Fanfiction: “Uma chance com Taylor Lautner” capítulo 57: Razão e coração


Texto/Fic: @ValzinhaBarreto
Beta: Arlan Oliveira e Daya Engler
Música tema: With Arms Wide Open - Creed
Música Tema 2: N.I.B - Black Sabatah


           Meus olhos fechados apenas me faziam lembrar de quanta dor eu havia sido capaz de suportar. Sentada em minha cama, recordava de todas as feridas que o amor me causara. Uma parte de mim queimava de raiva, e desejava nunca mais amar outra vez. Não era a gana que me consumia, e sim a astúcia, que gritava em minha mente lembrando-me do quanto era perigoso.


           Minha razão trazia à tona tudo que Taylor havia feito, mas não era um sentimento de animosidade, e sim, um sentimento de dor! Uma dor antiga que me lembrava de tudo que aconteceu na última vez em que me entreguei. Essas lembranças enchiam minha consciência de reflexões temerosas, era doloroso recordar seu abandono, sua covardia, seu medo, e em algumas vezes, a sua crueldade em forma de palavras duras.

           Eu estava sozinha, ele havia tirado a única pessoa que fazia a dor melindrar menos, Ashton era meu porto seguro, a sua dedicação, sua naturalidade, sua atenção e sua companhia eram o que me dava mais força para acreditar que eu poderia ser amada. Mas afinal, Taylor havia mesmo me amado? Quem ama cuida, zela, não magoa, não abandona, não ilude, e ele fizera tudo isso, além de representar minha maior decepção. Sentia nojo da forma que ele era confuso, de como ele não possuía convicções, nem afirmava nada com clareza, amá-lo tornou-se algo cansativo e eu senti por muitas vezes que seria incapaz de encará-lo como o homem que eu amava, depois de tudo.

           Eu sentia raiva de mim mesma por ter acreditado que Taylor pudesse me amar, e o pior de tudo era perder tudo que havia sido meu, seguir em frente depois de ter perdido todo amor que uma mulher poderia ter... Era difícil seguir em frente sem ter seus cabelos aparentemente negros como a visão de um planalto escuro... Era difícil não lamentar a sensação de não ter mais seus fios de cabelo por entre meus dedos, a sensação de sentir sua fragrância e sua maciez.

           Era quase uma agonia infindável lembrar de como era beijar seus lábios úmidos, como se fossem banhados pelo orvalho fino que cai antes do amanhecer. Eu achava que era amada com uma intensidade que nunca julguei existir, mas o amor parece não ter sido suficiente, ou sequer ter existido.

           Com meus olhos fechados, passo mais uma noite imersa na raiva por tudo que Taylor havia feito, desejei que nada daquilo fosse verdade, a decepção, a dor, e o aparente ressentimento que mais era como um alerta para não me entregar novamente e não ter meu coração partido outra vez, falavam mais alto enquanto eu recaía.

           Eu não conseguia esquecê-lo, mas não o procurava, não depois de tudo. Seguia minha vida, mas sem conseguir evitar que meu coração burro se apegasse a cada fio de esperança de que tudo pudesse ter sido real. Recordava os momentos que havia vivido ao seu lado, eram apenas lembranças intensas, tão intensas que eu podia sentir sua presença ali, eu sentia seu perfume, seu olhar resignado, sua respiração ofegante, como se ele estivesse ali de fato.

“Hi!”

           Ouvi um sussurro próximo e abri os olhos vendo sua imagem à minha frente, em mais um devaneio, minha dor e completo desespero faziam com que eu sentisse sua presença. Era apenas um sonho, e nele eu não sentia dor. Não recordava das vezes que ferira meu coração, das vezes que me abandonara como se não significasse nada, meu coração rendia-se àquele sonho de tê-lo junto a mim por um momento.

           Seu cabelo estava maior, alguns fios se escondiam atrás da orelha, outros insistiam em manter-se na frente, como se tivessem vida, como se soubessem que ficavam ainda mais fascinantes ali. Sua barba alongava-se por quase por todo o queixo unindo-se a uma versão mais espessa de seu bigode outrora ralo. Em meu sonho, Taylor estava diferente, e seus olhos castanhos reluziam apropriadamente para derreter o mais duro ferro. Porém, uma súbita raiva fazia com que eu desejasse acordar, eu traía a mim mesma pelo que sentia, como poderia ficar perto dele depois de tudo?

           O sonho parecia cada vez mais real. Perdi o controle do meu corpo quando vi que suas lágrimas eram mais intensas que as minhas, era como se ele se perguntasse o que havia acontecido conosco. Meu Deus, como podia ser tão mal e continuar tão lindo? Perguntava-me perdida vendo seu maxilar aturado devido sua face circunspecta e dolente.

           Em meu devaneio ele parecia sofrer, mas ele merecia, e seu sofrimento não se comparava ao meu, eram marcas que haviam sido cravadas no meu peito e que talvez nem mesmo o tempo fosse capaz de apagar.

           Assustada e em choque, era impossível reagir rapidamente. A figura de Taylor estava na minha frente, era mais um sonho, mais uma noite em que minha saudade o raptava até minha presença, para dar-me alguns segundos de ostentação. Olhando sua imagem fantasmagórica, coloquei meu violão sobre a cama e me levantei. Eu não haveria sofrer mal algum em me entregar à vontade do meu coração deixando a razão de lado por alguns segundos. Olhando-o,  ainda que em sonho eu podia tê-lo sem que suas ações me machucassem.

           Eu me perguntava visualizando seu olhar passivamente sem dizer uma palavra, certa de que este era um sinal que sua presença não era real, normalmente seus lábios pronunciavam apenas palavras duras e uma velha confusão que nunca pude compreender. Ele parecia sofrer, seus olhos o entregavam, desejei que sua dor fosse grave que a minha, assim como as lágrimas que desciam desgovernadas lembrando-me de todo o transtorno que ele me causara.

           Encorajada por toda a energia que puxava nossos corpos, dei um passo a frente, e sem tocar qualquer parte do seu corpo, somente senti encostar seus lábios macios geados por sua saliva arejada com um leve toque semelhante ao sabor de uma cereja rara, eu podia sentir naquele momento o seu doce sabor entre meus lábios, sua ousada língua, e por fim senti seu primeiro toque em minha cintura...

           A sensação de tê-lo de volta era maravilhosa e não representava risco algum ao meu coração padecido, permiti-me alguns minutos de deleite em seus lábios e viajei com seu cheiro que parecia impregnar o quarto fazendo-me duvidar por míseros segundos que fosse apenas um sonho.

           A sensação suprema de um toque simples de suas mãos causava-me uma fúria irreprimível, eu não conseguia pensar em nada senão no quanto seu beijo era bom, no quanto era sincero, no quanto era apenas meu naquele momento... E no quanto quase havia me levado à ruína. Eu não suportaria encarar aquilo de novo, embora seu beijo representasse tudo que eu mais queria, eu não queria mais um adeus depois...

           Eu nunca sequer sonhei, nem mesmo no auge da minha raiva ou loucura, que pudesse esquecê-lo. Ninguém conseguiria após ter o que eu tive: seu aroma, sua tez, seu beijo sedutor, suas mãos afetivas, seu sexo e amor envolventes, mas era evidente que o preço para ter tudo isso havia deixado em mim uma ferida aberta que nem mesmo Ashton ou qualquer outro homem seria capaz de curar.

           Ninguém que possuiu Taylor conseguiria seguir em frente sabendo que teve nos braços o mais incrível amante que alguém poderia querer... Era isso que ele representava para mim, ele explicitava minha sensualidade, bania minha timidez e servia como fonte de inspiração a uma busca pela melhor parte de mim, minha inocência, minhas particularidades, minha auto-satisfação, e o mais importante: a me aceitar como eu era e como eu ainda poderia ser.

           Voltando dos devaneios que seus beijos me causavam, senti uma língua maliciosa e dedos apertando as minhas costas como um animal que confisca sua presa favorita. A dor e o aperto que eu sentia não poderiam derivar de um sonho, tão pouco a língua infame se entrelaçando na minha. Algo invadiu minha consciência gritando que aquilo era de fato real, Taylor estava mesmo ali.

           Eu o empurrei tentando escapar, mas sua pegada era firme, e não permitiu que eu me esquivasse de suas mãos tão facilmente. Forçando o beijo o quanto pôde, ele foi parando lentamente conforme minhas tentativas de fuga foram se esgotando, percebi que quanto mais eu ficava quieta, mais rapidamente ele desistia. Seus lábios pararam lentamente como se Taylor quisesse aproveitar o último segundo que ainda havia do prazer que despontava dos meus lábios e do seu beijo. Meu corpo clamava por mais, porém, minha raiva pela sua audácia e insensatez me fazia sentir vontade de afastá-lo e privá-lo dos meus carinhos como ele havia feito comigo, o velho discurso chato de que não podia ficar comigo já havia me levado ao limite.

           Taylor tirou suas mãos da minha cintura como se algo ponderasse em sua consciência de que não deveria mantê-las ali, e afastando-se, ficou de costas com as duas mãos cruzadas por detrás da nuca, pensando no que fazer. Ele virou-se novamente e me olhando, buscava forças para dizer algo, mas não havia nada senão sua costumeira relutância.

           Ele se virou como se tomasse coragem, ficava de costas constrangido enquanto eu o observava confusa, tentando entender sua insolência ao entrar na minha casa, no meu quarto, e porque me beijara dessa forma depois de tudo que fez. Virando de frente para mim novamente ele se preparava para pronunciar as primeiras palavras.

           “Fica comigo essa noite” - pediu nervosamente.

           “O que você pensa que eu sou?” Esbravejei nervosa limpando o gloss que seu beijo havia espalhado nas proximidades da minha boca, era incrível como ele era capaz de quase abocanhar meus lábios e nariz com apenas um beijo, impetuoso, ordinário e convencido, o sacana sabia que era bom nisso.

           “Que se dane”, disse ele voando em cima de mim e me abraçando tão forte que senti minhas costelas estalarem... Eu tentei empurrá-lo novamente, mas ele era mais forte e se consagrava ante minha fragilidade feminina, deixando a marca dos seus dedos ao apertar meu braço com sua mão, fazendo-me desistir de afastá-lo.

           “Por favor, solte-me!” Pedi sentindo seus braços envoltos nas minhas costas.

           “Não posso...” Ele sussurrou apertando ainda mais.

           “Você está me machucando”, informei.

           “Você também me machuca quando pede que eu te solte”, reclamou baixinho.

           “Você não pode fazer isso. Não depois de tudo. Não pode entrar aqui e agir dessa forma”.

           “Eu sei que não posso, mas estou fazendo isso depois de tudo”.

           “É sempre assim, você some e só aparece quando bem quer, eu não sou um brinquedo que você procura quando quer brincar”.

           “Eu nunca tratei você como brinquedo. Eu errei muitas vezes e sei que é difícil, mas apenas tente confiar em mim, Sally”.

           “Confiar? Confiança não se recupera com um simples pedido de desculpas”.

           “Vamos conversar, okay?” - Pediu ele se afastando um pouco enquanto eu esticava meu corpo após seu aperto e meus ossos pouco a pouco voltavam ao seu lugar, ele podia não estar mais tão musculoso como em 2009, mas tinha uma força muito grande, eu não a havia sentido até então.

           “Eu não tenho nada para conversar com você Taylor”.

           “Você não tem, mas eu tenho muito a dizer”.

           “Okay, me manda por e-mail ou escreve uma carta. Agora sai da minha frente”.

           “Obrigue-me a sair”, disse ele me enfrentando.

           “Isso acaba aqui. Apenas saia ou eu chamo o Nícolas”.

           “Vai em frente! Chama!” Disse convicto de que meu irmão não estava em casa.

           “Você é um imbecil”.

           “Sou um imbecil que ama você mais que tudo”.

           “Quem ama não faz o que você fez”.

      “Será que você poderia ignorar tudo que eu fiz por uma noite?” Ele gritou aparentemente cansado.

           “Não posso, não tem como, Taylor.”

           “Você não pode ou você não quer?” Perguntou ele em um velho tom que já o vira usar.

           “Eu não quero!”

           “É Channing Tatun, não é? Você se apaixonou por ele?” Perguntou com o velho tom de ciúmes que quase reconheci em suas falas anteriores.

           “Do que você está falando? Como sabe sobre Channing?” - Estranhei.

           “Hollywood, Sally, Hollywood!” Ele disse chateado levando-me ao riso.

           “Eu sequer fui apresentada ao Channing, e eu não costumo dormir com quem atua comigo, se é que me entende”. Provoquei alfinetando e desarmando-o.

           “Você está sendo cruel, Sally.”

           “Aprendi com você”.

           “Lembra de quando nos conhecemos?” Ele perguntou emocionado.

           “Não... Eu optei por excluir tudo que me machucava”.

           “Agora é a minha vez, Sally”.

           “Não entendo”, falei tirando o violão de cima da cama e guardando-o no armário, buscando uma estratégia de fuga.

           “Uma noite como lembrança”, ele disse causando-me um nó na garganta e um leve flash back.

           “Eu não posso lhe conceder isso”, falei ironicamente.

           “Se eu concedi, você também pode”.

           “Eu não quero conceder. Não quero ficar com você, Taylor. Não quero nem essa noite e nem em nenhuma outra.”

           “Você não me deseja mais?” Ele perguntou causando-me um arrepio.

           “Não... Estou satisfeita”.

           “Você está muito diferente mesmo. Nem reconheço você”.

           “Isso soou meio pejorativo, mas vou encarar como um elogio”.

           “Encare como quiser, mas não foi um elogio”.

           “Não?” Perguntei em tom de sarcasmo.

           “Mas tudo bem... Fui eu quem criou esse monstrinho” - disse docemente.

           “O único monstrinho aqui é você”, revidei seca.

           “Dê-me uma chance”, ele pediu sério, ignorando todos os meus cortes esboçando um semblante desesperado.

           “Você não merece uma chance. Por favor, apenas vá embora”.

           “Você me deseja”, afirmou desabotoando os primeiros botões de sua camisa com um olhar severo.

          “Faça-me um favor, Taylor, se vista”, gritei em meio tom notando que fraquejaria. A briga entre a razão e meu coração estava empatada, ele me conhecia bem.

           “Olhe para mim. Não leve em consideração tudo que eu fiz de errado, okay? Só por essa noite. Eu entendo que você não queira ficar comigo. Eu mereço isso, mas olhe para mim e ouça seu coração”.

           “Minha razão grita para que você vá embora. Essa é a única voz que ouço”, esclareci para que ele saísse o quanto antes da minha frente.

           “Ouça seu coração” - disse suspirando - “eu preciso de você essa noite”, terminou, retirando a camisa completamente.

“Isso é ridículo. Tudo isso, essa sua cena, é ridículo”, falei.

           “Que se dane”, ele disse aproximando-se lentamente como uma serpente prestes a disseminar seu veneno. Taylor é como uma droga que você não consegue viver sem.

           “Não funciona dessa forma”, adverti.

           “Não vamos falar do que já passou”, ele disse com um cinismo encantador.

           “O que você quer aqui?” Perguntei quase sem forças e prestes a perder o controle.

           “Eu quero você”, disse, levando-me ao extremo.

           “Você não pode me ter”, retruquei, em vão.

           “Eu entendo”, disse ele fingindo aceitar.

           “Que bom! Assim fica mais fácil”, fingi acreditar na sua desistência, mas acho que ele sentia meu medo de fraquejar.

           “Sally, ouça: Eu sei que sempre me mostro confuso em tudo que digo, sei que nada justifica meu comportamento nem todas as vezes que feri você, mas em nome de tudo que nós vivemos, se você ainda sente alguma coisa por mim, retribua o que eu fiz por você.”

           “A que se refere?” Perguntei vendo seu tom de voz desesperado.

           “Uma noite como lembrança”, ele pediu lembrando-me de quando nos conhecemos mais uma vez.

           “Você me quer por uma noite?” Perguntei decepcionada.

           “Escuta!” Disse ele aproximando-se de mim.

           Taylor colocou minha mão no lado esquerdo do meu peito para que eu pudesse sentir o palpitar do meu coração que batia descompassadamente, e falou baixinho ao meu ouvido: “Esquece tudo o que eu te fiz e escuta a voz do seu coração”.

           Eu perdi o folego e toda a razão que existia em mim. Seu pedido entrou no meu ouvido e desligou o sentido racional do meu cérebro, deixando-me invadida pela singeleza de suas mãos que percorriam o caminha da minha cintura até minhas costas, fazendo afagos que arrepiavam os pelos que havia em meu corpo. Havia muitas coisas para serem esclarecidas, mas naquele momento nada importava, meu coração falou mais alto que a razão, e me entreguei ao beijo que tanto esperávamos. Eu não tinha mais forças para lutar, eu o queria mesmo sabendo que seria perigoso, eu o desejava...

           Seus lábios tocaram os meus como labaredas de fogo e ascenderam nossos corpos levando-nos a uma inconsciência mútua.

           Envolvida com seu toque incendiário, retribui da mesma forma quase desacreditando que aquele momento fosse real, então o abracei sentido um certo volume que me fez esboçar um leve sorriso.

           “Porque colocou sua carteira dentro da cueca?” Indaguei.

           “Não coloquei”, disse ele sorrindo discretamente ao meu ouvido levando-me a mais uma sequencia de arrepios insensatos.

           “E o que é esse pacote?” Perguntei retribuindo o sorriso no ouvido.

           “É que já faz um tempo que eu não fico com ninguém”, justificou sem graça.

           “Eu conheço milhares de garotas que gostariam de resolver esse problema”.

           “Não é um problema, foi uma escolha que eu fiz”, disse ele enfiando a mão por debaixo da minha blusa com um olhar mal-intencionado.

           “Essa é uma escolha que não vai durar muito tempo”, comentei.

           “Eu só quero você”, disse ele beijando-me e me empurrando impetuosamente para a cama. Em seguida, retirou seu Iphone branco do bolso e jogou-o na poltrona redonda que eu havia comprado.

           Ele deitou sobre mim beijando-me, e constatei que pela ereção, realmente parecia não fazer sexo há muito tempo. Taylor estampava em seu rosto uma audácia e uma pegada provocante, mas pareceu reflexivo e parando o beijo se pôs de pé e afastou-se rapidamente torturando-nos ainda mais.

           “Eu preciso fazer uma ligação”, informou pegando o Iphone de cima da poltrona, e saiu do quarto para que eu não pudesse ouvir. Pensei em segui-lo, mas eu estava em estado de choque e ainda possuída pela inquietação dos seus beijos e carícias. Continuei deitada em estado de espera, pela continuação do show que ele parecia tramar através do seu olhar picante quando se afastou.

           “Demorei?” Perguntou após 2 minutos que mais representavam uma eternidade.

           “Um pouco... Algum problema?” Interroguei curiosa.

           “Nenhum”, respondeu vestindo sua camisa e colocando um fim à exibição do seu fantástico abdômen.

           “Seu abdômen continua perfeito”, elogiei levantando um pouco a camisa e perpassando minha língua úmida por todo ele.

“Oh! I love this!” Sussurrou baixinho prazerosamente.

           Taylor juntou quase todos os meus cabelos e enrolou-os em sua mão e forçando levantou-me puxando-me bruscamente. Alguns fios mal presos causaram-me uma leve sensação de dor que ignorei vendo sua depravação estampada.

           Taylor me arrastou enquanto me beijava até a poltrona sentando em seu colo tal como uma menininha e acariciou meus cabelos, enquanto eu acariciava seu peito por debaixo da camisa levantando-a cada vez mais no intuito tirá-la completamente. Ele colocou seu dedo indicador ante a minha face e gesticulou que não, que não poderia tirar sua camisa. O que ele estava esperando? Pensei vendo seu semblante mais terno.

           Um som da buzina de um carro soou na frente da minha casa e me chamou a atenção.

           “Alguém está aí na frente”, disse ele como se não fosse surpresa.

           “Okay, eu já volto”, disse, saindo para conferir.

           “Eu vou te esperar”, respondeu ele, dando uma carinhosa palmada em meu bumbum.

           Olhei para todos os lados e não havia ninguém. Poderia haver alguém em um carro próximo à calçada, mas minha surpresa foi tanta que por um instante mal pude acreditar: Lá estava o meu Jaguar XKR conversível que Taylor havia me dado de presente.

           A chave estava na ignição, liguei e o coloquei na garagem feliz e confusa, esse havia sido seu único presente para mim e além de ser um carro de luxo era também um depósito de lembranças da nossa maravilhosa reconciliação no Brasil. Voltei ao quarto em êxtase!

           “Oh my god, Tay!” Disse abraçando-o.

           “Eu lamento muito, Sally, esse é mais um pedido de desculpas”.

           “Não precisava ter comprado outro carro, fui eu quem vendeu”, lamentei.

           “Não comprei outro carro, Sally, comprei o seu carro, esse não é outro, é o mesmo”.

           “Como você fez isso?”

           “Para quem você vendeu o carro?” Ele perguntou.

           “Para uma mulher”, respondi.

           “Qual o nome da compradora”, insistiu enigmático.

           “Era Allison, mas não me recordo o sobrenome agora”.

           “Allison Garman, é o nome da mulher que comprou seu carro, ela é minha publicitária. Ela estava no Brasil comigo para a promoção de Amanhecer – parte 2, lembra?”.

           “O nome me era familiar, mas eu estava com tanta raiva”.

           “Eu sei... Eu sabia que você nunca aceitaria nenhuma quantia em dinheiro, e também sabia que com raiva você o venderia. Dei o dinheiro a Allison e ela o manteve guardado em sua casa”.

           “Eu nem sei o que dizer”, desabafei incrédula.

           “Você viu o que tinha no porta-malas?” Perguntou sorridente.

           “Vamos lá ver comigo?” Convidei-o.

           “Vamos!” Disse ele puxando-me rapidamente.

           “Ao girar a chave abri o porta-malas do carro eu vi a caixa de jogos e brinquedos eróticos, assim como as fantasias, óleos, velas e sais minerais”. Virei para agradecê-lo, mas ele não estava lá.

           Ele ascendeu os faróis do carro e vi seu sorriso pelo retrovisor. Sentei no banco do carona e paralisei com seus olhos brilhantes.

           “Você está no meu pedaço agora, Say”. Disse ele apelidando-me, diminuindo meu nome como eu fazia com o seu.

           “E o que você vai fazer já que é o dono do pedaço?” Perguntei.

           “Vou arrumar um lugar tranquilo e levar você para dar uma volta”, disse pedindo que eu aguardasse no carro.

           “Não podemos ser vistos juntos”.

           “Não se preocupe, vou ligar para um dos sócios do lugar onde quero levar você.” Ele falou pegando novamente seu celular e saindo do veículo, afastando-se de mim. Fez sua ligação privada, e entrou no carro em seguida.

           “Eles sempre cedem reservas, são muitos discretos e como o lugar fica longe do hub bub da cidade, é um local para pessoas como nós”, disse ele.

           “Como nós?” Perguntei.

           “Pessoas famosas como nós, Sally. Eles têm entradas particulares para os fundos e uns locais impenetráveis por paparazzi ou qualquer pessoa que não seja convidada”.

           “Parece seguro” – comentei.

           “Sim, e é! Eles sempre atendem Robert e Kristen”.

           Ele parecia feliz, mas com um fundo triste e temendo que eu percebesse, tirou um pen drive do bolso e aumentou o volume do som ao máximo.

           “Okay, Sally, agora você vai ouvir uma música com tudo que eu tenho para dizer a você. E eu vou repetir mais uma vez! Quero que você esqueça tudo o que eu te fiz só hoje e escute a voz do seu coração. Não vamos falar de nada, amanhã ou depois você pode me bater se quiser, pode me expulsar definitivamente da sua vida, mas hoje eu quero apenas ficar perto de você”.

           “Eu vou tentar”, concordei.

           “Quero que você ouça essa música, e acredite é tudo que eu gostaria de lhe dizer, exceto a parte em que a letra diz que eu sou o Lúcifer”, disse sorrindo.

           O som da guitarra da musica N.I.B. da banda Black Sabbath deixaram-me negligente e completamente envolvida pelo clima que merecíamos depois de tudo, não era a hora de definir quem era o culpado, quem havia se machucado mais, e eu realmente não queria pensar em nada, nem no que passou, nem no que viria, eu apenas queria ouvir a musica ao lado dele, e vê-lo cantar tão animado era algo que eu realmente nunca tinha visto, era um lado que ele soltava apenas para mim, somente comigo ele revelava esse eu mais barulhento e festivo.

           “¹Follow me now and you will not regret. Leaving the life you led before we met. You are the first to have this love of mine. Forever with me till the end of time”, Cantava ele, batendo no volante.

Eu queria que ele nunca parasse. Tentava aliviar a tensão de todas as situações estranhas que havíamos passado. Eu o amava.

           “Oh Yeah!!!” Gritava conforme a música enquanto dirigia e me beijava a cada sinal de trânsito em que parávamos.

           À medida que a luz dos carros do outro lado da avenida invadia a nossa vista, eu comtemplava seu rosto sereno reluzindo como ouro, sua pele exibia tons bronzeados, deixando-o ainda mais suntuoso.

           “Gostou da música?” Perguntou ele quando chegou ao fim o último solo da guitarra.

           “Sim, adorei, menos a parte do Lúcifer”, brinquei.

           “É, menos o Lúcifer”.

           “Para onde estamos indo então? Que lugar é esse?”

           “Eu sempre quis ter alguém especial o bastante para levar nesse lugar, espero que goste, chama-se ‘A pequena porta’.”

           “Tem certeza de que ninguém vai nos ver?”

           “Ninguém nos verá, eles são profissionais. Ninguém vai nos incomodar”.

           Eu não me importava com o lugar para onde estava indo, apenas queria sua presença, e por isso abdiquei de todas as dores e dei lugar à emoção que era estar com ele naquele momento.

           O vento contrário e pouco violento se confrontava com seu rosto e emaranhava seus cabelos, mas eram tão perfeitos que a cada curva se alinhavam em sua cabeça, formando seu penteado de costume.

“Chegamos”, disse ele esperando que alguém aparecesse.

           Um homem se aproximou com dois bonés e camisas com o nome do restaurante e entregou ao Taylor, eram roupas que os funcionários costumavam usar. Ele colocou um em si e outro ajustou na minha cabeça ajeitando meu cabelo.

           “Pode entrar senhor!” Disse a voz grossa do homem.

“Há algumas horas eu nem sabia que viria, desculpe ligar dessa forma”, esclareceu Taylor.

           “Não tem problema senhor, hoje está pouco movimentado”.

           “Eu sei. Escuta; você já está fazendo muito. Eu quero apenas a parte do jardim de inverno”, disse Taylor esclarecendo que queria um ambiente íntimo.

           “Okay, ninguém vai entrar senhor, pode se dirigir ao interior”, falou o homem verificando se ninguém estava olhando.

           No mesmo momento um manobrista se aproximou e levou o carro para a garagem, a placa não era ligada nem a mim nem ao Taylor, somente a Allison.

           “Aqui tem uma sala de piano, eu adoro, mas não sei tocar”, comentou, como se soubesse que eu era íntima do instrumento. Por um instante tive a impressão de que Taylor soubesse mais sobre minha infância do que imaginava.

           “Parece acolhedor”, completei, não revelando se tocava ou não.

Taylor havia me levado em um dos restaurantes mais românticos de Los Angeles, e parecia nunca ter ido ao local com outra pessoa. Uma moça se aproximou de nós e convidou-nos para a mesa próxima ao jardim de inverno.

           “O que vocês servem aqui?” Perguntou ele interessado.

           “Cozinha mediterrânica, senhor.” Respondeu a moça.

           “Traz a melhor especialidade de vocês para nós dois, e um vinho branco, por favor!”

           “Desde quando você bebe?” Perguntei assim que ela se afastou.

           “Desde o meu aniversário!” Ele disse sorrindo.

           “Está falando sério?” Perguntei surpresa.

           “Não... Na verdade o álcool me faz dizer e fazer o que eu realmente tenho vontade, como naquela noite do meu aniversário, lembra?”

           “Você tem vontade de ir à Nárnia?” Brinquei.

           “Eu nunca fiz nenhuma menção a isso. Nem sei do que estava falando. Eu me refiro ao pedido de casamento”. Disse galante.

           Não demorou muito e o jantar nos foi servido. Taylor e eu tomamos toda a garrafa de vinho e ele pediu mais duas, deixando-me preocupada.

           “Não esta exagerando?”

           “Por quê? É uma noite especial!” Disse secando o último gole da garrafa anterior.

           “Okay, eu não costumo beber, já estou bêbada e não vou poder dirigir, e nem você se não parar agora!” Disse vendo a garrafa no gelo e um par de taças limpas nas mãos da moça que se aproximava.

           “Ninguém vai dirigir hoje, mocinha”. Ele disse propondo um brinde.

           “Vamos dormir no carro?” Perguntei batendo a taça na dele.

           “Você nunca ouviu falar do quarto azul?” Perguntou ele, com um sorriso provocante.

           “Quarto azul?”

           “Sim. É a marca registrada do ‘A pequena porta’.” Ele sorriu.

           “Vamos dar um passeio?” Disse enchendo minha taça e levando a terceira garrafa de vinho que abrira após servir o último drink.

           “Você é o dono do pedaço, ué!” Comentei levantando-me e o acompanhando-o. Taylor deixou sua taça e seguiu segurando minha mão, trazendo na outra, a garrafa de vinho.

           Andamos por todo o jardim enquanto ele parava a cada minuto e me beijava abraçando-me de uma forma doce e terna.

           “Você não vai se apaixonar por Channing Tatun, vai Sally?”

           “Não sei. Ainda não fomos apresentados”.

           “Não sabe?” Ele inquiriu preocupado.

           “Não posso prever o futuro, nem posso ficar sozinha a vida toda. Alguém precisa cuidar de mim”.

           “Eu não posso imaginar alguém cuidando de você, Sally”.

           “Porque não? Existem homens lindos em Hollywood, Taylor, e você mesmo sabe que essa fama de galã namorador é falsa. Ashton é a prova viva de que existem homens respeitáveis”.

           “Uh! Tinha que mencionar o cara no nosso passeio romântico?” Ele esbravejou parando por um momento.

           “Ashton é um bom homem e eu parti seu coração”.

           “Ele não parecia partido quando o vi com Mila Kunis em sua casa!”. Disse Taylor, fazendo algo que nunca imaginei.

           “Você é um fofoqueiro hein, Taylor?” Indaguei segurando o riso.

           “Fofoqueiro nada, eu fui até lá pedir desculpas pelo meu comportamento e limpar sua barra, e ele estava muito bem acompanhado!” Disse, com um sorriso maldoso.

           “Ah sim, você foi até a casa do Ashton para limpar a barra que você sujou...”

           “Acabou o combustível!” Exclamou, balançando a garrafa de vinho com uma alegria incomum. Taylor não queria conversar sobre o que ele havia feito.

           “Você está bêbado!” Comentei.

           “Só um pouquinho!” Gesticulou sorrindo.

           “Eu tenho planos para você, mocinha. Vire à direita. Quando chegar ao final do corredor, entre na porta cromada, lá é onde fica o quarto azul.” Ele sussurrou sensualmente ao meu ouvido e abocanhou a ponta da minha orelha chupando-a deliciosamente.

           Naquele momento não importava muito nada do que havia acontecido, mas eu ainda sentia raiva por tudo que ele havia feito. Era tarde demais para refletir sobre tudo, sobre aquele momento e sobre como terminaria, eu apenas me entreguei à voz do meu coração e me deliberei ao atender seu pedido dando-lhe uma noite como lembrança...

¹ Siga-me agora e você não vai se arrepender. Deixando a vida que tinha antes de nos encontrarmos. Você é a primeira que teve este meu amor. Sempre comigo até o fim dos tempos. (Trecho da música N.I.B da banda Black Sabbath).

Relembre o capitulo quando Sally ganhou o carro - CLIQUE AQUI

Relembre o capitulo que Sally vendeu o carro – CLIQUE AQUI
 
 
© Taylor Lautner Mania - 2014. Todos os direitos reservados.
Design por: Robson Tecnologia do Blogger