aléxia e gentilmente se dirigiu a
ela.
“Qual
seu nome?” perguntou Jennifer com olhar fixo em Aléxia.
“Aléxia,
meu nome é Aléxia”. Respondeu ela quase sem voz ao ver que Bradley havia notado
sua presença. Discretamente toquei nas costas de Aléxia, para que ela se
recompusesse e assim ela o fez “Parabéns pelo Oscar de melhor atriz”. Elogiou
Aléxia gentilmente, porém eu sabia que ela sentia-se entristecida por Bradley ter
perdido o Oscar de melhor ator para Daniel Day-Lewis, ele pareceu notar seu
semblante triste.
“Qual
seu nome mesmo?” Perguntou Bradley diretamente.
“Aléxia”.
Respondeu num misto de pavor, ceticismo e deslumbramento.
Abaixei meus olhos
por um instante, lembrando-me de eu mesma quando conheci Taylor. Era impossível
não fazê-lo. Entendia perfeitamente o que ela estava sentindo naquele momento e
não pude impedir que a sensação de nostalgia se abatesse sobre mim. Tantas coisas
poderiam ter sido diferentes se não tivesse ganhado aquele concurso... Ou não.
A única certeza é que meu coração não teria apanhado tanto.
“Então
Aléxia,” Bradley disse, tirando-me de meus devaneios “eu pude notar um certo ar
de tristeza e desde já peço desculpas se tiver interpretado errado. Mas saiba
que eu não estou triste, eu não criei qualquer expectativa de ganhar esse Oscar”.
“Desculpe-me
Bradley, mas você foi bem melhor ator que Lewis, até mesmo teve uma melhor
atuação que a própria Jennifer,” ela mirou Jennifer e acrescentou “com todo
respeito.” Voltou seu olhar para Bradley “Mas você sim teve uma excelente
performance”.
Aléxia concluiu chamando a atenção de todos da
mesa. Bradley estava fascinado com a ousadia dela em criticar a atuação da
Jennifer na presença da mesma, isso era raro em um mundo onde a sinceridade é
fabricada em um porão de Hollywood.
“Nossa,
estou curioso para saber o que a moça pensa sobre sua atuação em O lugar onde tudo termina, porque para
mim, eu tive uma melhor performance”. Disse Ryan Gosling, com um sorriso bobo
apontando a taça em direção a Bradley, propondo um brinde.
“Ryan,”
disse Aléxia mostrando que sabia quem ele era e completou em seguida com um
sorriso meia boca. “Você estava bem diferente como um ladrão de banco casado. É
sempre mais fácil ver você na pele de sedutores baratos e exibindo seu físico
perfeito”.
Todos soltaram
risinhos discretos e esperaram pela resposta de Ryan.
“Eu
posso lhe garantir que não sou um sedutor. Na verdade, nem sou um galã, tudo
isso é efeito dos meus personagens, mas confesso que o físico perfeito é uma
conquista minha”.
“Eu
tenho que admitir que a cada filme você me surpreende mais”. Acrescentou Aléxia
elogiando Ryan.
“Obrigado
Aléxia.” Agradeceu Ryan perguntando em seguida “Qual dos meus filmes é seu
favorito?”.
“Meu
favorito é Amor a toda prova,
confesso que seu personagem lembra-me muito meu primeiro amor”.
Nícolas
arregalou os olhos como se Aléxia tivesse dito um absurdo. Era estranho ouvi-la
dizer aquilo, ainda mais quando ela fazia de uma maneira tão natural não
percebendo o que havia acabado de sair de sua boca. Nícolas não disse nada,
apenas observou sua postura diante de todos e a maneira inteligente, com que ela
conversava sem se dar conta de que naquele momento sua pessoa era a mais
interessante da mesa.
Isso
era bem mais complexo do que ele supunha, mas como todo cego, ele nem sequer
desconfiou que o primeiro amor de Aléxia fosse ele mesmo.
“Que
primeiro amor Aléxia?” inquiriu Nícolas abismado encarando Ryan Gosling,
desejando saber que personagem era na intenção de descobrir quem era o cara.
“Qual
seu nome rapaz?” Perguntou Ryan premeditando a resposta.
“Meu
nome é Nícolas”. Respondeu com um olhar estranho ao notar a troca de olhares
entre Aléxia e Bradley.
“Então,
Nícolas, o meu personagem em Amor a toda
prova é um sedutor barato, como Aléxia mesmo descreveu. Ele é um desses
caras que saem a noite e transam com qualquer garota, que cai na conversa dele
e sequer liga novamente no outro dia”.
“Então
Aléxia, seu primeiro amor sou eu, porque sou idêntico ao personagem desse cara
aí”. Nícolas desdenhou com diversão e um toque de soberba, não se dando conta
da verdade que havia em cada uma daquelas palavras que saíram de sua boca.
Nícolas
era tão maléfico que tinha orgulho de ser um canalha, mas Ryan não sabia disso,
contudo, Bradley pareceu notar o nervosismo de Aléxia e meu próprio desespero
aparente em minha face.
“Não
me leve a mal Aléxia, mas acho que alguém como você merece um cara experiente,
que trate você como merece e não como uma conquista”. Disse Bradley encarando
Aléxia com um sorriso terno.
Nícolas
parecia ter sido envolvido por uma raiva instantânea, o que me era compreensivo
até um ponto, pois tanto eu quanto Aléxia e ele próprio não cogitamos a
possibilidade de ver Aléxia, a quem ele tinha como nossa irmã, tendo qualquer
tipo de intimidade com alguém. Além do mais, ele sempre fora possessivo com nós
duas e talvez os dois anos que ele tenha passado longe tenha sido capaz de
ocultar nosso desenvolvimento perante sua concepção fraterna, e até mesmo
machista.
Era
difícil supor a origem da raiva. Proteção ou ciúme? Talvez o sentimento de
culpa por suas safadezas desmedidas, que o enchia de medo de que eu me
envolvesse com alguém como ele, englobasse Aléxia também. Ou não. Nícolas era
uma caixinha de surpresas, nem sempre boas.
Ele
percebeu a atração de Aléxia por Bradley, assim como notou que a atração não
era platônica senão recíproca.
“Aléxia
é muito nova para gostar de caras mais velhos, acho que você vai dormir sozinho
essa noite olhos azuis”. Disse Nícolas
em tom de brincadeira aparentemente, talvez ele mesmo achasse que estava
brincando.
“Isto
obviamente é uma decisão dela, não sua, não acha Nícolas?” Bradley atiçou num
tom calmo, porém com um ‘q’ de ironia causando um riso fraco de todos que
estavam na mesa e estampando um sorriso surreal até mesmo para mim.
“Nícolas,
você não presta”. Disse Eduarda Morais com um sorriso safado querendo tomar a
atenção da conversa. Ela estava envolvida no charme que o loiro havia jogado,
ela mordeu a isca e Nícolas nunca deixava de levar o peixe para casa. “Acho que
por você não prestar talvez eu te deseje tanto”. Ela revelou atraindo a atenção
dele e desviando o foco de Aléxia que respirava aliviada.
“Hoje
é seu dia de sorte Dudah!” exclamou o loiro com uma risada extravagante.
“Por
que é meu dia de sorte?”
“Porque hoje eu
estou fácil”. Ele respondeu pegando a taça de champanhe e secando com um só
gole.
“Eu
também estou fácil Aléxia”. Bradley disse
num tom sedutor, levando Nícolas a alguns segundos de neurose obsessiva, como
se premeditasse um homicídio doloso.
“Eu
posso falar com vocês em particular Aléxia e Sally?” Pediu Nícolas se
levantando da mesa sério.
Afastamo-nos
um pouco para que ninguém pudesse ouvir a conversa. Sai de mãos dadas com
Aléxia notando suas mãos geladas e trêmulas, seu nervosismo era palpável. Havia
algumas pessoas em uma grande mesa, mas não encarei nenhum dos rostos uma vez
que estava focada no rosto enigmático de Nícolas.
“Que
porra é essa?” Perguntou ele alterado, seus olhos duros sobre mim como se eu
fosse culpada por algo.
“Do
que você está falando?” devolvi como se não se soubesse.
“Aléxia
e Bradley Cooper, que porra? Você nem conhece essa cara, Sally, e vê a Aléxia
se derretendo pra esse velho e não faz nada”.
“Ele
não é velho, ele tem 38 anos”. Corrigiu Aléxia muito descontraída, adorando a
cena inusitada e atraindo sobre ela os olhos enervados de Nícolas.
“Esse
velho de 38 anos vai te partir ao meio Lexi!”
“Talvez
eu queira ser partida ao meio”. Aléxia murmurou tranquilamente.
“O
quê? Qual é Aléxia?” Nícolas exclamou estupefato, gesticulando uma indagação.
Eu decidi que era
hora de me intrometer antes que o caldo entornasse de vez.
“Acho
que você não deve ser meter nisso Nícolas.” Aconselhei vendo que ele estava se
desconhecendo. “Isso é problema da Aléxia”
“Depois
não vem chorar no meu colo, porque não vou passar a mão na sua cabeça Lexi.”
Sua mão correu pelos fios loiros “Mas foda-se! Faça o que quiser”.
Eu
tinha que admitir que ver Nícolas tendo uma crise de preocupação não estava nos
meus planos e no fundo –– no fundo ––,
era bom vê-lo se importar com alguém além dele mesmo, mas a sensação não só
minha como também de Aléxia, que se deliciava com seu desespero era realmente
inovadora. No entanto, ele não desistiu.
“Foda-se,”
disse ele alterando o tom de voz, mas ela parecia não temê-lo “você não vai
sair com esse cara Aléxia!”.
“Por
que não?” Aléxia questionou, fazendo-o refletir sobre um motivo real pelo qual
ela não deveria sair com Bradley Cooper.
Nícolas pensou por alguns minutos fazendo uma
expressão angelical capaz de fazer com que ela se desmoronasse, porém Aléxia se
manteve firme. Ele tirou as ralas mechas de cabelo que cobria metade da sua
testa, mas não conseguiu dizer nada e ficou lá, com as mãos na cintura como um
retardado mental.
“Eu
ainda não sei por que você não deve sair com esse Bradley, mas eu apenas sinto
que você não deve sair com ele”. Disse Nícolas me levando a um sorriso, que contagiou
Aléxia.
“Qual
é a graça?” Ele perguntou sério.
“Nada”.
Respondemos em coro.
“Desculpa
Nícolas, mas você sentindo alguma coisa é estranho”.
“Pois
é, mas eu sinto alguma coisa além de excitação”. Seu semblante era irônico. “Eu
só não sei o que eu sinto, mas sei que sinto, eu tenho você como uma irmã”. Ele
disse encarando Aléxia, deixando-a nervosa.
“Que
bela reunião de família”. Disse uma voz familiar vinda da mesa bem a nossa
frente. Nícolas olhou o dono da voz e abriu um sorriso.
“Cunhado?
Há quanto tempo cunhado!” disse Nícolas indo em direção ao Taylor que se
levantou para cumprimentá-lo, com aquele sorriso iluminando a festa.
“Oi
Sally..., Aléxia”. Cumprimentou ele desligando algo no seu Iphone para que eu
não pudesse ver e enfim veio em minha direção, abraçando-me em seguida.
Taylor
me abraçou tão forte que desejei que aquela sensação nunca terminasse. Era
doloroso, porém extraordinário sentir seu cheiro viciante, sua pele aprazível,
seus cabelos osculando em meu pescoço, sua mão nas minhas costas faziam-me
sentir uma pretensão colossal de beijá-lo...
Meus olhos
estreitaram confusos.
“Hoje
não é meu aniversário”.
“Parabéns
pelo sucesso”. Ele me lembrou, deixando claro o que acessava em seu Iphone.
Nícolas e Aléxia nos deixaram a sós e saíram olhando um para o outro, como se fossem
dois desconhecidos cruzando o mesmo caminho.
“Obrigada
Tay, vejo que você andou entrando no You Tube”.
“Eu
entrei rapidamente, mas irei ouvir você cantar com mais calma em casa”.
“Desculpa
pelo que?” perguntou ele.
“Por
te obrigar a ouvir minha voz”. Justifiquei atinando seu sorriso meigo.
“Nunca
mais diga isso. É um privilégio ouvir você cantar Sally. Reconheço que você tem
um grande talento”.
Exalei
languidamente e corri minhas mãos pelas laterais de meus quadris.
Não tínhamos
porque ficar papeando como dois bons amigos quando não éramos; quando as
palavras poderiam me machucar mais do que eu já estava machucada.
“Obrigada,
mas eu preciso ir”. Murmurei tentando esquivar-me da conversa que ele parecia
querer prolongar.
“Suas
fotos ficaram lindas Sally”. Elogiou quando fiz menção de me mover.
Estaquei por um
instante, olhando-o com o cenho franzido, não entendendo sua mudança, uma vez
que no red carpet ele havia me ignorado ao notar a presença do seu agente
medíocre. E agora ele queria papear? Sinceramente aquilo me irritava
profundamente.
“Obrigada
novamente, mas preciso ir”. Insisti, dando-lhe um sorriso meia boca.
“É
tarde demais Sally”. Ele disse num tom de pesar “Você conseguiu se destacar em
Hollywood e eu me sinto muito mais pressionado agora”.
Suas palavras
apertaram algum botão dentro de mim, ligando minha curiosidade e estranheza,
elevando a ambos para o nível mais alto que podiam atingir.
“Pressionado
pelo que? Pressionado por quem?”
“Você
não entende Sally, mas cada passo seu em direção à fama é dois para longe de
mim”. Disse ele com um semblante tristonho, me causando dor, mas disfarcei.
“Entender
o quê?” Inquiri descrente “Você me tinha, tinha todo o meu amor e simplesmente
sumiu sem deixar explicação. Você nunca me deu escolhas Taylor”.
“Eu
não tinha uma escolha Sally”.
“Todos
têm uma escolha, sempre há uma escolha e você escolheu ficar sem mim, então não
me venha com essa conversa de que a fama nos afasta, porque foi você quem me
afastou muito antes disso”.
“Não
é bem assim Sally”. Sua mão correu por seu cabelo num gesto típico de
nervosismo.
“Eu
não entendo o que você fala e cada vez entendo menos esse seu jeito”. Murmurei
estressada, muito farta daquela mesma ladainha que no fim não me dizia nada que
eu já não soubesse, infelizmente.
“Eu
não posso te fazer entender Sally, mesmo assim parabéns pelo sucesso”.
Taylor tinha a
face contorcida numa mescla de ansiedade, dor e desespero. E, algo mais que não
pude identificar. Era como se ele quisesse me dizer algo, como se eu precisasse
saber de algo vital, algo que pairava sobre o seu semblante, mas infelizmente
eu não conseguia decifrar as palavras criptografadas em sua face.
“Obrigada”.
Agradeci vendo Ashton nos ver e se aproximar rapidamente.
“Você
fica sozinha por um instante e os lobos já caem matando”. Disse Ashton ao me
abraçar, beijando-me em seguida.
“Como
foi a viagem?” Perguntei de forma que somente ele ouvisse.
“Foi
perfeita”. Ashton particularizou, encarando Taylor sem sequer cumprimentá-lo.
“Parece
que você anda vendo meus filmes..., me diz Ashton, você está se divertindo?”
Taylor provocou deixando claro que havia entendido a frase do seu primeiro
filme da saga ‘fica sozinha por um
instante e os lobos já caem matando’.
Ashton enlaçou
minha cintura de forma um tanto quanto possessiva.
“Na
verdade, tem sido divertido ver você se ferrar em um triângulo amoroso onde não
tem a mínima chance. Vejam só? A arte imitando a vida”.
“Aqui
é vida real Ashton, e acredito que se fossemos competir seria eu quem estaria
aí em seu lugar”.
Era um desafio,
aliás, ambos estavam gentilmente se desafiando. As ondas de testosteronas
ondulava o ar entre nós e eu me senti como um prêmio. E muito irritada, como
também receosa do que aquela situação poderia acarretar.
“Eu
não preciso contar com a sorte
Kutcher, mas você sabe bem disso, não é?”
Senti Ashton
enrijecer ao meu lado entendendo bem as palavras não ditas de Taylor. Realmente
era hora de encerrar a rinha de testosterona antes que as farpas mudassem para
socos e ponta pés.
“Parem
com isso imediatamente”. Vociferei puxando Ashton comigo, vendo de relance o
sorriso faceiro de Taylor por dizer a última palavra da afronta, mas
principalmente por ter conseguido atingir seu ‘oponente’ no ponto certo.
Ashton
estava muito aborrecido, mas sentou-se conosco na mesa reservada a nós. Ele não
participou da conversa, pois estava nervoso demais para disfarçar sua raiva,
enquanto que Aléxia ficava cada vez mais enojada, com a aproximação provocante
entre Nícolas e Dudah, e chegou ao seu limite.
Minha noite
realmente estava me saindo um desastre.
“A
noite acabou para mim”. Disse Aléxia se despedindo de todos.
“Eu
levo você em casa”. Bradley se ofereceu enquanto se levantava.
“Não
precisa, ela está com motorista”. Nícolas mordeu fora.
“Sim,
mas faço questão, afinal nem todos vão embora agora”.
“Nícolas
deixa o Bradley levar a Aléxia, porque hoje você é só meu”. Advertiu Eduarda
Morais.
Nícolas pareceu
pensar um pouco antes de concordar, fitando os olhos de Aléxia severamente.
“Está
bem,” ele se voltou para Bradley “Eu vou ver sua ficha Cooper, vou ver quem é
você de verdade, eu conheço alguém que conhece você, então cuidado”. Nícolas
ironizou, brincando com as palavras, mas não havia diversão, embora fosse isso
que ele quisesse passar e Bradley sabia disso.
“Sério?
Quem é sua fonte? A People Magazine?” Perguntou Bradley, provocando e
retribuindo-o com outro sorriso.
“Minha
fonte é Taylor Lautner, e ele está vindo aí”. Apontou Nícolas para além de nós.
Fotos tiradas na festa:
Nícolas e Aléxia.
Sally e Taylor Lautner.